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domingo, 15 de setembro de 2024

O triunfo de Deus sobre os deuses do Egito através das dez pragas.

Neste poderoso sermão, exploramos como Deus demonstrou Sua soberania absoluta sobre os deuses do Egito por meio das dez pragas narradas no livro de Êxodo. Cada praga não foi apenas um ato de julgamento, mas também um confronto direto com as divindades egípcias, revelando a superioridade do Deus de Israel.

Transcrição do sermão:


Você sabe como o povo de Israel foi parar no Egito? (Gênesis 46:1-7)

José do Egito tornou-se governador após interpretar os sonhos do faraó (Gênesis 41:39-41). Uma grande fome abateu sobre toda a terra, e toda a sua família acabou sendo acolhida e salva naquele período de muita escassez e fome (Gênesis 47:11-12).

O problema é que a fome passou, mas as vantagens do Egito continuaram presentes, e eles não regressaram para sua terra de Canaã. O tempo foi passando até que surgiu um novo faraó que nem lembrava mais de quem fora José (Êxodo 1:8). Ele encontrou aquele povo ali, tirou proveito disso e passou a escravizá-los. Foram quatrocentos anos de escravidão no Egito, anos de opressão, exploração e muita angústia (Êxodo 12:40).

Chega o momento em que vemos Deus promovendo a libertação desse povo. Mas era um povo que aprendeu a idolatria do Egito, um povo idólatra. Tanto que, quando são libertos do Egito e Moisés demora no alto do Monte Sinai, o povo apela para seus próprios deuses, num sincretismo religioso, e constrói um bezerro de ouro (Êxodo 32:1-4). Veja a influência e o impacto de toda a cultura, religiosidade e paganismo egípcio sobre aquele grande grupo de judeus.

Deus se manifesta a Moisés. Mas lembre-se de que, quando Moisés nasceu, o faraó, preocupado com a multiplicação do povo hebreu em seu território, temendo que, ao se multiplicarem, viessem a se rebelar e se tornassem mais numerosos e poderosos, podendo insurgir-se contra o faraó, o exército e o Egito, ordenou matar todo recém-nascido do sexo masculino (Êxodo 1:15-16). Não bastava apenas a escravidão, a opressão e a exploração; agora, um genocídio era perpetrado pelo poder máximo, pelo faraó.

Por providência divina, Moisés é preservado. Por ironia do destino, ele é educado exatamente na casa do faraó, com todos os privilégios (Êxodo 2:5-10). Moisés cresce, torna-se adulto, e aos 40 anos presencia um egípcio espancando um escravo hebreu. Ele intervém para defendê-lo e acaba matando o egípcio, tendo que fugir para o deserto, onde permanece por quarenta anos (Êxodo 2:11-15; Atos 7:23-29).

Essa tentativa de Moisés de libertar o escravo, de defender o oprimido, é louvável. Mas repare bem: é uma tentativa humana. Moisés não buscou o conselho de Deus; ele agiu por impulso. E no que resultou isso? Ele teve que fugir. Moisés fracassou em sua primeira tentativa de libertar o povo hebreu.

Quarenta anos depois, quando tem 80 anos de idade, sentindo-se completamente incompetente e fragilizado humanamente, Deus o chama e se manifesta a ele (Êxodo 3:1-4). Deus, esse ser transcendente, todo-poderoso, Criador dos céus e da terra, totalmente santo, se manifesta como um fogo consumidor que Ele é. Mas, para surpresa de Moisés, Deus se manifesta numa sarça que ardia em fogo, mas não se consumia (Êxodo 3:2-3). Um sinal de que Deus dizia: "Pode se aproximar, pode se achegar; você não será consumido".

Moisés, então, agora se apresenta diante do faraó. Volta ao Egito e diz ao faraó aquilo que Deus lhe ordenou: "Apresente-se lá e diga: 'Faraó, venho aqui em nome de Deus, e Ele está dando uma ordem para você: deixe o povo de Israel sair do Egito, libertar-se da escravidão, para me servir e me adorar no deserto'" (Êxodo 5:1).

Podemos nos perguntar: por que vieram dez pragas? Uma só não bastaria? Numa só tacada, Deus já não resolveria essa empreitada? Por que foram necessárias dez pragas para que o povo fosse liberto do cativeiro egípcio?

A resposta do faraó foi a seguinte: "Quem é o Senhor, para que eu obedeça à sua voz e deixe Israel ir? Não conheço o Senhor, nem deixarei Israel ir" (Êxodo 5:2). A questão dele é: "Quem é o Senhor?". Por isso as dez pragas; elas vão revelar quem é o Senhor. Deus irá apresentar-se, confrontando um a um os deuses do Egito.

**Primeira praga: O Nilo transformado em sangue** (Êxodo 7:14-24)

Havia o deus do Nilo, chamado Hapi. O Nilo era a fonte da vida num lugar muito inóspito e desértico, o rio mais longo de toda a terra, um rio muito fértil que trazia vida. E havia um deus associado a este rio, o deus Hapi, em quem eles confiavam para suprir suas necessidades. Havia uma idolatria, uma confiança depositada no deus do rio e no rio em si como um verdadeiro deus.

Deus se apresenta: "Você não vai deixar o povo ir? Você está me desobedecendo? Eu vou me apresentar. Aqui estão as minhas credenciais. Vocês confiam no rio? É nele que vocês têm confiança, nessa fonte de suprimentos? Vocês pensam que o deus é Hapi? Eu sou Deus, Criador do rio e de tudo que há. Mas vocês não me conhecem, vocês não me tributam honra e glória. Então, vocês vão me conhecer". E, em vez de sair vida desse rio, o que acontece agora? Ele está ensanguentado, o rio traz a morte; o sinal do sangue, o sinal da morte. Um espanto se abateu sobre o faraó e o Egito. O primeiro confronto resultou nisso.

