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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Juntando Tesouros no Céu: A Grande Lição de um Engenheiro


A Grande Lição de um Engenheiro

Havia um engenheiro evangélico que já havia construído muitas pontes, viadutos e edifícios. Obras grandiosas, das quais se orgulhava, porque duravam muito tempo. Ele previa que muitas delas permaneceriam firmes mesmo depois de sua morte. Essa durabilidade lhe dava grande satisfação.
Certo dia, lendo as Escrituras, chegou a um texto que lhe chamou muito a atenção. Ele percebeu que, por mais sólidas e duradouras que fossem suas construções, todas as coisas materiais haveriam de passar. A Bíblia afirma que chegará o dia em que o fogo consumirá tudo, pois haverá novos céus e nova terra, e o primeiro céu e a primeira terra deixarão de existir (2Pe 3.10-13; Ap 21.1).

Isso o fez refletir: apesar de ser crente e temente a Deus, estava investindo demais da sua vida em coisas que seriam consumidas pelo fogo. Ele não pensava em abandonar a profissão de engenheiro, mas compreendeu que precisava dar prioridade a valores eternos — coisas que nem a traça, nem a ferrugem podem destruir (Mt 6.19-20).

Assim, passou a viver de outra forma: continuou engenheiro, mas agora um engenheiro que entendia que sua vocação maior não era apenas construir obras materiais, mas dedicar-se a algo que ultrapassa esta vida. Percebeu que todos os cristãos têm um chamado — não apenas os que são ministros de tempo integral — e que a paixão que deveria conduzir a nossa vida é o evangelho, a vontade de Deus. Afinal, Jesus disse: “Busquem, pois, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Podemos ser engenheiros, advogados, pedreiros, costureiras, cozinheiros, eletricistas — não importa a profissão. O essencial é nunca esquecer que, em qualquer lugar, somos testemunhas de Cristo, com uma missão maior do que qualquer cargo ou carreira. As obras humanas serão destruídas, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre (1Jo 2.17).

Esse engenheiro aprendeu a dedicar-se mais à salvação de almas e ao cumprimento do propósito de Deus para sua vida. Continuou sua profissão, mas colocando cada coisa em seu devido lugar. E nós também precisamos viver assim, perguntando: Para que nasci?. A Bíblia lembra: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor o deu, o Senhor o tomou” (Jó 1.21). “Nada trouxemos para este mundo, nem coisa alguma podemos levar dele” (1Tm 6.7).

Muitos pensam que podem viver para curtir tudo o que o mundo oferece e ainda herdar o céu. Mas a Palavra adverte: “Não amem o mundo, nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida — não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua cobiça; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.15-17).

O livro de Eclesiastes reforça essa verdade. Trinta vezes ele repete a expressão “debaixo do sol”, para mostrar a vida vista apenas na perspectiva terrena, materialista e existencialista. Nesse prisma, tudo se torna vaidade e correr atrás do vento (Ec 1.2,14). Essa visão leva ao desespero e ao hedonismo: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (1Co 15.32).

Mas a Escritura também mostra que existe outro caminho. Jesus nos chama a acumular tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem (Mt 6.20). Paulo ensina que nossas obras serão provadas pelo fogo do juízo: “A obra de cada um se tornará manifesta, pois aquele Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e o fogo provará qual é a obra de cada um” (1Co 3.13). As obras fúteis se consumirão, mas o que foi feito para Deus permanecerá.

Assim, compreendemos que não basta viver como religiosos ocasionais, sem paixão, sem zelo, sem compaixão pelos perdidos. O nosso cotidiano revela onde está o nosso coração (Mt 6.21). Por isso, precisamos refletir: onde está a nossa paixão? onde está o nosso amor?.

Que não vivamos como quem corre atrás do vento, mas como quem permanece para sempre, fazendo a vontade de Deus.

sábado, 21 de dezembro de 2024

A Mesa do Reino de Deus

 A Mesa do Reino de Deus

"Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus" (Lc 13.29).


O Natal nos lembra que Deus está cumprindo sua promessa de reunir um povo de todas as tribos e nações para o Reino de Deus. O Evangelho nos revela que, ao nascer Jesus, alguns magos vieram do Oriente para adorar o Grande Rei e Salvador (Mt 2.1). Guiados por uma estrela, esses sábios viajaram longas distâncias para reconhecer o Rei que nasceu. Sua visita simboliza o cumprimento das promessas feitas desde os tempos de Abraão, de que todas as nações da terra seriam abençoadas em sua descendência, isto é, em Cristo (Gn 12.3; Gl 3.16). Abraão foi chamado a ser pai de uma descendência não gerada pela carne, mas pela fé – tão numerosa quanto as estrelas do céu (Gn 15.5).

A presença dos magos vindos do Oriente aponta para o alcance universal da salvação em Jesus. Eles representam os muitos que virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, para se sentarem à mesa no Reino de Deus, como anunciado por Jesus (Lc 13.29). Não eram judeus, mas gentios que reconheceram em Jesus o Salvador, respondendo à promessa de que “nações que não te conhecem te chamarão, e povos que nunca souberam de ti virão correndo por causa do Senhor, teu Deus” (Is 55.5).

Por meio de Cristo, Deus derrubou a parede de separação que dividia judeus e gentios, formando um só povo: "Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e derrubou a parede de separação que estava no meio" (Ef 2.14). Jesus é o Príncipe da Paz (Is 9.6), que veio reconciliar os povos com Deus e uns com os outros. Nele, haverá um só rebanho e um só Pastor (Jo 10.16), e todos os que confiam nele serão reunidos sob o domínio do Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16).

O salmista declarou: "Que Deus seja conhecido em toda a Terra; que todas as nações venham adorá-lo" (Sl 75.2). Tudo isso aponta para um Deus que não faz acepção de pessoas, mas que deseja que todos os povos sejam reconciliados com Ele.

O Natal é um convite para celebrarmos a misericórdia e a graça de Deus. Paulo nos lembra que "a graça se manifestou salvadora a todos os homens" (Tt 2.11) e que Deus nos "libertou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado" (Cl 1.13). Por isso, podemos nos alegrar com os magos que, ao encontrarem o menino Jesus, se prostraram em adoração e ofereceram seus presentes – ouro, incenso e mirra (Mt 2.11). Eles nos ensinam que a verdadeira adoração envolve tanto a oferta de nossos tesouros quanto a entrega total de nossas vidas ao Rei.

Assim como Abraão viu pela fé o cumprimento das promessas de Deus e se alegrou (Jo 8.56), somos chamados a viver com gratidão e expectativa, sabendo que Deus continua reunindo seu povo de todas as nações. Desde os patriarcas, Deus não quis limitar sua bênção a uma única nação, mas abrir seu Reino a todas as famílias da terra.

