terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Debatendo o tema mais polêmico da Bíblia

Por que a igreja deveria pedir para os céus se abrirem quando a Bíblia ensina que já estão abertos?

Através da morte de Cristo, o véu do santuário foi rasgado de alto a baixo! (Mc 15.38). Agora, os crentes tem livre acesso ao Santo dos Santos “pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19–20). João viu uma porta aberta no céu! (Ap 4.1) E esta porta é Jesus! (Jo 10.9). Portanto, o problema não é a porta fechada do céu, mas a porta fechada do coração humano (Ap 3.20).

Que os corações fechados se abram!

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Romanos 7:14-25 descreve o drama pessoal do Apóstolo Paulo?


Muitos estudiosos entendem que Paulo descreve ali o seu conflito pessoal como também o de todos os crentes. Em defesa desta tese, apontam a utilização do pronome pessoal “eu” com verbos no tempo presente; que uma pessoa ainda não regenerada não tem prazer na lei de Deus (v. 22); que a libertação do corpo pecaminoso é futura (v. 24; 8:10, 11, 23); e que a tensão registrada no versículo 25 é própria de um cristão.

No entanto, vários outros afirmam que tal conclusão é equivocada, pois ignora o estilo retórico de Paulo muito presente no decorrer de toda esta epístola (2:1–6,17–24; 3:1-9, 27-4:25; 9:19–21; 10:14–21; 11:17–24; 14:4,10–11.1). É de fundamental importância, notar que Paulo está aqui respondendo a uma questão apresentada de modo retórico por interlocutores fictícios que representam os judeus e suas inquietações quanto ao valor da lei diante do que Paulo tem afirmado a respeito dela até então: "Que diremos, pois? É a lei pecado?" (Rm 7.7). Paulo responde de forma também retórica, com um sonoro: "De modo nenhum!" E passa a usar um "eu" retórico para não ser tão ofensivo aos seus conterrâneos judeus, optando para falar de si na qualidade de judeu ainda não redimido, com uma natureza caída, fracassando diante da obrigação de cumprir as exigências boas e santas da lei. Paulo, na condição de um judeu diante da lei, afirma que ela não lhe trouxe vida, mas sim a morte: "Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou." (Rm 7.11). O versículo 13 explica como a lei trouxe morte a Paulo quando ainda era o incrédulo Saulo: “Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno.” Portanto, o “eu” e os verbos no tempo presente servem para acentuar a vivacidade retórica que aponta para a condição presente de muitos judeus, ainda não nascidos de novo, que tentam, sem sucesso, obedecer a lei, pois seguem ainda debaixo da escravidão do pecado e não conhecem o poder libertador do Espírito Santo. Tanto que, neste trecho (7:13-25), Paulo não menciona sequer uma vez o Espírito Santo, enquanto que em Romanos 8, temos 19 citações a pessoa e obra do Espírito Santo! Lembremos que, em Romanos 6, Paulo já havia deixado claro que os cristãos foram libertos da escravidão do pecado e que foram feitos servos da justiça para a santificação, e que, portanto, não devem mais viver no pecado e nem obedecer às paixões da carne. Sendo assim, Paulo não poderia aqui contrariar tudo o que acabara de afirmar com tanta clareza e veemência. Ainda que a libertação do corpo mortal e corruptível seja futura e que, por conta disto, os cristãos ainda tenham de lidar com uma luta entre o espírito e a carne, eles o fazem tendo já sido libertos do domínio do pecado e, revestidos pelo poder do Espírito Santo, encontram forças para não satisfazer as paixões da carne (8:8-15), cumprindo assim o preceito da lei (8:4).

Se atentarmos devidamente para a própria estrutura da passagem, perceberemos que, depois de afirmar que os cristãos não devem mais viver em pecado, pois Cristo os libertou da escravidão tanto do pecado quanto da lei, Paulo, de forma resumida, nos versículos 5 e 6, contrasta a condição pregressa do cristão com a sua condição atual, e, na sequencia, nos versículos de 7 a 25, passa a descrever com mais detalhes a condição pregressa apontada no versículo 5, para, a seguir (8:1-17), detalhar a condição atual do cristão como apontado no versículo 6. Repare a que tanto 7.6 como 8.1 começam com o advérbio “agora”, o que fortalece ainda mais o argumento de que estão relacionados entre si, além de denotar claro contraste com o que é dito anteriormente. Portanto, a descrição da condição da pessoa antes da conversão, que é esboçada introdutoriamente em 7.5, é detalhada em 7.7-25, enquanto que, a condição atual do cristão que foi esboçada em 7.6, passa a ser descrita com mais detalhes em 8.1-17, ambas sendo introduzidas pelo advérbio “agora” para ressaltar a atual condição em Cristo em contraste com sua vida pregressa.

O maior perigo de uma interpretação equivocada deste texto é concluir que, se até o Apóstolo Paulo era carnal e seguia escravo do pecado, agindo sem domínio próprio, incapaz de fazer o bem desejado e de conter o mal indesejado, que dirá dos recém convertidos e dos demais cristãos que não chegaram a maturidade espiritual dele? Tal ideia gera conformismo e complacência diante das tentações e do pecado.

Romanos 7.7-25 descreve uma pessoa carnal que não tem o Espírito Santo nela habitando. Saulo até poderia afirmar tais coisas, mas Paulo jamais diria coisas como: “porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.” Paulo vivia em santidade e não em pecado. Tanto que, por vezes, pôde exortar aos cristãos a seguirem o seu exemplo de vida: “Sede meus imitadores, a como também eu sou de Cristo.” (1Co 11:1; cf. 1Co 14:16 e Fp 2:7). “Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis progredindo cada vez mais; (1Ts 4:1).

Dizer que os cristãos são “carnais, vendidos a escravidão do pecado" (7:14) e que cada um deles ainda segue como “prisioneiro à lei do pecado" (v. 23) contraria o ensino dos cap. 6 e 8, que proclamam a libertação dos crentes da escravidão ao pecado. “Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6:3). O mais sensato é reconhecer que Paulo não está aqui introduzindo um novo argumento, mas dando continuação a respeito dos efeitos drásticos da Queda de Adão. Romanos 7 tem como pano de fundo Romanos 3.23 e Romanos 5.12-21.

Embora os cristãos ainda tenham de batalhar contra o pecado ao longo de toda a vida (Gl 5:17 e 1Jo 1:8–9), travam esta luta com confiança na força do Espírito Santo que neles habita, revestidos de toda a armadura de Deus. (Rm 8:2, 4, 9, 13-14). O ensino de Paulo é que a Lei exige, mas não capacita o homem à obediência. Mas, o que fora impossível através da operação externa da Lei por conta da pecaminosidade da natureza humana, agora, torna-se possível pela operação interna do Espírito Santo que liberta e regenera o crente. Cumpre-s em Cristo a promessa que diz: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ez 36:26–27). Os cristãos receberam o poder do Espírito “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Rm 8:4). Isto não significa que os cristãos estejam blindados ou imunes ao pecado (1Jo 1.8). Eles seguem sujeitos a tropeços (Tg3.2), mas contam com o poderoso auxílio “daquele que é poderoso para os guardar de tropeços e para os apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória” (Jd 24).

Concluímos que o “eu” de Romanos 7:7–25 é retórico e não pode se referir nem a Paulo e nem aos cristãos, pois ainda está sob o domínio da Lei, do pecado e da morte (7:7–13), enquanto que os cristãos já foram libertados da lei (7:4, 6; 8:2), do domínio do pecado (6:18, 20, 22) e da morte (5:21; 6:23; 8:2); o “eu” é carnal (7:14); enquanto que os cristãos não devem mais viver na carne (8:9), pois viver segundo as paixões carnais é coisa do passado (7:5) e conduz a morte (8.13); o “eu” segue ainda vendido como um escravo para o pecado (7:14; 23), enquanto que os crentes em Cristo foram libertos da escravidão do pecado (6:18, 20, 22), pois já foram "redimidos" (3:24); o “eu” diz respeito ao judeu Saulo, antes da conversão, e também aos judeus que ainda estão debaixo da Lei, que conhecem e querem obedecê-la, mas não conseguem devido a escravidão do pecado (7:15-23); Já, os cristãos receberam o poder do Espírito que os habilita a cumprirem o preceito da Lei (8:4); Nada de bom habita no “eu” em questão a não ser o pecado que o domina (7:17-20), já os cristãos não podem afirmar isto, pois sabem que o Espírito Santo é quem habita neles (8:9, 11); o eu de Romanos 7 ainda está sob o domínio da lei do pecado (7:23), enquanto que os crentes já foram libertados da lei do pecado (8:2; cf. 6:18, 20, 22); o “eu” está aprisionado e perde a batalha contra o pecado (7:23); enquanto que os crentes devem vencer as batalhas espirituais (8:2, 13, 15, 31, 37; 2Co 10:3-5); o “eu” anseia por libertação deste “corpo da morte”; enquanto que os crentes foram libertos em Cristo e não vivem para seus próprios desejos carnais (8:10–13), foram libertos do caminho que conduz a morte (8:2), em contraste com aqueles que seguem a carne (8:6, 13). Paulo declarou: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2:20).