**Segunda praga: Rãs invadem o Egito** (Êxodo 8:1-15)

A deusa Hequet, deusa da fertilidade, era representada com cabeça de rã. Eles cultuavam essa deusa porque ela podia reinar em dois mundos distintos: na água e na terra, simbolizando a transcendência e a fertilidade, como se multiplicam as rãs. De repente, os adoradores da rã vão começar a blasfemar contra a deusa, porque haverá uma praga de rãs que virão do rio Nilo, agora transformado em sangue, e invadirão todo o Egito. Cadê a deusa que consegue controlar as rãs? Nem o controle das rãs ela tinha.

**Terceira praga: Piolhos surgem do pó** (Êxodo 8:16-19)

O pó da terra, de acordo com a palavra de Moisés, transformou-se numa praga de piolhos. As pessoas coçavam a cabeça, e o faraó clamou por misericórdia. Para mostrar que só o Senhor é Deus, numa palavra de Moisés, a praga se extinguiu. Os magos do Egito disseram ao faraó: "Isto é o dedo de Deus".

**Quarta praga: Enxames de moscas** (Êxodo 8:20-32)

Havia o deus Khepri, deus dos insetos, representado por um escaravelho. Tanto as moscas como os besouros eram adorados porque conseguiam se alimentar daquilo que estava morto e extrair vida dali. E de repente, a praga das moscas invade o Egito.

O faraó não aguentou nessa quarta praga. Ele chama Moisés para negociar: "Vão e sacrifiquem ao seu Deus aqui mesmo na terra" (Êxodo 8:25). Repare que, quando vem o mandamento de Deus "Deixa o meu povo ir", ele diz "Não" em absoluto. Depois da quarta praga, ele chama Moisés: "Venham, vamos negociar". Mas sua proposta é: "Adorem a Deus nesta terra". Continuem ao meu serviço, continuem escravos, continuem ligados a esta terra servindo aos interesses do Egito. Tudo bem, podem adorar a Deus.

Quantas pessoas caem nesta estratégia maligna! Nunca se libertam da opressão do diabo, do maligno, do pecado. Tentam servir a dois senhores ao mesmo tempo. Tentam fazer um "jeitinho", e o brasileiro é famoso pelo "jeitinho brasileiro". "Adorem a Deus nesta terra".

Claro que a resposta é não. Não foi isso que Deus disse. Então, uma segunda proposta: "Eu os deixarei ir, mas não vão muito longe" (Êxodo 8:28). Olha a estratégia do faraó. O faraó sabe muito bem toda a atração, todo o fascínio que o Egito exerce, toda tentação que o Egito representa. Primeiro, "Fiquem aqui mesmo e adorem a Deus". Segundo, "Já que insistem em sair, não vão muito longe, fiquem perto".

**Quinta praga: Peste nos animais** (Êxodo 9:1-7)

Havia muitos deuses relacionados ao gado: o deus Ápis, que era o deus do gado, representado com cabeça de touro ou boi, e a deusa Hathor, que era a deusa vaca. E o que aconteceu? Mortandade de todo o gado. Esses deuses não conseguiram proteger o gado do Egito.

**Sexta praga: Úlceras e tumores** (Êxodo 9:8-12)

Uma praga afetou a pele das pessoas: úlceras e tumores surgiram nos homens e nos animais. Eles tinham três deuses muito conhecidos, especialistas em cura e medicina: a deusa Ísis; Imhotep, o deus da medicina, considerado o primeiro médico de toda a história antiga; e Sekhmet, que era a deusa da guerra e também da medicina. Mas esses deuses não conseguiram resolver o problema desta praga.

**Sétima praga: Chuva de granizo e fogo** (Êxodo 9:13-35)

Havia a deusa do céu, Nut. Dos céus, em vez de vir chuva boa, veio saraiva, chuva de pedras e fogo, uma calamidade. Os animais que não foram mortos pelas pragas anteriores agora foram mortos pelas pedras. Nenhum deus do Egito conseguia controlar a ação e a mão forte de Deus.

**Oitava praga: Gafanhotos devastam a terra** (Êxodo 10:1-20)

A praga dos gafanhotos veio sobre toda a plantação. Havia o deus Osíris, que era o deus da fertilidade da terra, da colheita, da agricultura. Esse deus, poderosíssimo, não conseguiu proteger as plantações do Egito desse enxame de gafanhotos que tomou conta de tudo.

**Nona praga: Trevas cobrem o Egito** (Êxodo 10:21-29)

Aqui temos um deus bem conhecido: Amon-Rá, muitas vezes conhecido só como Rá, o deus sol. Deus vai confrontar o deus sol, porque Ele é o Criador do sol, e as pessoas estão adorando o que Deus criou no lugar de adorar o Criador. "Cadê o sol? Cadê o deus sol agora?" Trevas sobre toda a terra; três dias de trevas completas que só acabaram diante do mandamento da voz do servo de Deus.

Antes da décima e última praga, mais uma rodada de negociações. O faraó propõe o seguinte: "Tudo bem, podem ir, até para bem longe, podem ir com todas as pessoas, mas os rebanhos, os bens materiais, ficam aqui no Egito" (Êxodo 10:24). Repare que a última coisa a se converter num homem é o bolso. Jesus disse: "Ninguém pode servir a dois senhores... Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mateus 6:24). O jovem rico, que amava a Deus até onde entendia que amava, descobriu, numa conversa com Jesus, que não amava tanto a Deus como imaginava (Lucas 18:18-23). Não era capaz de abrir mão do seu apego aos bens materiais. De alguma maneira, ali revelou-se a sua idolatria.

