(Autor: Bispo José Ildo Swartele de Mello)
A Igreja precisa refletir teologicamente sobre sua missão em relação á missão do Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo e que se revela assim na história humana, fazendo história numa relação especial com seu povo. A doutrina da Trindade revela que Deus é em si mesmo uma constante conversação, uma comunhão de amor, uma identidade de propósito e uma unidade de ação.i Todos os aspectos da Trindade são importante para missão da Igreja. Em João 3.16, vemos que a missão começa com Deus Pai, que é o agente emissário, que envia seu Filho como missionário, ungido pelo Espírito Santo, que, agora, capacita e dirige a Igreja na continuação e expansão da mesma Missão.
Stanley Jones descreve a relação da Trindade com o Reino de Deus dizendo que o Reino é do Pai, enquanto que Jesus é a encarnação do Reino e o Espírito Santo é o primeiro fruto do Reino, uma garantia também de que existe mais ainda por vir, enquanto que também nos ajuda a descobrir e experimentar a verdade e a plenitude do Reino. E Jones fala da Igreja como um sinal, uma testemunha do Reino que irrompe neste mundo.ii Sendo assim, é Deus que traz o Reino em Cristo e pelo Espírito, não sendo, portanto, uma incumbência humana construir o Reino com as próprias mãos. É por obra de Cristo e do Espírito de Deus que a Igreja se torna capaz de ser um sinal e um instrumento do Reino de Deus. Jones afirmou que o propósito da Missão não é a Igreja, pois o propósito é o Reino.iii Portanto, plantar igrejas não é o propósito final da Missão, mas sim o ponto de partida. A Igreja não deve existir como um fim em sim mesma, pois a Igreja existe para servir como agente do
Reino de Deus neste mundo. E cumpre sua missão na força do Espírito Santo que ressuscitou a Jesus dentre os mortos e que transformou discípulos covardes em intrépidas testemunhas de Cristo mesmo em face da própria morte (At 4.19).
A missão está baseada na compaixão da Trindade. Deus foi sensível ao gemido do povo de Israel e providenciou a redenção do Êxodo (Jz 2.18). No Novo Testamento sabemos que é por causa do seu grande amor que o Pai envia o Filho ao mundo (Jo 3.16). Romanos 8 mostra um interessante sincronismo entre os três gemidos ali descritos: A criação geme (Rm 8.26, cf. Is 33.9), nós, os cristãos também gememos, e o Espírito Santo, não fica indiferente ao gemido da criação e dos seres humanos, mas, atua com compaixão intercedendo por nós com gemidos inexprimíveis. E são inúmeros os textos que falam da sensibilidade e da compaixão de Cristo que o movia a ação “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9:36; ver também: 14.14; Mc 6:34; Lc 10:3; Mt 9:27; 15:22; 15:32; 20:30; Mc 8:2; 9:22; 10:47, Lc 18:38s). Deus está preocupado com as necessidades do povo - Ele está em plena atividade e conta conosco, ou seja, Deus está recrutando homens e mulheres de todas as idades para entrarem neste serviço de promover o bem-estar do ser humano e da sociedade em que estão inseridos, em todos os níveis, não apenas o espiritual. Deus ama o mundo de maneira profunda. Ele tem compaixão. Deus se importa com todos os que sofrem. Não apenas com suas almas, mas com seus corpos, sentimentos e com todas as circunstâncias de suas vidas. Ele ouviu o gemido do povo no passado e continua ouvindo com sensibilidade e se movendo por compaixão.