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Mas e Quando a gente ora e não recebe?


Muitos cristãos ficam confusos quando não recebem uma resposta imediata e positiva as suas orações, chegando ao ponto de duvidar do amor de Deus, escrevi o seguinte texto com a esperança de ajudar para um melhor entendimento das questões relativas a oração.

Não receber uma resposta imediata e afirmativa de Deus às nossas orações não significa que Deus não se importa conosco. Saiba que pessoas muito consagradas e amadas receberam um "não" como resposta as suas orações. Paulo orou insistentemente para se ver livre de um espinho na carne que o atormentava e ouviu um sonoro não de Deus, porque Deus tinha um propósito benigno através daquela enfermidade:
"E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte" (2Co 12.7-10).
Jesus mesmo teve uma de suas orações não atendidas. E damos graças a Deus por isto!
"Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua" (Lucas 22:42).
Com Jesus, aprendemos que orar é um ato de sujeição a vontade de Deus. Jesus nos ensinou a orar pedindo que a vontade de Deus seja feita na terra assim como acontece no céu. A vontade de Deus e não necessariamente a nossa.
Pois nem sempre sabemos orar de maneira conveniente:
"E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8:26).
Pois, somente Deus, em sua onisciência, é quem sabe de todas as coisas e somente Ele pode dizer o que, de fato, é melhor para nós:
"O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor." (Provérbios 16:1)
Ainda criança, aprendi que Deus pode responder as nossas orações de três maneiras distintas:

  1. Sim
  2. Não 
  3. Espera

Nos alegramos muito quando temos nossas orações imediatamente respondidas.
"Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra" (João 16:24).
Mas, e quando a gente pede e não recebe? Uma hipótese é que estamos orando mal:
"Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites" (Tiago 4:3)
Outra hipótese é que a de que devemos esperar o tempo certo para a resposta de Deus. Pode ser também que Deus já tenha dado uma resposta afirmativa e designado um anjo para o cumprimento da tarefa e que este esteja enfrentando alguma batalha espiritual nas regiões celestiais como aconteceu por ocasião de uma oração de Daniel:
"Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias" (Daniel 10.12-14).
Nem todas as orações são respondidas imediatamente. Abraão teve de esperar muito tempo mesmo até que a promessa de ser pai se cumprisse em sua vida. José esperou décadas até que seus sonhos dados por Deus se tornassem realidade. Foi um longo período de decepção e sofrimento até ele chegar a ser governador do Egito.
"o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade" (Naum 1.3)
As três maiores virtudes do cristianismo são a fé, a esperança e o amor, lembrando que o amor é a maior de todas (1 Co 13.13). Noto que muitos pastores e crentes falam muito de fé e tão pouco de esperança. E, quando falam de fé, pensam nela como uma varinha de condão para alcançarem todos os seus desejos. Na galeria da fé de Hebreus 11, temos uma longa descrição de homens de Deus que por sua fé suportaram perseguições e sofreram a morte. Vemos aí que fé não existe apenas para alcançar coisas, mas também para suportar coisas.

O próprio amor "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Coríntios 13:7). Este amor cristão exige fé e esperança para tudo sofrer, tudo esperar e tudo suportar com muita confiança na providência divina.

Constatamos, então, que verdadeiros filhos de Deus nem sempre recebem respostas imediatas as suas orações e isto não pode ser interpretado com um desfavor de Deus. Deus, em seu soberano cuidado, pode responder com um sonoro "não" e pode também ser caso de que termos de esperar até o cumprimento da resposta afirmativa. Quer seja a resposta "sim", "não" ou "espera", podemos estar seguros do cuidado e do amor de Deus.

Portanto, não duvide jamais do amor de Deus!
"Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus" (Salmos 43:5).

Jesus, ensina-nos a orar!

No amor do Senhor,

Bispo Ildo Swartele Mello

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Qual o significado das Setenta Semanas de Daniel?





MINHA ENTREVISTA NO PROGRAMA CONSULTA DR. TEMA SANTIDADE NOS DIAS DE HOJE


RIT - CONSULTA DR. TEMAS BÍBLICOS - 16/09/2018

No programa acima, respondo diversas perguntas sobre santidade, questão da educação de filhos, paixões mundanas, questão dos vícios, drogas, sexo, fofoca, orgulho, vaidade, etc. Como a Igreja deve lidar com todas estas questões e tipos de pecados e pecadores. Foi uma avalanche de perguntas! Uma hora e meia de programa. Creio que vale a pena conferir!

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A Última Trombeta

A Última Trombeta de 1 Coríntios 15.52 é também a Sétima Trombeta de Apocalipse 11.15-18. É importante notar que na expressão tripla e recorrente referente a Cristo que encontramos em Apocalipse 1:4, 8; 4:8, a saber: “aquele que era, que é e que há de vir”, aparece aqui faltando, propositalmente, a terceira parte. Isto porque, com o soar da Sétima Trombeta, se dará a Segunda Vinda de Cristo, não sendo mais apropriado dizer: “e que há de vir”, pois, nesta ocasião, já terá Ele regressado ao mundo com poder e glória para julgar os vivos e os mortos! Portanto, a Sétima Trombeta traz consigo o último “ai”, o Juízo Final (Ap 8:13; 9:12; 11:14). Lembrando que o Livro de Apocalipse não é uma narrativa retilínea de começo, meio e fim, mas de visões do mesmo quadro final, cada uma delas agregando detalhes mais específicos, de modo que temos pelo menos 3 visões do Juízo Final (Capítulos 11, 19 e 20).

1Co 15.51–54

51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. 53 Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. 54 E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.

Ap 11.15–18

O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo:
O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.
E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus, dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra.

João 5.28–29

“Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. 29 E tos que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.”

Apocalipse 10.7

“mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos.”

1Tessalonicenses 4.16

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”.

Mateus 24.31

“E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” (Lembrando que isto acontece no mesmo dia do aparecimento do Senhor sobre as nuvens do céus com poder e glória).

domingo, 12 de agosto de 2018

Quem foi o maior pai da história humana?



Quem foi o maior pai de toda a história?

Foi Abraão!

Por que?
Porque Abraão é pai dos árabes, dos midianitas, dos judeus e também de todos os cristãos. Pai da fé!
O nome de Abraão era originalmente Abrão, que significa: “o pai é exaltado”. Seus pais lhe deram este nome em honra ao deus pagão da lua, pois cultuavam a luz com os demais idólatras da cidade de Ur. Deus mudou o nome de Abrão para Abraão (Gn 17:5) como sinal de rompimento com as raízes pagãs. Outro motivo para a mudança do nome tem a ver com o seu novo significado: “pai de multidões”, de acordo com a promessa de Deus de que Abraão teria uma descendência inumerável. 25 anos se passaram até o cumprimento até o nascimento de seu filho Isaque. Durante este longo período de provação de sua fé, cada vez que alguém chamava o seu nome, ele podia se recordar da promessa. (Gn 11:30; 17:1-4, 17).

Além disso, ele foi um pai exemplar pelo amor e consideração a esposa, por sua fé, por sua obediência e por sua amizade com Deus.