A última cartada do faraó: "Os bens ficam. Adorem a Deus sem os bens materiais". Olhe para o seu coração agora e veja o quanto você está realmente liberto dessa idolatria.

**Décima praga: Morte dos primogênitos** (Êxodo 11:1-10; 12:29-36)

Por fim, Deus confronta o próprio faraó. Os faraós se autodenominavam deuses, a personificação do deus Amon-Rá. Deus anuncia a morte dos primogênitos, inclusive o filho do faraó, que seria o próximo deus do Egito. Quem é que vai segurar essa onda do anjo da morte?

Somente os que estavam no Egito e obedeceram à instrução divina, os pais que sacrificaram o cordeiro — que apontava profeticamente para Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29) — e aspergiram o sangue do cordeiro sobre os umbrais de suas residências, pouparam os seus filhos (Êxodo 12:7,13). Mas o primogênito do faraó foi ceifado.

Esse foi um golpe muito duro para o faraó, e ele deixou todo mundo ir embora. Aí temos o Êxodo, os pães ázimos. Não há tempo agora para esperar a massa de pão fermentar; têm que fugir, porque o faraó é temperamental. Ele deixou ir pelo impacto do acontecido, mas logo mudará de ideia e irá atrás do povo de Israel (Êxodo 14:5-9).

**Atravessando o Mar Vermelho** (Êxodo 14:10-31)

Haverá uma libertação, sim, uma grande libertação. O exército inimigo do faraó atrás de todo o povo, o Mar Vermelho na frente, e uma grande libertação ocorre. O povo passa, o mar se fecha, os inimigos são tragados. Eles vão para o deserto, e lá praticam idolatria, adorando um bezerro de ouro, num momento quase subsequente (Êxodo 32:1-6). O mal da idolatria é algo terrível.

**A Grande Comissão** (Mateus 28:18-20)

A Grande Comissão, o grande mandamento que Jesus deu aos seus seguidores antes de subir aos céus, Ele disse: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação do século".

Há três coisas aqui: primeiro, batizando; segundo, ensinando; e terceiro, a comunhão com Deus. No Êxodo, percebemos tudo isso. O povo é batizado nas águas do mar, naquela libertação (1 Coríntios 10:1-2). Isso é graça de Deus; eles foram salvos pela graça, antes da Lei. A Lei ainda não havia chegado, as tábuas da Lei ainda não haviam sido dadas. Deus, por graça e misericórdia, resgatou e salvou o povo de Israel, que era um povo idólatra, teimoso e rebelde. Esse povo não era em nada melhor do que o povo do Egito; em nada melhor. Estavam seguindo as mesmas práticas. Um povo complicado. Mas ali vemos Deus, por misericórdia e graça, vendo a opressão, as injustiças que sofriam, e lembrando-se do Seu pacto com Abraão, Ele vai lá e resgata por graça esse povo.

Agora, é um povo que foi liberto, que escapou do cativeiro, sim. É um povo que passou pelo Mar Vermelho, que simboliza as águas do batismo, sim. O passado de escravidão ficou para trás, sim. Tudo isso é verdade. Mas eles precisavam ser libertos de outra escravidão: a escravidão da ignorância, da idolatria e de tantos costumes, de tanta bagagem de quatrocentos anos debaixo de tanta idolatria e malignidade. É um outro passo, sendo instruídos. Eles vão receber as tábuas da Lei, vão ser instruídos. Mas vai dar trabalho, gente. O trabalho de discipulado não é fácil. As pessoas não são libertas assim, numa tacada, e tudo muda e tudo vira maravilhoso. Há que crescer na graça e no conhecimento, há que se apropriar, ser santificado.

**Crescimento espiritual e luta contra a idolatria**

A caminhada cristã é assim. Veja só Jesus com os discípulos. Veja só Jesus com Pedro. Jesus vai ter que dizer para Pedro certa vez: "Para trás de mim, Satanás! Você não cogita das coisas de Deus, e sim das dos homens" (Marcos 8:33). Todo o materialismo ainda dentro de nós, sabe? Todos os costumes, tantas coisas das quais precisamos nos libertar.

Idolatria, meus irmãos, é sempre quando confiamos nas forças deste mundo, seja lá no que for, para satisfazer as nossas necessidades, em vez de confiar em Deus. Você pode não ser uma pessoa religiosa, mas ainda assim ser um idólatra. Envolve tratar elementos da criação como se fossem divinos, buscando neles segurança, felicidade ou controle.

Veja os que são adeptos ao horóscopo ou qualquer coisa assim, ou que buscam controle fazendo alguma mandinga, aprendendo algum ritual ou fazendo algum sacrifício para apaziguar divindades. Isso tudo é idolatria. O que você encontra no animismo, encontra em quase todas as religiões pagãs. Não se limita à adoração de imagens, mas inclui qualquer substituição da confiança em Deus por objetos, poderes, recursos ou habilidades deste mundo natural.

**Referências bíblicas sobre idolatria**

- Jeremias 17:5: "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, que faz da carne mortal o seu braço, e cujo coração se aparta do Senhor".
- Provérbios 3:5: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento".
- Romanos 1:25: "Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, e adoraram e serviram à criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém".
- Colossenses 3:5: "Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão, desejos maus e a avareza, que é idolatria".
- Mateus 6:24: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas".

