(Autor: Bispo José Ildo Swartele de Mello)
A manifestação e o estabelecimento do Reino de Deus, se dando não de modo abrupto como uma erupção vulcânica, mas de modo paulatino com um pequeno e modesto início tal qual um grão de mostarda em seu processo gradual de desenvolvimento, foram algo surpreendente e, até mesmo, frustrante para a comunidade dos discípulos, que agasalhavam a esperança num Messias judaico, que restauraria o reino de Israel, que promoveria uma revolução total, que subjugaria os inimigos de modo visível e incontestável, não poderiam eles supor que isto se daria em duas etapas, inaugurada na primeira vinda como uma revolução espiritual com amplas implicações sociais e políticas, mas de desenvolvimento gradual e, somente completada de maneira cabal, por um evento abrupto e cataclísmico, de caráter total e inquestionavelmente revolucionário por ocasião da Segunda Vinda. E é por esta razão que Jesus se concentrou em falar sobre a natureza do Reino de Deus a fim de esclarecer aquilo que, até então, residia como um mistério. Este mistério residia também no fato de que, ao contrário das expectativas judaicas, Jesus não veio para ocupar o trono de Davi, ele não é, tão somente, o Rei de Israel, Pois ele é o Rei dos reis! No batismo de Jesus há uma voz que vem do céu e diz “este é o meu filho amado em que tenho todo prazer”. No Antigo Testamento “filho amado” é o servo sofredor e, em Marcos 10.45, lemos que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos. “Filho do Homem” é uma expressão derivada de Daniel sete, que o descreve como uma figura messiânica, que viria de modo glorioso e triunfante. No entanto, aqui, em Marcos 10.45, vemos a síntese da figura gloriosa do “Filho do Homem” e da figura do “Servo Sofredor”. Eis aí o mistério que foi desvendado em Cristo, mas que os discípulos tiveram dificuldade de entender e muitos não entendem até hoje.
O próprio Pedro, após sua confissão de Jesus como o Messias, ou Cristo, como registrado em Mateus 16.13-23, mostrasse estarrecido quando, na seqüência, Jesus começa a falar sobre sua missão de morrer na cruz cumprindo o papel de Servo Sofredor. O espanto de Pedro se deve a sua expectativa equivocada a respeito do Messias e do Reino de Deus, cogitando apenas das coisas humanas e não entendo nada a respeito do plano de Deus. Pedro e os demais discípulos precisaram ser instruídos de que o Messias precisaria ser crucificado. O Filho do Homem seria também o Servo Sofredor. Sua entrada triunfal como Messias foi em um jumentinho. E o Messias não estaria num trono em Jerusalém, mas numa cruz. Sua coroa seria de espinhos!
Outro texto que mostra a dificuldade dos discípulos em discernir a natureza do Reino messiânico de Jesus é o de Marcos 10.35-45, que conta como Jesus recebe pedido de dois discípulos para estarem em posição de autoridade especial. Aqui, Jesus afirma, mais uma vez, que ele é ao mesmo tempo o Filho do homem e o servo sofredor, fazendo menção ao seu cálice e batismo de sofrimento como símbolo da sua cruz, dizendo também que os discípulos precisariam também beber o cálice, carregando também a sua própria cruz, pois não há participação no Reino de Deus sem participação como servo sofredor. Pois este Rei ascende ao trono através do sofrimento na cruz. A cruz nos ensina que não devemos esperar que tudo nos vá bem. Não devemos esperar ter êxito em tudo. Jesus está também ensinando que aquele que quiser ser o maior terá que ser o menor, o servo de todos. Pois Jesus despreza o modelo comum onde os maiores dominam sobre os pequenos. A cristologia que não leva em conta a identificação do Messias com o servo sofredor é uma cristologia incompleta e insuficiente, pois o chamado de Cristo não é para exercer o poder através do medo e do autoritarismo, mas um chamado a servir. E somente na medida em que aprendemos a servir é que estamos em condições de participar realmente do seu Reino. Jesus não serviu para ser popular e para ser servido pelos demais, mas por amor e compaixão.
A Igreja é o Corpo de Cristo, e recebeu a incumbência de continuar a missão encarnacional de Jesus Cristo, seguindo o seu exemplo. Aqui vemos como a Missão da Igreja se deriva da cristologia, da natureza de Cristo e de sua missão de Rei e Servo Sofredor. E é fácil perceber como tudo isto se relaciona com a Escatologia, pois está ligado aos cumprimentos dos propósitos últimos de Deus na história da redenção e restauração e estabelecimento do seu Reino. Vemos também que a própria natureza de Cristo que se revela como Rei e Servo Sofredor ao mesmo tempo, temos aí também a natureza multidimensional do Reino de Deus.
