Mordomia Cristã
Quando ouvimos “mordomia”, muita gente pensa primeiro em dinheiro, dízimos e ofertas. Vamos tratar disso, sim; mas a mordomia cristã é muito mais ampla e bela do que apenas a área financeira (1Co 10.31; Rm 12.1–2).
Pergunta que muda tudo: de quem é tudo o que você e eu possuímos? Nosso salário, nossa casa, nosso carro, nossos talentos, nosso tempo, até mesmo o nosso corpo (Sl 24.1; 1Cr 29.11–14; 1Co 6.19–20).
A Bíblia é muito clara: “Do SENHOR é a terra e tudo o que nela existe” (Sl 24.1). Deus é o Dono de absolutamente tudo; nós não somos donos, somos administradores (mordomos) do que pertence a Ele (1Cr 29.11–14; 1Co 4.1–2). Desde o início, em Gênesis, Deus confiou ao ser humano a tarefa de cuidar e administrar a criação (Gn 1.26–28; 2.15).
Definição pastoral: Ser mordomo cristão é administrar com fidelidade e amor tudo o que Deus nos confiou — tempo, corpo, relacionamentos, dons, bens e oportunidades — para a glória de Deus e o bem do próximo (1Pe 4.10–11; Cl 3.17; Mt 22.37–39; 1Co 10.31).
Uma Vida Inteira para Deus
A vida com Cristo não se resume a uma ou duas horas no domingo; a redenção de Jesus alcança a vida inteira — aqui e agora (Cl 1.16–20; Rm 12.1–2). Cada segundo do nosso tempo, cada decisão com o corpo, cada conversa em família, cada hora de trabalho está debaixo do senhorio de Cristo (Cl 3.17; Cl 3.23–24).
• Pense no seu tempo: estamos remindo o tempo e ordenando o dia com oração, Palavra, descanso e serviço (Ef 5.15–16; At 2.42; Sl 90.12)?
• Pense no seu corpo: o corpo é templo do Espírito, chamado à pureza, saúde e equilíbrio (1Co 6.19–20; 1Ts 4.3–4; Rm 6.13).
• Pense nos seus talentos/dons: tudo vem de Deus; servimos segundo o dom recebido para edificação da igreja e bênção do mundo (1Pe 4.10–11; 1Co 12.4–7; Rm 12.6–8).
• Pense nos relacionamentos e no lar: discipulado que começa em casa, com amor prático e hospitalidade (Dt 6.4–9; Rm 12.13; Hb 13.2).
• Pense no trabalho e integridade: trabalhar com honestidade, repartir e fazer o bem (Ef 4.28; Cl 3.23–24).
• Pense na criação: cuidar da terra como jardineiros de Deus (Gn 2.15; Sl 24.1).
Síntese: Mordomia é viver todas as áreas sob o senhorio de Cristo, entendendo que tudo é Dele e para Ele (Rm 11.36; Cl 1.16).
E o Dinheiro? O Lugar dos Dízimos e Ofertas
Se Deus é o Dono de tudo, Ele é também o Dono das nossas finanças (1Cr 29.12–14; Sl 24.1). A Bíblia dá princípios claros: contribuir com alegria, regularidade e prioridade (2Co 9.6–8; 1Co 16.2; Pv 3.9–10).
O dízimo ainda vale? Antes da Lei, já vemos o dízimo como ato de adoração:
• Abraão deu o dízimo a Melquisedeque (Gn 14.18–20).
• Jacó votou dar o dízimo de tudo (Gn 28.20–22).
Na Lei, o dízimo é “santo ao SENHOR”, com propósito de sustento do culto, dos levitas e de justiça comunitária (Lv 27.30–33; Nm 18.21–24; Ne 12.44; Ml 3.8–12).
No Novo Testamento, Jesus não abole o princípio; Ele corrige a motivação e exige justiça, misericórdia e fé: “façam estas coisas, sem omitir aquelas” (Lc 11.42; Mt 23.23). A justiça no Reino deve exceder a dos fariseus (Mt 5.20). E a liberdade cristã não é pretexto para a carne (Gl 5.13).
Equilíbrio na graça: não estamos debaixo da Lei como caminho de salvação (Ef 2.8–10; Rm 8.1–4). O dízimo funciona como princípio sábio, justo e norteador — um ponto de partida para uma contribuição proporcional, regular e reverente — enquanto a graça nos move além do mínimo, rumo à generosidade sacrificial e alegre (1Co 16.2; 2Co 8.1–5; 2Co 8.9; 2Co 9.6–12; Rm 13.10).
Resumo: Não damos para ser salvos, mas porque fomos salvos; damos como resposta de amor ao Deus que nos deu tudo, inclusive o Seu Filho (2Co 9.7; Jo 3.16).
