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O Exercício do senhorio de Cristo na era presente


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(Autor: José Ildo Swartele de Mello)

Quando se fala do Senhorio de Jesus Cristo na era presente, é bom lembrar de que ele, o nosso Rei, Justo e Salvador, veio a nós, “humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta” (Zc 9.9, cp. Mt 21.5; Jo 12.15). Nosso Senhor e Rei não é um déspota ou um tirano que usa de poder coercivo para subjugar os povos. Isto tem a ver com o plano soberano de Deus que, sendo Senhor, ao criar os seres humanos, poderia tê-los feito programados para obedecer a sua vontade; sim, poderia ter escolhido criar seres autômatos, algo assim como os robôs, que não tem liberdade de escolha. Mas, embora, um mundo de autômatos pudesse funcionar muito bem, sem guerras, sem injustiças e sem maldade, no final das contas, seria também um tanto sem graça, pois as próprias expressões de amor, devoção e serviço não seriam livres e espontâneas, também teriam de ser programadas, o que resultaria em algo artificial, algo sem graça e sem significado real. Ninguém, em sã consciência, se sentiria muito tocado em receber uma declaração de amor de um ser que foi programado para isto e que não pode dizer outra coisa a não ser aquilo que está na sua programação.
Deus quis que seus filhos fossem livres, mesmo sabendo dos riscos derivados da liberdade humana. Ninguém pode ser livre apenas para dizer sim. Alguém que é livre pode também dizer não, pode se rebelar e pode optar pelo mal. A história da humanidade revela as conseqüências do mau uso da liberdade, como o surgimento do pecado, egoísmo, inveja, ódio, crimes, doenças, injustiças, guerras, fomes, etc. Um alto preço tem sido pago para que possamos ter no mundo relacionamentos verdadeiramente significativos. Neste mundo temos muitas opções, somos livres para escolher, portanto, quando amamos a Deus e respondemos positivamente ao seu chamado, isto é cheio de significado. Este relacionamento entre Deus e o ser humano é cheio de afeto. É algo tremendo! O mesmo se pode dizer do relacionamento de amor e amizade entre os seres humanos. É de um autor anônimo a frase: "Amo a liberdade, por isso deixo livres todas as coisas que tenho. Se elas permanecerem comigo será porque as conquistei, se partirem será porque, de fato, nunca as possuí"i. Pois, para que um relacionamento seja realmente íntegro não deve haver total domínio coercivo de uma parte sobre a outra. É interessante notar que as teofanias ou aparições de Deus registradas no Antigo Testamento também são em forma humana, em vulnerabilidade. Notamos também que os profetas, representantes de Deus, eram desprezados e mortos pelo povo. E, o livro de Colossenses, que tanto exalta o Senhorio de Cristo é também um livro que fala de maneira contundente da cruz de Cristo, como prova de seu amor por nós. Deus quer nos conquistar pelo seu amor demonstrado na cruz.
Mesmo tendo criado seres livres, Deus poderia ter se imposto aos povos pela força do seu poder. Mas não quis que fosse assim. Ele disse: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor” (Zc 4.6). Deus, não quis se impor pela força, mas decidiu cativar pelo amor! Manifestou-se ao mundo na pessoa de Jesus, que sendo o próprio Deus, esvaziou-se de sua glória para identificar-se com nossa fraqueza (Fl. 2.7,8), revelou-se como servo sofredor (Is 53), que carrega a sua cruz e dá a vida pelos seus amados. Quando se apresentou como Rei em sua entrada em Jerusalém no Domingo de Ramos, não entrou montado num cavalo portentoso e cheio de pompa e nem estava acompanhado de um forte e ameaçador exército, mas escolheu entrar de maneira humilde e mansa montado num jumentinho, para cumprir a profecia de Zacarias 9.9. Jesus havia rejeitado a tentação de manifestar-se a Israel saltando do pináculo do templo para ser acolhido pelos anjos (Lc 4.8-11).
Portanto, precisamos nos inspirar em Deus Pai e precisamos aprender com Jesus, cujo estilo de liderança foi marcado pela cruz, pelo burrinho, pela água e a toalha, com que lavou os pés dos discípulos. Sendo Senhor, foi humilde e assumiu a condição de servo. Não foi dominador e nem tirano, mas procurou cativar pelo exemplo. Não constrangeu os seguidores pela força, pois seus seguidores sempre foram livres para escolher e até mesmo desistir. Não quis se impor pela força, antes escolheu o caminho da graça e do amor. Na cruz, Deus revelou seu grande amor ao mundo e atraiu muitos a si.
Mas, após esta era presente, em que os homens têm oportunidade de sujeitar-se ao senhorio de Cristo por intermédio da graça e do Espírito, atraídos pelo amor revelado na cruz, sabemos que chegará o dia em que Jesus regressará, não mais montado sobre um jumentinho, mas, sim, sobre um forte cavalo branco (Ap 6.2; 19.11), e destruirá o inimigo com o sopro de sua boca (2 Ts 2:8). Neste dia todo o joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é o Senhor (Rm 14.11 e Fp 2.10). Veremos no capítulo 4.3.2. algumas implicações deste tópico aliado ao estudo do significado da cruz de Cristo para o exercício da liderança no Reino de Deus.
i Ver http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=4185&cat=Frases&vinda=S

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