O Reino possui uma natureza multidimensional, pois é tanto presente como futuro, tanto realização quanto expectativa, tanto pessoal quanto social, tanto celeste quanto terrestre, tanto interno e como externo, sendo tanto Missão de Deus, de Cristo e do Espírito quanto missão da Igreja, e se estabelece tanto de maneira gradual e paulatina quanto de modo abrupto, crítico e cataclísmico. Nenhuma destas dimensões deve ser entendida a despeito da outra.
Não se pode negar que o Reino de Deus já foi inaugurado. Paulo diz que “é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15.25-26). Neste texto, Paulo fala do Reino de Deus em termos da presente era, ao afirmar que é necessário que Jesus reine pondo de maneira gradativa um a um os inimigos debaixo de seus pés, e, falando ainda que o último inimigo a ser destruído será a morte, sendo que, neste mesmo capítulo, mais adiante, ele ensina que a morte será tragada pela vitória da ressurreição que se dará por ocasião da Segunda Vinda de Cristo. Sendo assim, a Segunda Vinda marcaria o fim e não o começo desta etapa do Reino de Deus em que Jesus reina até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés, pois será somente aí, na Sua Segunda Vinda, que se dará a destruição da morte que será o último inimigo a ser posto debaixo dos seus pés. Não há como escapar desta conclusão sem ferir o claro e real significado deste texto. E Paulo, ainda, afirma claramente que os cristãos já estão no reino de Jesus, dizendo: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). E não podemos esquecer que a mais básica e primitiva de todas as confissões cristãs é “Jesus é o Senhor”. Tal afirmação possui muitas implicações pessoais, sociais, políticas e ecológicas. Tantos foram os cristãos que morreram por causa desta aparente “simples” confissão, que significa mais do que dizer que Jesus é o Senhor da minha vida, pois Jesus é o Senhor de todo os reinos do Mundo. Não existe um único grão de areia deste planeta que não esteja debaixo de seu senhorio, por esta razão Jesus é aclamado como sendo “O Rei dos reis e O Senhor dos senhores”.
O seu Reino, como vemos em muitas parábolas, como a do Grão de Mostarda, por exemplo, se estabelece no mundo de maneira paulatina e até mesmo imperceptível para muitos. Figuras de linguagem que descrevem a missão da Igreja e o Reino de Deus tais como Sal, luz e fermento também apontam para o caráter discreto, mas eficaz da manifestação do Reino. O sal está na comida, você saboreia a comida, mas não diz, “Hum, que sal gostoso!” A luz também está no ambiente, você aprecia a paisagem, mas não é comum ouvir alguém admirando a luz. O fermento permeia e leveda a massa, mas sua participação, embora eficaz, não é chamativa.
Jesus já reina hoje, mas seu senhorio ainda não está manifesto de modo a ser percebido por todos. Somente por ocasião da Segunda Vinda é que tal senhorio será revelado e manifesto de modo incontestável, quando “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é o Senhor”. A Segunda Vinda de Cristo descrita como dia de sua manifestação: de maneira que nenhum dom vos falta, enquanto aguardais a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Co 1.7). “E então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda” (2 Ts 2.8). “Para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.7). “Mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis (1 Pe 4.13). E este será também o dia da revelação dos próprios filhos de Deus: “Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus” (Rm 8.19).
Devemos tomar cuidado para que, a pretexto de sermos realistas, não venhamos a desprezar ou negar a realidade presente do Reino de Deus com suas evidentes implicações para a Missão da Igreja. Pois, ser realista é guardar as devidas proporções bíblicas entre a realidade presente e futura do Reino de Deus, evitando os extremos do negativismo e pessimismo de um lado e do triunfalismo de outro. Mas não podemos chamar de realismo bíblico, aquilo que sufoca o devido, comedido e apropriado otimismo em relação à Missão da Igreja na era presente como agente e comunidade do Reino. Jesus expressou realismo e otimismo num mesmo texto, dando a devida preeminência ao aspecto do otimismo quando disse aos seus discípulos: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). As forças aflitivas do mundo não podem ser motivo de desculpas para atitudes escapistas, conformistas e pessimistas, pois Jesus venceu o mundo e baseados nisto temos bom ânimo.
