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A Doutrina da Santificação

Por José Ildo Swartele de Mello






Chamados à santidade



Deus nos chama à santidade: "Sede santos porque eu sou santo" (1Pe 1:16); E esta nossa vocação é reiterada pelo Apóstolo Paulo: "Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação" (1Ts 4,3); "Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação" (1Ts 4.7). Paulo afirma que Jesus deu a sua vida para promover não apenas a nossa salvação, mas também a nossa santificação (Ef 5,25-26).

Jesus não apenas perdoa pecados, mas também transforma vidas (Rm 5.8). Jesus transformou pescadores comuns em pescadores de homens (Mt 4.18-20). Transformou Simão em Pedro, Saulo em Paulo. Pois Jesus não apenas justifica, mas também regenera (2Co 5.17). Não apenas nos declara santos, mas também nos torna santos (Jo 15.3, Tt 3.5). Não apenas nos livra da condenação do pecado, mas também nos livra do domínio do pecado (Rm 6.14). Não apenas é Salvador, mas também é Senhor (Rm 10.9; Fl 2.10-11; 1Tm 6.15; Tg 4.7). Não basta ter fé, é necessário o arrependimento (Mt 3.8; 4.17; Mc 1.15; Lc 13.3). Não basta apenas crer, é necessário obedecer (Ef 5.6; 6.6; 1Jo 3.6, 24). Não basta ser crente, é necessário ser discípulo (Mc 8.34; Lc 9.23; Mt 28.19). Não basta receber o amor, é necessário amar (1Jo 3.16, 23). Não basta apenas receber o perdão, é necessário perdoar (Mt 6.14-15). Pois os que conhecem verdadeiramente a Deus são os que o amam (1Jo 4.8), e os que o amam, verdadeiramente lhe obedecem (Jo 14.21), pois os que são objetos do seu perdão devem se tornar perdoadores, sob o risco de terem o perdão de seus pecados cancelados pelo Supremo Credor (Mt 18.23-34).




Então, o crente não deve se conformar com o mundo (Rm 12.1-2), não deve manchar as suas roupas com a imundícia do mundo (Ap 3.4), mas deve ser santo em todo o seu procedimento (1 Pe 1.13-16), deve ser obediente e fiel até a morte (Ap 2.10; 26; Gl 6.9). Pois sem santidade não há salvação (Hb 12.14). Sem vida com Deus aqui, não haverá vida com Deus no céu (1 Ts 4.7-8). Sem santidade na terra não há glória no céu (Ap 3.2-5). Não basta estar, é preciso permanecer e também frutificar. O ramo que não produz o devido fruto está prestes a ser cortado e lançado fora (Jo 15.2), e o crente morno será vomitado (Ap 3.16), pois de Deus não se zomba, aquilo que o homem plantar, isto mesmo ele irá colher (Gl 6.7). Cuidado para que "ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus" (Hb 12.15). Os apóstolos expressamente advertem que os cultivam um estilo de vida pecaminoso não herdarão o Reino dos céus (Gl 5.21). O nascido de Deus não pode viver na prática do pecado (1Jo 5.18). "Se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados" (Hb 10.26). Ao povo escolhido, Deus adverte: "Riscarei do meu livro aquele que pecar contra mim" (Ex 32.33). Portanto, somos exortados a mortificarmos os desejos pecaminosos pois eles nos colocam sob a condenação de Deus (Cl 3.5-6). Sendo assim, "purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2Co 7.1), "Agora, libertos do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6.22).

Por esta mesma razão é que o Apósto Paulo exorta: "Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados" (2Co 13.5). E João escreveu seu livro para levar certeza para os salvos, afirmando que existem frutos como evidência para a salvação: "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos aos irmãos. Quem não ama permanece na morte" (1Jo 3.14); A fé salvadora é aquela que opera por meio do amor (Gl 5.6), pois a "fé sem obras é morta" (Tg 2.26); crentes sem frutos não encontram base para segurança da sua salvação (Jo 15.2). Temos que entender que a natureza da salvação não se resume a justificação, mas também inclui regeneração, santificação e, por fim, glorificação.


Capacitados à santidade

O Espírito Santo nos regenera para um novo viver (1Pe 1.23; Tt 3.5). Jesus não apenas nos exorta a sermos santos (Mt 5.48), mas também nos capacita. Temos recebido da parte de Deus todas as condições necessárias para vivermos em santidade (2Pe 1.3; Ef 1.3). Recebemos um novo coração (Ez 36.26), a mente de Cristo (1Co 2.16) e toda a armadura de Deus (Ef 6.10-13) para vencermos o mal (2Co 10.4) e vivermos de modo digno do Evangelho (Fl 1.27). 