  1. Foi um bom marido. Não foi um marido perfeito, mas, devemos lembrar que ele jamais desprezou sua esposa que, a princípio, era estéril, em uma época em que as mulheres estéreis eram desprezadas. Sara só veio a dar a luz milagrosamente com 90 anos de idade. 
  2. Sua fé e confiança na promessa e fidelidade de Deus. Creu contra a esperança. Hebreus 11 e Romanos 4. Sua fé foi provada por 25 anos, desde a promessa ao cumprimento e, posteriormente, quando Deus pede o sacrifício de Isaque. 
  3. A fé de Abraão era uma fé viva que o levou a obedecer ao mandamento extremo de Deus, crendo até mesmo que Deus era poderoso para ressuscitar a Isaque.
  4. Abraão foi chamado de “amigo de Deus”. “Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e Foi chamado amigo de Deus.”  (Tg 2.23–24 cf. 2Cr 20.7). 






quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Cristão banho-maria


“A vida que Ele viveu, qualificou-o para a morte que Ele sofreu. E a morte que Ele sofreu, nos qualifica para a vida que Ele viveu”. (Ian Thomas). Mas, infelizmente, existem muitos cristãos levando sua vida no banho-maria. Não são nem frios e nem quentes (Ap 3.15). Tem aqueles que até chegam a apelar para a graça de Deus para justificarem uma vida de frouxidão espiritual, convertendo em dissolução a graça divina (Jd 4; Rm 6.1; 2Co 6.1). Não priorizam o Reino de Deus e as coisas espirituais, não lêem a Bíblia e nem oram cotidianamente, não jejuam com regularidade, não estão comprometidos com o sustento e missão da igreja, e nem com sua obrigação de evangelizar e fazer discípulos; e nem dispostos a carregar os fardos uns dos outros, suportando as debilidades dos fracos para a edificação do Corpo de Cristo. Além disto, não fazem questão de participar, quando podem, de reuniões de estudo bíblico, oração, discipulado, célula, vigílias, retiros e outras programações da igreja, contentando-se em irem apenas aos cultos dominicais, e, muitos, nem isso fazem com fidelidade. Tem ainda aqueles que nem sequer fazem questão de participar da Ceia do Senhor. Uma boa parte destes, procura uma igreja maior, onde podem passar desapercebidos, evitando assim compromissos e responsabilidades, demonstrando possuírem uma mentalidade de cliente e não de membro do Corpo e de servo de Cristo. E tem ainda aqueles que optam por viverem fora do Corpo de Cristo, como se fosse possível ser cristão sem Igreja. Pelo que parece, esta modernidade líquida está realmente diluindo a fé e o compromisso de muitos para com o Senhor e Sua Igreja. “Desperta, ó tu que dormes!” (Ef 5.14).

A vida cristã não pode ser levada de qualquer jeito (Jr 48.10 e Fp 2.12). Paulo diz que, assim como um atleta treina para ser campeão, devemos nós também nos aplicarmos as atividades que promovem o nosso desenvolvimento espiritual (1Co 9.24-25). Pois, nosso crescimento espiritual não se dá à despeito da nossa vontade e dedicação. “Cresçamos na graça e no conhecimento de nosso Senhor.” (2Pe 3.18) e vivamos de modo digno do Evangelho, lutando juntos pela fé evangélica (Fp 1.27).

Bispo Ildo Mello

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Sobre o seguinte pronunciamento do Daniel Mastral a respeito da homossexualidade

Um membro da igreja perguntou a minha opinião sobre o seguinte pronunciamento do Daniel Mastral a respeito da homossexualidade: https://youtu.be/brGEqrNEgmI



Segue abaixo a minha resposta que espero possa ser de alguma utilidade para outros cristãos:



Concordo com o Mastral sobre nosso dever de tratarmos com amor, compaixão e respeito a todos os homossexuais. No entanto, também devemos entender que a vontade de Deus é a nossa santificação (Hb 12.14). E a Bíblia claramente afirma que a prática homossexual é pecaminosa (Gn 19.4-8; Lv 18.22; Rm 1.21-27; 1Co 6.9-10; 1Tm 1.8-11 e Jd 7). Não apenas através destes textos que falam dela de forma negativa, mas também através dos textos bíblicos que falam da criação do homem e da mulher e da instituição divina do casamento (Gn 1 e 2). Deus criou uma parceira sexual adequada para o homem, a mulher, e não outro homem ou um animal. E como é bela a descrição da criação da mulher: “Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gn 2.21–24). Enquanto o homem foi feito do pó da terra, a mulher foi feita da costela de Adão. De modo que Adão exclamou: “esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne”! Por isso é que se diz que marido e mulher formam “uma só carne”! Isto é mais que uma união, é uma espécie de reunião! Marido e mulher se unem sexualmente, consumando, assim, o seu amor, podendo também gerarem filhos, tudo isto segundo o maravilhoso plano de Deus! O Senhor Jesus Cristo reafirmou que Deus criou macho e fêmea e sacramentou o casamento heterossexual quando disse: “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mt 19.4–6). Sendo assim, nenhum papa, bispo, padre, rabino, pastor ou profeta tem autoridade para relativizar isto, para ensinar o contrário, nem mesmo sob o pretexto do amor e da tolerância.

É correto dizer que Deus é amor, mas o Mastral acabou indo longe de mais ao afirmar que: “Deus não é um deus que pune”. Creio que tal frase foi uma infelicidade da parte dele, pois, neste mesmo vídeo, ele chega a reconhecer que Deus não é só amor, mas também justiça, e que haverá Juízo Final onde muitos serão condenados.

Quanto ao comentário dele sobre Raabe, é bom deixar claro que ela está entre os heróis da fé porque agiu com fé e deixou de ser prostituta e não na condição de prostituta como ele pareceu sugerir. Sobre a necessidade de arrependimento e mudança de atitude, lembremos que Jesus, embora tenha sido misericordioso com a mulher pega em adultério, disse a ela: “vá e não peques mais” (Jo 8.11). A respeito de sua missão, Jesus declarou: “Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.” (Lc 5.32).

Concordo quando ele ataca a hipocrisia daqueles que condenam a homossexualidade enquanto praticam toda sorte de pecados. Mas, o conselho de Jesus não é para que cada um fique na sua, mas para que cada um remova a trave do seu próprio olho para poder enxergar bem a fim de ajudar o próximo a remover o argueiro que estiver em seu olho. “Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.” (Lc 6.42). Devemos abandonar o pecado e não nos conformarmos com ele (Mc 9.43).

Repare que ele utiliza versos bíblicos sobre o perigo de julgarmos uns aos outros, para dizer que não se deve julgar os gays, mas, contraditoriamente, ele passa a julgar e a condenar ao inferno uma série de pecadores, tais como os hipócritas, os ladrões, os mentirosos, os hereges e adúlteros.

Ele conclui dizendo que não vê pecado na união de casais gays, desde que ambos tenham nascido na condição de gays, sejam monogâmicos e fiéis um ao outro. Ele termina condenando ao inferno outras espécies de pecadores e isentando os homossexuais que nasceram assim baseado na suposição de que houve mutações genéticas a partir da década de 50 por conta da alimentação, etc. e argumentando também a lista dos pecadores que irão para o inferno que encontramos em Apocalipse 22.15, não inclui os homossexuais, sendo, portanto, diferente da de Paulo em 1 Coríntios 6.9-11, que diz: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” Ele diz que devemos desconsiderar a lista de Paulo, aceitando apenas a de Apocalipse, porque Deus, na sua onisciência, excluiu os sodomitas da lista sabedor que na década de 1950 haveria o surgimento de uma substância química que promoveria o nascimento de pessoas naturalmente homossexuais. Então, segundo ele, a lista de Paulo esteve em vigor até 1950, sendo que, a partir daí, entrou em vigor apenas aquele que encontramos no Apocalipse. Por razões evidentes, tal argumento não é plausível. A diferença entre as duas listas não diz respeito somente aos homossexuais. A segunda lista deixa de fora também os injustos, os adúlteros, os ladrões, os avarentos e os maldizentes. Nem uma das duas listas pretende ser exaustiva e completa.

Tais pesquisas científicas sobre a existência ou não de um gene gay ainda são motivo de muita controvérsia. Não sendo, portanto, possível fazermos afirmações categóricas a este respeito, nem muito menos, teologia a partir daí. Além do mais, suponhamos que uma pesquisa científica venha, um dia, a concluir que mutações genéticas começaram a fazer com que pessoas nasçam com um gene pedófilo, neste caso, teríamos também que aceitar que elas se comportem de acordo com a sua natureza? 