Temos também razões para crer que a Igreja será bem sucedida no cumprimento de sua missão, primeiro por que o Senhor Jesus ao comissionar seus discípulos fez questão de dizer que todo poder lhe havia sido dado tanto no céu como na terra e garantiu que sempre estaria com eles (Mt 28.18), disse também que eles receberiam o poder do Espírito para serem testemunhas do Rei em todas as partes do Mundo (At 1.8), e garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja e que certamente o Evangelho seria pregado para testemunho a todas as nações antes do fim (Mt 16.18 e 24.14). A Bíblia também diz que “a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hc 2:14), o que o retrato de uma visão poderosa do futuro do Reino de Deus que deve inspirar e mover a Igreja ao cumprimento de sua missão. Jesus também cuidou de amarrar o valente e concedeu poder aos discípulos sobre os demônios e sobre todo o poder do inimigo (Mt 12.28 e Lc 10.18,19). Paulo disse que os cristãos que vivem neste mundo já estão assentados juntamente com Cristo nas regiões celestiais acima de todo principado e potestade e abençoados com toda sorte de bênçãos e graças espirituais (Ef 1.3, 20-23 e 2.6). Além disto, muitas parábolas do Reino mostram que o Reino crescerá aqui na Terra assim como o trigo, como o grão de mostarda e como o fermento que leveda toda a massa (Mt 13).
O Reino de Deus foi inaugurado na Primeira Vinda. A batalha decisiva já foi ganha, mas a luta continua até a Segunda Vinda. Enquanto isto, o Reino de Deus na era presente é caracterizado pela tensão entre o já e o ainda não. O cristão caminha a sombra da cruz e a luz da ressurreição. A entrada triunfal de Jesus em sua primeira vinda foi montado num jumentinho (Mc 11.7) e seu estilo de liderança foi pautado em atitudes humildes de serviço, exemplificado no ato de lavar os pés dos discípulos (Jo 13.5) e quando ensinou aos seus discípulos que o maior no Reino dos Céus é aquele que é humilde, aquele se coloca como o menor, numa condição de servo de todos, numa radical inversão de valores (Mc 10.44, Mt 18.4). Jesus venceu na cruz (Cl 2). A cruz deve ser também uma característica marcante de seus seguidores (Lc 9.23). O Poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9). O tesouro foi posto em vasos de barro (2 Co 4.7).
O Reino de Deus será plenamente manifesto na Segunda Vinda – Dia do Senhor, quando teremos a Batalha Final. Diferentemente da Primeira Vinda, Cristo regressará com grande poder e glória, vindo sobre um Cavalo, não mais sobre um jumentinho (Mc 11.7), e destruirá o inimigo com o sopro de sua boca (2 Ts 2:8).
O crente já vive tanto na era presente como na era futura, pois já está em Cristo e é um com ele. E, como diz Paulo, já está assentado com Cristo nos lugares celestiais, este fato tem relevância para sua vida presente aqui neste mundo. Imbuído de sua nova posição em Cristo e consciente da perfeição final que herdará por ocasião da Segunda Vinda de Cristo, o cristão “considera sua salvação atual à luz daquela perfeição final”i
i Hoekema, p. 354.
Caro escritor,
ResponderExcluirConcordo em gênero, número e grau com suas considerações, todavia, aos olhos do que mostra a Bíblia, não há como crer que “almas” recebam vestes brancas (Ap 6:11) e, nem mesmo, se assentem em trono para “reinar no céu” (Ap 20:4) por uma série de razões, explicitadas mais adiante.
A Bíblia diz que ninguém ainda subiu ao céu, nem mesmo o rei Davi (At 2:34), mostrando-nos que os textos bíblicos estão centrados na SEGUNDA RESSURREIÇÃO (a ressurreição física), a grande apoteose da história humana na terra e o momento em que o próprio apóstolo Paulo, por exemplo, esperava receber o tão esperado prêmio (2 Tm 4:8).
Diversas passagens nos garantem que a morte é o pior dos castigos e o grande vilão a ser vencido naquele grande dia (1 Co 15:26), exatamente porque representa o fim de todas coisas para os que haviam sido criados para ser eternos.
Se a morte fosse apenas uma passagem para pré-castigos e pré-coroações não haveria necessidade de julgamento e nem mesmo de ressurreição, dando-se, inclusive, sustentação para uma série de doutrinas heréticas, assim como para a teoria mentirosa do próprio diabo, que disse a Eva que ela não iria morrer se ela obedecesse a sua voz (Gn 3:4).
Se entendermos que a morte é apenas uma passagem, tenho por mim que não houve, de fato, um real castigo pela desobediência de Adão, mas, sim, um prêmio, pois assentar-se em um trono, no céu, e reinar com Deus, parece ser bem melhor do que viver “preso” neste corpo de carne (doutrina grega).