Que neste Natal possamos refletir sobre o privilégio de sermos convidados à mesa do Reino e também sobre nossa responsabilidade de proclamar essa mensagem. Que outros, assim como os magos, sejam atraídos pela luz de Cristo, o Salvador do mundo.


Oração:

Senhor, obrigado por seres o Deus que cumpre promessas e chama pessoas de todas as nações para o teu Reino. Assim como os magos do Oriente, queremos oferecer a Ti o que temos de melhor, reconhecendo que és digno de toda adoração. Dá-nos um coração grato e um espírito missionário para que possamos compartilhar o convite do Reino com aqueles que ainda não te conhecem. Que o Natal nos renove na alegria da salvação e no compromisso com a tua missão. Amém.

Feliz Natal!

Bispo Ildo Mello

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Mensagem para Pastores e Líderes sobre o Preparo para o Ministério

Queridos Pastores e Líderes,


Quando terminei a primeira série, lembro-me vividamente de ter dito à minha mãe: "Mãe, não preciso mais estudar, já sei ler e escrever!" Ah, a sabedoria da infância! Naquele momento, me sentia habilitado, maduro, completo e pronto para encarar os desafios da vida. Mal sabia eu que aquele entusiasmo precoce era apenas o começo de uma longa jornada de aprendizado.


Na nossa jornada ministerial, muitas vezes podemos ser tentados a pensar que já sabemos o suficiente. No entanto, o ministério exige muito mais do que apenas o conhecimento básico. O apóstolo Paulo nos alerta a não sermos neófitos, para que não nos ensoberbeçamos. Paulo orientou Timóteo a ser diligente no estudo das Escrituras, evitar controvérsias tolas e se dedicar ao ensino correto. Embora jovem, Timóteo não era inexperiente na fé. Desde a infância, ele conhecia as Escrituras e sabia manejá-las bem. Ele não manipulava a Palavra de Deus, mas estava preparado para diversas responsabilidades, conforme orientado por Paulo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Timóteo 2:15).


Paulo forneceu a Timóteo uma lista detalhada de qualidades e responsabilidades que ele deveria cultivar para ser um pastor eficaz. Estas responsabilidades incluem:


• Ensinar: "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Timóteo 2:2).

• Pregar e redarguir: "Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e doutrina" (2 Timóteo 4:2).

• Exortar: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça" (2 Timóteo 3:16).

• Aconselhar: "O que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Timóteo 2:2) - O ensino e a transmissão de sabedoria fazem parte do aconselhamento.

• Liderar: "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina" (1 Timóteo 5:17).

• Pacificar, promover reconciliação e unidade: "E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, paciente" (2 Timóteo 2:24).

• Evangelizar: "Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério" (2 Timóteo 4:5).

• Discipular: "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Timóteo 2:2).

• Responder a todos: "E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, paciente" (2 Timóteo 2:24).

• Dar bom exemplo: "Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza" (1 Timóteo 4:12).

• Manifestar os frutos do Espírito: "Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor" (2 Timóteo 2:22).

• Não amar o dinheiro: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Timóteo 6:10).

• Ser uma pessoa caridosa: "Admoesta-os para que pratiquem o bem, a fim de serem ricos em boas obras, generosos em dar e prontos a repartir" (1 Timóteo 6:18).

• Ser uma pessoa hospitaleira: "Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar" (1 Timóteo 3:2).

• Ser uma pessoa modesta, respeitável e que cuide bem da família: "E que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia" (1 Timóteo 3:4).

• Ser uma pessoa leal e digna de confiança: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido" (2 Timóteo 3:14).

• Possuir fé, confiança e coragem para aceitar desafios: "Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação" (2 Timóteo 1:7).

• Passar nas provações: "Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério" (2 Timóteo 4:5).

• Santidade, fidelidade, constância, perseverança: "Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza" (1 Timóteo 4:12).

• Guardar a sã doutrina: "Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em Cristo Jesus" (2 Timóteo 1:13).

• Evitar discussões inúteis: "Mas evita as conversas vãs e profanas, porque produzirão maior impiedade" (2 Timóteo 2:16).

• Ser paciente e gentil: "E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, paciente" (2 Timóteo 2:24).

• Ser uma pessoa vigilante e sóbria: "Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério" (2 Timóteo 4:5).

• Possuir uma consciência pura e fé não fingida: "Ora, o propósito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé não fingida" (1 Timóteo 1:5).


A Escritura nos ensina que, se alguém se purificar destes erros, será um utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra (2 Timóteo 2:21).


Além disso, 2 Timóteo 3:16-17 nos lembra: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra."


Que possamos nos dedicar ao nosso preparo contínuo, buscando sempre ser úteis ao Senhor em todas as boas obras, crescendo em santidade e fidelidade.


Em Cristo,

Bispo Ildo Mello

terça-feira, 9 de julho de 2024

João 3:14-16: O Centro do Evangelho e Paradigma de Missão

Amados irmãos e irmãs, convido-os a refletirmos juntos sobre a passagem do evangelho de João, capítulo 3, versículos 14 a 16. Este texto poderoso encapsula a essência do evangelho, mostrando-nos o amor inigualável de Deus e o chamado à missão.

“Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.14-16).


Estamos recebendo a visita de um grupo bonito de irmãos e irmãs, jovens e adultos, que estão partindo para uma missão de curto prazo em Cachoeiro do Itapemirim. Eles estão deixando suas casas para servir a Deus, seguindo o modelo missionário que encontramos em João 3:16. Este versículo é um evangelho em miniatura, revelando cinco pontos cruciais sobre a missão da igreja.


Primeiro, Deus como aquele que envia

Deus, como o grande Enviador, planejou e enviou Jesus para cumprir a missão mais importante da história. Ele deu o seu Filho unigênito, demonstrando seu amor inigualável e sacrifício incomparável. A responsabilidade da igreja é seguir esse exemplo divino, enviando e apoiando missionários para que a mensagem do evangelho alcance todos os cantos do mundo.

Um exemplo bíblico disso é o envio de Paulo e Barnabé, conforme registrado em Atos 13:2-3. A igreja em Antioquia, após um período de oração e jejum, separou e enviou esses dois grandes missionários. A igreja reconheceu a importância de enviar seus melhores para a obra missionária, seguindo o modelo dado por Deus.


Aplicando isso em nossa vida hoje, devemos encorajar a igreja a participar ativamente no envio e suporte de missionários. Isso inclui orar por eles, fornecer apoio financeiro e estar dispostos a enviar os melhores dentre nós. Como pais, muitas vezes desejamos carreiras de sucesso mundano para nossos filhos, mas devemos considerar o privilégio e a honra de vê-los servindo como missionários e sacerdotes de Deus, seguindo o exemplo do Pai que enviou o melhor que tinha, seu próprio Filho.


