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quinta-feira, 12 de junho de 2025

Depoimento pessoal: da vitrola assustadora à convicção amadurecida

Nos primeiros anos da década de 1980, eu era um adolescente curioso e apaixonado por tudo que dizia respeito à fé cristã. Certo dia, pus na vitrola o LP A Última Trombeta. A faixa de abertura trazia um locutor alarmado: “Oslo urgente! Milhões de pessoas desapareceram sem deixar rastro…”. A cena dramatizava o arrebatamento “secreto” antes da Grande Tribulação. Quase todos ao meu redor aceitavam esse pré-tribulacionismo como doutrina incontestável, e eu – sem exame crítico – fiz o mesmo.
Anos depois, já no seminário, resolvi confrontar aquela narrativa com “tudo o que está escrito”. O resultado foi transformador: descobri que as Escrituras, a história da Igreja e a lógica interna do Evangelho apontam numa direção muito diferente.

Revisão bíblica — quatro pilares
1. Evangelhos
A volta de Cristo ocorre logo depois da tribulação, com grande visibilidade e som de trombeta; não há qualquer retirada prévia da Igreja.
Mt 24.29-31 | Mc 13.24-27 | Lc 21.25-28
2. Cartas paulinas
Arrebatamento, ressurreição e juízo formam um único evento; a Igreja só será reunida a Cristo depois da apostasia e da revelação do Homem da Iniquidade.
1Ts 4.13-17; 5.1-11 • 2Ts 1.6-10; 2.1-4, 8 • 1Co 15.51-52
3. Demais epístolas
A esperança é um retorno glorioso e público, e perseverar no sofrimento faz parte do chamado cristão.
1Pe 1.7; 4.13 • Tg 5.7-8 • Jd 14-15 • 1Jo 3.2
4. Apocalipse
A “grande multidão” vem da Grande Tribulação, não é poupada dela. Há um único juízo final seguido da nova criação.
Ap 1.7; 7.9-14; 13.7-10; 20.11-15; 21.1-5

2. Razões adicionais que consolidaram minha convicção
Igreja, cruz e martírio – Jesus vinculou discipulado a carregar a cruz (Mc 8.34) e avisou: “No mundo tereis aflições” (Jo 16.33). Paulo declara que “por muitas tribulações nos importa entrar no Reino” (At 14.22) e que todosos que querem viver piedosamente serão perseguidos (2Tm 3.12).
Apocalipse 3.10 lido à luz de Jo 17.15 – A preposição ek e o verbo tēréō indicam proteção dentro da prova, não remoção física. É assim com os mártires que saem “ek da grande tribulação” (Ap 7.14).
Dia do Senhor ≠ dois programas separados – Paulo chama tanto a reunião da Igreja (1Ts 4.13-17) quanto o juízo sobre o ímpio (2Ts 1.6-10) de Dia do Senhor; não há divisão de sete anos.
Arrebatamento não será secreto – Trombeta retumbante (Mt 24.31; 1Ts 4.16-17), relâmpago visível (Mt 24.27) e estrépito cósmico (2Pe 3.10) contradizem qualquer noção de evento oculto.
Testemunho patrístico unânime – Pais da Igreja dos séculos II-IV previram que a Igreja enfrentaria o Anticristo. A ideia de um rapto pré-tribulacional só surgiu em 1830, sem raízes bíblicas ou históricas.

3. Conclusões que permanecem
A trombeta final (1Co 15.52) não anunciará fuga, mas coroação: o Rei virá julgar, ressuscitar e renovar todas as coisas.
O martírio não é derrota; pela cruz, Cristo triunfou (Cl 2.15) e, pelo sangue do Cordeiro, os santos vencem a Besta (Ap 12.11).
Promessa real não é isenção de sofrimento, mas vitória na perseverança: “Em todas estas coisas somos mais que vencedores” (Rm 8.37).

Desde então, ensino uma escatologia pós-tribulacionista, alicerçada na harmonia dos textos bíblicos, no testemunho da igreja antiga e no chamado de Jesus para seguir-Lhe os passos – inclusive quando esses passos passam pelo vale da tribulação antes de chegarem à glória eterna.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

“Crise de Fé e Sensação de Abandono: Uma Exposição do Salmo 22”

Sermão do Bispo Ildo à Igreja Metodista Livre de Mirandópolis em 2 de Fevereiro de 2025


Introdução: A dúvida inesperada

Eu era candidato ao ministério e estava no início da plantação da primeira igreja. Era um culto de sábado, e eu me preparava para pregar. Tudo corria normalmente até que, poucos minutos antes de subir ao púlpito, fui acometido por uma dúvida terrível que jamais experimentara antes. A pergunta que ressoava em meu coração era:


“Será que tudo isso é verdade mesmo? Será que Deus existe? Será que Jesus é o Salvador?”

Embora eu fosse crente desde a infância e estivesse no seminário, senti-me momentaneamente em pânico. Pensava comigo mesmo:


“Como posso pregar se não tenho certeza? Como posso proclamar a Palavra se meu coração está tomado por essa descrença repentina?”

Porém, algo curioso aconteceu: no meio desse turbilhão, comecei a me preocupar com o que Deus pensaria de mim naquele instante. Foi aí que me dei conta de que, de certa forma, eu ainda cria Nele. Se estava preocupado com a opinião do Senhor, é porque, lá no fundo, sabia que Ele continuava sendo Deus. Isso me levou a clamar por perdão, repetindo a súplica que tantos antes de mim fizeram:


“Senhor, perdoa-me por minha incredulidade e aumenta a minha fé!”

Essa experiência me mostrou que até cristãos firmes podem passar por crises de fé. As circunstâncias podem nos abalar de tal maneira que nossa confiança em Deus fique estremecida.