O próprio Deus classifica o homem como pó (Gn 3:19) e não como possuindo uma entidade presa pelo corpo, o que consiste, a meu ver, uma heresia grega que ganhou espaço entre os judeus e cristãos, levando-os ao paganismo e à diminuição do imensurável valor da morte e ressurreição de Cristo.
A Bíblia mostra que o grande troféu dos crentes é exatamente a ressurreição, uma vez que a morte é a extinção da vida, pois está dito que, no sepulcro (na morte), não há mais condição de se louvor a Deus:
1 - Comprovações bíblicas da total inconsciência apos a morte: Sl 115:17; Ec 9:5,6,10; Sl 94:17; Jò 14:12,21; 2 Re 22:20; Sl 6:5; Sl 146:4; Sl 88:10-12; Is 38:18,19.
2 - Comprovações bíblicas do SONO DA MORTE (uma simbologia para a morte): Sl 13:3; Sl 76:5,6; At 7:60; Jr 51:57; 1 Ts 4:13; Jo 11:11-14; Jò 14:12,21; Jò 3:11,13.
Por isso, creio que o melhor entendimento para Ap 20:4 é considerar que se trata simplesmente de uma visão consoladora que Deus deu a João, mostrando-nos que os crentes já reinam em vida, assentados nos lugares celestiais (juntamente com Cristo), e devem guardar no coração a promessa de que naquele grande Dia, ao ressuscitar, julgarão o mundo.
Aliás, esse tipo de mensagem consoladora fez parte da vida do próprio Filho de Deus, o qual foi consolado, em vida, por anjos, num momento de grande angústia (Lc 22:43) e guardou, no coração, a promessa das Escrituras de que, pelo gozo que lhe estava proposto (Hb 12:2), traria a incorrupção aos que cressem n´Ele (Is 53:10-11), tendo sido ouvido, pelo Pai, naquilo que temia: o terrível inimigo que era a morte, o fim de todas as coisas (Hb 5:7).
Quando Jesus disse ao ladrão da cruz que, naquele mesmo dia, ele estaria no paraíso, creio que Jesus estava nos revelando que o sono da morte, sob o ponto de vista divino, é um abrir e fechar de olhos. Ou seja, ao morrer, deixamos a dimensão de tempo e espaço e mergulhamos num eterno agora, o tempo de Deus, de tal sorte que, na ressurreição do último Dia, acordaremos todos juntos, no mesmo instante, para o juízo final (Hb 9:27).
Por isso, creio se tratar de um erro formular doutrina em cima de um livro ou passagem alegórica, e, muito menos, em cima de parábolas que trazem apenas lições morais, sendo incongruente, por exemplo, achar que Deus louvaria um mordomo infiel (Lc 16:8-9) ou que Ele desejaria que alguém cortasse a mão por causa de um pecado (Mt 5:30).
Deus te abençoe e parabéns pelo texto.
Parece-me que APOCALIPSE cita que os santos, quando se convertem, reinam sobre a terra: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5:9-10).
ResponderExcluirIsso nao excluiria o reino, no ceu, de uma entidade que sobrevive fora do corpo (um pensamento grego)?
Aos olhos do que mostra a Bíblia, parece nao haver fundamento bibliaco para cremos que “almas” recebam vestes brancas (Ap 6:11) e se assentem em trono para “reinar no céu” (Ap 20:4).
A Bíblia diz que ninguém ainda subiu ao céu, nem mesmo o rei Davi (At 2:34), mostrando-nos que os textos bíblicos estão centrados na SEGUNDA RESSURREIÇÃO (a ressurreição física), a grande apoteose da história humana na terra e o momento em que o próprio apóstolo Paulo, por exemplo, esperava receber o tão esperado prêmio (2 Tm 4:8).
Diversas passagens nos garantem que a morte é o pior dos castigos e o grande vilão a ser vencido naquele grande dia (1 Co 15:26), exatamente porque representa o fim de todas coisas para os que haviam sido criados para ser eternos.
Se a morte fosse apenas uma passagem para pré-castigos e pré-coroações não haveria necessidade de julgamento e nem mesmo de ressurreição, dando-se, inclusive, sustentação para uma série de doutrinas heréticas, assim como para a teoria mentirosa do próprio diabo, que disse a Eva que ela não iria morrer se ela obedecesse a sua voz (Gn 3:4).