Compartilho da compaixão dele por aquele garoto de 10 anos de idade que desde os cinco se sente uma menina presa em um corpo de menino. Embora, acredite que isto tem a ver com algo relacionado a sua educação familiar. Os primeiros cinco anos de vida são fundamentais para a definição da identidade sexual de todo e qualquer indivíduo. Sejamos sensíveis ao drama e as dificuldades de crianças, jovens e adultos que vivem estes conflitos tão tremendos. Que o nosso olhar e atitude sejam de muita compaixão, amor e respeito para com eles. E que nossas atitudes contribuam para que eles se aproximem de Deus e da Igreja e não o contrário como, infelizmente, vem acontecendo com frequência. Que eles possam sentir o amor de Deus a partir de nossas palavras e ações. Deus os ama e os convida a experimentarem uma nova vida em Cristo. Todos nós, heteros e homossexuais, pertencemos a uma humanidade caída em pecado (Rm 3.23). Mas a graça de Deus se manifestou salvadora a todas as pessoas do mundo (Tt 2.11; Jo 3.16), promovendo perdão (Jo 1.29; 1Jo 1.9) e restauração da imagem de Deus que ficou tão maculada pelo pecado (Cl 3.10 veja também Gn 1.27).

Todos nós, seres humanos, estamos rodeados de fraquezas e carecemos muito da misericórdia de Deus. Que bom saber que podemos contar com a compaixão e ajuda de Cristo em toda e qualquer situação: “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4.14–16).



Em amor,
Bispo José Ildo Swartele de Mello

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Era uma vez uma luzinha...

Era uma vez uma luzinha que recebeu a incumbência divina de ir por todo o mundo em busca da escuridão. No final de sua missão, ela retornou a Deus dizendo: "Andei por toda a parte e não encontrei a escuridão".
Filipenses 2.15
"para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo"

terça-feira, 17 de julho de 2018

Atos 13.48 está ensinando a doutrina da predestinação incondicional?

Os calvinistas, interpretam Atos 13.48, como se estisse ali uma declaração de que só creram os que estavam predestinados a salvação.  Mas isto não é correto pelas seguintes razões:

Primeiramente, é de fundamental importância observar que os versículos anteriores  falam dos  judeus  rejeitando voluntariamente a pregação do Evangelho. Sendo assim, agora, neste versículo, Lucas  está afirmando que, apesar da oposição e rejeição dos judeus, os propósitos pretendidos por Deus estão sendo cumpridos. Ele está dizendo que, de acordo com o plano de Deus, o evangelho alcançou os gentios nesta região.   

Além disso, é bom também frisar que o termo grego tasso é de origem militar, sendo comumente utilizado no sentido de dispor soldados em ordem de acordo com a vontade de um oficial. E, quando combinado com δια, é assim traduzido em 1Coríntios 11.34 da seguinte maneira: “Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for.” Portanto, em Atos 13.48, Deus colocou em ordem os gentios a frente dos judeus que até então tinham a prioridade. "Ele veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam, mas a tantos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, os que creem no seu nome." (Jo 1.11-12). Os gentios, que não eram povo, agora foram colocados na ordem do dia da salvação, passando a fazer parte do povo de Deus. Os ramos originais foram cortados e os da oliveira brava foram enxertados na Oliveira Verdadeira! (Rm 11).


Difícil também seria concluir que Lucas estivesse aqui afirmando que  todas as pessoas daquela comunidade que estavam predestinadas a salvação creram naquele mesmo dia e que os que não creram estavam predestinados a perdição, de modo que nenhuma pregação mais seria necessária a eles. Com que autoridade Lucas poderia afirmar tal coisa? Teria ele recebido uma revelação super-especial a este respeito?

Como respondi às seguintes objeções calvinistas:

1) Se a extensão da expiação é universal, logo o sangue de Cristo é derramado em vão por aqueles que não são salvos.


O sangue de Jesus foi derramado em favor da humanidade oferecendo salvação a todos por meio da fé. Seu sacrifício não foi em vão, não apenas por conta dos que se convertem, mas também dos demais, visto que através de tal sacrifício, Deus demonstrou seu amor por eles também. Isto contribui para o incremento da honra e da glória do seu bendito nome. Tributamos louvores ao seu amor e a sua graça que se manifestou salvadora a todos os seres humanos (Tt 2.11). Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2.11 e At 10.34). Deus amou o mundo! (Jo 3.16).



2) Se Cristo morreu por alguém e essa pessoa não for salva, logo, seu pecado será pago duas vezes, uma na cruz e outra no inferno.


Tal objeção faria sentido se nossa dívida fosse do tipo pecuniária, mas, não é este o caso. Trata-se de uma dívida judicial, cujo pagamento não resolve a questão automaticamente, pois depende da aceitação dos termos e condições. A não aceitação dos termos, faz com que o devedor permaneça na obrigação de pagar a sua dívida. A Parábola do Credor Incompassível demonstra o risco do perdão concedido por Deus poder vir a ser retirado em caso de subsequente falta de misericórdia por parte do que que recebeu o perdão (Mt 18.22–35).



3) No Arminianismo, a graça simplesmente possibilita o homem a se salvar. Aliás, Cristo veio para salvar ou para tornar a salvação possível?


Tal objeção seria válida se o propósito de Cristo fosse salvar a humanidade de modo incondicional, mas a Bíblia ensina que Deus deu seu Filho ao mundo para a salvação mediante a fé (Jo 1.12 e 3.16). “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, o e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.” (Jo 3.17–19). Que Jesus se manifestou como salvador não de modo incondicional, mas condicional também se vê na questão de Israel. Jesus veio como Salvador para os que eram seus, mas os seus não o receberam (Jo 1.11). Ele quis salvá-los como a galinha ampara seus pintinhos debaixo de suas asas, mas, infelizmente, eles não quiseram (Mt 23.37). O sacrifício do cordeiro pascal propicia salvação a todos desde que seu sangue seja devidamente aplicado aos umbrais das portas. Cristo é o Cordeiro de Deus cujo sacrifício é suficiente para tirar o pecado de toda a raça humana, mas eficiente apenas para aqueles que dele se apropriam pela fé.

Ildo Mello

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Um contraste entre as distintas espécies de fé que não salvam e a fé salvadora

É comum ouvirmos frases do tipo: “O importante é ter fé”, como se a fé tivesse valor por si só, não importando a qualidade e o objeto da fé, algo que vai na toada daquela famosa canção de Gilberto Gil que diz: “andar com fé eu vou, pois a fé não costuma falhar”. Paralelo a isto, temos também as seguintes ideias: “O importante é ter uma religião” e “todo caminho leva a Deus, o importante é ser sincero”. Mas, como diz certa canção, “se pegar a estrada do Rio pra Salvador, Porto Alegre não verás, mesmo que sincero for.” Que tal examinarmos melhor esta questão à luz do ensino do Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos?

Quando Jesus exalta a virtude da fé, Ele o faz no contexto bíblico, cujo objeto desta fé é o único e soberano Deus e em seu Filho Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (Mt 21.21; Lc 17.6; Jo 14.1-6). E sempre que Jesus disse a alguém; “a tua fé te salvou”, estava implícito que se tratava de uma fé na pessoa de Cristo (Mt 9.22; Mc 5.34; 10.52; Lc 7.50; 8.48; 17.19; 18.42).