A Igreja é missionária num sentido derivado, pois é o Espírito Santo o grande missionário que usa e capacita a Igreja para Missão. A Igreja é a comunidade do Reino de Deus. Sendo, assim, o principal agente do Reino de Deus sobre a Terra. A Igreja não é a encarnação de Jesus, mas é a continuadora de seu ministério pelo poder do Seu Espírito. A intenção de Deus é de que tudo o que a Igreja venha a fazer seja continuação da obra de Jesus. A Igreja atua pelo poder do Espírito, que é poder transformador da vida e da sociedade humana. Jesus fala que os discípulos receberiam poder por obra do Espírito Santo e é assim que se daria a manifestação do Reino de Deus. O Espírito Santo em ação em parceria com a Igreja. Portanto, estaremos estudando aqui missão de Cristo e a missão do Espírito Santo em relação ao Reino de Deus, com intuito de compreendermos melhor tanto a natureza do Reino de Deus quanto a natureza da missão de Cristo e do Espírito com suas naturais implicações para a missão da Igreja.
i Bonino, Jose Miguez: “Rostos do Protestantismo Latino-americano” (São Leopoldo: Sinodal, 2002, P. 104.
ii Citação de Jones em: Myers, Bryant L. Caminar con Los Pobres. Manual teórico-prático de desarrollo transformador. Buenos Aires: Kairós. 2002. P. 40.
iii Ibidem, p. 41.
Quem foi que criou esta palavra TRINDADE, se a mesma não existe na biblia? Com base em quê? Acredito apenas em um Deus único. QAcredito em Jesus Cristo e no Espirito Santo. Se o diabo tivesse conseguido e feito Jesus pecar, ele teria atingido as três pessoas, que vocês chamam de TRINDADE?
ResponderExcluirNobre Bispo,
ResponderExcluirO Velho Testamento nos mostra quem era Jesus antes de encarnar-se, ou seja, a eterna Palavra de Deus (Salmo 33:6, 107:20, 119:89, 147:15-18). Tais registros nos permitem concluir, claramente, que a Palavra de Deus é o próprio Espirito de Deus ("que saiu da boca de Deus" - Sl 33:6), invalidando assim, logo de saída, a doutrina herética da trindade.
O Novo Testamento, como era de se esperar, confirma exatamente isso, dizendo que Jesus Cristo é a eterna Palavra de Deus, como afirma Ap 19:13: "E estava vestido de veste tingida em sangue; e o nome pelo qual se chama é A Palavra de Deus".
Coexistiriam, em Jesus, duas naturezas distintas: a humana e a divina?
A Bíblia diz que Jesus, por causa da paixão da morte, esvaziou-se da forma divina, na qual vivia, colocando-a de lado, e, despido dela, assumiu completamente a forma humana (Fp 2:6,7), sendo chamado de segundo Adão (1 Co15:45).
De tal sorte que, em tudo, a Palavra de Deus tornou-se SEMELHANTE AOS HOMENS, pois somente assim Ela poderia realizar um sacrifício perfeito ("Pelo que convinha que em TUDO, fosse semelhante aos irmãos" - Hb 2:17).
Esvaziar-se de si mesmo, significa que a Palavra de Deus esvaziou-se da Sua glória, ou seja, dos Seus atributos imanentes (Rm 1: 20), para morrer pelos pecadores. Caso contrário, não poderia, em hipótese alguma, ser considerado um homem perfeito.
Sem assim não for,então, como esxplicar as seguintes passagens:
1 - A Palavra vazia da onisciência: " Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estoa no céu, nem o Filho, senão o Pai" (Mc 13:32).
2 - A Palavra vazia da onipresença: " Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido" (Jo 11:21)
3 - A Palavra vazia da onipotência: " É me dado todo poder no céu e na terra" (Mt 28:18).
4 - A Palavra crescendo em sabedoria: “E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça na presença de Deus e de todas as pessoas” (Lc 2:52); como crescer em sabedoria se a própria sabedoria é aluna de Deus?
Alguns dizem que a explicação para essas falas de Jesus, não passam de antropomorfismos, mas todas as vezes que alguém diz “não sei” (sabendo) , “não posso” (podendo) , “não estava em determinado lugar” (estando), tais pronunciamentos não passam de MENTIRA; e Deus não pode mentir!!!
Todavia, embora vazio da divindade e do Seu eterno poder, permaneceram, no segundo Adão, os atributos morais de Deus (santidade, justiça e bondade), pois Jesus foi gerado sem pecado.