João Batista e a dúvida em meio à adversidade

Um exemplo bíblico marcante é o de João Batista. Ele, que preparou o caminho para o Messias e batizou o próprio Jesus, teve seu momento de fraqueza quando estava na prisão, prestes a ser morto por Herodes. Sentindo-se abandonado, sem ver Jesus aparecer para libertá-lo, João questionou:


“És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar outro?” (Lucas 7:19-20)

Afinal, o que acontecera com o Messias poderoso que ele proclamara? Por que o silêncio de Cristo naquele momento tão crítico? Possivelmente, João ainda nutria uma expectativa de que o Messias estabeleceria um reino físico, mais imediato, que o libertaria das mãos de Herodes. A realidade, porém, mostrou o contrário: Jesus não apareceu para tirá-lo da prisão. Em meio a essa frustração, João experimentou a crise de fé.


Isso nos ensina que, por mais fervorosa que tenha sido nossa fé em outros momentos, as dificuldades podem nos levar a questionamentos profundos.


A frase intrigante de Jesus na cruz

Outro episódio ainda mais impactante é o de Jesus na cruz, quando Ele exclamou:


“Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mateus 27:46)

Apenas essa declaração já desperta inúmeros questionamentos. Como pode o próprio Filho de Deus sentir-se desamparado? Como o Pai permitiria que o Filho clamasse assim? Essa sensação de abandono, mesmo em meio a uma fé inabalável, é o que analisamos no Salmo 22, que Jesus estava citando.


Salmo 22: O clamor messiânico

O Salmo 22 é conhecido como um “Salmo Messiânico”. Muitos judeus, inclusive, reconhecem seu caráter profético, pois ele descreve em detalhes surpreendentes o sofrimento de alguém que é desprezado, injuriado e tem as mãos e os pés transpassados. Vejamos alguns pontos-chave:


O clamor de abandono (v.1):

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

Jesus repete exatamente essas palavras quando está crucificado. É um grito de dor e de aparente solidão.

Zombaria dos inimigos (vv.6-8):

O Salmo mostra que todos que passam balançam a cabeça em sinal de escárnio, dizendo:

“Confiou no Senhor; que ele o livre!”

No evangelho de Mateus 27:39-43, vemos as pessoas zombando de Jesus, dizendo:

“Se és Filho de Deus, desce da cruz!”

Mãos e pés transpassados (v.16):

“Transpassaram-me as mãos e os pés.”

Exatamente o que ocorreu na crucificação.

Vestes repartidas e sorteadas (v.18):

“Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica.”

Nos evangelhos, lemos que os soldados lançaram sortes sobre as vestes de Jesus (Mateus 27:35; João 19:23-24).

No entanto, o Salmo 22 não termina em desespero. Conforme avançamos na leitura, vemos que o salmista, depois de derramar seu lamento, volta-se para a esperança. No versículo 24, declara:


“Pois não desprezou nem abominou a dor do aflito, nem escondeu dele o rosto, mas o ouviu quando lhe pediu socorro.”

Portanto, o grito de abandono não é o ponto final. É o início de uma jornada que culmina em confiança e louvor.


A trilogia messiânica: Salmos 22, 23 e 24

Costuma-se dizer que os Salmos 22, 23 e 24 formam uma espécie de trilogia relacionada ao Messias, o Bom Pastor:


Salmo 22 – Apresenta o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Descreve o sofrimento de Jesus e Sua crucificação.

Salmo 23 – Mostra o Bom Pastor que continua a cuidar das ovelhas. “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Salmo 23:1). Jesus prometeu estar conosco todos os dias, providenciando tudo o que precisamos, dando refrigério, consolo e direção.

Salmo 24 – Fala do Bom Pastor glorificado, que virá em triunfo. “Abram-se, ó portais, para que entre o Rei da Glória!” (Salmo 24:7-10). É a volta triunfante de Cristo, o dia em que Ele julgará e reinará em pleno esplendor.

Essa ligação dos três Salmos nos ajuda a entender o papel de Cristo: Ele morreu por nós (Sl 22), vive em nós (Sl 23) e voltará em glória para reinar (Sl 24).


Crises de fé: Por que elas acontecem?

Quando lemos o Salmo 22, notamos que crises e questionamentos podem acontecer mesmo aos mais fiéis. A diferença está em como lidamos com essas crises. O salmista expressa dor, mas não deixa de falar com Deus; pelo contrário, expõe tudo aquilo que sente.


O mesmo se dá conosco. Quando passamos por circunstâncias adversas — doenças, perdas, injustiças —, a reação natural é nos perguntarmos:


“Onde está Deus agora? Por que Ele não intervém?”

É nessa hora que precisamos aprender a ser honestos com o Senhor, pois Ele conhece nosso coração. Não há razão para fingir ou disfarçar a incredulidade. Deus não se ofende com nossas perguntas sinceras, mas convida-nos a trazer nossas angústias a Ele:


“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pedro 5:7)

Meu testemunho pessoal: a cirurgia e o tumor

Para ilustrar de forma prática como lidar com a crise de fé, compartilho um episódio que vivi há dois anos. Fui diagnosticado com um tumor no rim e tive de passar por uma cirurgia. O médico, embora excelente, não esperava a anatomia peculiar do meu rim, que tinha três artérias em vez de uma. Durante a operação, houve muita dificuldade em estancar o sangramento, e a cirurgia durou bem mais do que o previsto.


A recuperação foi dolorosa, mas a verdadeira surpresa veio depois, quando o resultado da biópsia mostrou que aquele tecido retirado não era o tumor de fato, ou seja, o problema permanecia. Percebi, então, que teria de enfrentar tudo novamente.


Nesse momento, é fácil cair num desespero e questionar: “Por que, Senhor? Onde está o teu cuidado?”. Mas, pela graça de Deus, veio ao meu coração uma paz indescritível. Percebi que minha vida estava, como sempre estivera, nas mãos do Senhor. Se Ele quisesse me curar, haveria de fazê-lo. Se não quisesse, Ele continuaria sendo Deus, e eu, Seu servo.