Vocês já ouviram a expressão “tiguera”? Alguém aqui sabe o que significa? Pouquíssimas pessoas conhecem essa palavra. Na roça, tiguera é o restolho, e quando se fala de animais, o termo é usado para descrever aquele animal fraquinho, miudinho, que come pouco e não se desenvolveu muito. Certa vez, um roceiro crente decidiu ofertar ao Senhor um dos seus porquinhos. Muitos porquinhos haviam nascido, e ele olhou para eles e disse: “Um destes será do Senhor.” E qual ele escolheu? O tiguera, o mais miudinho de todos, aquele que não prometia muito. “Esse vai ser do Senhor.” O que aconteceu? Esse tiguera impressionou, superou os outros, tornou-se um porco gordo, grande, forte e bonito. E então, ele se arrependeu de ter ofertado aquele porquinho e quis escolher um outro que não tinha se desenvolvido tanto. É triste, não é? Quando separamos para Deus o que não é o melhor, quando o que projetamos para Deus é o que sobra, são os tigueras da vida, da nossa existência, algo que nós mesmos desprezamos. Mas Deus não fez isso. Deus deu o que Ele tinha de melhor, o Seu único Filho, e o entregou por nós.


Segundo, O Filho como Aquele que é Enviado

Jesus, o Filho unigênito de Deus, aceitou a missão mais extraordinária que alguém poderia assumir. Ele deixou a glória do céu e encarnou-se como humano, tornando-se vulnerável e sujeito às mesmas limitações e dores que nós. Este ato de encarnação não foi apenas um gesto de condescendência divina, mas uma demonstração profunda de amor e compromisso com a salvação da humanidade.

Jesus não apenas desceu dos céus, mas também se enculturou, vivendo entre nós e adaptando-se à nossa cultura e realidade. Ele caminhou em nossas ruas, comeu de nossas mesas, compreendeu nossas dores e alegrias. Esta enculturação foi essencial para que Ele pudesse comunicar o amor de Deus de forma efetiva e relacional. Ele tornou-se um de nós para que pudéssemos compreender plenamente o plano de redenção.


A Bíblia nos oferece um exemplo poderoso desta encarnação em Filipenses 2:5-8: "Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz."


Nesta passagem, vemos como Jesus esvaziou-se de Sua glória divina e tornou-se servo, obediente até a morte na cruz. Ele assumiu a forma de um servo para que, por meio de Sua humildade e sacrifício, pudéssemos ser salvos.


Missionários cristãos devem seguir o exemplo de Jesus. A missão não é apenas sobre ensinar ou pregar, mas sobre viver entre aqueles que buscamos alcançar, compreendendo suas realidades e demonstrando o amor de Cristo através de nossas ações e presença. Assim como Jesus se enculturou para servir eficazmente, devemos aprender a nos adaptar, respeitar e integrar às culturas diferentes das nossas. Este processo pode ser desafiador, mas é essencial para que nossa mensagem seja autêntica e ressoe profundamente com aqueles a quem servimos.


Portanto, ao refletirmos sobre a missão de Jesus como o Enviado, que deixemos ser inspirados por Sua humildade, sacrifício e amor incondicional. Que sejamos missionários dedicados, dispostos a seguir os passos de nosso Salvador, adaptando-nos e servindo com todo o nosso coração, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.


O terceiro ponto é a motivação que levou Deus a fazer o que fez. 

Qual é a motivação da missão? Vocês estão acompanhando? Podem verificar, podem ler. Qual é a motivação? O amor. Mas não é qualquer amor. Observem a expressão: "de tal maneira." “De tal maneira” é muito forte, significando que Deus deu o que tinha de melhor em sacrifício.

Este é o nosso Deus, que nos ama de uma forma tão sacrificial, capaz de fazer um sacrifício tão absoluto, tão pleno, tão total. Que amor é esse? Nós só compreendemos esse amor de Deus olhando para a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, para aquele Filho que foi dado. É ali que conhecemos o amor de Deus. É um amor muito grande, "de tal maneira", de tal magnitude, extraordinário, surpreendente, chocante, que nos constrange. Às vezes, parece até bom demais para ser verdade. É assim que Deus nos ama.


Vamos agora para o quarto ponto. Recapitulando: primeiro, quem é que envia? Deus é o modelo para a igreja enviar e para cada um de nós consagrarmos a Deus o que há de melhor. Quem foi enviado? O que havia de melhor: o Filho. Ele é o modelo. O que motivou Deus a tomar essa atitude de grandeza e sacrifício? Seu amor. Amor por quem?


Agora, o quarto ponto: quem é o público-alvo desse amor e dessa missão? 

Quem? O mundo. Quando lemos o capítulo 1 de João, entendemos melhor que mundo é esse. É o mundo que estava em trevas e que verá essa grande luz. Veja aqui, vamos para o capítulo 1, versículo 10, para entender melhor que mundo é esse: "O Verbo, que estava no princípio com Deus, o Verbo que era Deus, por meio de quem tudo foi feito. Ele, que era luz, veio e se tornou a luz do mundo. O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu."


O mundo aqui é o mundo rebelde, o mundo dos perdidos, o mundo dos pecadores. É um mundo completo, cheio de pessoas de todas as espécies, um mundo que volta as costas para Deus, que foi feito por Cristo, mas que não o reconheceu. É um mundo que está em trevas, que segue o príncipe deste mundo, um mundo de pessoas alheias a Deus, obscurecidas em entendimento. São essas pessoas. Não é um grupo seleto que Deus ama por isso ou aquilo. Não, é o mundo todo, composto por gente de todos os tipos, de todos os povos, tribos, línguas e nações, que é rebelde e que não o conheceu. É este mundo, é neste contexto de mundo que Deus ama. Esse é o alvo do amor de Deus. São esses que Deus amou de tal maneira a ponto de dar o seu Filho.


Uma boa notícia para mim e para você é que, se o mundo é entendido como todos os pecadores, todos os perdidos, todos os inimigos, todas as pessoas alheias a Deus, se o mundo é todo ser humano, então significa que esse amor de Deus de tal maneira é também por você. Você faz parte, você também é alvo desse grande amor de Deus, desse sacrifício de Cristo. Ele te ama, mas ele não te ama de qualquer maneira. Não é um amor qualquer. É um amor sacrificial, um amor capaz de dar a própria vida para te salvar. Esse é o grande amor de Deus. Ninguém ama mais do que este, que deu a sua própria vida por amor a você. Portanto, o público-alvo é o mundo inteiro, e isso inclui você.


