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1984 – A Conversão de Uli César

Em 1984, enquanto trabalhava à noite no Telex da Record, substituindo um colega de férias, recebi uma ligação de Uli, um rapaz que cursava Telex em Porto Alegre e ligava para praticar. Naquela época, eu já era noivo e estava prestes a me casar. Durante a conversa, ele me apresentou uma jovem cujo comportamento, à primeira vista, parecia bastante leviano: interessava-se por conversas superficiais, fazia cantadas e perguntava sobre assuntos banais – desde os paulistas e São Paulo até detalhes como minha cor, altura, peso e cabelos.

Percebendo a superficialidade do diálogo, decidi mudar o rumo da conversa e falei sobre minha “curtição” por Jesus Cristo. Relatei como minha vida era antes de conhecê-Lo e como ela se transformara após Sua presença, ressaltando a alegria de ser cristão e a realidade do Senhor Jesus. Contudo, a jovem replicou:

— Tudo isto é muito interessante, mas você não poderia mudar um pouco de assunto? Vamos, me fale sobre São Paulo.

Naquele instante, senti uma espécie de ira “santa” e respondi:

— Sabe de uma coisa? O que me impressiona é que as pessoas conseguem falar sobre tudo, menos sobre Jesus. Quando o assunto se volta para Ele, incomadam-se e fogem do tema. Que mundo em que vivemos…

Após essa resposta, a jovem encerrou a conversa e cada um seguiu seu caminho.

No dia seguinte, a caminho do serviço – que se iniciava às 20 horas – fui surpreendido por um baita temporal. Nem consegui pegar o ônibus, pois meu guarda-chuva não resistiu à chuva, e acabei completamente molhado. Sem alternativa, retornei para casa, tomei um banho quente, enrolei-me num cobertor e decidi não ir mais ao serviço. Porém, quando a chuva cessou – por volta das 20:20 –, minha consciência me lembrou que ainda era possível comparecer, mesmo que atrasado. Resolvi, então, seguir para o trabalho.

Ao chegar, ouvi a campainha tocar. Eram 21:05 e, do outro lado da linha, estava Uli, em Porto Alegre, tentando contato. Corri para atender o telex e descobri que ele já havia insistido por cerca de uma hora – aquela seria sua última tentativa, pois, segundo ele, aquele seria seu último dia no curso de Telex.

Para minha surpresa, Uli começou a abrir seu coração, contando como minhas palavras, dirigidas à jovem, o haviam tocado profundamente, pois ele esteve ao lado dela lendo tudo o que eu tinha escrito no dia anterior. Ele queria saber mais sobre a vida cristã e, então, aproveitei para falar longamente sobre o plano de Deus para o homem.

Durante essa conversa, choramos de alegria – um júbilo tão intenso que quase pulávamos de emoção. Foi assim que Uli se converteu. Trocamos endereços e, durante mais de um ano, passamos a nos corresponder por carta. Ele conseguiu um emprego e tudo parecia caminhar bem. Posteriormente, soube que, mesmo enfrentando algumas dificuldades, ele havia se casado com uma mulher, filha de pastor. Louvei a Deus por tudo! 


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