quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Doutrina da Santificação

Por José Ildo Swartele de Mello






Chamados à santidade



Deus nos chama à santidade: "Sede santos porque eu sou santo" (1Pe 1:16); E esta nossa vocação é reiterada pelo Apóstolo Paulo: "Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação" (1Ts 4,3); "Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação" (1Ts 4.7). Paulo afirma que Jesus deu a sua vida para promover não apenas a nossa salvação, mas também a nossa santificação (Ef 5,25-26).

Jesus não apenas perdoa pecados, mas também transforma vidas (Rm 5.8). Jesus transformou pescadores comuns em pescadores de homens (Mt 4.18-20). Transformou Simão em Pedro, Saulo em Paulo. Pois Jesus não apenas justifica, mas também regenera (2Co 5.17). Não apenas nos declara santos, mas também nos torna santos (Jo 15.3, Tt 3.5). Não apenas nos livra da condenação do pecado, mas também nos livra do domínio do pecado (Rm 6.14). Não apenas é Salvador, mas também é Senhor (Rm 10.9; Fl 2.10-11; 1Tm 6.15; Tg 4.7). Não basta ter fé, é necessário o arrependimento (Mt 3.8; 4.17; Mc 1.15; Lc 13.3). Não basta apenas crer, é necessário obedecer (Ef 5.6; 6.6; 1Jo 3.6, 24). Não basta ser crente, é necessário ser discípulo (Mc 8.34; Lc 9.23; Mt 28.19). Não basta receber o amor, é necessário amar (1Jo 3.16, 23). Não basta apenas receber o perdão, é necessário perdoar (Mt 6.14-15). Pois os que conhecem verdadeiramente a Deus são os que o amam (1Jo 4.8), e os que o amam, verdadeiramente lhe obedecem (Jo 14.21), pois os que são objetos do seu perdão devem se tornar perdoadores, sob o risco de terem o perdão de seus pecados cancelados pelo Supremo Credor (Mt 18.23-34).




Então, o crente não deve se conformar com o mundo (Rm 12.1-2), não deve manchar as suas roupas com a imundícia do mundo (Ap 3.4), mas deve ser santo em todo o seu procedimento (1 Pe 1.13-16), deve ser obediente e fiel até a morte (Ap 2.10; 26; Gl 6.9). Pois sem santidade não há salvação (Hb 12.14). Sem vida com Deus aqui, não haverá vida com Deus no céu (1 Ts 4.7-8). Sem santidade na terra não há glória no céu (Ap 3.2-5). Não basta estar, é preciso permanecer e também frutificar. O ramo que não produz o devido fruto está prestes a ser cortado e lançado fora (Jo 15.2), e o crente morno será vomitado (Ap 3.16), pois de Deus não se zomba, aquilo que o homem plantar, isto mesmo ele irá colher (Gl 6.7). Cuidado para que "ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus" (Hb 12.15). Os apóstolos expressamente advertem que os cultivam um estilo de vida pecaminoso não herdarão o Reino dos céus (Gl 5.21). O nascido de Deus não pode viver na prática do pecado (1Jo 5.18). "Se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados" (Hb 10.26). Ao povo escolhido, Deus adverte: "Riscarei do meu livro aquele que pecar contra mim" (Ex 32.33). Portanto, somos exortados a mortificarmos os desejos pecaminosos pois eles nos colocam sob a condenação de Deus (Cl 3.5-6). Sendo assim, "purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2Co 7.1), "Agora, libertos do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22).

Por esta mesma razão é que o Apósto Paulo exorta: "Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados" (2Co 13.5). E João escreveu seu livro para levar certeza para os salvos, afirmando que existem frutos como evidência para a salvação: "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos aos irmãos. Quem não ama permanece na morte" (1Jo 3.14); A fé salvadora é aquela que opera por meio do amor (Gl 5.6), pois a "fé sem obras é morta" (Tg 2.26); crentes sem frutos não encontram base para segurança da sua salvação (Jo 15.2). Temos que entender que a natureza da salvação não se resume a justificação, mas também inclui regeneração, santificação e, por fim, glorificação.


Capacitados à santidade

O Espírito Santo nos regenera para um novo viver (1Pe 1.23; Tt 3.5). Jesus não apenas nos exorta a sermos santos (Mt 5.48), mas também nos capacita. Temos recebido da parte de Deus todas as condições necessárias para vivermos em santidade (2Pe 1.3; Ef 1.3). Recebemos um novo coração (Ez 36.26), a mente de Cristo (1Co 2.16) e toda a armadura de Deus (Ef 6.10-13) para vencermos o mal (2Co 10.4) e vivermos de modo digno do Evangelho (Fl 1.27). 

Portanto, o trabalho de Deus a nosso favor e em nós deve ser a base e o incentivo para o nosso próprio esforço para o crescimento espiritual. Deus nos deu graça e todas as condições para a vida e a piedade (2 Pe 1.3), "por isso" devemos nos esforçar para cumprir a nossa parte (2Pe 1.5). Paulo ensinou mesmo a Igreja de Corinto "Caríssimos, já que temos tais promessas, vamos purificar-nos de toda mancha do corpo e do espírito. E levemos a cabo a nossa santificação no temor de Deus" (2 Co 7.1). Assim, compreendemos melhor o que Jesus quis dizer com a frase: “...o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mt 11:12) e também o que está registrado em Lucas 13:23-30 “E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos? Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão”. Jesus advertiu seus discípulos dizendo: "Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus (Mt 5.20). “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2.12), pois “...de Deus somos cooperadores” (1Co 3:9). "Empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis" (2Pe 3.14). "Não sabeis que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? correi de tal maneira que o alcanceis" (1Co 9.24,25).



As Dimensões da Santidade 

(tradução de  José Ildo Mello do original em inglês extraído do site: http://www.holinessandunity.org/fs/index.php?id=1467 )



A santidade tem várias dimensões. Dentro de cada dimensão existem realidades contrastantes. É importante abraçar os dois elementos de cada lado, a fim de experimentar e praticar a santidade na sua plenitude.

Individual e corporativa: Nós somos chamados a ser pessoas santas individualmente e para ser um povo santo corporativamente. O aspecto social da santidade, que é proeminente nas Escrituras, precisa ser novamente  enfatizado nos dias de hoje.