Quinto, E qual é o meio da salvação? 

Como é que se dá? Esse é o quinto ponto. Como é que se dá a salvação? Através da fé, não é? Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna. A vida eterna é a bênção que Deus tem mediante a fé. Repare bem, uma única coisa exigida, uma única ação. Deus requer dos seres humanos uma única coisa: a fé.


Até agora, discutimos apenas o versículo 16. Vamos agora examinar os versículos 14 e 15 para entender melhor o contexto. Nicodemos, um sacerdote que procurou Jesus, queria conhecer mais sobre Ele e o caminho da salvação, bem como sobre como fazer parte do reino de Deus. Jesus, ao conversar com Nicodemos, usa um paradigma da cruz que era bem conhecido por ele.


Nicodemos conhecia bem a história registrada em Números, capítulo 21, quando o povo de Israel pecou contra Deus repetidamente. Eles se rebelaram contra Deus e Moisés, murmurando: “Por que o Senhor nos tirou da terra do Egito? Lá tínhamos comida saborosa, e aqui estamos passando privações e sede. Ah, que saudade do Egito! O Senhor nos trouxe aqui para morrermos. Por que o Senhor fez isso?”


Deus ficou irado com essas murmurações e seu justo juízo se abateu sobre o povo. Como resultado da sua rebelião, inúmeras serpentes apareceram no deserto, brotando da areia e picando os israelitas. Eles começaram a morrer um a um, vítimas dessa praga de serpentes. Assustados com a tragédia e as consequências do pecado, vendo-se à mercê da morte, clamaram por misericórdia, se arrependeram e pediram perdão. Moisés orou a Deus e veio um livramento.


A salvação que Deus ofereceu foi algo muito inusitado. Deus instruiu Moisés a fazer uma serpente de bronze e pendurá-la sobre uma estaca, elevando-a bem alto para que todos pudessem ver. Quem olhasse para ela seria salvo. As pessoas, picadas e à beira da morte, olharam para aquela provisão de salvação de Deus e foram curadas da sua ferida mortal, que é a ferida do pecado.


Esse olhar é o olhar de um moribundo, de um perdido. É o olhar que deposita sua esperança no remédio que Deus propicia, na solução da graça divina. Vamos observar o paralelo aqui. Voltemos ao versículo 14: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna, tenha a cura da maldição do pecado.” Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho. O Filho do Homem, no versículo anterior, é agora retratado como o único Filho de Deus. Esse único Filho de Deus foi dado porque Deus amou a humanidade de tal maneira que Ele deu seu Filho para que Ele fosse feito maldição em nosso lugar.


Estava registrado nas páginas do Antigo Testamento que maldito seriam todos os que fossem crucificados, e Ele foi crucificado. Jesus se fez maldição, assumiu nossa maldição, se fez pecado por nós. O justo, que nunca pecou, assumiu nossa condição, nossa maldição, nossos pecados. Ele carregou sobre si nossas feridas, nossas chagas, nossa maldição, nosso pecado. Tudo que era contra nós, Ele carregou sobre si. Ele foi crucificado, sacrificado e morto. Ele foi levantado para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.


Olhe para Ele. Este olhar é o ato que Deus espera de você. Não é um ato de uma pessoa grandiosa, não é um ato de uma pessoa poderosa, nem uma grande realização humana. A grande realização foi a de Cristo Jesus na cruz. Ele é o Salvador, Ele pagou o preço, carregou sobre si nossos pecados, morreu, derramou o Seu sangue. E pelas Suas chagas, pelas Suas feridas, nós, moribundos, perdidos, fracos e miseráveis, somos sarados. Porque, em nossa condição de perdidos, de pessoas condenadas e feridas, clamamos por misericórdia e olhamos para Ele.


Repare bem, olhe para a cruz, olhe para Jesus. Ele é o Salvador. E você, nesse ato de olhar, não está realizando uma obra; é a obra Dele que está em ação. Não é a sua grandeza, mas a grandeza Dele. É você, na sua pequenez, na sua miserabilidade, completamente maltrapilho, miserável, pobre, cego, nu e perdido, como o cego de Jericó, clamando: “Jesus, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim.” E então, a graça se manifesta, salvadora. Ela sara o ferido e, à medida que os caídos, os pecadores, os perdidos, os miseráveis, clamam, a maldição é removida.


Quando Deus mandou levantar a serpente, isso apontava para Cristo, e aqueles que olhavam eram sarados. Todo aquele que olhar para Cristo, este ato de olhar é um ato de humildade, um reconhecimento da própria pecaminosidade e miserabilidade. Olhar para Ele é também um ato de arrependimento, de contrição, e de ver a graça, o amor, a misericórdia e a providência divina.


Cristo é a providência divina para o perdão dos nossos pecados (1 João 2:2). Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5), o único nome pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4:12). Olhe firmemente para Cristo e encontre Nele o perdão. Reconheça que foi pelos seus pecados que Ele precisou pagar esse preço, e Ele não economizou na demonstração de amor. Seu afeto não foi superficial; foi profundo e tremendo (Romanos 5:8).


O meio de salvação é esse olhar para a obra de Cristo na cruz (João 3:14-15). Amém? Deus, o Pai, enviou o que tinha de melhor, o próprio Filho, por amor (João 3:16). Ele o fez. Um amor sem igual, extravagante e sacrificial (1 João 4:9-10). Deus e o Filho por nós. E, mediante a fé, esse olhar nos concede vida eterna (João 3:36). Vida eterna aqui não é apenas vida infinita. Isso é pouco para definir vida eterna. Vida eterna você pode ter aqui e agora. Quem crê tem a vida eterna (João 5:24). Já passou da morte para a vida eterna, para essa vida com Deus. Deus habita em todos aqueles que creem Nele (Efésios 3:17). Você tem a vida eterna. Essa é a ideia da vida eterna. Você tem Deus, você tem comunhão, você foi reconectado com o Criador, você tem a vida de Deus. E não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gálatas 2:20). E a vida que vivo, vivo pela fé no Filho de Deus, que a Si mesmo se entregou por mim. Isso é vida eterna, e você pode experimentá-la e deve experimentá-la aqui e agora. Basta olhar para Ele. E olhando para Ele, você nasce de novo (João 3:3). Você nasce da água, como alguém vai ser batizado agora, mas você nasce do Espírito (João 3:5-6). Você recebe o Espírito de Deus, você é uma nova criatura (2 Coríntios 5:17). Cristo vive em você. Você já está com Cristo, já passou da morte para a vida, e por isso nada pode separar você do amor de Deus que está em Cristo Jesus (Romanos 8:38-39), nem mesmo a morte. Louvado seja Deus. Este é o plano redentor de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É o plano do Pai, é o plano do Filho, é o plano do Espírito Santo (Mateus 28:19). E que toda essa passagem bendita e maravilhosa, todos esses princípios possam ter encontrado guarida no coração de cada um de vocês. Que vocês saibam que grande amor é esse, que grande salvação Ele providenciou para nós. E a melhor coisa que podemos fazer é dizer: “Senhor, eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8). Eu quero ser como Jesus. E, se eu sou um pai, uma mãe, eu quero para os meus filhos aquilo que o Senhor quis para o Seu Filho. E todos nós podemos ser missionários, a começar pela nossa Jerusalém, pela nossa casa (Atos 1:8).


