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sábado, 8 de fevereiro de 2025

Uma análise crítica do Neopentecostalismo

1. Introdução

O fenômeno neopentecostal, especialmente no que se refere à teologia da prosperidade, apresenta-se como um movimento que valoriza a experiência carismática, a confissão positiva e a promessa de bênçãos materiais (saúde, riqueza e sucesso). Em sua prática, muitas vezes, há uma comercialização do sagrado: o evangelho é tratado como um “produto” no qual a doação (a semeadura de “sementes”) e a repetição de declarações de fé são instrumentos para garantir bênçãos visíveis e imediatas. Essa abordagem tem atraído muitos, sobretudo em contextos de miséria e vulnerabilidade, mas também suscita graves críticas, pois contrasta com o ensino bíblico integral – que enfatiza a soberania de Deus, a centralidade da cruz e a realidade do sofrimento no discipulado cristão.


2. Origem e Desenvolvimento

2.1. Raízes no Pentecostalismo Clássico

  • O Início e a Ênfase Carismática:
  • O pentecostalismo, surgido no início do século XX, destacou o batismo no Espírito Santo e as manifestações dos dons espirituais (línguas, profecia, curas). Essa experiência de encontro com o divino gerou uma renovação no ambiente cristão e despertou uma espiritualidade vivida e transformadora.
  • Adaptação Cultural e Estratégias de Comunicação:
  • A partir da década de 1970, alguns grupos passaram a adotar novas estratégias comunicativas – utilizando intensivamente a televisão, o rádio, a internet e técnicas de marketing moderno – para disseminar suas mensagens. Essa nova fase enfatizou a “confissão positiva” e a “teologia da prosperidade”, adaptando o discurso para dialogar com a cultura de massa e atender às demandas socioeconômicas de contextos de vulnerabilidade.
  • Contexto Socioeconômico:
  • Em muitos países, sobretudo em áreas marcadas pela pobreza e desigualdade, o ensino que associa fé a bênçãos materiais surge como uma resposta imediata e atrativa para aqueles que buscam esperança e melhoria de vida.
  • O Papel do Líder:
  • Os movimentos neopentecostais são geralmente conduzidos por pastores e evangelistas de grande carisma, cuja personalidade e estilo comunicativo exercem forte influência sobre os fiéis. Essa centralização favorece uma dependência pessoal e, muitas vezes, a interpretação subjetiva da Palavra de Deus.
  • Estrutura Hierárquica:
  • As organizações tendem a ser altamente centralizadas, com o controle exercido de forma verticalizada, o que facilita a propagação de uma mensagem única, porém, em detrimento de uma reflexão teológica aprofundada nas congregações locais.
  • Expansão Midiática:
  • O uso intensivo de recursos da mídia – televisão, rádio e internet – possibilita a rápida disseminação dos ensinamentos, transformando os cultos em espetáculos que, por vezes, priorizam o efeito emocional imediato sobre a explicação exegética das Escrituras.
  • Confissão Positiva:
  • Ensina que o crente tem o direito de declarar, por meio de palavras de fé, as bênçãos prometidas por Deus, acreditando que a confissão transforma a realidade. Essa prática minimiza o reconhecimento da soberania divina, ao sugerir que o fiel pode “manipular” o mundo por meio de declarações.
  • Teologia da Prosperidade:
  • Afirma que a fé genuína resulta necessariamente em bênçãos materiais – saúde, riqueza e sucesso – e que a doação financeira (a “semeadura”) é a chave para liberar essas bênçãos. Essa leitura, no entanto, costuma ser baseada em uma interpretação seletiva das Escrituras, ignorando o contexto global da mensagem bíblica, que também inclui advertências quanto à ganância, à opressão e à responsabilidade com os vulneráveis.
  • Visão Bíblica de Prosperidade:
  • É inegável que as Escrituras reconhecem a bênção de Deus também no âmbito material (por exemplo, em passagens do Antigo Testamento e na promessa da “vida abundante” em João 10:10). Contudo, a Bíblia não ensina que o bem-estar espiritual deva ser medido pelo sucesso financeiro ou pela ausência de enfermidades, nem que a pobreza ou a doença sejam sempre o resultado de falta de fé ou maldição.
  • Centralidade da Cruz e da Soberania de Deus:
  • O protestantismo histórico enfatiza que o evangelho está centrado na cruz e no sofrimento redentor de Cristo – elementos que transformam a vida do crente não por meio de fórmulas de prosperidade, mas pela submissão à vontade soberana de Deus. Assim, a ideia de que Deus estaria “à disposição” de técnicas humanas para operar milagres ou suprir necessidades materiais revela-se incompatível com a verdade bíblica.
  • A “Semeadura” e a Compra de Bênçãos:
  • Nos ambientes neopentecostais, é frequente a associação entre a doação financeira e a garantia de bênçãos. Essa prática trata a fé – e, por consequência, a atuação do Espírito Santo – como se pudessem ser “compradas” por meio de dízimos e ofertas, o que caracteriza uma grave distorção do evangelho.
  • Exemplos Bíblicos Contra a Comercialização:
  • Marcos 11:15-18:“E, entrando Jesus no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo... Não devíeis fazer da casa de meu Pai um mercado.”
  • Mateus 6:19-21:“Não ajunteis para vós tesouros na terra... mas ajuntai para vós tesouros no céu...”
  • 1 Timóteo 6:10:“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.”
  • 2 Coríntios 9:7:“Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza ou por necessidade...”