**Conclusão**

Deus, em Êxodo, mostrou que a salvação é mais do que libertação física; é libertação da ignorância, da idolatria, da falsa adoração, para estarem com Deus, para Deus habitar no meio deles. "Eis que estou convosco todos os dias" (Mateus 28:20). É uma libertação para relacionamento. A salvação é relacionamento com Deus. Isso é o que Deus quer: que nós o conheçamos, que o amemos e que desejemos caminhar com Ele, aprender e sermos amigos de Deus.

Ao revelar-se como "Eu Sou", Ele diz: "Eu Sou o que Sou" (Êxodo 3:14). "Eu Sou antes que tudo fosse; Eu Sou antes da existência de todas as coisas; Aquele que é, que era e que há de vir; o Ser todo-poderoso". Então, abandonemos toda e qualquer forma de idolatria.

Vemos a idolatria em nosso país. A exaltação de figuras públicas, a idolatria de jogadores de futebol, cantores, artistas, políticos, ideologias ou qualquer coisa. Onde está o nosso coração? Deus nos liberte de toda e qualquer forma de idolatria, para que possamos, libertos, adorar o único e verdadeiro Deus, o único Senhor que é digno de louvor.

Por isso, o primeiro mandamento foi: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:3). Ele é o único e verdadeiro Deus, o único digno de adoração. Vamos rechaçar todo e qualquer ídolo e vamos adorar e servir ao único e verdadeiro Deus. Amém e amém.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Se a Tua presença não for conosco, não nos faça subir deste lugar!


A Presença Divina: O Verdadeiro Tesouro da Salvação




Desde o Éden, a narrativa da humanidade tem sido marcada pela busca de Deus em restaurar Sua presença junto ao homem. No princípio, Deus caminhava com o ser humano no jardim (Gn 3.8), mas o pecado causou uma dolorosa separação, levando Adão e Eva a se esconderem de Seu Criador (Gn 3.10). Ainda assim, Deus, em Sua misericórdia, não abandonou o homem. Ele procurou Adão e Eva e, em vez de deixá-los expostos em sua vergonha, providenciou vestes de peles para cobri-los (Gn 3.21). Se Adão e Eva choraram ao serem expulsos do paraíso, podemos imaginar que Deus também partilhou dessa dor, pois Seu desejo sempre foi estar em íntima comunhão com Suas criaturas.

Essa busca divina pela restauração da comunhão continua ao longo de toda a Escritura. Em Levítico, Deus reafirma Seu desejo de proximidade ao declarar: "Andarei entre vocês e serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo" (Lv 26.12). No Novo Testamento, ao escolher os doze discípulos, Jesus não os chamou primeiramente para realizar grandes obras, mas "para estarem com Ele" (Mc 3.14). Isso revela a prioridade de Deus: relacionamento. O apóstolo Paulo lembra aos crentes que eles são "templo de Deus" (1 Co 3.16), uma verdade que culminará no futuro, quando a redenção será plenamente consumada e Deus habitará com os homens: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá" (Ap 21.3).
A mensagem das Escrituras é clara: Deus não apenas deseja nos salvar do pecado, mas restaurar nossa comunhão com Ele, trazendo-nos de volta à Sua presença.

A Importância da Presença de Deus

A presença de Deus é o centro da vida plena e significativa. Em Êxodo 33:15, Moisés faz um pedido que expressa sua compreensão da importância da presença divina: "Se a tua presença não for conosco, não nos faça subir deste lugar." Moisés sabia que, sem a presença de Deus, nenhuma vitória, nenhum território ou promessa cumprida teria valor real. Sua oração é um lembrete poderoso de que a essência da salvação não é meramente ser liberto de algo, mas ser liberto para algo — para uma comunhão contínua e viva com Deus.

Essa mesma verdade é ecoada na oração do apóstolo Paulo em Efésios 3. Ele ora para que os crentes compreendam a "largura, comprimento, altura e profundidade" do amor de Cristo, para que sejam "cheios de toda a plenitude de Deus" (Ef 3.18-19). O objetivo último da salvação é experimentar essa plenitude, essa comunhão profunda e transformadora com Deus.

Mas por que Moisés fez esse clamor desesperado por Deus? Aqui está o contexto: após o pecado do bezerro de ouro em Êxodo 32, Deus disse que não caminharia mais com o povo diretamente. Ele estava irado por sua teimosia e desobediência. Em vez disso, Deus disse a Moisés que enviaria um anjo para guiar o povo à Terra Prometida (Êx 33.2-3). Essa decisão de Deus foi, na verdade, uma expressão de misericórdia. Deus, sabendo da santidade de Sua própria presença, disse que se estivesse com o povo teimoso, Ele poderia destruí-los devido à gravidade de seus pecados.

O envio de um anjo parecia ser uma solução intermediária: o povo ainda alcançaria Canaã, mas sem o risco constante de ser consumido pela santidade de Deus. Entretanto, Moisés, entendendo que a terra, as bênçãos e as conquistas não seriam suficientes sem a presença do próprio Deus, intercedeu. Ele sabia que nada poderia substituir a comunhão pessoal com o Senhor. O anjo, apesar de poderoso, não era suficiente. O verdadeiro tesouro era a presença de Deus.

O Tabernáculo como Símbolo da Presença de Deus

Do capítulo 25 até o fim de Êxodo, vemos a construção do tabernáculo. Para muitos, essa descrição detalhada pode parecer repetitiva, mas ela revela a seriedade com que Deus trata o assunto de habitar no meio do Seu povo. O tabernáculo era um símbolo visível da presença de Deus com Israel, algo que transcendia o simples cumprimento das promessas de uma terra. Era o lugar onde o povo poderia encontrar Deus, e Ele poderia habitar entre eles.