Ocorre que é difícil nos livrarmos dos conceitos trinitarianos, os quais não nos deixam reconhecer, de fato, tal esvaziamento, fazendo-nos aceitar que, ao invés de esvaziar-se da natureza divina, Jesus agregou a ela a natureza humana, perfazendo duas naturezas na mesma pessoa.
Com tal pensamento, os trinitarianos, sem perceber, invalidam o texto bíblico que fala sobre o esvaziamento de si mesmo e terminam por acreditar e defender que houve, na verdade, um acréscimo (outra heresia antibíblica).
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ResponderExcluirPorém, Hebreus 2:7 comprova que Jesus tornou-se verdadeiramente homem, pois foi feito, por um pouco de tempo, MENOR DO QUE OS ANJOS, de sorte que, se Ele mantivesse Sua natureza divina e seu eterno poder, a Bíblia teria faltado com a verdade.
Salvo melhor juízo, ser semelhante aos seus irmãos EM TUDO (Hb 2:17), significa, necessariamente, que em NENHUMA circunstância Ele poderia estar de posse da natureza divina, mesmo que neutralizada.
Imaginemos que uma pessoa diga que abriu mão de toda sua fortuna para viver como uma pessoa pobre, porém, de fato, apenas decidiu não usar seu dinheiro, mantendo-se dono da fortuna. Achas que essa pessoa verdadeiramente abriu mão da sua riqueza? Claro que não!!!
Convenhamos, se Jesus tivesse mantido sua natureza divina, por certo, quando José (seu pai) ficou enfermo e/ou morreu, Jesus o teria salvado da enfermidade/morte, mas a Bíblia nos mostra que Seu ministério iniciou-se somente depois de ter sido ungido pelo Espirito Santo, o que não o impedia, é claro, de ser santo, sábio e irrepreensível, pois fora gerado num estado de perfeição moral e intelectual, como Adão.
Assim sendo, a Palavra de Deus feita, ao encarnar-se, verdadeiramente abriu mão dos seus atributos divinos (onipresença, onipotência e onisciência, eternidade) e se tornou um ser humano pleno, limitado no tempo e espaço, exatamente como os demais.
Mas, e os milagres e as maravilhas que eram operados por Jesus, quem os fazia então?
Jesus disse que o Pai que estava n´Ele era quem fazia as obras (Jo 14:10), ou seja, quando Jesus foi ungido pelo Espirito Santo, no batismo, Ele recebeu poder para realizar os milagres e conhecer os segredos dos corações e das mentes, cumprindo-se, assim, o que está escrito em Isaías 11:2 e 66:1.
Tal acontecimento explica a razão das incessantes orações que Jesus fazia para receber poder, a fim de vencer as tentações e realizar as obras de Deus, e, também, nos revela como o Pai pôde afastar-se d´Ele por ocasião da crucificação (retirando-Lhe o Espirito Santo), de forma a receber os pecados de toda a humanidade em Seu corpo de carne.
Outra dificuldade que os trinitarianos tem para aceitar essa verdade reside no fato da Bíblia dizer que, em Jesus, habitava, corporalmente, toda a plenitude da divindade (Cl 2:9), o que parece contrariar o esvaziamento citado em Fp 2:7.
Ocorre que, no homem Jesus, habitava toda a plenitude de Deus, ou seja, n’Ele tínhamos o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, conforme disse João Batista: "Porque aquele que Deus enviou fala as Palavras de Deus, pois não Lhe dá o Espírito por medida" (Jo 3:34).
Ou seja, Deus derramou em Jesus TODA a plenitude da divindade, representada pelo Espirito Santo (João 1:16, João 3:34), o qual Lhe revelava toda a perfeita vontade de Deus, os mistérios divinos, os sentimentos/pensamentos das pessoas e Lhe dava virtude e poder para curar e operar maravilhas.
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ResponderExcluirA respeito dessa unção, vejamos o que diz a Bíblia:
1 - Jo 3:32: "E aquilo que ouviu e viu... ".
2 - Jo 3:11: "Nos dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos... ".