  1. Do Poder Miraculoso e da Confissão:
  • Afirmação Positiva: Os teólogos reconhecem e afirmam a fé na graça e no poder milagroso de Deus, encorajando as igrejas a estimular os crentes a experimentarem o poder sobrenatural do Espírito Santo.
  • Rejeição da Manipulação Humana: Criticam veementemente a ideia de que esse poder possa ser tratado como algo automático ou manipulado por técnicas humanas, palavras, ações ou rituais.
  1. Da Visão Bíblica de Prosperidade Terrena:
  • Coerência Exegética: Há o reconhecimento de que a Bíblia apresenta uma visão que inclui o bem-estar material, mas enfatizam que isso deve ser interpretado em harmonia com o ensino integral dos Testamentos.
  • Medida do Bem-Estar Espiritual: Rejeitam a dicotomia que associa o sucesso material como prova de bênção ou a pobreza como sinal de maldição, pois a Escritura demonstra que fatores como opressão, corrupção ou injustiça podem influenciar a condição material dos homens.
  1. Do Trabalho e do Uso Positivo dos Recursos:
  • Valorização do Esforço Humano: Embora afirmem a importância do trabalho duro e do uso adequado dos dons e recursos que Deus concede, rejeitam a ideia de que o sucesso seja exclusivamente fruto do esforço ou de técnicas de autoajuda (como o “pensamento positivo”).
  • Responsabilidade Social: Criticam a ênfase exclusiva na riqueza e no sucesso individual, sem considerar a responsabilidade social de cada cristão, apontando que muitos ensinos prosperistas ignoram a necessidade de combater as injustiças que promovem a pobreza.
  1. Da Realidade dos Contextos de Miséria:
  • A Aparente Esperança: Reconhecem que, em ambientes marcados pela pobreza, o ensino da prosperidade pode representar, à primeira vista, uma esperança para uma realidade dura.
  • A Ineficácia Prática: Contudo, observam que esse ensino frequentemente não promove mudanças sustentáveis; os pregadores prosperam, enquanto muitos fiéis permanecem na mesma condição, carregando o peso de esperanças frustradas e, por vezes, culpando-se pela própria pobreza.
  1. Da Distorsão Exegética:
  • Leitura Seletiva: Os teólogos denunciam a prática de utilizar uma exegese seletiva e manipuladora da Bíblia para promover a teologia da prosperidade, que descontextualiza e distorce passagens fundamentais para favorecer uma visão que contraria a mensagem completa do evangelho.
  • Substituição do Evangelho: Lamentam que, em muitas igrejas onde esse ensino é dominante, a mensagem central – que inclui o arrependimento, a fé salvadora em Cristo, a centralidade da cruz e a esperança da vida eterna – seja substituída por uma ênfase no bem-estar material.
  1. Do Crescimento Numérico vs. Saúde Espiritual:
  • Popularidade Não é Sinônimo de Verdade: Embora o fenômeno prospere em termos numéricos, os teólogos ressaltam que o crescimento dos números não garante a saúde espiritual dos fiéis. A popularidade pode enganar, uma vez que muitos se deixam atrair por ensinamentos que prometem milagres materiais, mas que, em última análise, geram desilusão e afastamento de Deus.
  1. Das Consequências Pastorais e Sociais:
  • Falsas Expectativas e Deserção da Fé: É comum que o fracasso em obter as bênçãos prometidas leve muitos a abandonar a fé, experienciando um escândalo espiritual e emocional.
  • Estilo de Vida dos Pregadores: Criticam os pregadores que adotam estilos de vida extravagantes, evidenciando uma idolatria do dinheiro (Mamom) e comportamentos incompatíveis com os ensinamentos de Cristo, como a negligência do verdadeiro chamado ao arrependimento e à santidade.
  1. Da Centralidade da Cruz e do Exemplo de Jesus:
  • A Tentação no Deserto: Os teólogos recordam que, mesmo diante das tentações – como no deserto, onde Jesus enfrentou a proposta de alívio milagroso para suas necessidades físicas – o Salvador optou por obedecer à vontade do Pai, rejeitando atalhos que comprometem a mensagem da cruz.
  • Exemplo Contra os Falsos Profetas: Assim como Jesus respondeu a Satanás utilizando a Palavra de Deus com sabedoria (não se deixando levar por promessas de riqueza ou segurança material), os cristãos são chamados a resistir a ensinos que transformam o evangelho num instrumento de enriquecimento pessoal.
  • Desvirtuamento do Discipulado:
  • Quando o ensino da prosperidade coloca o bem-estar material como medida de bênção, o discipulado se torna utilitarista, voltado para ganhos imediatos, em vez de promover a transformação moral, a identificação com o sofrimento de Cristo e o compromisso com a justiça e a ética cristã.
  • Impacto na Vida dos Fiéis:
  • Há inúmeros casos em que a ênfase exagerada na prosperidade gerou consequências trágicas – como o caso do menino Wesley Parker, cuja morte resultou da crença equivocada de que a fé, por meio de declarações positivas, poderia substituir cuidados médicos essenciais. Essa tragédia evidencia como o ensino distorcido pode conduzir a práticas negligentes e até mesmo a uma ruptura na confiança em Deus.
  • Responsabilidade Social e Ética:
  • O ensino da prosperidade tende a vitimar os pobres, culpando-os por sua condição, enquanto ignora as causas econômicas, políticas e estruturais da miséria. A Bíblia, porém, repudia a injustiça e a exploração, chamando os cristãos a agir em solidariedade com os necessitados, sem transformar a fé em um instrumento de opressão ou alienação.