Centrada em Cristo e centrada no Espírito Santo: o trabalho do Espírito Santo em nós leva a conformidade com a pessoa de Jesus Cristo. Um não deve ser expresso sem o outro.

Desenvolvimento e Fim: O ensino sobre o desenvolvimento da vida cristã deve ter como propósito final levar o cristão a ser semelhante a Cristo.

Crise e Processo: Uma obra definitiva da graça de Deus em nossos corações e a nossa constante cooperação com sua graça devem ser igualmente enfatizados.

Bênçãos e Sofrimentos: A plena união com Jesus Cristo traz muitas bênçãos, mas também nos torna participantes de seus sofrimentos.

Separação e Encarnação: Os santos de Deus estão, mas não são do mundo. Santidade requer tanto  separação e redenção, reconciliação e engajamento restaurador. 

Forma e Essência: Santidade sempre se expressa em formas específicas, que são as maneiras pelas quais ela é traduzida em vida e ação. Mas as formas não devem ser confundidas com a essência da própria santidade.




A Essência da Santidade 

A essência da santidade é que Deus é santo e nos chama a ser um povo santo. O desafio é refletir Jesus Cristo de uma forma relevante e contextual que transcenda as barreiras sociais e as diversidades culturais. Habitado e fortalecido pelo Espírito Santo, o povo santo deve viver e amar como Jesus Cristo. Andando intimamente com ele, devemos transbordar em compaixão em defesa daqueles a quem Deus ama.

Santidade convida a unidade


Embora as diferenças têm levado a uma fragmentação nas igrejas, santidade convida à unidade. Deus quer nos curar, promovendo integração do indivíduo, da família, da igreja e de toda a sociedade.  O impacto da santidade ultrapassa as fronteiras da tradição, da teologia, do gênero, das etnias e do tempo, afetando positivamente as pessoas e as estruturas institucionais. A cura resultante une todos os cristãos plenamente, que podem testemunhar assim de seu crescimento na semelhança de Cristo. A mensagem de santidade envolve conversação e envolvimento com os outros.




Santidade e Cultura 


O povo santo deve transmitir a mensagem de santidade dentro de várias culturas. Cultura afeta a mensagem de santidade e de igrejas porque somos seres humanos que vivemos em sociedade. A cultura nos desafia a mediar a santidade de maneira relevante, mas sem perder a integridade da mensagem. 

Santidade e Comunidade 

Santidade individual e corporativa exige que as comunidades de fé desenvolvam estruturas organizacionais, processos e conteúdos que promovam a obediência radical a Jesus Cristo. A Santidade não se desenvolve através do distanciamento de outros crentes e comunidades de fé,  precisamos uns dos outros. 

Santidade e preocupação social 

O compromisso social é uma expressão essencial da encarnação da santidade pessoal e social. Inclui ministério entre os pobres e marginalizados. Santidade requer uma resposta às necessidades mais profundas e urgentes do mundo. O engajamento social é a continuidade do trabalho de Jesus Cristo, através da Igreja pelo Espírito Santo para o mundo. 

Como ensinar a Santidade 


Os cristãos vivem em ambientes de mudança de linguagem. Eles devem comunicar uma mensagem de santidade de maneira clara, relevante e cativante. A mensagem de santidade, muitas vezes, foi comunicada com os termos e paradigmas que não são compreendidos hoje. 

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Conheça a Igreja Metodista Livre



Nossa Identidade, Visão, Missão e Propósito

Introdução 



        A Igreja Metodista Livre surgiu em 1860 como um movimento de Deus para alcançar e transformar o mundo fazendo discípulos e multiplicando líderes. Não pregamos apenas a salvação das almas, mas também a transformação dos indivíduos e da sociedade.


Se Deus encontrar nossas vidas aceitáveis a Ele, Ele vai nos ungir para um ministério frutífero!
A Palavra de Deus é nosso guia e modelo. Através da unção do Espírito Santo e da sabedoria resultante da busca a Deus, surge uma visão clara e um entendimento da função. É através da confirmação do povo de Deus que a visão pode se tornar realidade e que as orações dos santos podem resultar em grandes movimentos de Deus em nosso mundo.
O chamado para se tornar um movimento de Deus nos campos de colheita do mundo, significa: 

  • Uma igreja focada na mensagem da cruz, na ressurreição e no Reino de Deus;


  • Uma igreja com doutrina saudável, que integra fé e prática; 


  • Uma igreja com uma paixão santa, entregue aos propósitos de Deus; 


  • Uma igreja que se expande e se multiplica, cruzando todas as barreiras religiosas, étnicas ou nacionais; 


  • Uma igreja que reflete Jesus.

Cremos que a igreja local é o instrumento de Deus para transformar a sociedade. Cremos que os líderes locais devem receber tanto o privilégio quanto a responsabilidade de viver nossos Valores Essenciais. Isto, em resumo, representa a base teológica e prática para as propostas que se seguem.

A Cultura de nossa Comunidade 

           Somos uma igreja conectiva e não um conjunto de igrejas independentes. Somos tremendamente fortalecidos por nossos relacionamentos baseados na verdade e na graça. O Produto número um da igreja é o relacionamento com Deus e com o próximo. Somos uma igreja bem estruturada, segundo o modelo bíblico, para o cumprimento de nossa missão. Temos um sistema hierárquico de submissão e prestação de contas, onde os membros prestam contas e se submetem às orientações de seus pastores, que por sua vez, se submetem aos superintendentes, que se  submetem aos bispos, que se submetem uns aos outros. A prestação de contas é mútua, pois os líderes também devem prestar contas não apenas as seus superiores como também aos seus liderados. E todos devem ser igualmente submissos a Deus e às Escrituras. 

Cremos que nossa missão dirige tudo que fazemos. 
Proclamamos que a salvação é gratuita. Jesus disse que o ministério autêntico é aquele que prega o evangelho aos pobres. Conseqüentemente, os destituídos e marginalizados do mundo merecem nosso cuidado especial. 
Nós nos esforçamos para tornar a mensagem do evangelho pertinente à nossa cultura, permanecendo fiel a Deus enquanto mostramos amor e sensibilidade para com o mundo.
Aceitamos todos que vêm a nós, crendo que o pecador mais desesperado tem o potencial de se tornar um seguidor de Jesus íntegro e dedicado.
Vemos os grupos pequenos como o melhor ambiente para o nascimento, discipulado, encorajamento e cuidado dos novos crentes. 