Meses depois, surgiu a possibilidade de fazer um procedimento de ablação por cateter, menos invasivo, que queimaria o tumor. Foi um sucesso. Pela misericórdia divina, hoje não há mais vestígio do tumor. Ainda assim, o maior milagre, para mim, foi ter encontrado essa paz de Deus antes mesmo de saber como terminaria a história.


A honestidade diante de Deus

A experiência do pai do menino possesso, em Marcos 9:23-24, reforça a importância de sermos transparentes com o Senhor. Jesus pergunta se ele crê, e o homem responde:


“Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé!”

Essa é uma oração profunda. A fé daquele pai estava misturada a dúvidas e temores, mas mesmo assim ele se volta para Jesus, confiando que só Ele pode ajudá-lo. Em nossas fraquezas, precisamos orar exatamente assim:


“Senhor, eu creio, mas ajuda-me onde ainda não creio o suficiente!”

Encorajamento final: da angústia à adoração

O Salmo 22, que começa com o grito “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, termina em triunfo, declarando que Deus não desprezou o aflito. A lógica do salmista é a seguinte:


Recordar os feitos de Deus no passado:

“Nossos pais confiaram em ti e os livraste” (Sl 22:4).

Lembrar como Deus já agiu na história — tanto na história bíblica quanto na nossa própria caminhada — fortalece a fé.

Reconhecer o caráter de Deus:

“Tu és santo” (Sl 22:3).

Mesmo em meio à angústia, o salmista louva a santidade e a fidelidade do Senhor.

Persistir em oração:

“Não te distancies de mim, força minha” (Sl 22:11).

O salmista não cessa de clamar. É no diálogo constante com Deus que a paz se estabelece.

Antecipar o louvor e a vitória:

“Proclamarei o teu nome aos meus irmãos; no meio da congregação te louvarei” (Sl 22:22).

Mesmo antes de ver a resposta final, o salmista declara que exaltará o nome de Deus.

Esse padrão se repete na vida de muitos servos ao longo das Escrituras. Jó, por exemplo, ainda no meio de todas as suas dores, afirma:


“Eu sei que o meu Redentor vive” (Jó 19:25).

E Paulo, em Romanos 8:37, assegura:


“Em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.”

Conclusão

A crise de fé pode chegar de modo inesperado, seja nos momentos que antecedem um sermão, seja na dor de uma enfermidade, seja na solidão de uma prisão. Até Jesus, em Sua humanidade, expressou o sentimento de abandono na cruz. Contudo, o testemunho das Escrituras e da nossa própria experiência revela que Deus não nos abandona.


Salmos 22, 23 e 24 nos oferecem um panorama poderoso: Cristo sofreu na cruz para nos salvar (22), continua presente para nos conduzir como Bom Pastor (23) e voltará em glória para reinar (24). Ele não despreza a dor do aflito, mas o convida a continuar confiando e orando.


Se você se encontra numa “crise de fé” ou sente o silêncio de Deus, lembre-se de que a fé não é a ausência de dúvidas, mas a decisão de confiar, mesmo quando as circunstâncias parecem gritar o contrário. Como disse o pai do menino enfermo:


“Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé!”

No final, o Salmo 22 nos garante que o Senhor “não desprezou nem repeliu a dor do aflito” e o ouviu quando clamou. Essa é a confiança que temos: Deus escuta nosso clamor e age no tempo certo. Assim, podemos descansar e declarar com segurança:


“Eu sei que o meu Redentor vive!”

Amém!

07 de Setembro de 1985 – O Testemunho no Plebiscito

Havia sido escalado para trabalhar como mesário neste dia, num plebiscito, que iria decidir se Santo Amaro passaria a ser município. Estava triste, pois era domingo, teria que faltar à igreja na parte da manhã. Antes de sair para o colégio, onde assumiria meu papel de mesário, lembro-me de ter orado pedindo a Deus que me usasse naquele dia. Já que teria que perder a Escola Dominical, pelo menos que eu pudesse ter um dia frutífero para o meu Senhor.


Assim que cheguei, me encontrei com alguns companheiros que trabalhariam comigo. Não sei dizer sobre o que começamos a conversar, mas sei que logo estávamos falando sobre coisas espirituais. O rapaz que era o presidente da mesa não parecia estar muito interessado, mas havia uma moça que se interessou bastante e fez muitas perguntas. Ela fumava, frequentava bailes, gostava de beber e tudo mais que uma moça jovem do nosso século costuma fazer para curtir a vida.

Lembro-me que lhe falei sobre a alegria passageira que o mundo proporcionava em comparação com a vida abundante que Cristo oferece. Conversamos o dia inteiro. Foi uma experiência marcante. Ela parecia ter ficado muito impressionada com nossa conversa. Fiquei orando por ela.

Ficamos sem contato até a próxima eleição, que foi poucos meses depois, em 15 de novembro. Estava ansioso por saber notícias dela, mas fiquei surpreso ao saber que ela não fazia mais parte da mesa. Fiquei um pouco triste até que ela veio votar. Quando chegou, já chegou me cumprimentando à moda cristã, me chamou de irmão e contou a “bênção”: logo depois do nosso papo do dia 07 de setembro, ela se converteu através de uma amiga crente do seu serviço, que ela havia mencionado durante nossa conversa, falando até mal ao seu respeito, como alguém chata etc…

Parece que depois daquele dia as coisas mudaram, ela teve uma nova perspectiva a respeito da vida e de tudo. Aceitou o convite da amiga, foi à igreja, gostou do ambiente de amor e louvor, e através de um sábio pastor chegou ao conhecimento do Senhor Jesus Cristo e foi batizada na Igreja Batista da Rua Joaquim Nabuco. 