2.2. Da Renovação ao Neopentecostalismo


3. Perfil dos Representantes e Estrutura dos Movimentos

3.1. Liderança Carismática e Centralização

3.2. A Utilização dos Meios de Comunicação


4. A Teologia da Prosperidade e a Confissão Positiva

4.1. Conceitos Fundamentais

4.2. Pontos de Convergência e Divergência com o Ensino Bíblico


5. A Comercialização do Sagrado

5.1. A Transformação da Mensagem em Produto

Essas passagens evidenciam que o sagrado não pode ser negociado ou transformado em mercadoria, sob pena de se desvirtuar o propósito da fé.


6. Considerações dos Teólogos sobre a Teologia da Prosperidade

Um grupo de teólogos, representando diversas denominações evangélicas – conforme a Statement on the Prosperity Gospel do Lausanne Theology Working Group (Tradução Bispo Ildo Mello) – elaborou uma declaração que sintetiza diversas críticas aos ensinamentos da teologia da prosperidade. Entre os pontos relevantes, destacam-se:


7. Implicações Práticas e Pastorais


8. Conclusão

O estudo do neopentecostalismo e, em particular, da teologia da prosperidade revela um fenômeno complexo que, apesar de utilizar recursos modernos de comunicação e atrair grande número de adeptos, apresenta sérias distorções quando confrontado com o ensino integral das Escrituras.