Vemos nossas igrejas locais como a linha de frente da nossa missão. Nossos pastores não são apenas designados à uma congregação, mas para a evangelização de comunidades  inteiras, bairros e cidades. 
Somos pessoas enviadas, encarregadas com a tarefa de alcançar novos territórios e novos povos com o evangelho. 
Somos wesleyanos em nossa doutrina e em nossa prática. Valorizamos a direção das Escrituras e o consenso da Igreja ao longo de sua história. 
Devemos ser pessoas santas. Nossa conduta e nosso ensino devem refletir a santidade e o amor a Deus. Não buscamos nada menos que a cura de mente, corpo e alma de todos que estão debaixo de nosso cuidado.

Nossos Valores Essenciais 

           Como um povo de confissão armínio-wesleyana, enfocamos o viver vidas santas para a glória de Deus e buscamos:


  • "Amar o Senhor nosso Deus com todo nosso coração, alma, mente e força, e amar os outros a nós mesmos". (Marcos 12:30-31)


  • Ir às pessoas de todas as nações, fazendo discípulos de Jesus ". (Mateus 28:19) 

Nosso Propósito 

  • Conhecer a Deus e glorificá-Lo, fazendo-O conhecido. 

Nossa Prioridade Estratégica 

A prioridade estratégica da Igreja Metodista Livre é multiplicar líderes ungidos e competentes. Portanto, devemos atuar: 


  1. Investindo na multiplicação de líderes ungidos e competentes que possam aconselhar  e equipar outros; 


  2. Formar e nutrir redes Metodistas Livres eficazes, que auxiliem no cumprimento de nossos Valores Essenciais;


  3. Promover a visão de que cada igreja seja uma igreja saudável com liderança cheia do Espírito Santo, implementando uma estratégia para alcançar os Resultados Esperados.


Nossos Resultados Esperados

    Toda igreja uma comunidade de adoração;

    Toda igreja uma congregação envolvente, produzindo discipulado, crescimento e pessoas santas;

    Toda igreja uma congregação que se reproduz;

    Toda igreja alcançando regularmente os perdidos para Cristo;

    Toda igreja envolvida em nosso movimento missionário mundial;

    Toda igreja buscando a justiça e mostrando misericórdia aos pobres e marginalizados;

    Toda igreja organizando-se para melhor cumprir seu propósito e missão;

    Toda igreja caracterizada por oração de intercessão.


Nossos Princípios Inegociáveis 

    Não podemos violar as Escrituras.

    Não podemos violar os Artigos de Religião, a Constituição, o Compromisso de Membro ou a Missão da Igreja Metodista Livre.

    Nossos pastores não podem violar seus votos de ordenação.

    Nossos líderes não podem conduzir a igreja de maneira a distraí-la ou desviá-la de nossa missão.

Nossas Iniciativas de Liderança 
Colocando a missão à frente dos métodos, nossos pastores e igrejas têm liberdade para criar estratégias e ministrar de forma a alcançar os Resultados Esperados.

Nossa Visão Para A Igreja Local 
Cada igreja, uma igreja saudável, com uma liderança cheia do Espírito, trabalhando estrategicamente para alcançar nossos Resultados Esperados. 
A Igreja Metodista Livre é: 
Uma comunidade bíblica e saudável. Um povo santo. Multiplicadora de discípulos, líderes, grupos e igrejas. 
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade  exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz." (1 Pedro 2:9) 



Por que Livre?


O "livre" no nome da Igreja Metodista Livre enfatiza certas liberdades básicas encontradas nas Escrituras: 



  • Liberdade humana, garantindo o direito de cada pessoa ser livre, negando o direito de quem quer que seja de manter escravos; 
  • Liberdade e simplicidade no culto; 
  • Livre de preconceitos sociais. Assentos gratuitos na igreja, assim os pobres não seriam mantidos fora nem seriam discriminados; 
  • Livre de votos de segredos de modo que a verdade possa ser sempre falada livremente; 
  • Livre do clericalismo, concedendo liberdade para os leigos serem plenamente envolvidos em todos os níveis de decisão; 
  • Livre do materialismo de modo a poder socorrer os pobres.


As Marcas de um Metodista

          De modo algum, queremos nos distinguir dos cristãos reais, qualquer que seja sua denominação, como também daqueles que, sinceramente, buscam aquilo que reconhecem ainda não possuir. Pois quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está no céu, este é meu irmão, irmão ou mãe.

          E assim rogo, meus irmãos, pelas misericórdias de Deus, que não sejais divididos entre vós. É o teu coração reto para comigo, assim como o meu o é para contigo? Eu nada mais pergunto. Se assim o for, dá-me tua mão. Não destruamos a obra de Deus por causa de simples termos e opiniões. Tu serves e amas a Deus? Isto é o bastante. Estendo-te a minha mão direita em sinal de comunhão. Se há qualquer consolação em Cristo, se há qualquer conforto no amor, se há comunhão no Espírito, lutemos juntos pela fé evangélica, andando de maneira digna da vocação a que fomos chamados, com toda humildade e mansidão, assim também com longanimidade. Suportemo-nos uns aos outros em amor e esforcemo-nos por manter a unidade do Espírito, no vínculo da paz, lembrando sempre que há um só corpo como também um só Espírito, pois nossa vocação está apenas em uma esperança: um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que está sobre todos, age por meio de todos e está em todos.

John Wesley (Pioneiro do Metodismo)


Para conhecer mais sobre a história, estrutura, missão e doutrina da Igreja Metodista Livre, visite o Site: www.metodistalivre.org.br 


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Qual é a forma correta de Batismo?

Existe um debate acalorado sobre o método do batismo. Muitos defendem que somente a imersão é válida, levantando dúvidas sobre a validade do batismo por aspersão ou efusão, onde a água é derramada sobre a cabeça. No entanto, essa discussão acirrada se concentra em uma questão periférica, já que se o método fosse crucial, certamente haveria orientações claras nas Escrituras a esse respeito. Curiosamente, nem Jesus nem seus Apóstolos deixaram qualquer instrução específica sobre a forma do batismo.