Exemplos de fé que não salvam:


  1. fé em falsos deuses ou naquilo que não pode salvar. “Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, b segundo éreis guiados.” (1Co 12.2). “… deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1Ts1.9); “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” (1Jo 5.21).
  2. fé em falsos ensinos “… darem crédito à mentira”(2Ts 2.11); “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. (Ef 4.14); “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.” (2Pe 2.1).
  3. fé superficial e temporária, que não resiste as provações - semente que caiu em solo rochoso (Mt 13.20–21). No momento mais difícil de sua provação, Jó exclamou: “eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. (Jó 19.25); e, semelhantemente, Habacuque, declarou: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.” (Hc 3.17–18).
  4. fé sentimental ou circunstancial, naquilo que se pode ver ou sentir. “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” (Hb 11.1); “Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Rm 8.24–25); “não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.”(2Co 4.18); “todavia, o meu justo viverá pela fé”(Hb 10.38).
  5. fé hipócrita - “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, q hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7.16–23).
  6. fé intelectual, sem coração, sem amor, sem obediência, sem obras. Este tipo de fé até os demônios possuem (Tg 2:19). “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?… a fé, se não tiver obras, por si só está morta.” (Tg 2.14 e 17). A salvação não se dá através das obras, mas, unicamente pela fé no Salvador Jesus Cristo. Mas a fé em Cristo não pode ser inoperante, pois precisa ser uma fé viva que “atua pelo amor” (Gl 5.6) e que nos conduz as boas obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas (Ef 2.8-10). A fé salvadora produz os devidos frutos do Espírito. Tiago disse que a fé sem obras é morta. João falou que aquele que diz ter fé em Deus, mas não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor. E Paulo falou que fé sem amor é sem valor e disse que o que importa é a fé que opera pelo amor (Gl 5.6), pois fomos salvos pela fé para as boas obras (Ef 2.10). E Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; s e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (Jo 14.21).


Como crer, receber e aceitar a Cristo?

É comum ouvirmos apelos para as pessoas receberem e aceitarem a Cristo, baseados em João 1.12 que diz: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome”. Mas acontece que existem muitas pessoas que não recebem a Cristo e nem creem nele de maneira apropriada. Encontramos alguns exemplos disto no Novo Testamento:

Formas erradas de crer e receber a Cristo


  1. Por ocasião do seu primeiro milagre, muitos creram em seu nome, mas Jesus parece não ter ficado satisfeito com a espécie de fé deles, pois é dito: “mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. (Jo 2.24).
  2. Nicodemos e muitas autoridades que creram, mas tinham vergonha de confessar sua fé em Cristo publicamente para não perderem seu status social e religioso (Jo 3.1-2 e Jo 12.42; Mt 10.33).
  3. Quando da primeira multiplicação de pães e peixes, a multidão quis receber a Jesus como rei, mas Jesus se retirou entristecido por perceber que eles só o procuravam por causa do pão que perece (Jo 6.15).
  4. Os próprios irmãos de Jesus, a princípio, apenas o reconheceram e o receberam como um operador de milagres, mas não o reconheciam como Messias e Salvador (Jo 7.5).
  5. Simão, o mágico, mostrou-se ávido a receber o dom do Espírito Santo, oferecendo até dinheiro para também receber poder de transmiti-lo, mas, Pedro, percebendo suas reais motivações, lhe respondeu: “teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus.” (At 8.20).
  6. O fariseu recebeu a Jesus em sua casa, mas o fez de maneira qualquer, sem a devida honra. (Lc 7.36-46).
  7. Nove leprosos que foram curados por Jesus e nem sequer se deram ao trabalho de regressar para agradecê-lo (Lc 17.11-19).
  8. Não devemos receber a Cristo como um bilhete para escaparmos do inferno e irmos para o céu. Jesus é melhor do que o céu. Na verdade, é Ele quem faz o céu ser céu! Não haverá sol e nem candeia na Nova Jerusalém, pois Jesus será a luz desta cidade celestial! (Ap 21.23). O fato mais admirável da vida porvir é que seremos capazes de vê-lo como ele realmente é! (1Jo 3.2). Precisaremos realmente de toda a eternidade para poder apreciar e conhecer a grandeza e a glória de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo!
  9. Não devemos receber a Cristo como um certificado de salvação, mas como o caminho da salvação. A salvação não é algo estático, mas dinâmico. Devemos seguir seus passos. Ele é o caminho e a vida! Salvação é relacionamento de profunda e verdadeira amizade, é caminhar com Cristo e aprender a viver com ele. Não há salvação fora de Cristo. Ele é a vida eterna!


Formas apropriadas de crer e receber a Cristo


  1. Como a pessoa que, “tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra. (Mt 13.46).
  2. Com a alegria e o desprendimento da pessoa que encontrou o tesouro mais precioso do mundo: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo” (Mt 13.44).
  3. Com a fé que nos leva a buscar o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33) e a priorizar o chamado em detrimento dos nossos projetos pessoais: “Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mc 8.34).
  4. Como os discípulos que abandonaram as redes (Mc 1.16-20), a coletoria de impostos (Mc12.14) e que tudo foram capazes de deixar para trás a fim de seguir a Cristo (Mc 10.28-30).
  5. Paulo que considerou tudo como refugo para ganhar a Cristo (Fp 3.8).
  6. Como a pessoa mais amada e querida do mundo: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).
  7. Como Zaqueu que recebeu a Jesus com alegria, obedeceu o seu comando e espontaneamente decidiu doar metade de seus bens aos pobres e ressarcir quadruplamente a todos a quem havia causado prejuízos (Lc 19.1-8).
  8. Como a Mulher Samaritana que, maravilhada, confessou sua fé em Cristo, e trouxe uma multidão de vizinhos para conhecê-lo (Jo 4). Pois, “se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Rm 10.9–10).
  9. Como a mulher pecadora que, ao contrário do fariseu que fez pouco caso de Cristo, honrou a Jesus, chorando aos seus pés, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento. (Lc 7.38).
  10. Como aquela mulher que veio “trazendo um vaso de alabastro e com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.” (Mc 14.3).
  11. Com gratidão e devoção daquele único leproso dos dez que foram curados e que regressou para agradecer e adorar a Jesus: “Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano.” (Lc 17.15–16). Este ouvirá de Cristo: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.” (Lc 17.19).
  12. Devemos receber e confiar no Salvador, assim como aqueles meninos que estavam presos e sem saída naquela profunda caverna da Tailândia confiaram nos mergulhadores que foram salvá-los. Eles precisaram reconhecer que estavam perdidos e que não havia qualquer outro meio de salvação. Precisaram confiar na competência dos mergulhadores. Mas, não bastava apenas acreditarem, precisavam dar um passo de fé, precisavam se entregar totalmente nas mãos de seus salvadores para serem salvos. Assim também devemos confiar totalmente nossa vida nas mãos do Salvador.


Conclusão

A fé, pura e simplesmente, não salva. Para obtermos salvação precisamos depositar fé e confiança no único meio de salvação, pois “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12). Esta fé não pode ser superficial, nem circunstancial, nem inoperante e infrutífera. Precisa ser uma fé viva que nos reconcilia com Deus, que nos faz beber do seu amor, da sua graça e da sua misericórdia. Isto é suficiente para impactar todo o curso de nossa vida. Tal fé produzirá muitos frutos, muitas boas obras para a glória de Deus. (Mt 5.16).

Cristãos que não produzem os frutos do Espírito e que não praticam boas obras não tem base bíblica para estarem seguros de sua salvação. Algo deve estar errado com sua fé e com seu relacionamento com Cristo, pois Ele mesmo disse: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5). Quem recebeu também perdão, precisa tornar-se perdoador sob o risco de ter o perdão cancelado (Mt 18.23-35; Mt 6.14-15). Quem foi tão amado, deve também amar (1Jo 4.11). “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.” (1Jo 4.8). “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Rm 13.10).

Quando recebemos a Cristo como a pérola de inestimável valor, tudo mais passa a ter valor secundário. Os atos sacrificiais se tornam naturais e espontâneos. Jesus se torna nosso maior amor, nossa maior alegria e satisfação. Seu mandamentos se tornam fáceis (1Jo 5.3) e seu jugo passa a ser suave e o seu farde, leve (Mt 11.30). Quando estamos apaixonados, não medimos esforços para agradar a pessoa amada e para estar ao seu lado. Caso contrário, tudo se torna difícil e tedioso.

Bispo José Ildo Swartele de Mello

A fé que salva

terça-feira, 12 de junho de 2018

O literalismo dispensacionalista e suas inconsistências

O literalismo dispensacionalista e suas inconsistências


Por Bispo José Ildo Swartele de Mello

O literalismo produz muitos equívocos de interpretação, por exemplo, Nicodemos, por conta do literalismo, não entendeu a linguagem figurada de Jesus, concluindo equivocadamente que nascer de novo era o mesmo que voltar ao ventre de sua mãe (Jo 3:4). E a mulher samaritana errou em interpretar literalmente a seguinte frase de Jesus “aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede”. Tanto que ela chegou a pedir para beber desta água para não precisar voltar a buscar água naquele poço (João 4:10-15). E os líderes judeus não entenderam a linguagem figurada de Jesus que falou do seu corpo como sendo templo e quiseram matar a Jesus por conta de sua errônea interpretação literal (Jo 2:21 e Mt 26:61).