As práticas de confissão positiva, a promessa de bênçãos automáticas e a comercialização do sagrado transformam o evangelho em um produto a ser “negociado”, em vez de ser vivido como a verdade transformadora que convoca os crentes a uma identificação profunda com o sofrimento e a cruz de Cristo. As considerações dos teólogos – fundamentadas em uma exegese cuidadosa e na tradição do protestantismo histórico – enfatizam que, embora a fé verdadeira reconheça a possibilidade de bênçãos materiais, estas nunca devem ser entendidas como garantias automáticas ou como sinais exclusivos da aprovação divina.

Jesus, em seu exemplo no deserto e em sua resposta às tentações (como registrada em Lucas 4 e nos evangelhos sinóticos), nos convida a confiar na soberania e na sabedoria de Deus, sem transformar a oração em um “cheque em branco” ou a fé em um instrumento de negociação. O verdadeiro evangelho é aquele que liberta, transforma e chama o cristão a buscar primeiramente o Reino de Deus e a justiça, acumulando tesouros no céu e não na terra (Cf. Mateus 6:19-21; Colossenses 3:1).

Em resumo, é fundamental que cada igreja promova uma reflexão crítica e exegética, denunciando os falsos ensinamentos que desvirtuam o evangelho e conduzindo os fiéis a uma vivência autêntica, que une a esperança da salvação com a responsabilidade ética e social. Que possamos, como comunidade cristã, rejeitar os atrativos de um “evangelho da prosperidade” distorcido e nos apegar ao exemplo de Cristo, que venceu as tentações e nos mostrou que a verdadeira bênção não está na riqueza material, mas na fidelidade, no amor e na obediência à vontade de Deus.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Nenhuma maldição há para os que estão em Cristo!

Tem muita gente ensinando que uma pessoa que já foi justificada, reconciliada, regenerada e redimida por meio da cruz, abençoada com todas as bênçãos e graças espirituais, assentada com Cristo acima de todo principado e potestade, libertada das trevas e transferida para o reino do Filho do seu amor, ainda está sujeita a uma maldição de Deus devido aos pecados de seus antepassados? Isso é impensável! Em Cristo, somos novas criaturas, o passado se foi e tudo se tornou novo. Cristo assumiu nossa maldição e nos fez herdeiros de Deus como filhos amados!
Nas páginas do Novo Testamento, não encontramos nenhum relato em que pessoas convertidas do ocultismo ou do paganismo precisassem realizar a prática de quebra de maldição ou qualquer outro ritual complementar após a conversão. A própria conversão é suficiente e basta para a transformação das suas vidas.
O apóstolo Paulo nos exorta em Romanos 8:15: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai."
É importante ressaltar que no Brasil, muitas pessoas vêm de uma cultura de despachos para aplacar a ira dos deuses, o que pode influenciar a maneira de pensar de muitos crentes e pastores. No entanto, devemos ter cuidado com tais práticas, pois diminuem a salvação em Cristo, colocam culpa, dúvida, medo e maldição, inventando mais e mais dívidas em um ciclo sem fim.
A mensagem da cruz é poderosa e suficiente! Devemos ter cautela com aqueles que menosprezam a salvação em Cristo, enfatizando a necessidade de orações poderosas dos profetas e ministros ungidos para quebrar maldições, insinuando que a regeneração em Cristo não foi capaz de realizar tudo o que é necessário. João 8:36 nos lembra que se o Filho nos libertar, seremos verdadeiramente livres. A conversão em Cristo é tudo o que precisamos para experimentar uma libertação completa em nossas vidas. (Colossenses 1.13). Nenhuma condenação ou maldição há para os que estão em Cristo Jesus! (Romanos 8.1). Não admita que ninguém venha a diminuir a grandeza de sua salvação. (1 Pedro 1:3-5 e Tito 3.5-6). Como escaparemos nós se não atentarmos para a nossa tão grande salvação? (Hebreus 2:3).
Portanto, deixando as coisas que para trás ficam, rumemos para o alvo da nossa soberana vocação como novas criaturas adotadas na família de Deus, cheios do Espírito e do fruto do Espírito que é amor, alegria e paz! (Filipenses 3:13-14; 2 Coríntios 5:17; Gálatas 4:5-7; Gálatas 5:22-23).
Bispo Ildo Mello
Referências dos versículos aludidos no texto acima:
1. Justificados, reconciliados e redimidos por meio da cruz:
- Romanos 5:9
- Colossenses 1:20-22
- Efésios 1:7
2. Escrito da dívida cravado na cruz:
- Colossenses 2:14
3. Abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais:
- Efésios 1:3
4. Assentados com Cristo nas alturas sobre principados e potestades:
- Efésios 2:6
5. Libertação do Império das trevas e transferência para o reino do Filho:
- Colossenses 1:13
6. Nova criatura em Cristo:
- 2 Coríntios 5:17
7. Cristo levou sobre si nossa maldição e nos fez herdeiros de Deus:
- Gálatas 3:13-14
- Romanos 8:1; 16-17
8. A grandeza da nossa salvação
- 1 Pedro 1:3-5
- Hebreus 2.3
- Tito 3.5-6