3 - Jo 5:19: "O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se não o vir fazer o Pai porque tudo quanto ele faz, o Filho faz igualmente".
4 - Jo 5:30: "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo, e o meu testemunho é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do pai que me enviou".
5 - Jo 8:26: "O que tenho ouvido, isso falo ao mundo".
6 - Jo 12:49-50: "Porque eu não tenho falado de mim mesmo, mas o pai que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que ei de dizer e o que ei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que falo, falo-o como o Pai mo tem dito".
7 - Jo 14:10: "As palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o pai que está em mim é quem faz as obras".
8 - Jo 15:15: "Tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer".
9 - Lc 4:14: "Então, pela virtude do Espirito, voltou Jesus para a Galiléia".
10 - Lc 5:17: "E a virtude do Senhor estava com ele para curar".
Por isso, é que está dito que o Pai entregou TUDO nas mãos do Filho (Jo 3:35, Lc 10:22, Jo 5:20).
Outrossim, para entender a plenitude da divindade que foi dada a Jesus é importante relembrar o que foi dito anteriormente: a Palavra de Deus é o Espirito que saiu da boca de Deus (Sl 33:6), o qual (o Espírito) é o próprio Deus (três vezes santo), pois Deus não tem um Espírito, Ele é Espirito (Jo 4:24). Assim sendo, Deus é o Espirito Santo, que, por sua vez, é a própria Palavra de Deus; e os três são UM (1 Jo 5:7).
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ResponderExcluirA Bíblia fala também de uma glória terrena de Jesus, a qual consistia na GRAÇA e VERDADE que Sua pessoa trouxe ao mundo, em toda sua plenitude (Jo 1:14-17), de forma que estavam escondidos n´Ele todos os tesouros da sabedoria e da ciência divina (Cl 2:3), não havendo outro nome pelo qual devamos ser salvos (At 4:12).
No entanto, como vimos anteriormente, a glória que tinha antes de se fazer carne, a Palavra de Deus deixou de possuir; por isso Jesus clamou: "E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse" (Jo 17:5).
O que significa, então, a GLÓRIA, relatada em Jo 17:5?
Conforme dito anteriormente, a Bíblia nos revela, em Rm 1:19-23, que GLORIA representava os Seus atributos invisíveis (o Seu eterno poder e divindade), os quais foram manifestados nas obras da criação (na natureza). Claro que tal esvaziamento não se refere aos atributos morais de Deus, pois, como disse anteriormente, Jesus foi gerado sem pecado, ou seja, em estado de perfeição.
Assim sendo, de uma maneira real e concreta, o infinito Deus tornou-se finito, o eterno Deus tornou-se mortal, o onipotente Deus limitou-se ao poder humano, o onipresente Deus limitou-se a ser apenas presente, o onisciente Deus limitou-se a ser apenas ciente, o imutável Deus tornou-se mutável, o Senhor de todas as coisas tornou-se servo, o invisível Deus tornou-se visível, Aquele não pode ser tentado pelo mal deixou-se tentar e Aquele que é três vezes santo fez-se maldição na cruz.
Ao vencer o inferno e a morte, a Palavra de Deus voltou para o seio do Pai, onde sempre esteve (Jo 3:13), recebendo, de volta, toda a glória que possuía antes que o mundo existisse.
Para finalizar, os trinitarianos citam, comumente, Hb 1:3, a fim de justificar que a Palavra feita carne não se esvaziou da Sua divindade: "O qual (Jesus) é o resplendor da Sua glória e a expressa imagem da sua pessoa (de Deus)" (Hb 1:3). No entanto, eles se esquecem de que o primeiro Adão também foi criado em estado de perfeição, trazendo a imagem e a semelhança de Deus, tal como Jesus (Gn 1:26-27).
Por isso tudo devemos amar o Senhor Jesus de todo o nosso coração, pois Ele verdadeiramente abriu mão da sua glória, e, como homem de verdade, venceu as tentações e suportou todo o vitupério por amor a nós.
Deus te abençoe!!!