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Minhas experiências com Deus em tempos sombrios de saúde

Ao longo da vida, nunca tive problemas de saúde graves, e meus pais também são relativamente saudáveis. No meio de 2022, tive suspeitas de pedra nos rins, infecção urinária ou prostatite. Após vários exames inconclusivos, uma tomografia revelou algo ainda mais preocupante: um tumor de 1,9 cm no meu rim esquerdo. Embora a doença anterior tenha regredido sem diagnóstico definitivo, continuei a orar em relação ao nódulo e fiz mais duas tomografias. Por fim, o médico recomendou cirurgia.

Em 2 de dezembro de 2022, fui submetido a uma cirurgia em um hospital renomado, realizada por um médico conceituado. No entanto, ele não examinou previamente e de forma detalhada a anatomia específica do meu rim, que possui três artérias em vez de apenas uma. Essa particularidade tornou difícil controlar o sangramento durante o procedimento, impedindo-o de localizar e remover o tumor. A cirurgia durou quatro horas, durante as quais o médico tentou, sem sucesso, encontrar o nódulo devido ao fluxo constante de sangue. Minha vida esteve em risco. Fiquei internado por três dias, com uma recuperação lenta, marcada por dores que persistiram por quatro semanas, além de dificuldades para dormir e encontrar uma posição confortável. Na consulta de retorno, recebi a notícia devastadora de que o tumor permanecia. Foi um choque! Muitas perguntas surgiram em minha mente, mas lembrei-me de que, se Jesus, sendo justo e bom, sofreu, quem sou eu para reclamar?

Abalado por alguns dias, busquei o Senhor em oração. Tentei viver Filipenses 4:8, mantendo o foco em tudo que é edificante e saudável para o meu bem-estar mental e espiritual. Também me ajudou muito ouvir o testemunho de irmãos e irmãs em Cristo que passaram por situações semelhantes. Dediquei-me ainda mais à obra do Senhor, com gratidão por tudo o que Ele me concedeu, disposto a enfrentar qualquer desafio, inclusive a morte. Experimentei uma paz profunda, desfrutando de um período de férias agradável com minha esposa, livre de preocupações. Como diz uma antiga canção: “A minha vida está nas mãos de Deus, o meu futuro Deus decidirá, nenhuma provação me desanimará.”

Após as férias, encarei com alegria a abençoada temporada de concílios regionais. A comunhão com os amados pastores e líderes me fez muito bem!

No final de abril, consultei outro médico no Hospital do Rim, que recomendou a ablação — técnica minimamente invasiva na qual se usa agulha ou cateter para queimar os nódulos por radiofrequência. Contudo, meu convênio não cobria esse procedimento. Com a ajuda de Márcia Durand, elaboramos um breve relatório e uma recomendação especial, mas o convênio negou o pedido. Persistimos, enviamos novo pedido e aguardamos quase um mês sem resposta. Mesmo assim, mantive-me em paz e seguro nas mãos de Deus. Finalmente, a aprovação chegou! O procedimento de ablação foi marcado para 14 de junho e ocorreu ainda melhor do que o esperado. Apesar de a alta estar prevista para o dia seguinte, eu estava tão bem, sem dor alguma, que recebi alta no mesmo dia! Sentia-me tão disposto que minha esposa precisou lembrar-me de que eu havia passado por cirurgia, pois voltei a fazer minhas atividades normalmente sem perceber.

Durante o procedimento, também foi realizada uma biópsia, cujo resultado apontou carcinoma de células claras de grau 2. Desde então, tenho feito exames periódicos de ressonância e tomografia, e não há vestígios do tumor.

Louvo a Deus pelo Seu cuidado e pelas lições aprendidas ao longo de todo esse processo. A vida é frágil e passageira, e vale a pena entregar nossos cuidados a Deus, confiando plenamente nEle. Romanos 14:8 diz: “Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Portanto, quer vivamos ou morramos, pertencemos ao Senhor.” Essa passagem reforça a verdade de que nossa vida pertence a Cristo, independentemente das circunstâncias.

Aprendi a valorizar cada momento e a buscar viver de acordo com o propósito divino. Mesmo diante de desafios ou incertezas, podemos confiar em Deus, sabendo que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28). Deus nos faz crescer e nos fortalece em meio às adversidades, por isso podemos nos gloriar nas tribulações, conforme Romanos 5:3-4: “a tribulação produz perseverança, a perseverança produz experiência e a experiência produz esperança.”

À medida que aprendemos a ser pacientes, adquirimos mais experiência com Deus, o que fortalece ainda mais nossa fé e esperança. Tais vivências também nos tornam mais sensíveis à dor e ao sofrimento alheios, fazendo-nos capazes de consolar e animar quem está em angústia. Como diz 2 Coríntios 1:4: “É ele que nos consola em toda a nossa tribulação, para que, pela consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que estiverem em qualquer espécie de tribulação.”

Lembro-me do saudoso cantor e compositor Sérgio Pimenta, que escreveu uma bela canção baseada em seu próprio drama:

“Só quem sofreu pode avaliar quem sofreu.
Pode se identificar, pode ter o mesmo sentir.
Só quem sofreu tem palavras de puro mel
Que transmitem todo o calor para quem precisa de amor.”
Que meu testemunho encoraje a todos, mostrando a importância de confiar em Deus e entregar nossa vida em Suas mãos, mesmo em meio às adversidades.

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