1984 – A Conversão de Uli César

Em 1984, enquanto trabalhava à noite no Telex da Record, substituindo um colega de férias, recebi uma ligação de Uli, um rapaz que cursava Telex em Porto Alegre e ligava para praticar. Naquela época, eu já era noivo e estava prestes a me casar. Durante a conversa, ele me apresentou uma jovem cujo comportamento, à primeira vista, parecia bastante leviano: interessava-se por conversas superficiais, fazia cantadas e perguntava sobre assuntos banais – desde os paulistas e São Paulo até detalhes como minha cor, altura, peso e cabelos.

Percebendo a superficialidade do diálogo, decidi mudar o rumo da conversa e falei sobre minha “curtição” por Jesus Cristo. Relatei como minha vida era antes de conhecê-Lo e como ela se transformara após Sua presença, ressaltando a alegria de ser cristão e a realidade do Senhor Jesus. Contudo, a jovem replicou:

— Tudo isto é muito interessante, mas você não poderia mudar um pouco de assunto? Vamos, me fale sobre São Paulo.

Naquele instante, senti uma espécie de ira “santa” e respondi:

— Sabe de uma coisa? O que me impressiona é que as pessoas conseguem falar sobre tudo, menos sobre Jesus. Quando o assunto se volta para Ele, incomadam-se e fogem do tema. Que mundo em que vivemos…

Após essa resposta, a jovem encerrou a conversa e cada um seguiu seu caminho.

No dia seguinte, a caminho do serviço – que se iniciava às 20 horas – fui surpreendido por um baita temporal. Nem consegui pegar o ônibus, pois meu guarda-chuva não resistiu à chuva, e acabei completamente molhado. Sem alternativa, retornei para casa, tomei um banho quente, enrolei-me num cobertor e decidi não ir mais ao serviço. Porém, quando a chuva cessou – por volta das 20:20 –, minha consciência me lembrou que ainda era possível comparecer, mesmo que atrasado. Resolvi, então, seguir para o trabalho.

Ao chegar, ouvi a campainha tocar. Eram 21:05 e, do outro lado da linha, estava Uli, em Porto Alegre, tentando contato. Corri para atender o telex e descobri que ele já havia insistido por cerca de uma hora – aquela seria sua última tentativa, pois, segundo ele, aquele seria seu último dia no curso de Telex.

Para minha surpresa, Uli começou a abrir seu coração, contando como minhas palavras, dirigidas à jovem, o haviam tocado profundamente, pois ele esteve ao lado dela lendo tudo o que eu tinha escrito no dia anterior. Ele queria saber mais sobre a vida cristã e, então, aproveitei para falar longamente sobre o plano de Deus para o homem.

Durante essa conversa, choramos de alegria – um júbilo tão intenso que quase pulávamos de emoção. Foi assim que Uli se converteu. Trocamos endereços e, durante mais de um ano, passamos a nos corresponder por carta. Ele conseguiu um emprego e tudo parecia caminhar bem. Posteriormente, soube que, mesmo enfrentando algumas dificuldades, ele havia se casado com uma mulher, filha de pastor. Louvei a Deus por tudo! 


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Minhas experiências com Deus em tempos sombrios de saúde

Ao longo da vida, nunca tive problemas de saúde graves, e meus pais também são relativamente saudáveis. No meio de 2022, tive suspeitas de pedra nos rins, infecção urinária ou prostatite. Após vários exames inconclusivos, uma tomografia revelou algo ainda mais preocupante: um tumor de 1,9 cm no meu rim esquerdo. Embora a doença anterior tenha regredido sem diagnóstico definitivo, continuei a orar em relação ao nódulo e fiz mais duas tomografias. Por fim, o médico recomendou cirurgia.

Em 2 de dezembro de 2022, fui submetido a uma cirurgia em um hospital renomado, realizada por um médico conceituado. No entanto, ele não examinou previamente e de forma detalhada a anatomia específica do meu rim, que possui três artérias em vez de apenas uma. Essa particularidade tornou difícil controlar o sangramento durante o procedimento, impedindo-o de localizar e remover o tumor. A cirurgia durou quatro horas, durante as quais o médico tentou, sem sucesso, encontrar o nódulo devido ao fluxo constante de sangue. Minha vida esteve em risco. Fiquei internado por três dias, com uma recuperação lenta, marcada por dores que persistiram por quatro semanas, além de dificuldades para dormir e encontrar uma posição confortável. Na consulta de retorno, recebi a notícia devastadora de que o tumor permanecia. Foi um choque! Muitas perguntas surgiram em minha mente, mas lembrei-me de que, se Jesus, sendo justo e bom, sofreu, quem sou eu para reclamar?

Abalado por alguns dias, busquei o Senhor em oração. Tentei viver Filipenses 4:8, mantendo o foco em tudo que é edificante e saudável para o meu bem-estar mental e espiritual. Também me ajudou muito ouvir o testemunho de irmãos e irmãs em Cristo que passaram por situações semelhantes. Dediquei-me ainda mais à obra do Senhor, com gratidão por tudo o que Ele me concedeu, disposto a enfrentar qualquer desafio, inclusive a morte. Experimentei uma paz profunda, desfrutando de um período de férias agradável com minha esposa, livre de preocupações. Como diz uma antiga canção: “A minha vida está nas mãos de Deus, o meu futuro Deus decidirá, nenhuma provação me desanimará.”

Após as férias, encarei com alegria a abençoada temporada de concílios regionais. A comunhão com os amados pastores e líderes me fez muito bem!