Assim como um casal de noivos revisa cuidadosamente cada detalhe de sua futura casa com alegria e expectativa, Deus também se deleita em planejar Sua morada entre o povo. Cada detalhe do tabernáculo era importante, pois representava os meios pelos quais Deus poderia se aproximar de Seu povo sem comprometer Sua santidade.

Como o próprio Deus disse em Êxodo 19:4: "Eu os trouxe para perto de mim." O propósito de Deus não era apenas libertar Israel do Egito, mas trazê-los para a intimidade com Ele. A construção do tabernáculo apontava para esse relacionamento restaurado. Mais tarde, no Novo Testamento, Jesus encarnaria essa verdade de forma plena, sendo o verdadeiro "tabernáculo" de Deus entre os homens (João 1:14).
A Proximidade com Deus Transforma

A verdadeira salvação não se resume a ser liberto do pecado, mas a ser restaurado para a comunhão plena com Deus. Em Gênesis 17:1, Deus ordena a Abraão: "Anda na minha presença e sê perfeito." A transformação para a perfeição não vem de nós mesmos, mas ao andar na presença de Deus. É na comunhão diária e íntima com o Senhor que somos moldados, dia após dia, para refletir a santidade de Deus.

Assim como as ovelhas seguem seu pastor, somos chamados a caminhar com Deus em confiança e obediência. O pastor guia, protege e supre suas ovelhas. Da mesma forma, é na presença de Deus que encontramos orientação, segurança e sustento espiritual.

O apóstolo João reafirma essa verdade quando define a vida eterna como "conhecer a Deus" (João 17.3). Não é apenas uma questão de escapar do inferno ou de ganhar uma terra prometida, mas de restaurar o relacionamento com o Criador. Esse é o verdadeiro propósito da salvação.

A Presença de Deus na Igreja Hoje

Hoje, o tabernáculo de Deus não é mais uma tenda física no deserto, mas a própria Igreja, o Corpo de Cristo. Paulo afirma em 1 Coríntios 6:19 que nós, como crentes, somos o templo do Espírito Santo. Deus habita em nós, e onde dois ou três estão reunidos em Seu nome, ali Ele está (Mateus 18.20).
A comunhão dos santos é onde Deus manifesta Sua presença de maneira especial. O Espírito Santo distribui dons entre os crentes para que, juntos, possamos edificar uns aos outros e refletir a plenitude de Cristo. Cada crente tem uma função dentro do Corpo, e só na comunhão uns com os outros podemos experimentar a totalidade da presença de Deus.

Por isso, é fundamental não apenas sermos cristãos individuais, mas participarmos ativamente da comunidade de fé. Não basta apenas assistir cultos online ou estar isolado; é na congregação dos crentes que a ceia do Senhor, a adoração e a manifestação dos dons espirituais ocorrem de maneira completa. Cristo amou a igreja e deu Sua vida por ela, e é na comunhão que experimentamos a plenitude da vida com Deus (Efésios 5.25-27).

Conclusão

A salvação não se trata apenas de sermos libertos do pecado, mas de sermos restaurados para uma comunhão contínua com Deus. Moisés entendeu que a promessa da terra não seria suficiente sem a presença de Deus. O verdadeiro objetivo da nossa jornada espiritual é caminhar com o Senhor e experimentar Sua presença transformadora em nossas vidas.

Somos chamados, como Abraão, a andar na presença de Deus e sermos aperfeiçoados. A igreja, como o tabernáculo moderno, é o lugar onde essa presença se manifesta de maneira especial. Que possamos buscar essa comunhão com Deus, sabendo que Sua presença é o nosso verdadeiro tesouro. Como o apóstolo Paulo orou, que possamos ser "cheios de toda a plenitude de Deus" (Ef 3.19), experimentando diariamente o amor e a graça de nosso Pai Celestial.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Livro de Êxodo com Dr. John Oswalt - Palestra 1 sobre Libertação


Transcrição da Primeira Palestra do Dr. John Oswalt: "Êxodo - A Libertação"

 

Podemos nos perguntar por que estudamos um livro do Antigo Testamento. Afinal, somos cristãos, não somos? Mas o fato é que a Bíblia é um único livro. Não são dois livros, como se fosse um precursor judaico. Não, não é assim. Não é como se tivéssemos o Antigo Testamento, e depois o Novo Testamento, que seria o verdadeiro livro cristão. Não é isso. Toda a Bíblia é a palavra de Deus, e o Deus do Antigo Testamento é o mesmo Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O que o Antigo Testamento faz é nos dar as perguntas que o Novo Testamento responde. Por exemplo, Jesus é a resposta, mas qual é a pergunta? Muitos diriam que a pergunta é: “Como meus pecados podem ser perdoados e eu ir para o céu?” Mas essa não é a pergunta que o Antigo Testamento está fazendo. A pergunta do Antigo Testamento é: “Como um ser humano pecador pode viver com um Deus santo?” E Jesus responde a essa pergunta. Jesus nos mostra como podemos ser como Deus, carregando o seu caráter. Portanto, precisamos do Antigo Testamento para entender quem Deus é e qual é o seu propósito para nós.

 

Isso responde à pergunta de por que devemos estudar o Antigo Testamento. Mas por que o livro de Êxodo? Gênesis nos conta a história dos começos. Gênesis nos diz o que Deus pretendia e depois qual foi o problema que surgiu. Gênesis também delineia a solução para esse problema, e Êxodo preenche o quadro da solução, nos dando uma teologia da salvação. Se compreendermos corretamente a salvação aqui, a entenderemos corretamente no Novo Testamento. Mas, se errarmos aqui, podemos errar também no Novo Testamento.

