(Autor: Bispo José Ildo Swartele de Mello)
A expansão do Reino – As conquistas do “Já”
Temos razões para crer que a Igreja será bem sucedida no cumprimento de sua missão, primeiro porque o Senhor Jesus ao comissionar seus discípulos fez questão de dizer que todo poder lhe havia sido dado tanto no céu como na terra e garantiu que sempre estaria com eles (Mt 28.18), disse também que eles receberiam o poder do Espírito para serem testemunhas do Rei em todas as partes do Mundo (At 1.8), e garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja (Mt 16.18) e que certamente o Evangelho seria pregado para testemunho a todas as nações antes do fim (Mt 24.14). Jesus também cuidou de amarrar o valente e concedeu poder aos discípulos sobre os demônios e sobre todo o poder do inimigo (Mt 12.28 e Lc 10.18,19). Paulo disse que os cristãos que vivem neste mundo já estão assentados juntamente com Cristo nas regiões celestiais acima de todo principado e potestade e abençoados com toda sorte de bênçãos e graças espirituais (Ef 1.3, 20-23 e 2.6). Jesus concedeu poder aos discípulos para viverem uma vida de vitória sobre o maligno, o pecado e o mundo (1 Jo 2.13,14; 5.4,5,18). Poder para não nos conformarmos com este mundo, mas para vivermos vidas transformadas e abundantes (Rm 12.1,2 e Jo 10.10). Além disto, muitas parábolas do Reino mostram que o Reino crescerá aqui na Terra assim como o trigo, como o grão de mostarda e como o fermento que leveda toda a massa (Mt 13).
A Bíblia também diz que “a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hc 2:14), o que é um retrato de uma visão poderosa do futuro do Reino de Deus que deve inspirar e mover a Igreja ao cumprimento de sua missão. Mas, devido à natureza do Reino de Deus, nem tudo são flores na caminhada da Igreja, que deve estar preparada para as frustrações. Precisamos ser realistas.
Preparados para as frustrações do “ainda não” – Realismo
Tanto devido aos aspectos relacionados à cruz de Cristo, quanto ao que já aprendemos a respeito da natureza do Reino de Deus na era presente, com também aquilo que se pode desprender do ensino de algumas parábolas do Reino, concluímos que a Igreja precisa estar preparada não apenas para ter vitórias, mas também para encarar conflitos, resistência e até mesmo frustração.
Na parábola do Semeador aprendemos que nós precisamos estar preparados para as frustrações do ministério. Nem sempre seremos bem sucedidos. Devemos esperar rejeição e desapontamento. Pois, apenas um quarto do esforço do semeador deu resultados positivos.
Na parábola correlata do joio e do trigo aprendemos também que: precisamos estar preparados para oposição e para lidar com os falsos irmãos. Jesus ensinou também que “O reino dos céus é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. E, quando já está cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora. Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos” (Mt 13.47-49). Jesus está claramente ensinando aos seus discípulos através destas parábolas, que o Reino de Deus que foi introduzido por ele na era presente possuí esta característica heterogênea e conflituosa, que perdurará até a consumação dos séculos. Mas, como veremos a seguir, o realismo derivado desta consciência da natureza do Reino de Deus não deve sufocar o bom ânimo cristão no cumprimento de sua missão.
O realismo não deve sufocar o bom ânimo
Veremos mais adiante como Wesley foi ao mesmo tempo realista e confiante. Seu realismo nunca apagou o seu otimismo em relação à Missão da Igreja. Seu realismo nunca serviu de desculpas para atitudes escapistas e conformistas. Nosso realismo não pode sobrepujar nossa confiança na providência divina e no poder da graça de Deus para a superação das forças do pecado e do mal no mundo. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5:4).
Jesus foi realista ao informar aos discípulos que eles teriam aflições neste mundo, mas transmitiu-lhes muita confiança, ao dizer que eles deveriam ter bom ânimo, porque ele tinha vencido o mundo Jo 16.33). Nós não devemos nos conformar com este mundo, pois podemos e devemos ser transformados e renovados a fim de experimentarmos já no tempo presente aquela que é a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Se isto é possível em relação ao indivíduo, por que não seria válido também para grupos e comunidades? Confiar nesta possibilidade de mudança, nos dá bom ânimo para empreendermos ações neste sentido. Do contrário, nos sentiremos desencorajados a agir para mudança ou por estarmos exaltando mais as forças do mundo do que o poder de Deus ou por adiarmos a manifestação do Reino para um tempo além da nossa era.
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