Se entendermos que a morte é apenas uma passagem, tenho por mim que não houve, de fato, um real castigo pela desobediência de Adão, mas, sim, um prêmio, pois assentar-se em um trono, no céu, e reinar com Deus, parece ser bem melhor do que viver “preso” neste corpo de carne (doutrina grega).
O próprio Deus classifica o homem como pó (Gn 3:19) e não como possuindo uma entidade presa pelo corpo, o que consiste, a meu ver, uma heresia grega que ganhou espaço entre os judeus e cristãos, levando-os ao paganismo e à diminuição do imensurável valor da morte e ressurreição de Cristo.
(Continua...)
(Continuaçao...)
ResponderExcluirA Bíblia mostra que o grande troféu dos crentes é exatamente a ressurreição, uma vez que a morte é a extinção da vida, pois está dito que, no sepulcro (na morte), não há mais condição de se louvor a Deus:
1 - Comprovações bíblicas da total inconsciência apos a morte: Sl 115:17; Ec 9:5,6,10; Sl 94:17; Jò 14:12,21; 2 Re 22:20; Sl 6:5; Sl 146:4; Sl 88:10-12; Is 38:18,19.
2 - Comprovações bíblicas do SONO DA MORTE (uma simbologia para a morte): Sl 13:3; Sl 76:5,6; At 7:60; Jr 51:57; 1 Ts 4:13; Jo 11:11-14; Jò 14:12,21; Jò 3:11,13.
Por isso, creio que o melhor entendimento para Ap 20:4 é considerar que se trata simplesmente de uma visão consoladora que Deus deu a João, mostrando-nos que os crentes já reinam em vida, assentados nos lugares celestiais (juntamente com Cristo), e devem guardar no coração a promessa de que naquele grande Dia, ao ressuscitar, julgarão o mundo.
Aliás, esse tipo de mensagem consoladora fez parte da vida do próprio Filho de Deus, o qual foi consolado, em vida, por anjos, num momento de grande angústia (Lc 22:43) e guardou, no coração, a promessa das Escrituras de que, pelo gozo que lhe estava proposto (Hb 12:2), traria a incorrupção aos que cressem n´Ele (Is 53:10-11), tendo sido ouvido, pelo Pai, naquilo que temia: o terrível inimigo que era a morte, o fim de todas as coisas (Hb 5:7).
Quando Jesus disse ao ladrão da cruz que, naquele mesmo dia, ele estaria no paraíso, creio que Jesus estava nos revelando que o sono da morte, sob o ponto de vista divino, é um abrir e fechar de olhos. Ou seja, ao morrer, deixamos a dimensão de tempo e espaço e mergulhamos num eterno agora, o tempo de Deus, de tal sorte que, na ressurreição do último Dia, acordaremos todos juntos, no mesmo instante, para o juízo final (Hb 9:27).
Por isso, creio se tratar de um erro formular doutrina em cima de um livro ou passagem alegórica, e, muito menos, em cima de parábolas que trazem apenas lições morais, sendo incongruente, por exemplo, achar que Deus louvaria um mordomo infiel (Lc 16:8-9) ou que Ele desejaria que alguém cortasse a mão por causa de um pecado (Mt 5:30).
Deus te abençoe e parabéns pelo texto.
Bispo,
ResponderExcluirQuando a Biblia diz: “Agora é o juizo deste mundo” (Jo 12:31), Ela nao está querendo dizer que, atraves da pregaçao do Evangelho, o diabo, a partir do ministerio de Jesus Cristo, vem sendo, paulatinamente, expulso das suas habitaçoes (os coraçoes dos homens)?
Assim sendo, a partir de Cristo, quem acredita na mensagem do Evangelho tem os seus olhos abertos e se converte do poder de Satanás a Deus, tornando-se um templo do Espirito Santo (At 26:18). Quem nao acredita, por sua vez, recebe a condenaçao, pois amou mais as trevas do que a luz (Jo 3:18-19).
Com isso, a expressao “E vi tronos e se assentaram a quem foi dado o poder de julgar” (Ap 20:4)parece estar falando mais propriamente do tempo presente, quando, em vida, os santos foram feitos reis e sacerdotes, e, como reis, reinam sobre a terra (Ap 5:9-10), além, é claro, de participarem (como corpo de Cristo e ministros do Evangelho) do juizo, citado em Jo 12:31.
Creio ser essa a real interpretaçao de Ap 20, sendo improvavel a existencia de uma entidade fora do corpo que supostamente estaria reinando no ceu, ainda que para Deus todos vivam e diante de quem o sangue de Abel clama por justiça até o dia de hoje (Ap 6:10).
Paz de Deus!!!
Ass: Rodrigues