 

O título do livro em grego é “Êxodo”, que significa “o caminho para fora”. Mas o caminho para fora do Egito já está concluído no capítulo 15. Então, o que mais encontramos depois do capítulo 15? Há uma revelação do caráter e da natureza de Deus. Eles não conheciam realmente quem era esse Deus que os libertou, e essa revelação vem na forma de uma aliança. Mas a aliança é concluída no capítulo 24. Então, se o problema deles não era o cativeiro, e se o problema deles não era a ignorância teológica, qual era o problema? Isso é o que vemos nos últimos 16 capítulos do livro. O problema é a alienação de Deus. Então, nosso problema como seres humanos envolve cativeiro ao pecado? Sim. Envolve não saber quem Deus é? Sim. Mas o problema real da humanidade é que estamos separados da fonte da vida.

 

No restante desta palestra, então, queremos falar sobre esse primeiro problema: a libertação do cativeiro. Isso está nos capítulos 1 a 15. Podemos delinear esses capítulos da seguinte forma, e você vê o delineamento na tela diante de você: primeiro, no capítulo 1, temos a necessidade de libertação. Depois, nos capítulos 2 a 4, a preparação do libertador. E, no restante do capítulo 4 e nos capítulos 5 e 6, a oferta de libertação. Depois, os meios de libertação aparecem nos capítulos 7 a 11, que são as pragas, se você se lembra. Finalmente, então, nos capítulos 12 a 15, temos os eventos de libertação.

 

Então, começamos olhando para a necessidade de libertação. Quando olhamos para o primeiro capítulo, vemos que estão retomando a história de Gênesis. Estes são os descendentes de um homem chamado Jacó. Quem é este homem? Ele é um homem a quem Deus fez grandes promessas. Foi sobre isso que o livro de Gênesis tratou: a promessa de uma terra e de um povo. Deus tem um problema: Ele pode cumprir suas promessas? Então, esse é o “quem” - Jacó e Deus. A segunda questão é “o que”. Qual é exatamente o problema? Há um problema de opressão, mas ainda mais sério que isso é o problema do genocídio. O faraó está tentando destruir essas pessoas. Então, aqui está o problema: Deus pode cumprir suas promessas a essas pessoas, dar-lhes uma terra e fazer deles um povo? Vemos uma pequena dica de sua capacidade de fazer isso nas parteiras. Deus trabalhará através de pessoas fiéis para salvar o mundo.

 

Então, vemos nos capítulos 2 a 4 a preparação do libertador, e isso começa com a providência de Deus. Como esse bebê sobrevive? Através de uma combinação da fidelidade de sua mãe e da ousadia de acreditar que Deus, de alguma forma, realizará um milagre. Esta criança é criada e treinada pelo inimigo. Deus é muito econômico; Ele usará qualquer meio possível para alcançar seu objetivo. Mas então vemos o fracasso de Moisés. Moisés viu o que estava acontecendo com seu povo e foi movido de compaixão por eles, então ele pensou que os salvaria um de cada vez, sem nenhum custo para si mesmo. Isso nunca é possível. Moisés não perguntou a Deus como Ele planejava salvar seu povo; ele desenvolveu seus próprios meios para fazer isso, e isso nunca funciona. Então, ele foge, e parece que a cuidadosa preparação de Deus foi em vão. Mas isso não leva em conta o caráter de Deus. Se você tiver uma Bíblia aí, por favor, vire para os versículos 23 a 25 do capítulo 2. Você poderia lê-los, por favor? Sim. Deus ouviu seus gemidos, lembrou-se de sua aliança, olhou para eles e os conheceu. Este é o Deus vivo que ouve e se lembra. Ele olha e conhece.

 

Portanto, mesmo que o libertador aparentemente tenha falhado, o caráter de Deus exige que, de alguma forma, essa libertação ocorra. O inimigo lhe dirá que Deus não se importa com sua situação. Ele sabe, e Ele se importa, e Ele manterá suas promessas. Então, o que precisa acontecer? Deus precisa chamar a atenção de Moisés e levá-lo a tentar novamente, mas agora do jeito de Deus. Acho que a sarça ardente estava diretamente relacionada ao que Moisés estava pensando. Moisés estava ouvindo o inimigo. Acho que ele pensava: “Se você se entregar a Deus, Ele vai consumi-lo, e você não será nada além de cinzas.” Mas Moisés viu essa sarça, que estava em chamas para Deus, mas não era consumida. E então Deus disse a ele: “Estou muito preocupado com meu povo, então vou enviar você.” E Moisés levantou uma série de objeções, todas focadas em sua inadequação, ignorância, fraqueza e incapacidade. E Deus respondeu a cada uma dessas objeções referindo-se a si mesmo: não é a inadequação de Moisés, mas a presença de Deus; não é a ignorância de Moisés, mas a pessoa de Deus.

 

Moisés disse: “Eu não conheço o seu nome.” E o que Deus revelou a ele foi muito mais do que apenas um rótulo; foi o caráter de quem existe antes de todas as coisas e através de todas as coisas. Moisés disse: “Bem, eu não posso convencê-los, eles não acreditarão em mim.” E Deus mostrou seu poder novamente, com a ilustração poderosa do que está na sua mão. “Oh, isso é meu cajado de pastor.” E Deus disse: “Não, é uma serpente.” Há todo um sermão aí: se você segurar o que está na sua mão, isso pode destruí-lo. Da mesma forma, o sinal da lepra: “Oh, Deus, eu não posso ir ao Egito, eu tenho lepra.” E Deus disse: “Coloque sua mão de volta em seu manto, e ela está limpa.” Se você tocar as pessoas com seu próprio poder, você as contaminará, mas o poder de Deus pode nos tornar limpos. Finalmente, Moisés, desesperado, disse: “Bem, eu não sei falar muito bem.” E Deus, um pouco exasperado, disse: “Já chamei seu irmão Arão, e ambos sabemos que ele não tem problema para falar.” E assim, finalmente, Moisés aceitou.