Portanto, o trabalho de Deus a nosso favor e em nós deve ser a base e o incentivo para o nosso próprio esforço para o crescimento espiritual. Deus nos deu graça e todas as condições para a vida e a piedade (2 Pe 1.3), "por isso" devemos nos esforçar para cumprir a nossa parte (2Pe 1.5). Paulo ensinou mesmo a Igreja de Corinto "Caríssimos, já que temos tais promessas, vamos purificar-nos de toda mancha do corpo e do espírito. E levemos a cabo a nossa santificação no temor de Deus" (2 Co 7.1). Assim, compreendemos melhor o que Jesus quis dizer com a frase: “...o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mt 11:12) e também o que está registrado em Lucas 13:23-30 “E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos? Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão”. Jesus advertiu seus discípulos dizendo: "Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus (Mt 5.20). “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2.12), pois “...de Deus somos cooperadores” (1Co 3:9). "Empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis" (2Pe 3.14). "Não sabeis que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? correi de tal maneira que o alcanceis" (1Co 9.24,25).



As Dimensões da Santidade 

(tradução de  José Ildo Mello do original em inglês extraído do site: http://www.holinessandunity.org/fs/index.php?id=1467 )



A santidade tem várias dimensões. Dentro de cada dimensão existem realidades contrastantes. É importante abraçar os dois elementos de cada lado, a fim de experimentar e praticar a santidade na sua plenitude.

Individual e corporativa: Nós somos chamados a ser pessoas santas individualmente e para ser um povo santo corporativamente. O aspecto social da santidade, que é proeminente nas Escrituras, precisa ser novamente  enfatizado nos dias de hoje.



Centrada em Cristo e centrada no Espírito Santo: o trabalho do Espírito Santo em nós leva a conformidade com a pessoa de Jesus Cristo. Um não deve ser expresso sem o outro.

Desenvolvimento e Fim: O ensino sobre o desenvolvimento da vida cristã deve ter como propósito final levar o cristão a ser semelhante a Cristo.

Crise e Processo: Uma obra definitiva da graça de Deus em nossos corações e a nossa constante cooperação com sua graça devem ser igualmente enfatizados.

Bênçãos e Sofrimentos: A plena união com Jesus Cristo traz muitas bênçãos, mas também nos torna participantes de seus sofrimentos.

Separação e Encarnação: Os santos de Deus estão, mas não são do mundo. Santidade requer tanto  separação e redenção, reconciliação e engajamento restaurador. 

Forma e Essência: Santidade sempre se expressa em formas específicas, que são as maneiras pelas quais ela é traduzida em vida e ação. Mas as formas não devem ser confundidas com a essência da própria santidade.




A Essência da Santidade 

A essência da santidade é que Deus é santo e nos chama a ser um povo santo. O desafio é refletir Jesus Cristo de uma forma relevante e contextual que transcenda as barreiras sociais e as diversidades culturais. Habitado e fortalecido pelo Espírito Santo, o povo santo deve viver e amar como Jesus Cristo. Andando intimamente com ele, devemos transbordar em compaixão em defesa daqueles a quem Deus ama.

Santidade convida a unidade


Embora as diferenças têm levado a uma fragmentação nas igrejas, santidade convida à unidade. Deus quer nos curar, promovendo integração do indivíduo, da família, da igreja e de toda a sociedade.  O impacto da santidade ultrapassa as fronteiras da tradição, da teologia, do gênero, das etnias e do tempo, afetando positivamente as pessoas e as estruturas institucionais. A cura resultante une todos os cristãos plenamente, que podem testemunhar assim de seu crescimento na semelhança de Cristo. A mensagem de santidade envolve conversação e envolvimento com os outros.




Santidade e Cultura 


O povo santo deve transmitir a mensagem de santidade dentro de várias culturas. Cultura afeta a mensagem de santidade e de igrejas porque somos seres humanos que vivemos em sociedade. A cultura nos desafia a mediar a santidade de maneira relevante, mas sem perder a integridade da mensagem. 

Santidade e Comunidade 

Santidade individual e corporativa exige que as comunidades de fé desenvolvam estruturas organizacionais, processos e conteúdos que promovam a obediência radical a Jesus Cristo. A Santidade não se desenvolve através do distanciamento de outros crentes e comunidades de fé,  precisamos uns dos outros. 

Santidade e preocupação social 

O compromisso social é uma expressão essencial da encarnação da santidade pessoal e social. Inclui ministério entre os pobres e marginalizados. Santidade requer uma resposta às necessidades mais profundas e urgentes do mundo. O engajamento social é a continuidade do trabalho de Jesus Cristo, através da Igreja pelo Espírito Santo para o mundo. 

Como ensinar a Santidade 


Os cristãos vivem em ambientes de mudança de linguagem. Eles devem comunicar uma mensagem de santidade de maneira clara, relevante e cativante. A mensagem de santidade, muitas vezes, foi comunicada com os termos e paradigmas que não são compreendidos hoje. 

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