Lembro do endemoniado gadareno. Quando ele recebeu tamanha libertação de Jesus (Marcos 5:1-20), desejou seguir a Jesus. No entanto, Jesus lhe disse: "Olha, você vai me seguir de outro jeito. Volte para a sua casa e seja um testemunho lá para seus parentes e para todo o povo, para toda a sua vizinhança."


Assim como o gadareno, você está tendo um encontro com Deus aqui, entendendo o evangelho, olhando para Jesus e encontrando a salvação em Cristo. Após abençoar Abraão, Deus o incumbiu de ser uma bênção (Gênesis 12:2). Da mesma forma, Deus abençoa você e o envia. Jesus disse: “Assim como o Pai me enviou, eu envio vocês” (João 20:21). Vá para a sua casa, para os seus vizinhos e amigos, e seja uma bênção para todos ao seu redor (Mateus 5:14-16).


Comecemos por nossa Jerusalém, estendendo-se para a Judeia, depois para a Samaria e até os confins da Terra (Atos 1:8). Sejam uma bênção, sejam boca de Deus, sejam pessoas cheias do Espírito Santo (Efésios 5:18). Que a graça de Deus esteja sobre vocês, inunde seus corações, e que vocês sejam uma tremenda bênção aqui e agora. Amém.


Bispo Ildo Mello


sábado, 24 de dezembro de 2016

Base Bíblia da Oração de Francisco de Assis

Base Bíblia da Oração de Francisco de Assis

Por Bispo Ildo Mello


Ainda que não seja de sua autoria, esta oração exprime bem o ideal de vida de Francisco de Assis, que inspirou-se no exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo que não veio para ser servido mas para servir. Não trata-se aqui do esforço humano para alcançar a Deus, mas do resultado de uma vida que foi alcançada pela graça de Deus através de Cristo Jesus!

Oração de Francisco de Assis


Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. (Is 52.7; Mt 5.9)
Onde houver ódio, que eu leve o amor; (Mt 5.44; Rm 12.20-21)
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; (Lc 6.29; 23.34; Ef 4.32)
Onde houver discórdia, que eu leve a união; (1Co 1.10; Fp 2.14)
Onde houver dúvida, que eu leve a fé; (Ts 1.3; Tg 1.6-8)
Onde houver erro, que eu leve a verdade; (Jo 8.32; 14.6; Tg 5.19-20)
Onde houver desespero, que eu leve a esperança; (Gn 49.18; Sl 31.24; 33.20; Rm 15.13; 1Ts 1.3; Fp 1.20)
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; (At 13.52; Gl 5.22)
Onde houver trevas, que eu leve a luz. (Mt 5.14; Fp 2.15)
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais (1Co 10.24; Fp 2.4)
Consolar, que ser consolado; (2Co 13.11)
compreender, que ser compreendido; (1Rs 3.9)
amar, que ser amado. (Jo 13.34)
Pois é dando que se recebe, (Mt 7.38; At 20.35)
é perdoando que se é perdoado, (Mt 5.7; 6.14-15; Mc 11.25; Lc 6.37; Cl 3.13))
e é morrendo que se vive para a vida eterna. (Mt 16.24; Mc 8.34.37)



Texto Bíblicos


Isaías 52.7
Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina! 
Mateus 5.9
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. 
Mateus 5.44
Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 
Romanos 12.20–21
20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. 
Lucas 6.29
Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica; 
Lucas 23.34
Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes. 
Efésios 4.32
Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou. 
1Coríntios 1.10
Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer. 
Filipenses 2.14
Fazei tudo sem murmurações nem contendas, 
Tiago 1.6–8
6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. 7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; 8 homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos. 
João 8.32
e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 
João 14.6
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. 
Tiago 5.19–20
19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, 20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados. 
Gênesis 49.18
A tua salvação espero, ó Senhor! 
Salmo 31.24
Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor. 
Salmo 33.20
Nossa alma espera no Senhor, nosso auxílio e escudo. 
Romanos 15.13
E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo. 
1Tessalonicenses 1.3
recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, 
Filipenses 1.20
segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. 
Atos dos Apóstolos 13.52
Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo. 
Gálatas 5.22
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 
Mateus 5.14
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 
Filipenses 2.15
para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, 
1Coríntios 10.24
Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem. 
Filipenses 2.4
Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. 
2Coríntios 13.11
Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco. 
1Reis 3.9
Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo? 
João 13.34
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. 
Atos dos Apóstolos 20.35
Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber. 
Mateus 5.7
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 
Mateus 6.14–15
14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; 15 se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. 
Marcos 11.25
E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. 
Lucas 6.37
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; 
Colossenses 3.13
Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; 
Mateus 16.24

Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

42,3 milhões de Evangélicos no Brasil, mas, e daí?

O IBGE acaba de divulgar o Censo Demográfico 2010 que destaca o grande crescimento dos evangélicos no Brasil, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas (de 26,2 milhões para 42,3 milhões). Em 1991, este percentual era de 9,0% e em 1980, 6,6%.

Dos que se declararam evangélicos, 60,0% eram de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de missão e 21,8 %, evangélicos não determinados.

Então, hoje, somos 42,3 milhões de evangélicos no país, mas e daí? Onde é que está o positivo impacto desta multidão de evangélicos no cenário nacional? Destes 42,3 milhões de evangélicos, quantos são realmente nascidos de Deus? Muitos professam terem tido um encontro com Deus, mas seguem vivendo como antes. Muitos buscam a Deus apenas pensando em receber bênçãos materiais. Tem muita gente nas igrejas, mas poucos convertidos. E boa parte da culpa se deve aos pregadores que estão pregando uma mensagem distorcida do Evangelho, dizendo o que o povo gosta de ouvir, escondendo o preço do discipulado. 


No entanto, um verdadeiro encontro com Deus deixa marcas! Abrão torna-se Abraão, Jacó transforma-se em Israel, Simão em Pedro, Levi em Mateus e Saulo em Paulo. Isaías exclamou: “ai de mim”! Zaqueu deixou de ser um corrupto ganancioso e passou a ser justo e caridoso. Ou seja, um verdadeiro encontro com Deus é impactante e transformador.