O literalismo levou os dispensacionalistas a fazerem uma separação tão radical entre Israel e Igreja, chegando ao ponto de negarem que o Sermão do Monte seja uma mensagem de Cristo para os cristãos, alegando tratar-se de uma mensagem apenas voltada aos judeus. (Vide notas da Bíblia dispensacionalista de Estudo Scofield). No entanto, o Novo Testamento aplica a Igreja aquilo que o Antigo Testamento exclusivamente diz a respeito de Israel: “vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus… vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus…” (1Pe2.9-10; Tt 2:14; Ap 1.6; 5.10; cp. Êx 19:5-6; Dt 14:2; Is 43:20).

Os dispensacionalistas seguem a mesma hermenêutica literalista que levou os fariseus a rejeitarem a Cristo, pois esperavam um rei político que os liderasse numa guerra contra o Império Romano, restaurando seu reino terreno, e não um rei pacífico e espiritual, cujo reino não é deste mundo.

Agora, ao contrário do que alegam, os dispensacionalistas não são nada consistentes em sua proposta de interpretação literal das Escrituras Sagradas. Por exemplo:


1. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente as afirmações de Jesus sobre Satanás já ter sido amarrado (Mt 12.29), já ter caído do céu como um relâmpago (Lc 10.17) e que já havia chegado a hora dele ser expulso (Jo 12.31).
2. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente a estupenda declaração de Jesus: “certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mt 12.28); simplesmente porque isto contradiz sua crença de que o reino foi adiado por conta da rejeição de Israel.
3. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente a seguintes declarações de Jesus sobre seu reino não ser deste mundo e nem se manifestar com visível aparência: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36); “Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.” (Lc 17.20–21), os dispensacionalista preferem contrariar o claro ensino de Cristo, do que abandonarem sua ideia de ver estabelecido um reino milenar aqui na terra em termos físicos e literais.
4. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente as parábolas que ensinam que o Reino de Deus se manifesta no mundo de maneira discreta como um grão de mostarda e que vai crescendo de modo paulatino e que se defronta sempre com o inimigo que se apresenta em forma de pássaro ou daquele que planta o joio no meio do trigo (Mt 13).
5. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente as seguintes declarações de Jesus: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mt 16.18); e “é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações” (Mc 13.10), pois eles ensinam que o arrebatamento sempre foi iminente, podendo ter acontecido e acontecer a qualquer momento, mesmo antes do sucesso da Igreja em fazer discípulos de todas as nações, mesmo antes do cumprimento da profecia de que o Evangelho precisa necessariamente ser pregado para testemunho a todas as nações antes do fim.
6. Os dispensacionalista não interpretam literalmente a profecia das Setenta Semanas de Daniel, pois dizem que ela não se cumpriu em 490 anos na vinda de Cristo, sua morte e, no consequente destruição de Jerusalém e do templo, ensinando, ao contrário, que há um intervalo de dois mil anos ou mais no seu cumprimento profético quando não existe nada naquela profecia que sequer sugira algo assim.
7. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente a profecia de Daniel 2, pois negam que Cristo tenha inaugurado seu Reino nos dias do Império Romano conforme esclarece Daniel: “nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação.” (Dn 2.44–45).
8. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente o ensino de Jesus quanto a necessidade de vigiar para não ser pego de surpresa pela Vinda do Senhor que porá fim a oportunidade de salvação (Mt 24.14 e 37; 25.1-13; Mc 13.33), pois, contrariamente, ensinam que será possível haver salvação depois do arrebatamento.
9. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente 2 Tessalonicenses 2, que ensina que “a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e a nossa reunião com ele”(2Ts 2.1), que sabemos se dará com o arrebatamento, “não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.” (2Ts 2.3b,4). Isto porque a interpretação literal deste texto levaria necessariamente a negação do ensino pré-tribulacionista que ensina que a manifestação do Iníquo somente acontecerá após o arrebatamento da Igreja.
10. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente as diversas passagens bíblicas que ensinam que a Igreja passa pela Grande Tribulação (Ap 1.9; 2.3-13; 6.9s; 7.9-17; 11.1-10; 12.11, 17; 13.7,8; 14.1-5,13).
11. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente os textos que claramente ensinam que o juízo final dos incrédulos irá ocorrer com a Segunda-vinda (Dn 12.2; Mt 25.31-34).
12. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente as palavras de Tiago no encerramento do concílio de Jerusalém, onde ele vê a conversão dos gentios para fazerem parte da Igreja como o cumprimento da profecia a respeito da reedificação do tabernáculo caído de Davi. (At 15.14–19).
13. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente a afirmação de Paulo que diz que a morte, o último inimigo, será destruída e tragada pela vitória na Segunda-vinda de Cristo (1Co 15.54), pois eles ensinam que, mesmo depois da Segunda Vinda de Cristo, haverá morte e rebelião na terra no milênio.
14. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente quando Jesus diz que os redimidos ressuscitarão no "último dia” (Jo 6.40), eles afirmam que Jesus quis dizer mil e sete anos antes do último dia. Porque o dispensacionalismo ensina que a ressurreição dos que morreram em Cristo acontecerá antes do Início da Grande Tribulação que, segundo eles, durará 7 anos. Ainda segundo este ponto de vista, haveria um segundo momento de ressurreição de pessoas que se converteram e morreram durante o período da Grande Tribulação, ressurreição esta que se daria por ocasião da Segunda-Vinda de Cristo. Mas este ainda não seria o último dia, visto que eles ensinam que depois disto ainda haveria um período de mil anos de história sobre a face da terra. Por isto é que os dispensacionalistas precisam interpretar último dia de maneira bem figurada. Para eles existem múltiplos "ultimo dia".
15. Os dispensacionalistas também não interpretam literalmente o texto em que Jesus diz que chegará "a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (João 5:28,29), eles negam o sentido normal do texto, alegando que ao dizer "a hora”, Jesus teria intencionado dizer pelo menos tres horas ou momentos distintas separadas por sete anos e mais outros mil anos. Além de tamanho disparate, eles ensinam também que, quando Jesus diz que naquela hora todos ressuscitarão, que não é bem assim, dizem que não devemos interpretar “todos” de maneira literal, pois, para eles, “todos" não significam todos, mas uns agora e outros depois e outros mais tarde ainda.
16. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente o texto em que Jesus diz que o sumo-sacerdote e seus comparsas ali presentes o veriam vindo sobre as nuvens do céu (Mt 26:63-64), pois segundo a sua cronologia escatológica, os perdidos não ressuscitarão na Segunda-Vinda, mas apenas mil anos mais tarde. O resultado disto é que eles são forçados a apelar para a alegorização, dizendo que o sumo-sacerdote não ressuscitará para contemplar a vinda do Senhor, pois que ele ali representa a comunidade judaica. Jesus apenas estaria querendo dizer que haverá judeus vivos por ocasião da Segunda-vinda.
17. Os dispensacionalistas também não interpretam literalmente Apocalipse 1.7 que ensina que "todos, até os que o traspassaram", verão Jesus regressando sobre as nuvens dos céus, pois ensinam eles que o termo "todos" não deve ser interpretado literalmente como "todos" e que de maneira alguma os que o traspassaram na cruz ressuscitarão para ver a Segunda-vinda de Cristo, pois ensinam que apenas os salvos ressuscitarão na Segunda Vinda de Cristo. Eles também recusam-se em concordar com a afirmação de Jesus de que a ressurreição dos salvos ninivitas se dará no dia do juízo final juntamente com a geração de judeus que rejeitou o testemunho de Cristo (Mt 12.41), simplesmente porque isto contraria seus pressupostos pré-milenistas.
18. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente textos como João 10.16, 1 Coríntios 10.17; 12.13; Efésios 2.13-22 e Romanos 11 que ensinam que Deus só tem um povo, um só rebanho, pois há apenas uma só Oliveira da qual fazem parte pela fé judeus e gentios, pois Jesus derrubou a parede de separação que estava no meio, para que dos dois criasse, em si mesmo um novo homem, seu Corpo, a Igreja, edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo, a pedra angular. No entanto, os dispensacionalistas dizem que Deus tem dois povos, e que tem dois planos de salvação e dois destinos futuros, um terreno para Israel e outro celestial para a Igreja. Paulo usa 14 capítulos em Romanos para provar que nunca existiu um plano de salvação para judeus e outro para os gentios, mas, ao contrário, sempre houve um único plano eterno incluindo judeus e gentios (Gn 17.5; Rm 4.11, 12, 16, 17, 23, 24).
19. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente Romanos 2.28-29: “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, q no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.” Pois uma interpretação literal deste texto implicaria necessariamente em espiritualizar o termo judeu, algo inadmissível para eles que vivem ensinando que judeu é judeu e cristão é cristão. Eles fazem uma separação radical entre Israel e Igreja.
20. Os dispensacionalistas também não interpretam literalmente Hebreus 12.22: “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia”, pois isto seria espiritualizar Monte Sião e Jerusalém como algo pertencente a Igreja na Nova Aliança.
21. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente o ensino de Paulo de que a promessa da terra feita a Abraão não diz respeito somente a Israel, mas também a Igreja. “Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa, porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão. Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós, como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.)” (Rm 4.13–17).
22. Os dispensacionalistas não interpretam literalmente o trecho de Hebreus 11 que diz que os patriarcas viram o cumprimento da promessa da terra em termos mais espirituais que terrestres, tanto que, Abraão, “pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade j que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador… Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. o Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.” (Hb 11.9–16). Portanto, uma pátria celestial é a esperança dos judeus crentes do Antigo Testamento, idêntica a dos cristãos do Novo Testamento! Jesus subiu foi nos preparar um lar celestial na casa do Pai! “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. (Jo 14.2–3). “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, a buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1–2). Infelizmente, os dispensacionalistas seguem pensando na restauração de um reino terreno de Israel, enquanto que próprios patriarcas morreram na esperança de uma pátria celestial. Como Abraão, Isaque e Jacó, nós cristãos, também declaramos que “a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).