No final de abril, consultei outro médico no Hospital do Rim, que recomendou a ablação — técnica minimamente invasiva na qual se usa agulha ou cateter para queimar os nódulos por radiofrequência. Contudo, meu convênio não cobria esse procedimento. Com a ajuda de Márcia Durand, elaboramos um breve relatório e uma recomendação especial, mas o convênio negou o pedido. Persistimos, enviamos novo pedido e aguardamos quase um mês sem resposta. Mesmo assim, mantive-me em paz e seguro nas mãos de Deus. Finalmente, a aprovação chegou! O procedimento de ablação foi marcado para 14 de junho e ocorreu ainda melhor do que o esperado. Apesar de a alta estar prevista para o dia seguinte, eu estava tão bem, sem dor alguma, que recebi alta no mesmo dia! Sentia-me tão disposto que minha esposa precisou lembrar-me de que eu havia passado por cirurgia, pois voltei a fazer minhas atividades normalmente sem perceber.

Durante o procedimento, também foi realizada uma biópsia, cujo resultado apontou carcinoma de células claras de grau 2. Desde então, tenho feito exames periódicos de ressonância e tomografia, e não há vestígios do tumor.

Louvo a Deus pelo Seu cuidado e pelas lições aprendidas ao longo de todo esse processo. A vida é frágil e passageira, e vale a pena entregar nossos cuidados a Deus, confiando plenamente nEle. Romanos 14:8 diz: “Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Portanto, quer vivamos ou morramos, pertencemos ao Senhor.” Essa passagem reforça a verdade de que nossa vida pertence a Cristo, independentemente das circunstâncias.

Aprendi a valorizar cada momento e a buscar viver de acordo com o propósito divino. Mesmo diante de desafios ou incertezas, podemos confiar em Deus, sabendo que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28). Deus nos faz crescer e nos fortalece em meio às adversidades, por isso podemos nos gloriar nas tribulações, conforme Romanos 5:3-4: “a tribulação produz perseverança, a perseverança produz experiência e a experiência produz esperança.”

À medida que aprendemos a ser pacientes, adquirimos mais experiência com Deus, o que fortalece ainda mais nossa fé e esperança. Tais vivências também nos tornam mais sensíveis à dor e ao sofrimento alheios, fazendo-nos capazes de consolar e animar quem está em angústia. Como diz 2 Coríntios 1:4: “É ele que nos consola em toda a nossa tribulação, para que, pela consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que estiverem em qualquer espécie de tribulação.”

Lembro-me do saudoso cantor e compositor Sérgio Pimenta, que escreveu uma bela canção baseada em seu próprio drama:

“Só quem sofreu pode avaliar quem sofreu.
Pode se identificar, pode ter o mesmo sentir.
Só quem sofreu tem palavras de puro mel
Que transmitem todo o calor para quem precisa de amor.”
Que meu testemunho encoraje a todos, mostrando a importância de confiar em Deus e entregar nossa vida em Suas mãos, mesmo em meio às adversidades.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Lindo Testemunho de Conversão da Pra. Delma




Eu aceitei a Jesus quando tinha sete anos. Tudo começou quando minha professora da primeira série me convidou para conhecer uma igrejinha, que ficava na rua de cima da minha casa. Curiosa, eu fui. Era Páscoa de 1979, e quem me recebeu na porta foi o pastor King, um pastor americano muito vermelho por causa do sol. Ele presenteou cada criança com uma caixa de bombom da Lacta. Naquela época, nós éramos muito pobres, e eu fiquei muito feliz com aquele presente.

Com cinco irmãos em casa, minha primeira reação foi correr para compartilhar os bombons com eles. Cheguei em casa toda empolgada e minha mãe logo perguntou: “Onde você arrumou essa caixa de bombom?” Eu expliquei que tinha ganhado na igrejinha, mas minha mãe, desconfiada, disse: “Ah, tá bom, ganhou na igrejinha, de um pastor que nem fala português?” E eu respondi que sim. Então, ela mandou: “Vai devolver isso agora, senão você vai apanhar.”

Com o coração apertado, voltei à igreja para devolver a caixa, mas quando cheguei lá, adivinha? Tudo fechado! Fiquei pensando: “Se eu voltar com essa caixa, o que vai acontecer? Vou apanhar, com certeza!” Então, enquanto caminhava de volta para casa, comecei a ponderar... e bom, adivinha o que fiz? Eu comi todos os bombons! Afinal, se era pra apanhar de qualquer jeito, pelo menos que fosse de barriga cheia! (risos)




Comecei, então, a frequentar aquela igreja Metodista Livre de Jardim Rey. Foi nessa mesma época que tive meu primeiro encontro com Jesus. Eu creio que crianças podem ter um encontro verdadeiro com Cristo, porque eu tive. Assim começou a minha jornada de fé. No entanto, minha família inteira não era evangélica e não aceitava minha conversão. Muitas vezes me chamavam de louca e diziam que eu estava com algum problema, que eu ia abandonar a família, que aquilo era apenas um 'fogo de palha'. Mas eu sabia que não era. Eu realmente tinha encontrado Cristo.




Desde criança, eu sempre tive o profundo desejo de me batizar, mas meus pais nunca me deram autorização. Toda vez que a igreja oferecia um curso de batismo, lá estava eu, cheia de esperança, participando das aulas. Mesmo sabendo que não tinha a permissão deles, eu insistia, na expectativa de que, algum dia, eles mudassem de ideia. Com o tempo, já sabia de cor o conteúdo da apostila de tanto refazer o curso! Só na adolescência, depois de anos de perseverança e muita oração, meus pais finalmente permitiram, e eu pude me batizar, realizando o sonho que carregava desde pequena.




Meu pai, que tinha problemas com álcool, foi uma das maiores barreiras. Um dia, ele me proibiu de ir à igreja. Mesmo assim, eu fui escondida, e quando voltei, ele me deixou para fora de casa. Nesse momento, meu pastor, o saudoso pastor Daniel Almeida, me orientou a honrar meu pai, como a Bíblia ensina, mesmo ele não sendo crente. Ele me disse: “Filha, a Bíblia fala para honrar o pai e a mãe, não apenas se eles forem crentes. Então, fique um tempo sem vir à igreja, vamos orar para que Deus mova o coração dele.”