Alguém pode dizer: “eu creio, então, estou salvo”. O problema desta afirmação é que “a fé sem obras é morta” (Tg 2.18), pois a verdadeira fé em Cristo é também transformadora. Quem reconhece que Jesus é o Senhor, deve também sujeitar-se ao seu senhorio.

É fácil perceber que a grande maioria das pessoas ao nosso redor professa uma fé cristã, mas Jesus disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade (Mt 7:21-23).


Jesus disse que "aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3:3). Nascer de novo implica em mudança de vida, pois a nova criatura não pode permanecer a mesma, mas deve viver em novidade de vida (Rm 6.4).

Jesus também ensinou que o caminho da salvação era estreito e apertado (Mt 7.14), o que não condiz com a idéia de que basta crer. "Até o diabo crê e treme" (Tg 2.19). Como saber, então, se estamos no Caminho? Jesus mesmo responde a esta pergunta com a seguinte frase: “pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20).

Se queremos conhecer que espécie de árvore somos nós, devemos examinar os frutos, pois eles são realmente reveladores. Paulo exorta os cristãos dizendo: “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2 Co 13:5).

João escreveu um livro para ajudar os cristãos a discernirem a autenticidade de seus relacionamentos com Cristo. “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna” (1 Jo 5.13). Ele usa expressões descritivas das características dos salvos em Cristo que garantem aos possuidores delas a convicção de sua salvação. Tais expressões costumam conter os seguintes termos: “sabemos que” , “assim sabemos”, “deste modo sabemos”, “desta forma sabemos”, “conhecemos”, “assim conhecemos”, “nisto conhecemos”, “dessa forma reconhecemos”, “se alguém”, “dessa forma”, “quem não”, “todo aquele”, “todo aquele que é nascido de Deus”, “todo aquele que ama”, “todo aquele que crê”, “aquele que é”...

De acordo com João, aquele que é nascido de Deus apresenta as seguintes características:

  1. Tem comunhão com Deus e lhe obedece (1 Jo 1.3,5,71 Jo 2:3,5,14,24,281 Jo 3:16,241 Jo 4:161 Jo 5:2,20)
  2. Tem comunhão com a Igreja e não somente com Deus (1Jo 1.3,71 Jo 5:21 Jo 3:10,141Jo 2:9,10,19Hb 10:25).
  3. Tem comunhão com a Verdade (1Jo 2:14,20,22,241Jo 3:191Jo 4:1-61 Jo 5:6,10,20,212 Jo 1:7
  4. Tem o testemunho do Espírito Santo (1Jo 2.27; cf Rm 8.14-16; 1Jo 3.24; 1Jo 4.13; 1Jo 5.6,10
  5. Tem respostas para as suas orações (1 Jo 3.22 cf. Tg 5.16; Jo 15.71Jo 5:15)
  6. Tem vitória sobre o pecado, o diabo e o mundo (1Jo 2.14-151 Jo 3.4-91 Jo 5.4,5,18).

Portanto, crentes sem frutos não encontram base para segurança de sua salvação (Jo 15.2). O verdadeiro cristão não pode amoldar-se a forma deste mundo (Rm 12.1-2).

A quantidade numérica não impressiona a Deus. Qualidade é mais importante que quantidade. Foi com apenas 300 soldados que Gideão venceu a guerra (Jz 7.7)! Sabendo disto, João Wesley orava assim: “Senhor, dá-me cem homens que não temam outra coisa senão o pecado, não amem outra pessoa senão a Deus, e eu abalarei o mundo. Não me importo se eles são pastores ou leigos, com eles eu devastarei o reino de Satanás e edificarei o Reino de Deus na Terra”. E o avivamento Wesleyano impactou a Inglaterra no século XIX!

Quem dera pudéssemos ter no Brasil 42,3 milhões de nascidos de Deus!

Bispo Ildo Mello

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

UNIDOS PARA ALCANÇAR ESTA GERAÇÃO

 “Que todos sejam um... para que o mundo creia” (João 17:21)

Jesus é nosso modelo em tudo, inclusive na oração. A grande oração de Jesus em favor de Sua Igreja foi registrada no capítulo 17 do Evangelho de João. Jesus costumava subir ao monte para dedicar-se a oração (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 6.12; 9.28). Não que isto fosse uma regra, mas o ato de subir tem tudo a ver com oração, pois orar é também subir! Quando oramos estamos agindo de modo parecido a um foguete que precisa vencer a força da gravidade para sair da atmosfera terrena. Pois, quando oramos, nós também estamos deixando para trás as coisas puramente humanas, para elevarmos os nossos olhos para o céu em busca das coisas que são de cima e a procura de uma comunhão mais profunda e pessoal com o Pai Celeste (Jo 17.1 e Cl 3.1). Assim como o Mestre elevou os olhos para o céu (Jo 17.1), os que esperam no Senhor são exortados a levantar os seus olhos parra as alturas (Is 40.26), de modo a aprenderem a subir com asas como águias (Is 40.31). Pois estar em Cristo é já estar nas alturas (Ef 2.6), mesmo que nossos pés ainda estejam na terra! Orar não é um fardo, mas, sim, um grande privilégio que nos garante o desfrute da plenitude da alegria de Jesus (v. 13)!

 Oração é entrega, é relacionamento, é declaração de amor, é gratidão, é confissão de dependência, é submissão, é confissão de pecados, é clamor em busca de socorro, misericórdia e graça em ocasião oportuna. E é por meio da meditação e oração que o caráter de Deus vai sendo impresso em nossas vidas.

Vemos aqui também a importância da oração do líder em favor de seus liderados. Jesus se santifica em favor da santificação de seus discípulos. Jesus ora para que seus seguidores sejam protegidos de modo a serem unidos à semelhança da unidade que há entre Jesus e o Pai Celestial (Jo 17.11). Interessante observar que nossa proteção está relacionada a unidade. Sem unidade, estamos desprotegidos. Até mesmo no reino animal, os bichos usam a estratégia da unidade para se protegerem do ataque de seus predadores. Os que vivem isolados ou ficam, negligente e distraidamente, para trás do rebanho, acabam se tornando presas fáceis.

 Jesus segue pedindo ao Pai que proteja seus discípulos dos ataques do Maligno (v. 15). Jesus destaca, repetidas vezes, o papel primordial da Palavra de Deus como meio de proteção e santificação (v. 6, 8, 13, 14, 17 e 19). A verdade protege e liberta (Jo 8.32). O Espírito Santo é também chamado de o “Espírito de Verdade” (Jo 14.17). E sabemos que um dos grandes sinais da plenitude do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi que os que receberam de bom grado a Palavra passaram a perseverar na doutrina dos apóstolos (At 2.41 e 42)! 