Compromisso com a Igreja e sua Missão
Para onde vai a contribuição? Ela impulsiona a missão:
• Sustento ministerial e ensino da Palavra (1Co 9.14; 1Tm 5.17–18; Gl 6.6).
• Culto, discipulado e formação de líderes (At 2.42; 2Tm 2.2).
• Diaconia e obras de misericórdia (Tg 1.27; At 6.1–7).
• Evangelização e missões locais e transculturais (Mt 28.19–20; At 1.8).
• Transparência e prestação de contas (2Co 8.20–21).
Contribuir é amor concreto por Deus, por Sua Igreja e pelo mundo que Ele ama (1Cr 29.3; 2Co 9.12).
Trazendo para a Prática
• Primeiros frutos: honrar o Senhor com a primeira parte da renda — separe antes de gastar (Pv 3.9–10; 1Co 16.2).
• Planejamento e contentamento: prudência no orçamento e coração livre da avareza (Pv 21.5; 1Tm 6.6–10; Mt 6.24).
• Generosidade constante: dar com alegria, fé e propósito (2Co 9.6–8; Lc 6.38).
• Simplicidade e justiça: usar recursos para o bem e a compaixão (1Tm 6.17–19; Lc 12.33–34).
• Prestação de contas: caminhar com irmãos e lideranças (Tg 5.16; Hb 10.24–25).
Uma sugestão prática (princípio, não regra): 10–10–80 — 10% ao Senhor (dízimo), 10% poupança/futuro, 80% custeio da vida (Pv 21.5; 27.23).
Lembre: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito” (Lc 16.10–13).
Perguntas para a Semana
1. Onde Deus está chamando você a fidelidade — no tempo, dons ou recursos (Rm 12.2)?
2. O que hoje compete com o senhorio de Cristo nas suas finanças (Mt 6.19–21; Mt 6.24)?
3. Qual passo concreto de generosidade você pode dar esta semana (2Co 9.7)?
Conclusão
Mordomia cristã é amor que administra: tudo vem de Deus e tudo volta para Ele em adoração, serviço e missão (Rm 11.36; 1Co 10.31; 2Co 9.12). Que o Senhor nos faça mordomos fiéis e alegres, para a Sua glória e o bem do próximo (Mt 25.21; 1Pe 4.10–11).
Questões
1. De quem é a terra e tudo o que nela há, segundo as Escrituras?
A) Do SENHOR, o Criador
B) Da igreja local
C) Do crente fiel
D) Do Estado
2. O que melhor define mordomia cristã?
A) Dar esmolas quando possível
B) Administração fiel de tudo o que Deus nos confiou para sua glória e o bem do próximo
C) Cumprir regras financeiras da Igreja
D) Planejamento para riqueza pessoal
3. Que princípio do Novo Testamento orienta contribuição proporcional e regular?
A) Guardar os sábados rigorosamente
B) Cada um contribuir conforme prospera, separando de antemão (1Co 16.2)
C) Dar apenas quando houver necessidade extrema
D) Evitar qualquer compromisso prévio
4. O que Jesus afirma sobre o dízimo em sua crítica aos fariseus (Lc 11.42; cf. Mt 23.23)?
A) Que deve ser abolido sob a graça
B) Que deve ser omitido em favor de tradições
C) Que não deve ser omitido, sem desprezar justiça e amor de Deus
D) Que só se aplica a levitas
5. Segundo 2Co 9.7, como devem ser dadas as ofertas?
A) Por obrigação e com aparências
B) Com tristeza e por medo do juízo
C) Com alegria, de coração, não por necessidade
D) Somente em segredo e raramente
6. Qual é o foco da mordomia em relação à Igreja?
A) Acúmulo de patrimônio institucional
B) Sustentar culto, ensino, diaconia e missão da igreja
C) Priorizar reformas estéticas
D) Autonomia financeira do indivíduo
7. Qual prática expressa ‘honrar ao SENHOR com os primeiros frutos’?
A) Separar a contribuição ao final do mês, se sobrar
B) Separar antes de gastar, com prioridade e propósito (Pv 3.9; 1Co 16.2)
C) Evitar planejar ofertas
D) Contribuir apenas em datas especiais
8. Quais dimensões melhor representam o escopo da mordomia cristã?
A) Apenas dinheiro
B) Apenas talentos espirituais
C) Tempo, dons, recursos, corpo, família, trabalho e cuidado da criação
D) Apenas dízimo e ofertas
9. Qual motivação cumpre a lei e deve orientar a generosidade cristã (Rm 13.10)?
A) Medo
B) Tradição
C) Amor
D) Reconhecimento social
10. Como a visão cristã equilibra dízimo e graça?
A) Estamos debaixo da Lei Mosaica em todos os pontos
B) Estamos sem qualquer norma e cada um faz o que quer
C) O dízimo é princípio sábio e norteador sob a graça; a generosidade pode excedê-lo
D) Dar apenas se sobrar, pois Deus não se importa com prioridades
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