Foram dias difíceis. Eu chorava todo domingo, no horário da Escola Dominical e do culto, porque queria estar na igreja. Mas eu obedeci. Um dia, pensei em como poderia agradar meu pai e comecei a acordar cedo para fazer o café da manhã e levar na cama para ele. Aos poucos, seu coração foi amolecendo. Lembro que, certa vez, perguntei: “Pai, será que eu posso ir só na Escola Dominical?” E, para minha surpresa, ele permitiu.




Porém, o coração dele endureceu de novo, e logo ele proibiu até mesmo a Escola Dominical. Um dia, ele chegou em casa de forma brusca, como um 'gato' que chega e todos os 'ratos' se escondem. Todos foram deitar mais cedo, inclusive eu. Foi então que ouvi meu pai perguntar para minha mãe: “Cadê a Delma?” Pensei que algo ruim estava para acontecer. Quando fui até a cozinha, me senti derrotada, mas obediente. Ele olhou para mim e disse: “Eu estava indo para um lugar perto de casa e, de repente, uma luz muito forte apareceu na frente do carro. Essa luz me disse: ‘Deixe minha filha voltar para a igreja.’”




Foi assim que, finalmente, meu pai permitiu que eu voltasse para a igreja. Desde então, permaneci firme no Senhor, e, com o tempo, recebi o chamado de Deus para o ministério. O mais incrível é que me tornei pastora justamente naquela mesma igreja onde conheci Jesus ainda criança. Essa jornada de fé, que começou tão cedo, continua até hoje, e sou grata a Deus por cada passo que Ele me guiou ao longo do caminho.

domingo, 25 de agosto de 2024

Liderança e Legado: Construindo um Impacto que Transcende o Tempo

Que Legado Iremos Deixar para a Próxima Geração?

Eu nunca desejei ser líder de nada, mas, curiosamente, acabei assumindo essa posição em minha vida. Sempre fui muito tímido, muito mais do que sou hoje. Apesar de nunca querer liderar, eu sempre quis me enturmar, participar e apoiar. Queria ver as coisas acontecerem, mas preferia estar nos bastidores, ajudando os outros.

Na adolescência, gostávamos muito de jogar futebol na Vila Império, no alto do morro de Cidade Adhemar. E um amigo, chamado Miguel, era o líder nato do grupo. Ele comprava bolas, organizava campeonatos e desafiava as outras vilas. Eu estava sempre ao lado dele, ajudando a chamar pessoas e colaborando como seu auxiliar.

Certa vez, Miguel teve que se mudar para a Bahia. Antes de partir, ele comprou uma bola de futsal novinha e, ao se despedir, me entregou dizendo: 'Agora é com você. Não deixe isso morrer.' Ele temia que as atividades que ele tanto incentivava se perdessem com sua partida. Assim, ele literalmente 'passou a bola' para mim, confiando que eu continuaria com o que podemos chamar de seu legado.

Legado e herança são conceitos frequentemente confundidos, mas possuem diferenças fundamentais. Enquanto a herança refere-se aos bens materiais passados de geração em geração, o legado transcende o material, sendo o último desejo de uma pessoa, algo que pode ser dado a qualquer indivíduo, mesmo que não seja da família. Legado é a transmissão de valores, princípios e ensinamentos que moldam a identidade e o caráter das futuras gerações.

No contexto da música popular brasileira, uma famosa canção de samba ilustra bem essa preocupação com o legado. O sambista, ao cantar sobre o futuro do samba, expressa um profundo senso de responsabilidade pela continuidade de sua arte, que ele considera essencial para a cultura do morro e para sua própria identidade. Eis os versos:

Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem aguentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar

Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final
Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar

Essas palavras revelam a preocupação do sambista ao perceber que está perto do fim de sua carreira. Ele reconhece o valor do samba para sua vida e cultura, e deseja que seu estilo de vida e seus valores não desapareçam com ele, mas sim que se perpetuem. O sambista entende que o samba é essencial para o morro, para a comunidade, e, por isso, ele transfere a responsabilidade para a nova geração. O anel de bamba, símbolo de sua excelência e destaque, deve ser passado a quem possa continuar seu legado, mantendo viva a chama do samba.

Sem entrar em juízo de valores sobre o conteúdo da música, essa preocupação do sambista em transferir seus valores para as futuras gerações nos oferece um paralelo interessante com o legado deixado por Cristo aos seus discípulos. Ao final de seu ministério, Jesus, como o sambista, estava ciente de que seu tempo na Terra estava se encerrando. Suas últimas palavras, conhecidas como a Grande Comissão (Mateus 28:18-20), são um reflexo claro de sua preocupação em assegurar a continuidade de sua obra:

"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos."

Jesus cumpriu sua missão com fidelidade e paixão, e deixou aos seus discípulos a responsabilidade de dar continuidade à sua obra. Ele não apenas deixou um legado de ensinamentos, mas também de exemplo, de um estilo de vida baseado no amor, na justiça e na verdade. Ao delegar sua missão aos seus discípulos, Jesus lhes conferiu um papel crucial na preservação e propagação do Evangelho.

Assim como o sambista desejava que o samba continuasse vivo, Jesus deseja que sua mensagem de salvação, esperança e transformação continue a ser proclamada. A pergunta que devemos fazer é: qual valor temos dado à missão de Cristo? Estamos nós, como cristãos, cumprindo e transmitindo com fidelidade o legado que recebemos?

Aqui, compartilho um exemplo pessoal que ilustra como o valor que damos ao legado que recebemos pode moldar nossa jornada de liderança. Eu era uma pessoa tímida, que evitava posições de destaque e liderança. Em nossa igreja, tínhamos uma mocidade muito ativa, cuja liderança organizava encontros semanais, retiros e passeios que eram tanto divertidos quanto edificantes. Essas atividades tiveram um impacto muito significativo na minha vida.