Não é razoável alegar que a ausência de prescrições específicas se deu por falta de necessidade, sugerindo que naquela época não se considerava a possibilidade do batismo por aspersão ou efusão. Os rituais de purificação e os batismos judaicos eram frequentemente realizados por aspersão. Além disso, é amplamente conhecido que, já no primeiro século da Igreja, a prática do batismo cristão por aspersão ou efusão era comum.


A Didaquê, também conhecida como Doutrina dos Apóstolos, é um dos mais antigos documentos cristãos e já defendia a legitimidade das diferentes formas de batismo. O texto instrui: 'Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.' (Didaquê, VII -- Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed. Paulus, São Paulo, 1989, p. 19).


É evidente que os primeiros cristãos enfrentaram situações em que o batismo por imersão seria inadequado ou até mesmo impossível. Em casos de doença grave de um candidato ao batismo, o método imersivo tornava-se impraticável. Além disso, em diversas ocasiões, como quando o Apóstolo Paulo e outros mártires precisaram batizar colegas de prisão, incluindo até mesmo alguns guardas convertidos durante seus períodos de encarceramento, o método da imersão seria inconveniente.

Considerando lugares áridos e desertos, onde a água é escassa, como seria viável aplicar o batismo por imersão? Esses cenários desafiadores levantam questões sobre a praticidade do método imersivo em determinadas circunstâncias.


O próprio livro de Atos dos Apóstolos registra situações onde o batismo por imersão se tornaria impraticável. Por exemplo, como realizar o batismo por imersão para uma multidão de três mil pessoas que se converteram na cidade de Jerusalém, onde não havia um rio próximo? Notavelmente, em Atos 2, não há menção alguma de uma movimentação dessa enorme multidão em direção a um rio distante fora da cidade para o batismo.


Outro exemplo evidente é o batismo do carcereiro de Filipos, documentado em Atos 16, que ocorreu durante a madrugada. Até mesmo o pastor batista Tácito da Gama Leite Filho, em seu livro 'Seitas Proféticas', página 108, reconhece esse fato ao escrever: “O carcereiro de Filipos e seus familiares certamente não foram batizados em um rio, pois era de madrugada e as portas da cidade estavam fechadas”.


Um ponto crucial a considerar é a prática milenar dos batismos para purificação entre os judeus. A aspersão de água para purificar pecados era comum no Antigo Testamento, mencionada em mais de duzentas passagens bíblicas. O autor de Hebreus explicitamente associa o método da aspersão utilizado por Moisés para purificar o povo hebreu como um tipo ou símbolo da purificação perfeita encontrada em Cristo (Hb 9.19-28).


O Batismo de João Batista foi o cumprimento de uma profecia. Jesus afirmou que a vinda de Elias foi realizada por meio de João Batista. A profecia mencionava que o mensageiro iria preparar o caminho e purificar os filhos de Levi (Malaquias 3.1–3).

Mas como os Levitas deveriam ser purificados? Segundo o texto em Números 8.6–7, eles deveriam ser purificados com a água da expiação. João, como profeta, não poderia introduzir um novo ritual de purificação. Se o fizesse, os judeus, especialmente os fariseus e saduceus, observadores rigorosos da lei, não teriam aceitado essa forma estranha de batismo. No entanto, vemos que "muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo" (Mateus 3.7). Essa aceitação indica que o batismo de João estava de acordo com os princípios da Lei e foi reconhecido como tal pelos que eram dedicados à observância da lei.


Se as purificações eram realizadas por aspersão na época do surgimento da igreja, é razoável supor que os Apóstolos seguiram o modelo do Antigo Testamento, suas Escrituras Sagradas, na prática do batismo cristão, especialmente diante de situações onde a imersão era impraticável. 


O batismo não é apenas uma identificação com o sepultamento e a ressurreição de Cristo, mas também uma lavagem dos pecados. Em Atos 22.16, Saulo é instruído: “Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados”. Essa ideia se estende à aspersão de água pura, conforme descrito em Ezequiel 36.25–27.


Considerando que o batismo é o sacramento de nossa salvação que envolve o   lavar regenerador e purificador do Espírito Santo, abundantemente derramado sobre nós por meio de Jesus, nosso Salvador (Tt 3.5-6), e reconhecendo que o batismo de Cristo é associado ao Espírito Santo e ao fogo (Lc 3.16), é pertinente compreender que o método de batismo por aspersão ou efusão seria o que melhor reflete o batismo com o Espírito Santo. O Espírito é frequentemente descrito como sendo 'derramado': 'derramarei do meu Espírito sobre toda carne' (Joel), 'o Espírito Santo veio sobre vós' (At 1:5), e 'até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto' (Is 32:15).


No texto original grego, o batismo é consistentemente descrito como sendo 'com' o Espírito Santo e nunca 'no' Espírito, sugerindo também a ideia de derramamento. Por exemplo, em Lucas 3:16, João afirma: 'Eu, na verdade, batizo com água... mas aquele que vem após mim vos batizará com o Espírito Santo'. Se os mesmos termos são usados para descrever os dois tipos de batismos, 'batizo com' e 'batizará com', por que 'com' o Espírito teria o sentido de derramamento, enquanto 'com' água deveria ser interpretado como imersão?


Se o termo 'batismo' estivesse unicamente relacionado à imersão, como poderia ser empregado para descrever o derramamento do Espírito? A frequente utilização do termo 'com' ao referir-se ao batismo com o Espírito Santo parece indicar uma conexão mais direta com o ato de derramar. Isso levanta questionamentos sobre a visão limitada daqueles que defendem exclusivamente o método de imersão.


No batismo, tanto com água quanto com o Espírito Santo, a ação ocorria na pessoa e não ao contrário. Quando as pessoas eram batizadas com água, a água era aplicada nelas, não o oposto. Da mesma forma, no batismo com o Espírito Santo, era o Espírito que era aplicado à pessoa, não o contrário.


Existem três símbolos do Espírito Santo na Bíblia: óleo, água e fogo, todos usados de cima para baixo. O primeiro é o óleo. Em 1 Samuel 10:1-6, Saul foi ungido por Samuel com óleo sobre a cabeça, e o Espírito Santo veio sobre ele. O mesmo ocorreu com Davi em 1 Samuel 16. Essas passagens indicam que a unção com óleo é uma representação da unção com o Espírito Santo. Outro símbolo é a água. Em Ezequiel 36:25-27, Deus promete aspergir água pura para purificação e dar um novo espírito. O terceiro é o fogo. Em Atos 2:3-4, línguas como fogo apareceram e o Espírito Santo desceu sobre os crentes.