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Maldição Hereditária


Maldição Hereditária



MALDIÇÃO HEREDITÁRIA

Por Bispo José Ildo Swartele de Mello

"Que tendes vós, vós que dizeis esta parábola acerca da terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, a os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor Jeová, que nunca mais direis este provérbio em Israel”. (Ez. 18:2 a 3).

INTRODUÇÃO

Alguns acreditam e ensinam que até os cristãos podem estar sujeitos à maldição de seus ancestrais. Existem livros e seminários que se prestam ao ensino de como quebrar as cadeias da maldição hereditária. Eles se baseiam principalmente em Êxodo 20:5 e Deuteronômio 5:9. Aliás, por causa de uma má interpretação destes textos, surgiu um ditado que se tornou muito popular em Israel "Os pais comeram uvas verdes, a os dentes dos filhos é que se embotaram”.Vemos esta idéia em Lamentações 5:7: 'Nossos pais pecaram, e já não existem; nós é que levamos o castigo das suas iniqüidades.” Bem, Jeremias já havia previsto um dia em que este provérbio não mais seria proferido: “Naqueles dias já não dirão: Os pais comeram uvas verdes, a os dentes dos filhos é que se embotaram”. (Jr. 31:29). Mas Ezequiel afirma que este dia já chegou: "Que tendes vós, vós que, acerca de Israel, proferis este provérbio, dizendo: os pais comeram uvas verdes, a os dentes dos filhos é que embotaram? Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio em Israel” (Ez. 18:2 e 3). Para uma compreensão melhor desta passagem é aconselhável a leitura e o estudo de todo capítulo 18 de Ezequiel. Ambos os profetas eram contra esta perniciosa doutrina, que descambava em irresponsabilidade a fatalismo, pois é muito conveniente para alguns desviar a culpa de si mesmos e transferi-la para gerações anteriores, ou então, culpar o destino a as forças ocultas por nossos fracassos, pecados, vícios e misérias; chegando a acusar a Deus de injustiça, como em Ez. 18:25: “No entanto dizeis: o caminho do Senhor não é direito...”“.Em outras palavras, Ezequiel nos ensina que, em vez de voltarmos nossos olhos para trás em busca de resposta para os infortúnios do presente, em vez de culparmos nossos antepassados, ou os demônios, ou o destino, deveríamos olhar para nós mesmos a pedir a Deus que venha sondar os nossos corações, vendo se há em nós caminho mal, a fim de nos guiar pelos Seus caminhos. (Sl. 139). O pecado, sim, é que traz maldição: "... pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”.(Gl 6:7). "A maldição sem causa não se cumpre” (Pv. 26:2); "Amou a maldição: ela o apanhe; não quis a benção: aparte se dele”.(Sl. 109:17); "Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição” (Deut. 11:26), repare que bênção e maldição estão diante e não atrás das pessoas; tudo dependendo da nossa atitude para com Deus.