sábado, 12 de maio de 2018

Perdoar é lixar bem para remover toda a ferrugem que corrói os relacionamentos.




Quando eu era criança, costumava auxiliar meu pai na pintura do portão de ferro de nossa casa. Ele me ensinou que não se pode simplesmente pintar por cima da ferrugem. O primeiro passo é utilizar espátula, escova de aço e lixa de ferro para remover cuidadosamente toda a ferrugem. Aprendi também que depois do trabalho de remoção da ferrugem, é necessário passar o zarcão como medida protetiva. Então, depois destes dois passos, podemos finalmente pintar o portão. Se formos relaxados nas duas primeiras etapas, a pintura pode até ficar bonita, mas a ferrugem logo virá à tona.

O pecado é como a ferrugem que provoca terríveis corrosões nos relacionamentos humanos. Sem perdão não há verdadeira reconciliação. A ferida precisa ser devidamente espremida para expelir todo o pus a fim de que haja a cura. Perdoar é lixar bem para remover toda a impureza que corrói os relacionamentos.

Bispo Ildo Mello

domingo, 6 de maio de 2018

A oração pode mudar o destino?



<p style=" margin: 12px auto 6px auto; font-family: Helvetica,Arial,Sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; font-size: 14px; line-height: normal; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; -x-system-font: none; display: block;"> <a title="View Ezequias e as suas orações que mudaram o curso da história on Scribd" href="https://www.scribd.com/document/378364627/Ezequias-e-as-suas-orac-o-es-que-mudaram-o-curso-da-histo-ria#from_embed" style="text-decoration: underline;" >Ezequias e as suas orações que mudaram o curso da história</a> by <a title="View José Ildo Swartele de Mello's profile on Scribd" href="https://www.scribd.com/user/6289839/Jose-Ildo-Swartele-de-Mello#from_embed" style="text-decoration: underline;" >José Ildo Swartele de Mello</a> on Scribd</p><iframe class="scribd_iframe_embed" title="Ezequias e as suas orações que mudaram o curso da história" src="https://www.scribd.com/embeds/378364627/content?start_page=1&view_mode=scroll&access_key=key-wLBtUBVw2HS5Nady10Oe&show_recommendations=true" data-auto-height="false" data-aspect-ratio="1.3323485967503692" scrolling="no" id="doc_71103" width="100%" height="600" frameborder="0"></iframe>


sexta-feira, 27 de abril de 2018

O Cristão e o Sábado


Sobre o Mandamento do Sábado

Quanto a questão do Sábado, sabemos que ele é o quarto mandamento (Ex 20.8). O problema foi que os judeus, pelo menos no passado, deturparam o propósito do Sábado e de outros mandamentos transformando-os em uma lista de regras para oprimir, controlar, julgar e condenar os homens. Até Jesus foi acusado pelos religiosos de seu tempo de violar a lei do Sábado (Mt 12.1-8). Embora Jesus tenha cumprido toda a Lei de Deus, ele não a cumpriu segundo o entendimento legalista da tradição judaica, mas, sim, segundo o espírito da própria lei divina. No Sermão da Montanha, Jesus reinterpreta a lei mosaica de modo a deixar os fariseus numa situação embaraçosa, pois, segundo Jesus, os bem-aventurados são os pobres de espírito e não os orgulhosos observadores da lei; são os limpos de coração e não os crentes de fachada; são os que oram e dão esmolas discretamente e não os exibicionistas, e por aí vai! Jesus disse que Ele é o Senhor do Sábado e afirmou que era lícito colher espigas, curar e trabalhar para fazer o bem no dia de Sábado (Mt 12-1-8)!

 

O Apóstolo Paulo também foi enfático ao dizer que não estamos obrigados obedecer aos mandamentos relacionados a comida, guarda do sábado e dia de festas como se pode ler em Colossenses 2.12-23: "Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.  Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.  Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem.  Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade".

 

O legalismo se instala no  meio cristão sob o pretexto de santidade e piedade (Cl 2.23). Rudimentos humanos, usos e costumes, tradições denominacionais têm sido pregadas de tal forma que os que não se enquadram e não assumem tais contornos são taxados de “mundanos”, “carnais” e “não crentes”. A mensagem destes é cheia de regras e proibições, está carregada da palavra “não”. João Huss e Lutero promoveram a grande Reforma, buscando restaurar a mensagem pura do Evangelho. O legalismo farisaico e hipócrita foi duramente combatido por Jesus (Mt 23), pois tal mensagem constrói apenas sepulcros caiados, conduzindo os ouvintes à uma religiosidade aparente. Leva-os à hipocrisia, pois que constantemente “coam um mosquito e engolem  um camelo”(Mt 23.24). Conduz à fofoca, à maledicência, onde os irmãos passam à julgarem-se mutuamente. Está muito mais preocupada com a forma do que com o conteúdo.  O legalismo é a religião do “eu”, é o “culto de si mesmo” (Cl  2.23); sendo completamente oposta a graça, que gera o amor. Tais ensinos afugentam muitas pessoas, principalmente os jovens. O legalismo serve de um forte impedimento, pois que também acaba produzindo “alienígenas”, pessoas completamente desvinculadas da realidade, do mundo presente, verdadeiros “E.T.s”. Como ensinou Jesus: “Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.” (Mt. 23.4). E ainda: “ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais o reino dos céus para os homens; vós não entrais e nem deixais entrar os que estão entrando.” (Mt. 23.13). Tais preceitos e doutrinas “têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e falsa humildade, e rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Cl 2.23). Portanto, não devemos nos sujeitar a tais ordenanças (Cl 2.20) e nem ficarmos intimidados por aqueles que nos julgam (Cl 2.16), nem mesmo devemos permitir que alguém se faça árbitro contra nós (2.18). Pois Cristo, “tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” (2.14). Devemos tomar muito “cuidado que ninguém nos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl 2.8).

 

Tudo que temos dito acima se aplica também perfeitamente aos Adventistas do Sétimo Dia, principalmente no que diz respeito a guarda do sábado e a proibição de comer carne de porco.