No livro de Ezequiel 36.25-27, Deus promete aspergir água pura para purificar seu povo, conceder-lhes um novo coração e derramar o Seu Espírito. Essa profecia se realiza através de Cristo, a partir do dia de Pentecostes, evidenciando uma clara alusão ao Batismo Cristão, operado pelo derramamento do Espírito Santo. Aqui, o próprio ato de Deus aspergindo água pura simboliza a purificação e a renovação de vida, prefigurando o significado do batismo.


O mesmo tema é encontrado em Isaías 44:1-6, onde a promessa do derramamento do Espírito está diretamente ligada à promessa do derramamento de água, destacando a conexão entre o derramamento do Espírito e a vida renovada que o batismo representa.


Os imersionistas defendem que batismo significa imersão, mas ignoram que o Novo Testamento usa o termo 'batismo' para os rituais de purificação praticados por aspersão na Lei Judaica.


O “Léxico do Novo Testamento Grego/Português” define “baptizo” não apenas como mergulhar e imergir, mas também como lavagens rituais judaicas, lavar as mãos, ablução, lavagem cerimonial, molhar, embeber, salpicar, o que combina com aspersão. Em Marcos 7.4, o termo grego, ‘batismo’, significa lavar, e esta lavagem ritual judaica era sempre feita através do derramamento de água sobre os utensílios (Nm 8.5-7; 19.13-20) ou sobre as pessoas (Ez 36.25 e Sl 51:4). Em Hebreus 9.10, o termo grego ‘batismos’ é traduzido por abluções que também se davam por aspersão (Ex 29.21). A Septuaginta menciona que Nabucodonosor seria 'batizado no Orvalho do Céu' (Dn.4.25). Além disto, não existe um único texto no Novo Testamento que descreva o batismo sendo realizado por imersão. 


Para enfatizar o uso do termo 'batismo' no sentido de aspersão já antes do período do Novo Testamento, destaco a tradução grega de Eclesiástico 34:30, datada de 132 A.C., onde a palavra baptizo é usada para descrever o ato de aspergir água para purificação daqueles que tiveram contato com um cadáver (cf. Números 8.7 e 19.13).


Uma vez ouvi alguém argumentando que o Apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 10.2, estaria referindo-se ao batismo por imersão ao mencionar que os antepassados judeus haviam sido batizados na nuvem e no mar. No entanto, esse texto, longe de respaldar a perspectiva da imersão, de fato, fortalece um argumento em favor do batismo por aspersão ou efusão.


A passagem não sugere um batismo por imersão, pois os hebreus da época de Moisés não foram mergulhados na nuvem; o versículo um afirma claramente que eles estavam sob a nuvem, indicando que as águas da nuvem eram derramadas sobre eles. Da mesma forma, o povo hebreu não foi mergulhado no Mar Vermelho - eles atravessaram o mar com os pés enxutos, enquanto somente o exército egípcio que os perseguia foi submerso. No máximo, eles receberam respingos da água quando o mar se abriu entre os dois paredões. Consequentemente, essas metáforas se alinham mais com a ideia de aspersão e efusão.


O Apóstolo Pedro faz uso da arca de Noé como uma metáfora para o batismo cristão, ao afirmar que as oito pessoas na arca foram salvas pelas águas do dilúvio, concluindo que 'isto é representado pelo batismo que agora também salva vocês' (1 Pe 3.20,21). Considerando que a arca não foi submersa nas águas do dilúvio, essa metáfora favorece ainda mais a ideia do batismo por aspersão ou efusão, pois a salvação veio por meio das águas que foram derramadas sobre eles.

Tanto no relato do Mar Vermelho quanto aqui, é interessante notar que somente os ímpios foram imersos como forma de punição, enquanto aqueles salvos foram preservados pelas águas que os rodeavam.


Assim como os rituais de expiação do Antigo Testamento, o sangue derramado do Cordeiro de Deus em nosso favor (Lc 22:20) é figuradamente aplicado a nós através do método da aspersão: 'eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas' (1 Pe 1:2). Esta referência é uma alusão ao batismo, pois diz respeito à aplicação dos méritos do sangue de Cristo para a justificação e santificação do convertido.


No texto de 1 João 5:6-8, o autor destaca a convergência entre o Espírito, a água e o sangue em um propósito comum. Eles concordam também na forma como são aplicados: o sangue era tradicionalmente aspergido, da mesma forma que a água nos rituais de purificação judaicos, enquanto o Espírito é descrito como sendo derramado sobre as pessoas. Assim, a passagem enfatiza não apenas a unidade de propósito destes três, mas também a consistência em sua aplicação, todos simbolizando o lavar regenerador.


A passagem de Hebreus 10:22 reforça essa ideia: “Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e tendo os nossos corpos lavados com água pura”.


Paulo foi batizado em pé, conforme indicado em Atos 9.18 e 22.16, onde o grego sugere uma ação simultânea entre o levantar e o batismo. Naquela época, seria improvável encontrar um tanque para imersão na casa dos judeus, que tradicionalmente praticavam batismos por aspersão. 


Quando Jesus foi batizado, o texto não sugere que ele emergiu de dentro da água, mas sim que saiu da água, como indicado pela preposição grega usada. Essa mesma preposição é usada em Atos 9.8 para descrever Saulo levantando-se "da" terra, não "de dentro da" terra.


A ideia de descer às águas não significa necessariamente imersão. Em Atos 8.38, tanto Filipe quanto o eunuco desceram à água, mas apenas o eunuco foi batizado. Isso não implica que Filipe tenha sido imerso também. Um exemplo similar é visto em Juízes 7.4–5, quando Gideão faz os homens descerem às águas como teste, o que não implica imersão, mas sim uma ação simbólica de se aproximar ou interagir com a água. Outro ponto a se considerar é que não há naquela região de deserto rios, lagos e nem fontes abundantes de água que permitissem batismo por imersão. 


Além de tudo o que foi dito, o batismo por aspersão apresenta vantagens práticas significativas. Pode ser realizado em diversas circunstâncias e locais, até mesmo onde a água é escassa, como geleiras ou desertos. Evita constrangimentos presentes em imersões e possibilita o batismo de pessoas em situações específicas, como pacientes hospitalizados, portadores de feridas graves ou hidrofobia. A prática é bíblica e comprovadamente acessível, permitindo até batismos de indivíduos impossibilitados de outro modo.