INFLUÊNCIA PAGÃ

Diversas religiões, como feitiçaria e macumba, sempre atribuíram poderes extraordinários aos pronunciamentos de benção e maldição, pois crêem que uma vez proferida uma maldição, ela passa a ter vida própria, não sossegando até o cumprimento de seu desígnio. E, para se ver livre de tal encanto, um homem precisaria recorrer a um feitiço ainda maior. Perceba que, assim, tudo fica no campo da magia. Tal idéia é dualista, gnóstica e antropocêntrica e implica numa negação da soberania de Deus, por colocar o destino das pessoas nas mãos ou palavras de outros seres humanos.

A infiltração do misticismo e da superstição nas igrejas evangélicas do Brasil é algo assustador. Muitos evangélicos substituíram as "três batidinhas na madeira" por uma nova forma de esconjuro, usando em todo o tempo a expressão "TÁ AMARRADO!", procurando, assim, quebrar o poder de uma palavra negativa, exorcizando um mal. E, por causa de tal influência pagã, muitos crentes sinceros estão ficando obcecados por "Batalha Espiritual", chegando a desenvolver uma grande sensibilidade e uma percepção muito forte da presença do maligno. Por mais que tentem, não conseguem disfarçar seu nervosismo e inquietude que são frutos de desconfiança e temor. Ficam arrepiados e atribuem isto a um pretenso discernimento espiritual.

Biblicamente falando, o pecado é que traz maldição, pois o pecado separa o homem de Deus. Deus é a única fonte de bênçãos. Bênção é o oposto de maldição. Maldição seria, então, estar distante de Deus.

CONTRA JACÓ NÃO VALEM ENCANTAMENTOS

A Bíblia ensina exaustivamente que os servos do Senhor não estão sujeitos à maldição, a não ser que se desviem do caminho do Senhor.

Balaão não pôde amaldiçoar o povo de Israel. Deus não o permitiu! Disse Balaão a Balaque: "Como posso amaldiçoar a quem o Senhor não amaldiçoou?" (Nm 23:8) e "Ele abençoou, não o posso revogar... O Senhor seu Deus está com ele... pois contra Jacó não vale encantamento”.(Nm 23:20, 21 a 23). Sabendo, pois, Balaão, que não se amaldiçoa o povo de Deus com feitiços ou rogando pragas, ensinou Balaão a Balaque como se poderia atingir o povo de Israel, ou seja, seduzindo o povo ao pecado, afastando os de Deus, que é a única fonte de bênção, levando o povo ao juízo e condenação: (Apocalipse 2:14; Nm 25:1 18 a Nm 31:8 a 16).

As palavras não possuem tanto poder como querem alguns, conforme concluímos das seguintes passagens: Tg. 2:15 16 e I Jo 3:18.

Salmo 109:17 "Amaldiçoem eles, mas Tu, abençoa; sejam confundidos os que contra mim se levantam; alegre se, porém, o teu servo”. E em Neemias 13:2 lemos: "Deus converte a maldição em bênção"; e, além disso, o ímpio não sai impune do seu intento de nos prejudicar: "amaldiçoarei os que to amaldiçoarem" (Gn 12:3). Ver também: Cl 2:14 15 a Pv. 3:26, 33.

O Salmo 91 nos deixa a seguinte promessa: "O Senhor te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Sob suas asas estarás seguro... praga nenhuma chegará a tua tenda...” E o Salmo 31:4 diz: "Tirar me ás do laço que, às ocultas, me armaram, pois Tu és a minha fortaleza" (Ver também: Sl 118:13; Sl 84; Sl 146:5, 7; Sl 147:13; Sl 139:1 16; Sl 133:3; Sl 121:3 8; Sl 46:1, 5, 7; Sl 33:18 22; Sl 32:7; Sl 28; 7 9; Sl 29:11; Sl 27:1 6; Sl 23:6; Sl 21:11; Sl 18:1 3, 27 50; Sl 16:5 8, 11).

CRISTO NOS RESGATOU DA MALDIÇÃO

“Cristo se fez maldição em nosso lugar”. Foi crucificado como se fosse um maldito para nos resgatar da maldição da lei, para que a benção chegasse até nós. (Gl. 3:13, 14). "Os da fé” não estão debaixo de nenhuma maldição, mas "são abençoados com o crente Abraão". (Gl. 3:9).