No entanto, quando eu tinha 18 anos, uma crise abalou nossa mocidade. Os líderes se desentenderam, e, um a um, renunciaram aos seus cargos. As programações, que antes eram vibrantes e constantes, pararam de acontecer de uma hora para outra. Fiquei muito triste com a situação e, numa tentativa de animar a turma a retornar aos seus postos, liguei para cada um dos líderes e também para os demais jovens da igreja, pedindo que fossem à reunião do próximo sábado como de costume. Esse acabou sendo meu primeiro ato como líder na igreja, ainda que eu não tivesse a mínima intenção de liderar nada. Porém, ninguém apareceu na reunião.

Apesar desse fracasso inicial, não desisti. Liguei novamente para todos e marcamos uma nova reunião, desta vez na casa de um dos membros da mocidade, para garantir pelo menos a presença dos anfitriões. Contudo, a mãe desse jovem, sem entender que se tratava de uma reunião da diretoria da mocidade, pensou que seria um culto e convidou 10 vizinhos não crentes. Quando cheguei, ela, toda alegre, informou que os vizinhos já estavam sentados na sala. Concluí que precisávamos mudar os planos e aproveitar a oportunidade para realizar um culto com pregação do Evangelho.

Perguntei ao ex-presidente da mocidade se ele poderia pregar, mas ele disse que não estava preparado. O mesmo aconteceu com o ex-diretor espiritual. Me vi diante de um desafio enorme para mim, que sempre tive paúra de falar em público. Mas, seguro de que o Evangelho precisava ser pregado, fui tomado por uma coragem que não possuía naturalmente e preguei pela primeira vez em minha vida. Para minha surpresa, preguei com uma desenvoltura que até me espantou. Cinco das pessoas presentes se converteram.

Uma dessas pessoas, chorando, conversou comigo após o culto e perguntou se eu aceitaria pregar a mesma mensagem para seus familiares e amigos em uma reunião semelhante na casa dela na semana seguinte. Relutante, mas sentindo o peso da responsabilidade, concordei. Mais pessoas se converteram, e novas reuniões em casas foram marcadas. As reuniões de sábado da mocidade foram reativadas sob minha liderança, já que nenhum dos antigos líderes quis voltar aos seus cargos. Houve uma renovação espiritual, e, só naquele ano, realizamos três retiros de jovens.

Esse início na liderança teve muito a ver com o valor que eu dava às atividades da mocidade e e meu amor pela igreja. Eu havia recebido isto como um legado que não queria que morresse. Outra coisa, foi o valor que eu dava ao Evangelho e seu impacto na minha vida. Não podia simplesmente ficar calado diante das pessoas que necessitavam ouvir as boas novas de salvação em Cristo. Entendo que meu desejo de ver essas programações continuarem e minha convicção sobre a importância do Evangelho foram os fatores que me levaram a assumir a liderança, mesmo que de forma inesperada.

O maior legado que podemos deixar para a próxima geração não são os bens materiais, mas os valores eternos do Evangelho. Nosso legado deve ser a obra de Cristo, a razão principal de nossa existência. Que sejamos fiéis em transmitir esse legado, fazendo discípulos que sigam os passos de Jesus, garantindo que a missão de Cristo continue viva e ativa nas futuras gerações.

Que legado iremos deixar? O que estamos fazendo hoje que será lembrado e continuado amanhã? Assim como o sambista deseja ver o samba perdurar, devemos desejar ver o Evangelho avançar, transformando vidas e comunidades. Essa é a marca de uma liderança comprometida com os valores eternos.

Questões para reflexão:

  1. Qual é o propósito central de sua liderança? 
  2. Que legado você deseja deixar para a próxima geração? 
  3. Como suas ações atuais estão contribuindo para a construção desse legado? 
  4. Como você está preparando outros para dar continuidade ao trabalho que você começou? 
  5. Como você está buscando superar seus pontos fracos e transformar desafios em oportunidades de crescimento? 
  6. Como você entende a relação entre liderança e serviço? 
  7. De que forma sua liderança reflete a atitude de serviço que Jesus demonstrou? 
  8. Como você pode melhorar sua liderança para que ela seja mais centrada no serviço ao próximo?

domingo, 14 de maio de 2017

Tenho o privilégio de ter duas mães. Explico…

Em 1962, aquela que seria minha irmã mais velha acabou falecendo durante o parto. Imagine o que não foi para minha mãe regressar para casa e ainda ter que contemplar o berço que com tanto carinho havia sido montado para acolher a sua tão esperada filha. Foi aí que sua vizinha, Vicência, que também era a sua melhor amiga, pegou sua filhinha, que tinha poucos meses de vida e que era carinhosamente chamada de Naninha, e a colocou no colo de minha mãe e disse: “Frieda, não fica assim tão triste, pois a Naninha, a partir de agora, é sua filha também”.

Minha mãe voltou a engravidar. Meses depois do meu nascimento, a Naninha ficou gravemente enferma e veio a falecer. E, para piorar ainda mais a situação, Vicência não podia mais engravidar. Então, foi a vez de minha mãe visitá-la e me colocar em seus braços, e dizer a ela: “Querida amiga, não fica assim tão triste, pois, a partir de agora, esse também será seu filho”

Assim foi que passei a ter duas preciosas e amadas mães, uma natural e outra do coração, uma branca e outra negra, uma protestante e outra católica. Como éramos vizinhos de cerca, convivi diariamente com as duas! Ambas mulheres de fibra e de caráter irrepreensível. Elas me ensinaram a ter fé em Cristo e a amar a Deus e ao próximo.

Vicência era a melhor catequista de Cidade Ademar, tanto que, certa vez, o próprio Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns foi visitá-la em reconhecimento de seu significativo trabalho. Devido à influência dela, cheguei a fazer o catecismo e a primeira comunhão, e, por outro lado, devido à poderosa influência da minha mãe Frieda, frequentei também a Escola Dominical e os cultos da Igreja Metodista Livre. Na juventude, acabei optando por me tornar metodista livre, por concluir que as doutrinas protestantes estavam mais de acordo com os ensinos bíblicos.