Portanto, não há erro no batismo por aspersão ou efusão, assim como não há erro no batismo por imersão. A eficácia do batismo não está na quantidade de água nem na forma de aplicação. Alguns aspectos bíblicos podem levar alguns a preferir a aspersão ou afusão, visto que melhor expressam o derramamento do Espírito e se assemelham aos rituais de purificação e aos batismos praticados pelos judeus em obediência à Lei de Moisés. Por outro lado, outros, baseados na tradição e em passagens como Romanos 6, podem preferir o batismo por imersão.

Independentemente de nossa preferência, é crucial reconhecer que há argumentos bíblicos e históricos sólidos para todas as formas de batismo. O que nunca devemos fazer é discriminar as pessoas com base na forma de seu batismo, instigando um rebatismo com desdém pelo batismo anterior. Essa atitude não só promove confusão e divisão no corpo de Cristo, mas também não se justifica à luz das Sagradas Escrituras, como demonstrado nesta breve reflexão.


Como ponto final, gostaria de colocar uma questão: Por que aqueles que são tão rigorosos naquilo que consideram a forma correta de batismo não aplicam o mesmo rigor à celebração da Ceia do Senhor, optando por suco de uva em vez de vinho e pão fermentado em vez de pão ázimo? Essa falta de congruência é, simplesmente, difícil de justificar!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Combatendo os Nicolaítas

Combatendo os Nicolaítas
Segundo o exemplo da Igreja de Éfeso 

Baseado Em Apocalipse 2


Escrito por Hernandes Dias Lopes

• Mesmo cercada por perseguição e mesmo atacada por constantes heresias, essa igreja permaneceu firme na Palavra, contra todas as ondas e novidades que surgiram. Jesus já alertara sobre o perigo dos lobos vestidos com peles de ovelhas (Mt 7:15). Paulo já havia avisado os presbíteros dessa igreja (At 20:29-30) sobre os lobos que penetrariam no meio do rebanho e sobre aqueles que se levantariam entre eles, falando coisas pervertidas para arrastar atrás deles os discípulos. Agora os lobos haviam chegado.

• O apóstolo João nos advertiu a provar os espíritos, porque há muitos falsos profetas (1 Jo 4:1). A igreja de Éfeso estava enfrentando os falsos apóstolos, que se autodenominavam apóstolos, ensinando à igreja heresias perniciosas (2:2).

• A igreja de Éfeso tinha discernimento espiritual - tornou-se intolerante com a heresia (v. 2) e com o pecado moral (v. 6).

• Os Nicolaítas (destruidores do povo) pregavam uma nova versão do Cristianismo. Eles pregavam um evangelho sem exigências, liberal, sem proibições. Eles queriam gozar o melhor da igreja e o melhor do mundo. Eles incentivavam os crentes a comer comidas sacrificadas aos ídolos. Eles ensinavam que o sexo antes e fora do casamento não era pecado. Eles acabavam estimulando a imoralidade. Mas a igreja de Éfeso não tolerou a heresia e odiou as obras dos Nicolaítas.

• Aplicação à igreja brasileira - A igreja evangélica brasileira precisa desta mensagem. As pessoas hoje buscam experiência e não a verdade. Elas não querem pensar, querem sentir. Elas não querem doutrina, querem as novidades, as revelações, os sonhos e as visões. Elas não querem estudar a Palavra, querem escutar testemunhos eletrizantes. Elas não querem o evangelho da cruz, buscam o evangelho dos milagres. Elas não querem Deus, querem as bênçãos de Deus.

• Estamos vivendo a época da paganização da igreja - Cada culto tem um tom doutrinário. A igreja não tem mais uma linha. O que determina não é mais a Palavra, mas o gosto da freguesia. A igreja prega o que dá ibope. A igreja oferece o que o povo quer ouvir. A igreja está pregando outro evangelho: o evangelho do descarrego, da quebra de maldições mesmo para os salvos, da prosperidade material e não da santificação, da libertação e não do arrependimento. Exemplos: Misticismo pragmático, numerolatria, pregadores estrela, igrejas empresa, falsos apóstolos.

• A igreja está perdendo a capacidade de refletir - Os crentes hoje não são como os bereanos, nem como os crentes de Éfeso fiéis à doutrina. Estamos vendo uma geração de crentes analfabetos da Bíblia, crentes ingênuos espiritualmente. Há uma preguiça mental doentia. Os crentes engolem tudo aquilo que lhes é oferecido em nome de Deus, porque não estudam a Palavra. Crentes que já deveriam ser mestres, ainda estão como crianças agitadas de um lado para o outro, ao sabor dos ventos de doutrina. Correm atrás da última novidade. São ávidos pelas coisas sobrenaturais, mas deixam de lado a Palavra do Deus vivo. Exemplo: Uma reunião que os pastores falaram da revelação dos apóstolos do Brasil.

• Um crescimento numérico cheio de preocupações - Estamos vendo a explosão numérica da igreja evangélica no Brasil, mas que igreja, que evangelho? O que está crescendo não é o evangelho genuíno, mas um misticismo híbrido. O que estamos vendo florescer é um cristianismo híbrido, sincrético, heterodoxo, um outro evangelho.

Extraído do Livro: Estudos no Livro de APOCALIPSE de autoria de: Hernandes Dias Lopes

Apostila que deu origem ao Livro:  "Apocalipse: o Futuro Chegou, as Coisas que em Breve Devem Acontecer"
Publicado com autorização do autor. Visite o site: www.hernandesdiaslopes.com.br

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Respondendo às críticas ao artigo que escrevi contra a comercialização do sagrado



"Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3).

Recentemente, escrevi um artigo contra a comercialização do sagrado (link para o artigo). Bem, o texto foi apreciado por muitos que entendem que não podemos nos calar diante dos hereges que exploram a boa e ingênua fé de muita gente. Mas, em contrapartida, muitos sentiram-se profundamente incomodados com minha atitude crítica. As queixas são de que eu, como pastor, não deveria estar falando mal de outros pastores, afinal, eles estão pregando o Evangelho e pessoas estão sendo salvas, e isto é o que importa. Dizem também que todo mundo comete erros e que eu deveria ser mais tolerante e me calar, passando apenas a orar por eles.