Portanto, a oração e a Palavra da Verdade nos aproximam de Deus ao mesmo tempo que nos protegem do mal. Eis aí o caminho da santificação que tem como grande fruto a unidade, que é a reconciliação do homem com Deus e com seu semelhante. E tal unidade possui poder impactante sobre o mundo que vive dilacerado e carente de amor genuíno. 

Jesus roga insistentemente em favor da unidade (v. 11, 21, 22, 23, 26). Jesus quer que seus discípulos alcancem a plena unidade a fim de que o mundo creia (v. 23). Esta é uma oração missionária! “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”(v. 18). Nossa santificação e unidade não são um fim em si mesmas, pois tem como alvo maior a evangelização do Mundo. Por isto é que o pedido de Cristo não é para que seus discípulos sejam tirados do mundo (v. 15), mas para que sejam protegidos do mal (v. 15) e para que sejam santificados na verdade (v. 17) a fim de serem enviados ao mundo do mesmo modo como Jesus foi também enviado ao mundo (v. 19). Isto é tão vital, que Jesus repete duas vezes o mesmo pedido em favor da unidade cristã com o propósito de alcançar o mundo (v. 21 e 23).

O cumprimento de nossa missão passa pela unidade da Igreja. Sem santificação e unidade, nossa missão está comprometida. Sem santificação e unidade corremos o risco de nos tornamos em pedra de tropeço em vez de instrumentos de salvação para a humanidade. 

A unidade entre Jesus e o Pai deve servir de exemplo para todos nós. Jesus não tem ciúmes do Pai, eles não entram em disputa um com o outro, Jesus não teme perder sua posição. Jesus não se sentia diminuído quando se submetia às ordens do Pai. Jesus não se sentia diminuído nem mesmo quando lavava os pés dos seus discípulos. Jesus ensinou que servir é um ato de incalculável nobreza!

Deus é amor. Os amados de Deus não são meros objetos do amor divino, mas passam também a participar deste amor, participando assim da natureza divina (2 Pe 1.4). Jesus conclui sua oração, rogando que o amor do Pai passe a fazer parte da essência dos seus discípulos (v. 26). Cristo passa a viver em nós (v. 26 e Gl 2.20). Recebemos o Espírito de Cristo e devemos manifestar os frutos deste mesmo Espírito (Gl 5.22). É pela capacitação do Espírito Santo que nos é possível ser fiéis testemunhas de Cristo até os confins do mundo (At 1.8). Evangelização sem um bom testemunho, evangelização sem os frutos do Espírito e evangelização sem unidade chegam a ser um desserviço ao Reino de Deus. 

Quantas não são as exortações bíblicas para que os cristãos vivam em amor e santidade? Temos textos e mais textos dedicados ao modo como os cristãos devem viver e se comportar. Fazer discípulos não é ensinar teoria, mas, sim, ensinar a obediência (Mt 28.20)! Que as aspirações de Cristo para seus seguidores se cumpram em nós, e que pela oração e pela Palavra sejamos santificados a fim de vivermos em amor e união, de modo que o mundo possa convencer-se de que Jesus é realmente o Filho enviado de Deus. 

Em Cristo, 
Bispo Ildo Mello

segunda-feira, 18 de abril de 2011

VOCAÇÃO UNIVERSAL DA IGREJA - O Legado de Abraão



VOCAÇÃO UNIVERSAL DA IGREJA - “CHAMADOS PARA FORA”

Por Bispo José Ildo Swartele de Mello

Certa vez, alguém me fez a seguinte pergunta: "Por que foi que Deus escolheu um povo em detrimento dos demais?" Respondi dizendo que Deus ao escolher Israel, não o fez em detrimento, mas, sim, em favor de todas as demais nações da terra. As raízes da formação do povo hebreu são descentralizadoras e missionárias, pois nasceu recebendo o apelo missionário de beneficiar a todos os demais povos com a mesma bênção com que foi contemplado por Deus. Abraão foi abençoado por Deus para se tornar uma bênção para todas as demais famílias da Terra (Gn 12.3). Ele não deveria represar a bênção em si mesmo ou em sua própria família. Deus é criador de todos, ama a todos e oferece graça e bênçãos a todos os povos, línguas e nações.

O livro de Gênesis mostra isto com clareza. Observasse o seguinte padrão nas narrativas registradas nos onze primeiros capítulos de Gênesis. Cada uma das quatro narrativas principais (1) Queda de Adão e Eva, 2) Crime de Caim, 3) Dilúvio e 4) Babel) possuem estes quatro elementos essenciais:

  1. Descrição do pecado, 
  2. Discurso de Deus, 
  3. Castigo e 
  4. Manifestação da Graça. 


 Este padrão está bem explícito nas três primeiras narrativas. No entanto, no episódio de Babel, vemos a descrição do pecado, ouvimos o discurso de Deus e também percebemos o consequente castigo que culminou em distanciamento, estranhamento e inimizades entre as nações, mas, onde está o quarto elemento? Onde está a Graça de Deus? Cadê a cura para as nações? O autor de Gênesis parece mesmo estar despertando a nossa curiosidade e atenção para este importante aspecto. Não é à toa que a narrativa de Babel termine com uma lista genealógica que desemboca no personagem Abraão. Aí está a manifestação da graça divina em favor das nações! O chamado de Abraão é um chamado missionário que visa o bem-estar e a salvação de todos os povos: "Em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn 12.3)! Com Abraão se inaugura a história da salvação. Até então, o que parecia prevalecer era o pecado e a maldade humana como vistos nos episódios da Queda, de Caim, do Dilúvio e de Babel, trazendo muita maldição (3.14,17; 4.11; 5.29; 8.21; 9.25). Mas, agora, com Abraão, esboça-se um período de bênção, graça e redenção. Curioso notar que, em Gênesis, a história da desgraça humana culmina com o episódio da “Torre de Babel”, e que, de Babel, Deus chama Abraão para dar início a história da salvação!