"Quem está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram, tudo novo se tornou”.(2 Cor. 5:17). Não precisamos nos preocupar em desenhar nossa árvore genealógica, regredindo até a terceira a quarta geração quebrando as cadeias. Em primeiro lugar, porque pactos e alianças feitos pelos ancestrais não se transmitem automaticamente aos filhos. Favor não confundir conseqüências dos pecados dos pais com maldição. Pois é óbvio que os pais exercem forte influência sobre os filhos, ou para o bem ou para o mal. Mas isto não é o mesmo que dizer que eles estejam debaixo de uma maldição, de um feitiço, ou sob algum encantamento, que necessariamente precisa ser quebrado para livrá los de tal destino. Não devemos nos esquivar de nossas responsabilidades pessoais. E também, quando nos convertemos, o sangue precioso de Jesus nos purificou de todo o pecado (1Jo 1:7).

Não é necessário regredir pare nascer de novo, (Jo. 3). Um crente que volta atrás para quebrar cadeias de maldições hereditárias está pondo em dúvida a sua fé e a sua salvação. Está diminuindo o que Cristo fez por ele. Não está crendo que é nova criatura e que as coisas velhas já passaram. Não está descansando no poder de Deus a nem confiando no poder purificador e libertador do sangue de Jesus. (Cl. 2:14-15; Ap 1:5; Rm. 5:9; Ef. 1:7, Hb 9:12, 14; 1Pe 1:18-19).

Em vez de retrocedermos devemos fazer como o apóstolo Paulo: “... mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. (Fp 3:13b)”. O Senhor ainda diz ao seu povo: “Não vos lembreis das coisas passadas e nem considereis as antigas” (Is 43.18). Deus tem um caminho no meio da tormenta (Naum 1.3). Não duvide do amor de Deus. "Deus não nos deixou à deriva no mar da hereditariedade" (Max Lucado) e não estamos largados à própria sorte e nem somos joguetes nas mãos dos homens ou de espíritos malignos. Procure focalizar os aspectos positivos, “quero trazer a memória o que me pode dar esperança...” (Lm 3.21) e busque discernir a boa mão de Deus em sua vida, histórico familiar e hereditariedade, pois foi o próprio Deus quem nos formou com carinho e com bons propósitos que vão além da nossa compreensão: “Pois tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem”; (Sl 139.13, 14) e "Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança". (Jr 29:11). 
Não há mais maldição e nem condenação para os que estão em Cristo (Rm 8:1). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8:31). Tendo em mente a definição bíblica de maldição: separado de Deus, ouçamos o que o apóstolo Paulo ainda tem a dizer em Romanos 8:33 39: "quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?... quem os condenará?... quem nos separará do amor de Cristo?... Pois eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor".

"Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou pare o Reino do Filho do Seu amor, no qual temos a remissão dos pecados, a redenção" (Co 1:13, 14, ver também Co 2:12 15; 3:1 3 10; Ef 1:3 14, 18 20).

Firme-se na Palavra de Deus e não se deixe levar por todo vento de doutrina e não se deixe enganar por aqueles que distorcem as Escrituras com intuito de atrairem discípulos para sí. A ignorância e a superstição escravizam, mas a verdade liberta. (Jo. 8:32). Só como curiosidade: a última palavra do Antigo Testamento é "maldição"; já o primeiro e mais importante sermão do Senhor Jesus Cristo registrado no Novo Testamento inicia-se com o termo: "BEM AVENTURADO"!
Ainda sobre este assunto leia o estudo sobre Batalha Espiritual:
BIBLIOGRAFIA

Gondin, Ricardo O Evangelho da Nova Era Abba Press São Paulo SP 1993
Romeiro, Paulo Super Crentes Mundo Cristão São Paulo SP 1993.
Artigo especial da revista "Vos Scripturae 3:2 (setembro de 1993) pág.131 a 150. Artigo de Alan B. Pierrat, intitulado:” O Segredo da Espiritualidade da Prosperidade."
Lucado, Max. "Superando sua hereditariedade" http://www.irmaos.com/maxlucado/?id=1306

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