Sobre a questão do sábado, lemos no Antigo Testamento, Oséias 2.11: “Farei cessar… os seus sábados…”, tal profecia cumpriu-se em Cristo, como visto claramente em Colossenses 2.14-17.

 

Em Romanos 10.4, Paulo afirma: “o fim da lei é Cristo”.  Cristo é o fim da lei no sentido que, com Ele, a velha ordem, da qual a lei fazia parte, foi eliminada, para ser substituída pela nova ordem do Espírito, onde a vida e a justiça são acessíveis mediante a fé em Cristo; portanto, ninguém precisa tentar obter essas bênçãos por meio da lei (Rm 3.19-20,27-28; 4.14-16; 6.4; 8.2-4; Fp 3.9; Cl 2.14). 

 

Mas não estamos sem lei, pois estamos, agora, debaixo da lei do Espírito da vida em Cristo (Rm 8.2; 13.8-10; 2 Co 3.17; 1 Jo 3.22-24; Gl 5.6, 13-18; 6.2). Somos exortados a fazer discípulos ensinando-os a observarem tudo o que Cristo ordenou (Mt 28.20). O Sábado, por exemplo, consta da lei de Moisés, mas não é uma ordenança de Cristo para a Igreja (At 15.28-29; Cl 2.13-14). Em Atos 15, lemos o relato do Concílio de Jerusalém que tratou do tema: “Os cristãos gentios estão obrigados a guardarem a lei judaica?”. A resposta deste concílio está nos versículos 28 e 29, e, lá, nada lemos sobre a necessidade do cristão de guardar o sábado. Nenhuma passagem do Novo Testamento ordena a observância do quarto mandamento, mas, pelo contrário, somos exortados a não nos submetermos a isto (Cl 2.14-17; Gl 4.9-11).

Então, observa-se que Jesus nunca mandou guardar o sábado, e, pelo que consta nos Evangelhos, ele foi perseguido pelos judeus por causa do apego legalistas deles ao sábado (Mt 12.1-5; Jo 5.16-18; 9.16). Em Romanos 7.1-6, Paulo também ensina que os cristãos não estão debaixo da obrigação de cumprir a lei mosaica, neste caso, ele usa a analogia do casamento: “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive: mas se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei, e não será adultera se contrair novas núpcias. Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, e deste modo frutifiquemos para Deus... Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.” E “visto que ninguém será justificado diante dEle por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado... sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.20, 24). E ainda, Romanos 6.14: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e, sim, da graça”.

 

Baseados em Êxodo 31.16,17, os Adventistas dizem que somos obrigados a guardar o sábado pois trata-se de um estatuto perpétuo. Mas, se somos obrigados a guardar o sábado por ser denominado um concerto perpétuo, então também somos obrigados, pelo mesmo motivo, a guardar: a) a páscoa judaica (Ex. 12.14); b) o lavar as mãos e os pés (Ex. 30.21); c) celebrar as festas judaicas (Lv 23.31), coisas que os próprios adventistas admitem que foram abolidas para os cristãos.

 

O Novo Testamento ensina que a lei, a circuncisão e outros ensinos do Antigo Testamento foram sombras da realidade que se encontram em Cristo e Sua Igreja (Cl 2.16-17; Hb 8.5; 10.1; Ef 1.22,23). 

 

A cruz de Cristo provocou maravilhosas mudanças: 

 

1.     O Antigo Testamento foi superado pelo Novo Testamento, que é infinitamente superior (Jr 31.31 e Hb 8.6; 12.24);

2.     A lei foi superada pelo Evangelho da Graça (Rm 6.14; 10.4); 

3.     O sacrifício de animais foi superado pelo sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29) ; 

4.     O Povo de Israel  foi superado pela Igreja como povo de Deus que congrega em si judeus e gentios fiéis ao Messias (Gl 6.16; Ef 2.12-16; Hb 8.8-10; 1 Co 12.13); 

5.     A circuncisão foi superada pelo batismo cristão (Cl 2.11; Rm 2.28-29; Fl 3.3; Rm 2.29); 

6.     O sacerdócio levítico foi superado pelo sumo-sacerdócio de Cristo (Hb 4.14; 6.20; 8.5; 9.9, 24; 10.9,16,19-21; 11.9-16,39,40; 12.18-24; 13.10-14) e pelo sacerdócio universal de todos os crentes (1 Pe 2.9); 

7.     Doze patriarcas são suplantados pelos doze Apóstolos de Cristo (Lc 6.13; 9.1; 22.14; Ef 2.20; At 2.43; Ap 21.14); 

8.     A Jerusalém terrestre foi superada pela Nova Jerusalém celestial, ou seja, a terra prometida de Canaã foi suplantada pelo céu (Ap 21.2; 3.12; 2 Co 5.1; Fp 3.19-21); 

9.     O templo de Jerusalém foi superado pelo Corpo de Cristo que é a Igreja  (Hb 8.2; 1 Co 3.16-17; 2 Co 6.16-19; Ef 2.22; At 7.48; 17.24; Mt 18.20). 

10.  Moisés foi superado pelo Novo Legislador, Jesus, que do alto de um Novo Sinai traz um Novo Mandamento (Mt 5.17-48; cf. 19.7; Jo 13.34); 

11.  A Páscoa judaica foi superada pela Ceia do Senhor (Mt 26.28; 1 Co 11.25, cumprindo Jr 31.31-34; 1 Co 5.7; 1 Co 5.7,8; Lc 22.15; Mt 26.2-19; Mc 14.1, 12-16; Lc 22.7-15; Jo 2.13; 13.1), e 

12.  E o Sábado foi superado pelo Dia do Senhor (Mc 16.9; Jo 20.1,19-23,26-29; At 2.1-4 cf. Lv 23.15,16; At 20.6,7; 1 Co 16.1,2; 1 Coríntios 1.2)

 

O domingo, ou seja, o primeiro dia da semana, por ter sido o dia em que Cristo ressuscitou, começou a ser o dia principal das reuniões de adoração dos cristãos (Mc 16.9; Jo 20.1,19-23,26-29). O Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja no dia de Pentecostes, o que sucedeu também no dia de Domingo. (At 2.1-4 cf. Lv 23.15,16). Os apóstolos também reuniam-se neste dia de uma forma especial para adoração (At 20.6,7; 1 Co 16.1,2; ver também 1 Coríntios 1.2). Mas não devemos fazer do domingo um sábado judaico. O apóstolo Paulo estava entre aqueles que não faziam diferença entre dia e dia: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias...” (Rm 14.5); “Mas agora que conheceis a Deus, ou antes sendo conhecidos por Deus, como estais voltando outra vez aos rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gl 4.9-11). 

 

Como cristãos, adoramos e servimos a Deus todos os dias, mas aproveitamos o domingo para adorar todos juntos, pois a grande maioria dos cristãos não trabalha neste dia. Observamos também no Domingo o princípio da lei do descanso de um dia por semana. O Sábado foi instituído para o bem do homem. Conservamos o espírito bondoso por trás deste mandamento, que não visa escravizar o homem, mas, sim, libertá-lo! O sábado deveria servir para descanso e meditação, mas acabou sendo transformado em um pesadelo de regulamentos e listas "pode e não-pode". Jesus corrigiu este problema ensinando: "O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (Marcos 2.27). 

 

Portanto, não estamos debaixo da lei, mas, sim, da graça. No entanto, o espírito da lei ainda permanece válido assim como corretamente interpretado e ensinado por Jesus e seus Apóstolos. Jesus e seus discípulos trabalharam no sábado colhendo espigas e curando os enfermos. Jesus foi perseguido por causa Sábado e nem ele e nem seus discípulos ordenaram os cristãos a guardarem o Sábado. Após a Ressurreição de Cristo no primeiro dia da Semana, o Domingo passou a ser o principal dia de culto, o que permanece válido até o dia de hoje. O princípio de descansar um dia em cada sete permanece válido também, sem o rigor legalista da antiga tradição judaica, mas para o bem do próprio ser humano e também para que o homem possa voltar-se para o seu Criador, reconhecendo que é dele que dependemos para sobrevivência e não de nossas próprias mãos.

 

No amor do Senhor,

Bispo José Ildo Swartele de Mello

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