Bem, respondendo às críticas, primeiramente quero dizer que tais argumentos parecem engrossar o coro dos que defendem a idéia do: "ele rouba, mas faz!". Algo como "os fins justificam os meios". Sabe, conheço um "evangelista" que confessou ter inventado uma revelação em sonho que, na época, chegou a ser gravada em disco de vinil e foi um sucesso de vendas. Em defesa da farsa, ele alegava que, por causa do disco, muitos estavam sendo salvos. Sabiam que argumento semelhante foi usado para a introdução da idolatria na igreja católica? Alegavam que tal prática contribuía imensamente para a conversão de milhares de pagãos. Eis aí o perigo de tal pragmatismo. Devemos tolerar a mentira e a comercialização do sagrado sob o pretexto de estarem promovendo a salvação de muitos? De maneira alguma!

Por que se sentir incomodado com os que denunciam os hereges e não com os hereges em si? Jesus não tolerou os vendilhões do templo e nem tão pouco os hereges! E Deus disse: "não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene" (Is 1:11-14). Como podemos nos calar diante de tamanha barbaridade? Graças a Deus, Lutero seguiu o exemplo de Cristo e não se calou! Lutero denunciou os vendilhões do templo! Lutero combateu os hereges! Lutero protegeu as ovelhas dos lobos devoradores!

Jesus advertiu que haveria lobos disfarçados de ovelhas no meio do rebanho. Muitas ovelhas são ingênuas demais para discernir o perigo. Cabe ao pastor proteger o rebanho. É papel do pastor advertir as ovelhas sobre as artimanhas dos lobos. É papel do pastor enfrentar e combater os lobos!


Jesus foi enérgico contra os falsos profetas. Ele falou abertamente contra os mal intencionados líderes religiosos de sua época. Suas palavras mais duras foram dirigidas aos pastores hipócritas (Mt 23). Publicamente, os chamou de "hipócritas, sepulcros caiados e raça de víboras". Jesus usou o chicote para expulsar os vendilhões do templo, pois o zelo pela casa de Deus o consumia! Onde foi parar o zelo devido pela casa do Senhor que é a sua igreja? O Bom Pastor enfrenta o lobo e dá a vida pelas suas ovelhas! 


Jesus elogiou a igreja de Éfeso por ter desmascarado os falsos apóstolos: "Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes suportar os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos" (Ap 2:2).


O Apósto Paulo também profetizou dizendo: "Sei que depois da minha partida, surgirão lobos vorazes que não pouparão o rebanho" (At 20.29, Mt 7.15). “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1 Tm 4. 1-2). E Paulo ainda chamou os falsos mestres de cães (Fp 3: 2). 


E Pedro também é categórico: "Entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras… por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio." (2 Pe 2:1 a 3). O nome de Deus está sendo blasfemado por causa do comportamento e ensino destes embusteiros. Seria melhor se os escândalos envolvendo pastores fossem realmente produto de uma perseguição gratuita de uma mídia preconceituosa, mas, infelizmente, não é o que se verifica, pelo menos, na grande maioria dos casos. 

Os evangélicos estão sendo ridicularizados por culpa do comportamento escandaloso dos lobos gananciosos e devoradores que não estão poupando o rebanho. "É inevitável que venham os escândalos, mas ai daquele que é motivo de escândalo" e "ai daquele que serve de pedra de tropeço". Estes pastores mercenários escandalizam e fazem tropeçar a muitos. Quem poderia contar o número de pessoas que deixaram de se converter ou se afastaram da fé por conta destes impostores? E quem pode calcular o estrago que ainda está por vir?



Certamente as Escrituras Sagradas não são a fonte de inspiração daqueles que dizem que devemos nos calar diante dos hereges e vendilhões do templo.

Precisamos odiar as heresias. "Odiai o mal, e amai o bem, e estabelecei na porta o juízo" (Am · 5:15 e Sl 97.10). "Odiai o mal e apegai-vos ao bem" (Rm 12:9). Quem ama a verdade, odeia a heresia. Sabemos que uma pessoa ama a verdade quando notamos a sua aversão ao erro, pois quem ama a verdade não pode ser complacente com a heresia. 


Como alguém pode dizer que ama a sã doutrina, quando não sente aversão pelas doutrinas contrárias? Como podemos dizer que amamos a Deus, sua luz e verdade, quando nos calamos diante de seus inimigos que espalham trevas e mentiras? Não podemos fazer as pazes com o erro. Não podemos ceder aos hereges. Se formos complacentes com o câncer, ele nos devorará. O amor e a tolerância não podem estar a serviço dos que deturpam a verdade. "Odiai o mal!"

Vamos seguir o exemplo de Cristo, dos Apóstolos e também da igreja de Éfeso (Ap 2:2). Portanto, parafraseando o Apóstolo Judas, concluo dizendo: "Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3).


Por amor a Cristo e a Sua Palavra,
Bispo José Ildo Swartele de Mello

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"Liquidação! 900 Reais por uma unção financeira!"

Uma crítica a comercialização do sagrado


Por Bispo José Ildo Swartele de Mello

Fiquei estarrecido ao ver o Silas Malafaia e o Morris Cerullo na TV comercializando uma tal unção de prosperidade financeira ao custo de R$ 900,00. E olha que o programa teve horas de duração totalmente focadas no comércio desta suposta unção financeira. Esta fórmula de se fazer dinheiro parece mesmo funcionar, pois o programa foi reprisado várias vezes. O que faz lembrar o famigerado “ligue já” de Walter Mercado.

Cerullo apelou para numerologia para propor a oferta de 900 Reais, dizendo que estamos em 2009, e que 9 representa plenitude, de modo que os que ofertassem 900 receberiam, ainda este ano, uma prosperidade plena, algo jamais visto, o cumprimento de todas as promessas de Deus para as suas vidas. Uma oferta realmente tentadora para justificar um investimento alto! Mesmo assim, não ficou claro porque ele induz o telespectador a contribuir com 900 e não com apenas 9 Reais, visto não estarmos no ano de 2900, mas, sim, em 2009! Marqueteiro que nem ele só, Cerullo chegou ao disparate de afirmar que os ofertantes receberiam uma Bíblia de brinde que valeria mais de 900 Reais. Peça rara ou pregação de peça!