E é também interessante o contraste que podemos estabelecer entre Babel e Abraão:
  1. Em Babel, homens pretendem alcançar os céus, de baixo para cima, por méritos próprios, enquanto que, no chamado de Abraão, é Deus quem desce até ele;
  2. Em Babel, temos a soberba daqueles que pretendem dominar o mundo através de seu poder e conhecimento tecnológico (11.3), enquanto que, Abraão, em sua fraqueza, ousa acreditar na promessa que seria pai;
  3. Enquanto os homens de Babel estão dizendo: "tornemos célebre o nosso nome" (11.4), no episódio de Abraão, é Deus que lhe fala: "te engrandecerei o nome" (12.2);
  4. e, por fim, enquanto a Torre de Babel divide as nações, Deus chama a Abraão para formar uma nação cuja missão principal é tornar-se um canal de bênção para todas as demais nações (12.3)
O restante do livro de Gênesis relata como isto começa a se cumprir através de Abraão e sua descendência.
  • Abraão é descrito abençoando Ló, que formará uma nação, 
  • e também libertando cinco cidades das mãos de seus opressores (Gn 13, 14). 
  • Não podemos esquecer de que Abraão intercedeu em favor de Sodoma e Gomorra (Gn 18); 
  • E, Deus diz o seguinte a Abimeleque a respeito de Abraão: “ele é profeta e intercederá por ti, e viverás” (20.7); 
  • E Labão confessa a Jacó: “tenho experimentado que o Senhor me abençoou por amor de ti” (30.27); 
  • E bem sabemos que os últimos capítulos de Gênesis são destinados a contar a história de José que se tornou grande e poderoso a ponto de abençoar o Egito e muitas outras nações vizinhas. 
Eis aí a grande vocação do povo de Deus. Mas, não podemos nos esquecer de que tal privilégio traz consigo uma enorme responsabilidade, quando Israel deixa de ser bênção, Deus denuncia: “foste maldição entre as nações” (Zc 8.13; Jr 4.4). As Escrituras do Antigo e Novo Testamentos revelam que os descendentes de Abraão, de um modo geral, acabaram negligenciando a sua missão. Mas, Deus sempre cumpre as suas promessas. Já nos primórdios, Deus havia prometido a Adão e a Eva que nasceria um homem que pisaria a cabeça da serpente. Isto tem a ver com a promessa de que em Abraão haveria benção para todas as famílias da terra, pois o Cristo é um descendente de Abraão e nasceu para desfazer as obras de Satanás e para iluminar o mundo inteiro. Israel, de um modo geral, não reconheceu a Jesus como o Messias prometido (Jo 1.10-12); Então, os gentios recebem o Cristo e são enxertados na Oliveira (Rm 11.17-24). Repare que não existem duas oliveiras mais somente uma. Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira”. Sabemos que tanto videira, como oliveira são símbolos de Israel. Jesus está afirmando ser o Israel verdadeiro. Por esta razão Paulo diz aos gentios cristãos: “naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um, e tendo derrubado a parede de separação que estava no meio, a inimizade... para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo… Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois família de Deus… os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho.” (Ef 2.12-3.6). “Dessarte, não pode haver judeu nem grego… porque todos vós sois um em Cristo. E se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa.” (Gl 3.28-29). Por tudo isto Paulo pode declarar ousadamente: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão… Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente que é Cristo” (Gl 3.7, 16. Ver também Rm 4.10-18). Jesus é “a pedra principal”, os que estiverem firmes nesta pedra, quer judeus, quer gentios, pois “Deus não faz acepção de pessoas” (Rm 2.11), é que, agora são chamados de “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus…” (1 Pe 2.4-10). Interessante notar que, neste trecho, Pedro está citando uma promessa de Deus dirigida ao povo de Israel, registrada em Êxodo 19.5-6: “... então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos... vós me sereis reino e sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel”. Pedro estava convicto de que era através da Igreja que tal profecia havia tido o seu cumprimento, e por isso ousou dirigir tais palavras à Igreja. “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.”(Rm 2.28-29). Não é à toa que Jesus escolhe o número de 12 apóstolos, fazendo alusão as doze tribos de Israel; bem como o Céu é descrito em termos de “Nova Jerusalém”, bem apropriado para o Novo Israel de Deus. Jesus Cristo é o “sim” e o “amém” pronunciado sobre cada uma das promessas de Deus registradas no Antigo Testamento: “Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para a glória de Deus.” Jesus é o Messias prometido; e, verdadeiro israelita é aquele que possui o Messias. A esperança do povo judeu é crer no Messias, ingressando na Sua Igreja. Quando Israel rejeitou o Messias foi cortado fora da “Oliveira” e os gentios foram enxertados nesta mesma árvore. Não existem, portanto, duas árvores; não existem, portanto, dois povos de Deus. O que não quer dizer que Deus tenha se esquecido e abandonado Israel. A esperança e promessa em relação a Israel é de que venha ser enxertado de volta na mesma árvore, onde agora estão os gentios.

A Igreja é este “mistério de Deus” (Ef 5.32), que engloba todos os povos, formando um “só corpo”, com “um só Senhor” (Ef 4.4 e 5). Percebemos nitidamente o elemento de continuidade no que diz respeito a missão de Israel (Gn 12.3) e a missão da Igreja: “Ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.18-20), “E ser-me-eis testemunhas em Jerusalém, Judéia, Samaria e até nos confins da terra” (At 1.8).

Quando a promessa do Espírito foi derramada sobre a Igreja no dia de Pentecostes, um fenômeno extraordinário envolvendo línguas e nações aconteceu com efeito reverso aquele de Babel! Enquanto em Babel tivemos a confusão das línguas e a divisão das nações, em Pentecostes, através da Igreja, temos uma língua compreendida por todos os povos, promovendo conversões e a unidade dos povos debaixo do senhorio do descendente de Abraão que de fato é Filho de Deus e o legítimo Rei de Todas as Nações! Apocalipse usa a palavra “nação” ou "nações" mais de 20 vezes. Redimidos de todas as nações adoraram ao Senhor (5.9; 7.9) com o cântico “Rei das nações” (Ap 15.3,4). “É necessário que o Evangelho seja primeiramente pregado para todas as nações, só então virá o fim” (Mt 24.14). Nós apressamos o retorno de Jesus através do cumprindo nossa missão (At 1.8; Mt 28.19,20, 2 Pe 3) 

Vimos, portanto, que desde os tempos do Antigo Testamento, observasse a grande preocupação de Deus com todos os povos. E o mesmo que nos disse: “vinde a mim”, também nos disse: “ide por todo mundo”. Jesus orou ao Pai para que não fossemos tirados do mundo, pois ele tem um plano para nós aqui, uma grande missão. Não devemos ser crentes de arquibancada, nos portando como meros espectadores dos eventos históricos e escatológicos, pois não foi para isto que fomos chamados. Devemos assumir o nosso papel na história, devemos atuar como protagonistas, precisamos entrar em campo, e pelo auxílio do Espírito Santo, contribuir para a concretização dos propósitos de Deus (Mt 5.14-16).

Banda Aos Romanos se apresentando no 75o. Aniversário da Metodista de Vila Mariana

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