 

É muito interessante para mim que não temos uma grande rendição emocional aqui. A questão não é se você tem uma grande reação emocional; a questão é se você vai obedecer a Deus. E assim, Moisés disse a seu sogro: “Eu preciso voltar ao Egito.” Moisés e Arão foram e mostraram os milagres de Deus, e o povo respondeu muito positivamente: “Isso é maravilhoso! Deus vai nos libertar! Ele é um Deus que faz milagres!” Mas então o faraó disse: “Quem é Yahweh? Eu não o conheço.” Esse é o verdadeiro problema que está surgindo aqui: quem é este Yahweh afinal? E, como o faraó não acredita que exista tal Deus, então o povo deve ter inventado isso para tentar sair do trabalho. Muitas vezes isso acontece no mundo. Um mundo que não conhece e não reconhece Deus criará desculpas. Assim, vemos os supervisores hebreus indo até o faraó, querendo que ele alivie suas cargas, e ele, é claro, recusa. Eles encontram Moisés e Arão na saída e dizem: “Vocês nos fizeram feder ao faraó!” Então, Moisés e Arão voltam ao povo e dizem: “Vai ficar tudo bem, continuem acreditando”, mas o povo não quer mais ouvir.

 

Então, o problema da salvação é de duas faces: o povo tem um problema, mas Deus também tem um problema. A questão da salvação é: quem é Deus? Ele tem o poder? Ele tem a vontade? E isso é o que vai ser demonstrado para nós nos capítulos 7 a 11. Eu costumava me perguntar por que há tantas pragas. Se o objetivo é tirar o povo do Egito, uma grande praga certamente teria feito o trabalho. Mas, em vez disso, temos todas essas pragas. Por quê? Porque o verdadeiro propósito aqui é demonstrar quem Deus é, em contraste com os deuses egípcios. Temos que lembrar que, por 400 anos, o povo hebreu viveu em um ambiente totalmente pagão. Tudo o que aprenderam sobre a realidade está errado, e é baseado em um erro fundamental, que é característico da religião falsa em todo o mundo: a ideia de que este mundo é divino. Todos os outros erros do paganismo derivam dessa ideia. Se este mundo é divino, então todas as forças nele são divinas, e há muitos deuses. Se este mundo é Deus, eu posso manipular este mundo, e, ao fazer isso, influenciar os deuses. Qual é o objetivo da vida? É manipular este mundo para suprir minhas necessidades. Isso é o que a idolatria é, em essência. Você não precisa ter uma pequena estátua para ser um idólatra. Se você está adorando as forças deste mundo, tentando satisfazer suas necessidades através delas, você é um idólatra. E Deus precisava mostrar ao povo hebreu e aos egípcios que isso não é verdade. Eles precisavam saber: “Eu sou.”

 

O que esse nome nos diz? Ele é um ser que existe em si mesmo, sem depender de nada mais. Ele não é parte deste mundo, e isso é o que Deus está tentando mostrar através das pragas. Ele conhece nossas necessidades melhor do que nós, e quer supri-las. Ele o fará se confiarmos nele, acreditarmos nele e obedecermos a ele. É isso que deu errado no Jardim do Éden. Adão e Eva não confiaram em Deus, então não acreditaram nele quando ele disse que morreriam. E assim, eles não o obedeceram quando ele disse: “Não comam daquela árvore.” Deus diz várias vezes nestes capítulos: “Então vocês saberão que eu sou Yahweh.” E é isso que Deus quer para você e para mim. Ele quer que saibamos quem ele é, mas ele também quer que o conheçamos pessoalmente.

 

Essas pragas são um ataque aos deuses do Egito. Os egípcios pensavam que esses vários elementos poderiam dar vida. Deus diz: “Qualquer coisa em que você confie, em vez de mim, para lhe dar vida, na verdade trará morte.” Não é por acaso que a primeira praga é sobre o Nilo, porque os egípcios adoravam a Mãe Nilo, que lhes dava um novo nascimento todos os anos. E Deus mostra a eles que o Nilo, em si mesmo, é sangue. Os egípcios adoravam rãs porque as rãs tinham a capacidade de viver em dois mundos. Eles estavam muito preocupados com isso, porque a vida no Egito era maravilhosa, e eles tinham medo de que a vida no próximo mundo não fosse tão boa. Essa é a mesma razão pela qual adoravam moscas, porque as moscas podiam trazer vida a partir de coisas mortas. Assim por diante, adoravam animais por causa do poder do touro e do carneiro. E Deus mostra a eles que, em si mesmos, nenhum desses seres tem vida; eles são morte. E finalmente há o sol em si. Todos os dias do ano, o sol nascia e cruzava majestosamente o céu, dando vida. E Deus diz: “Eu posso apagar o sol. Ele é sujeito à minha voz.” E finalmente, é claro, há a vida em si. Mesmo a vida em si não é vida sem a mão de Deus.

 

É interessante que o povo judeu continuava pedindo sinais a Jesus. Esse é o termo usado para as pragas: sinais. E Jesus fez sinais. De fato, ele inverteu tudo. As coisas que este mundo pensa que trazem morte, Jesus mostrou que ele tem o poder de transformar em vida. A natureza fora de controle, ele pode trazer vida. Mesmo o demoníaco, ele pode usar para trazer vida. E, claro, no final, ele pode transformar a morte em vida.

 

Então, a pergunta é: quem é Deus? Finalmente, o faraó não admite que Yahweh é Deus, mas ele admite que foi derrotado. O deus deste mundo não admitirá quem Deus é, mas ele pode ser derrotado.