Lutero deve ter se revirado no túmulo, pois o protestantismo surgiu exatamente contra a comercialização do sagrado. Suas 95 teses protestavam contra a abominável prática católica de cobrança para concessão de perdão de pecados. A salvação é de graça e as bênção de Deus são gratuitas: “vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1).

Certa vez, um mágico chamado Simão, maravilhado com os prodígios operados no ministério de Pedro, quis negociar com o apóstolo, oferecendo dinheiro para adquirir aquele dom espiritual. Sabe como Pedro reagiu àquela proposta indecente? Indignado, "Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração” (At 8.18-22).

“De graça recebestes e de graça dai” (Mt 10.8), disse Jesus, que em outra ocasião ficou muito irado com aqueles que praticavam comércio das coisas espirituais, tanto que, com um chicote na mão, expulsou os vendilhões do templo, chamando-os de “ladrões e salteadores”. Jesus estava sempre advertindo seus seguidores a respeito do cuidado que se deve ter contra os mercenários (Jo 10.1,12). O Apóstolo Pedro também advertiu a igreja a respeito dos falsos profetas espertalhões que “movidos por avareza”, procurariam fazer comércio da boa fé do povo de Deus. (2Pe 2.3).

Isto é fruto da maldita teologia da prosperidade que o que produz na verdade é a prosperidade de seus pregadores. O Apóstolo Paulo alerta a Igreja contra os falsos profetas e pastores que ensinam heresias por pura ganância: "Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância." [Tt 1:11].

A teologia da prosperidade é produto desta sociedade de consumo, prometendo conceder através da fé tudo aquilo que as propagandas dizem que uma pessoa precisa ter para ser feliz. Transforma a fé em uma varinha de condão e faz do nome de Jesus, uma espécie de abracadabra ou lâmpada de Aladim para a realização de todos os sonhos despertados pela sociedade de consumo. Diante da grande mentira de que o prazer, o sucesso e o bem-estar físico, econômico e social são o grande alvo da vida e que tudo isto está acessível a todos. Iludido, o freguês busca no consumo a realização imediata deste ideal, mas tem de lidar com a realidade de uma vida de privações, injustiças, lutas e muitos sofrimentos. Frustrado, desamparado e só está o freguês, que se sente fracassado e oprimido pela ditadura do ter. Agora, nem na igreja, encontra ele respostas para a sua dor, mas apenas ainda mais culpa por não ter tido fé suficiente para ter sido bem sucedido na vida profissional ou para ter sido curado de algum mal.

Mas, as vítimas deste golpe não são tão inocentes assim, como bem falou o Apóstolo Paulo dizendo que “... os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (1Tm 6.4-11).

A espiritualidade cristã não pode ser confundida com prosperidade financeira, nem com sucesso e nem com saúde. Pois, fosse este o caso, não poderíamos considerar nem a Jesus e nem os apóstolos como homens espirituais, visto que eram pobres, ficavam doentes, passaram muitas necessidades, sofreram perseguições, foram presos, desprezados pelo mundo e foram martirizados. Jesus mesmo disse que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8.20) e não tinha dinheiro sequer para pagar o imposto, tendo que solicitar a Pedro que pescasse um peixe que teria uma moeda dentro de si que serviria para pagar esta divida (Mt 17.24-27), pois sabemos que Jesus, sendo rico se fez pobre (2 Co 8.9). Pedro e João disseram claramente que não possuíam ouro nem prata (At 3.6). Paulo experimentou período de pobreza (Fl 4.11, 2 Co 6.10, Tg 2.5). Comunidades inteiras de cristãos do Novo Testamento eram muito pobres (2 Co 8.2, Rm 15.26, Ap 2.9). A própria Maria, entre todas as mulheres a mais agraciada, não teve um lugar descente para dar a luz ao seu Filho bendito. Todas as portas se fecharam e apenas a porta do curral foi a que se abriu para ela e para José seu esposo. Ela não ficou murmurando e nem ficou rejeitando aquele lugar fétido e incipiente. Ela não ficou ali inconformada reivindicando um lugar condizente a sua condição de bendita entre todas as mulheres. Ela, pelo contrário, aceitou a sua própria cruz, acolheu a bendita graça de padecer por Cristo e não de somente crer nEle (Fl 1.13). Foi naquele curral e naquela manjedoura improvisada de berço que se fez Natal. A noite mais feliz da história humana! Eis aí mais um exemplo do privilégio de participar dos sofrimentos de Cristo e completar o que falta de suas aflições (Co 1:24). Perguntaram a William Booth, fundador do Exército de Salvação, qual era o segredo do seu sucesso, ele respondeu: "Deus teve de mim tudo o que Ele quis". Infelizmente os evangélicos seduzidos pelo consumismo têm feito o contrário: exigem de Deus tudo o que eles querem.

Com isto, não queremos dizer que Deus não possa prosperar ou curar. Dizer que Deus pode não é o mesmo que dizer que ele deva. A teologia da prosperidade nega a soberania de Deus, quando ensina que o uso da expressão “se for da Tua vontade” anula a fé e destrói a oração. Mas Deus tem vontade própria! Somos nós quem devemos nos sujeitar a vontade dele e não ele a nossa. Enquanto a Teologia da Prosperidade ensina a orar exigindo e reivindicando coisas de Deus, a Bíblia ensina que nós não sabemos orar como convém (Rm 8.26), por isso é que a gente, às vezes, pede e não recebe, porque pede mal (Tg 4.3). Portanto, devemos orar de acordo com a vontade de Deus assim como orou Jesus no Getsêmani: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua (Lc 22.42), pois “esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5:14).

Concluo trazendo à nossa memória o texto de Daniel 3.15 a 18 que mostra que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego não eram adeptos da teologia da prosperidade, mas, sim, da teologia da “possibilidade”. Pois eles confessavam crer no poder de Deus para libertá-los das mãos do Rei, mas entendiam que Deus poderia ter outro plano e estavam dispostos a entregarem-se totalmente à vontade de Deus seja ela qual fosse. “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste”.

Portanto, cuidado com os ensinos e artimanhas dos falsos profetas (Mt 7.5, 15; 24.11; Mc 13.22; 2Tm 4.1-5).

Leia também: Respondendo às críticas ao artigo que escrevi contra a comercialização do sagrado

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