Hoje, quero prestar esta singela homenagem a estas duas queridas mães, agradecendo a Deus por suas vidas, pelo seu amor, por sua honestidade e por todo bem que sempre me fizeram e ainda me fazem. Que privilégio ter mães abençoadas e abençoadoras!

Feliz dia das mães!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Um tição tirado do fogo!

Em 09 de fevereiro de 1709, com cinco anos de idade, John Wesley escapou por pouco da morte em um terrível incêndio que destruiu completamente a sua casa em Epworth. Mais tarde, ele se referiu a si mesmo como "um tição tirado do fogo." (Amós 4:11 e Zacarias 3.2).

Segue um breve relato deste maravilhoso livramento:


O céu, à meia-noite, era iluminado pelo reflexo sombrio das chamas que devoravam vorazmente a casa do pastor Samuel Wesley. Na rua, ouviam-se os gritos: “Fogo! Fogo!” Contudo, a família do pastor continuava a dormir tranqüilamente, até que os escombros ardentes caíram sobre a cama de uma filha, Hetty. A menina acordou sobressaltada e correu para o quarto do pai. Sem poder salvar coisa alguma das chamas, a família foi obrigada a sair casa a fora, vestindo apenas as roupas de dormir, numa temperatura gélida.

A ama, ao ser despertada pelo alarme, arrebatou a criança menor, Carlos, do berço. Chamou os outros meninos, insistindo que a seguissem, e desceu a escada; João, porém, que então contava 5 anos e meio, ficou dormindo.

Três vezes a mãe, Susana Wesley, que se achava doente, tentou, debalde, subir a escada. Duas vezes o pai tentou, em vão, passara pelo meio das chamas, correndo. Sentindo o perigo, ajuntou a família no jardim, onde todos caíram de joelhos e suplicaram em favor da criança presa pelo fogo.
Enquanto a família orava, João acordou e, depois de tentar descer pela escada, subiu numa mala que estava em frente a uma janela, onde um vizinho o viu em pé. O vizinho chamou outras pessoas e, juntos, conceberam o plano de um deles subir nos ombros de um primeiro enquanto um terceiro subia nos ombros do segundo, até alcançarem a criança. Dessa maneira, João foi salvo da casa em chamas, apenas instantes antes de o teto cair com grande fragor.

O menino foi levado, pelos intrépidos homens que o salvaram, para os braços do pai. “Cheguem amigos!”, clamou Samuel Wesley ao receber o filhinho. “Ajoelhemo-nos e agradeçamos a Deus! Ele me restituiu todos os meus filhos. Deixem a casa arder; os meus recursos são suficientes”. Quinze minutos depois, casa, livros, documentos e mobiliário não existiam mais.

Anos mais tarde, em certa publicação, apareceu o retrato de João Wesley e embaixo a representação de uma casa ardendo, com as palavras: “Não é este um tição tirado do fogo?” (Zacarias 3:2).
John Wesley viria a ser o instrumento de Deus para o "Grande Avivamento Metodista" que o historiador Lecky diz ter sido a influência que salvou a Inglaterra de uma revolução igual à que, na mesma época, deixou a França em ruínas.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Além do horizonte

Era madrugada do dia 14 de junho de 87, quando acordei com meu pai batendo à porta de nossa casa para avisar que minha avó estava prestes a dar o último suspiro. Como morávamos bem perto, Cristina e eu nos levantamos e fomos imediatamente na direção da casa dela a fim de vê-la. Quando chegamos lá, ela já havia falecido. Ali encontramos minha mãe, os meus irmãos e os meus tios Bubi, Ana e Joel que estavam serenos, num silêncio contemplativo. Afinal de contas, minha avó Rosa havia servido ao Senhor Jesus por toda a sua vida com muito amor e inabalável confiança nas Sagradas Escrituras. Era um momento solene de despedida, recheado de doces lembranças, como também de íntima reflexão sobre o significado da vida, o drama da morte e a esperança de vida eterna em Cristo Jesus.

Passado um tempo, meus pais e meus irmãos se retiraram para cuidarem dos trâmites do enterro e minha mãe e meus tios Bubi e Ana saíram para o quintal. Cristina e eu também deixamos o quarto para prepararmos um café, de modo que, apenas o meu tio Joel ficou ali ao lado do corpo da minha avó. De repente, quando estávamos na cozinha, percebemos que meu tio ligara um rádio. Achamos aquilo impróprio para a ocasião, tanto que pensei em me dirigir ao quarto para, com jeito, solicitar a ele que desligasse o rádio. Mas, foi aí que eu fiquei ainda mais surpreso, ao notar que a canção que estava tocando era aquela do Roberto Carlos que diz: "Além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz, onde eu possa encontrar a natureza, alegria e felicidade com certeza...". Pois, mesmo ciente de se tratar de uma canção romântica, tais versos serviram para mim como uma voz profética apontando para o estado de beleza e felicidade que há no Paraíso Celestial em que minha avó agora se encontrava. Sabe, parece que o meu tio também entendeu assim, tanto que, após ouvir este trecho da canção, ele, de maneira espontânea e respeitosa, desligou o rádio! Entendemos aquilo como um sinal divino. Deus transformou algo irreverente e inadequado em algo condizente com a ocasião e com a memória de alguém que viveu para Deus. Uma confirmação também de que além do horizonte existe realmente um lugar para os que confiam em Jesus!

Bispo Ildo Mello

domingo, 30 de outubro de 2011

Chamada para o ministério!


Maravilhoso testemunho da Cel. Almira Mello a respeito do seu chamado missionário.
Dezenas de pessoas aceitaram o apelo para dedicação de suas vidas a Grande Comissão (Mt 28.18-20).

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