 

Então, chegamos aos eventos da libertação. Há duas partes principais aqui. A primeira é a celebração da Páscoa, e a segunda é a travessia do Mar Vermelho. Mais uma vez, se o objetivo é apenas tirar o povo do Egito, por que dedicar dois capítulos à celebração da Páscoa? E acho que a resposta é que estamos apontando para o futuro. A questão real aqui não é o cativeiro no Egito; a questão real é o anjo da morte, porque é isso que a Páscoa realmente trata: a vitória sobre a morte.

 

Desde o Jardim do Éden, a morte reinou. Agora, Deus não pode simplesmente ignorar isso e fingir que podemos esquecer. Este é um mundo de causa e efeito que Deus criou, e a Bíblia diz: “A alma que pecar, essa morrerá.” É como dizer: “Se você pegar um fio elétrico vivo, você morrerá.” Não podemos dizer: “Oh, bem, eu não entendi realmente o que estava acontecendo, então vamos esquecer isso.” Isso não funciona. O que deve ser feito sobre o reinado da morte no mundo? Algo ou alguém terá que morrer no lugar dos demais. E é isso que a celebração da Páscoa está apontando. Não é coincidência que a última ceia tenha ocorrido em conexão com a Páscoa. Ao mesmo tempo, a cerimônia da Páscoa levanta questões: pode um cordeiro morrer pelos meus pecados? O profeta Miquéias diria: “Poderia meu próprio filho morrer pelos meus pecados?” E a resposta é obviamente não. Então, ano após ano, o povo de Deus estava dizendo: “Alguém tem que morrer, mas quem é?” E a tragédia é que, quando ele veio, eles não o reconheceram.

 

Agora, a jornada do Egito a Canaã ao longo da estrada costeira leva cerca de 11 dias. E, pelo texto bíblico, parece que começaram a ir por esse caminho, mas Deus os fez dar a volta e os levou por um caminho mais longo. Por que ele faria isso? Eles poderiam ter evitado o Mar Vermelho se tivessem seguido pela estrada costeira. Mas Deus os leva a uma situação em que se deparam com uma água intransponível. Alguma vez Deus já levou você pelo caminho mais longo? Ele já me levou. E ele faz isso para demonstrar a nós, como fez aos hebreus, o seu poder. Se você teve sucesso a vida inteira por suas próprias forças, é digno de pena. É quando chegamos ao fim de nós mesmos e reconhecemos que não podemos fazer isso sem Deus, que descobrimos a maior verdade de todas.

 

Parece que pelo menos uma pessoa aprendeu as lições das pragas. Aqui estão eles, com o maior exército de carros do mundo naquela época, vindo em sua direção, e suas costas estão voltadas para uma água que não podem cruzar. E as pessoas começam a fazer o que farão bem pelos próximos 40 anos: dizer: “Você nos trouxe aqui para nos matar!” E Moisés diz: “Fiquem quietos e vejam o que Deus vai fazer.” Agora, é interessante para mim que não há evidências de que Deus tenha dito a Moisés o que ele vai fazer. Olhando da perspectiva humana, esta é uma situação desesperadora. Mas Moisés aprendeu algo sobre quem Yahweh é, e Yahweh não precisa dizer a Moisés o que ele está planejando fazer para que Moisés acredite de qualquer maneira.

 

Agora, muitos estudiosos bíblicos dirão: “Oh, isso realmente não aconteceu. É apenas uma bela história para ilustrar a fé em Deus.” Mas isso não entende um ponto essencial da revelação bíblica. Na Bíblia, Deus se revela em eventos únicos no tempo e no espaço. Nos mitos, os deuses são revelados nos grandes ciclos recorrentes da natureza. Mas o Deus da Bíblia está fora deste mundo, e ele intervém nos eventos de tempo e espaço que nunca aconteceram antes e nunca acontecerão novamente para revelar quem ele é. Lembre-se do que Paulo, o apóstolo, diz quando ele diz: “Se Cristo não ressuscitou, somos de todos os homens os mais dignos de pena.” Porque acreditamos em uma mentira. Como sabemos que Deus derrotou a morte? Porque o túmulo está vazio. A verdade espiritual é ensinada nas realidades da história. A ressurreição de Cristo não é algo novo. Este é o tipo de coisa que Deus tem feito o tempo todo. Este é o grande clímax.

 

Agora, os cineastas às vezes retratam as pessoas caminhando entre paredes de água com cem metros de altura. Não sei se aconteceu assim, mas sei disso: uma água que era profunda demais para qualquer um cruzar, de alguma forma se dividiu, e eles atravessaram a seco.

 

Isso nos traz ao fim dessa primeira divisão: a libertação do cativeiro. Quero falar com vocês sobre o que aprendemos sobre a salvação até agora. Qual é a necessidade de salvação? Precisamos ser salvos, mas Deus também precisa nos salvar para cumprir suas promessas e provar seu caráter. E qual é a causa da salvação? A causa da salvação é a auto-revelação de Deus. Deus nos mostra quem ele é e, ao nos mostrar, nos salva. E qual é o propósito da salvação? Lembre-se do que eu disse no começo: é muito fácil para nós dizer: “Ah, a salvação é para que meus pecados possam ser perdoados e eu possa ir para o céu.” Mas o propósito da salvação é que possamos conhecê-lo, conhecê-lo pessoalmente. Não apenas saber sobre ele, mas ter esse reconhecimento pessoal, como vimos no exemplo de Moisés.

 

Agora, então, você vê pontos de interrogação na expressão da salvação e no objetivo dela. Vamos responder a essas questões nas próximas palestras.

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