sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

O BATISMO CRISTÃO

O batismo é mais do que um ato público de fé; ele representa nossa ligação com a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo (Romanos 6:3-4). Quando nos submetemos a esse sacramento, nos unimos a Cristo e nos revestimos dele, integrando-nos ao corpo de Cristo (1 Coríntios 12:13; Gálatas 3:27).


No Novo Testamento, a crença no Batismo como purificação e redenção é reforçada por líderes cristãos. Ananias, ao instruir Saulo, enfatizou isso: "Levante-se, receba o batismo e lave os seus pecados, invocando o nome dele" (Atos dos Apóstolos 22.16, NAA). Pedro também reforçou essa ideia em Atos dos Apóstolos 2.38, proclamando que o batismo era para a remissão dos pecados e para receber o Espírito Santo.


Em Gálatas 3.27, Paulo afirma que os batizados em Cristo se revestiram dele, mostrando a transformação espiritual que ocorre através desse sacramento. Em 1 Coríntios 12.13, Paulo enfatiza que todos os cristãos, independentemente de origem ou posição social, tornam-se parte do Corpo de Cristo pelo batismo. Além disso, ele destaca um evento crucial no nosso batismo: "tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual vocês também foram ressuscitados por meio da fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos" (Colossenses 2.12, NAA). Essa passagem realça que o batismo vai além do simbolismo, representando nossa real união com Cristo em sua morte e ressurreição, marcando nossa morte para o pecado e nosso renascimento em uma nova vida em Cristo.


Alguns eventos bíblicos do Antigo Testamento oferecem paralelos significativos que destacam a importância do batismo para a remissão dos pecados. A aspersão do sangue nos umbrais para proteger os primogênitos de Israel do anjo da morte (Êxodo 12:7, 13) e a necessidade de olhar para a serpente de bronze para obtenção da cura (Números 21:8-9), e o caso de Naamã, que precisou mergulhar no rio Jordão para ser purificado (2 Reis 5:10-14), juntamente com a aspersão da água para purificação dos pecados (Ezequiel 36:25-27), simbolicamente apontam para a relevância do batismo como um ato eficaz de purificação e remissão dos pecados. 


É importante distinguir entre o batismo de João Batista e o batismo cristão. João batizava com água em um ato de arrependimento, enquanto Jesus traz o batismo não apenas com a água, mas com o Espírito Santo e com fogo (Mateus 3:11). O batismo de João era um ritual de purificação judaico, já o batismo cristão traz consigo o renascimento pela água e pelo Espírito, como mencionado em João 3:5. A característica distintiva do batismo cristão é a "Promessa do Pai" (Atos 2:39), o dom do Espírito Santo, que, poderosamente, regenera e salva o indivíduo (Tito 3:5-6), capacitando-o a viver uma nova vida como testemunha de Cristo (Atos 1:8).


A vida cristã é gerada e guiada pelo poder do Espírito Santo (Gálatas 5:25), que nos permite reconhecer Jesus como Senhor (1 Coríntios 12:1-3), integrando-nos ao corpo de Cristo (1 Coríntios 12:13) e nos tornando filhos de Deus (Romanos 8:16; Gálatas 4:5-6).


O batismo cristão é administrado com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19 e João 3.5). Pode ser feito por imersão, por aspersão ou por derramamento de água. Enquanto o método da imersão é o que melhor representa a identificação do cristão com a morte e a ressurreição de Cristo (Romanos 6.4 e Colossenses 2.12), os métodos da aspersão e do derramamento da água são os mais condizentes com os rituais de purificação judaicos que eram predominantemente por aspersão e com o derramamento do Espírito Santo (Êxodo 24.8, Números 8.7;  19.13;  Ezequiel 36:25; 1 Pedro 1.2; Hb 9.19; 10.22; Tito 3.5-6; Atos 1.5; 11.15-16). Para aprofundar o conhecimento sobre a forma apropriada do batismo, confira: http://escatologiacrista.blogspot.com/2009/10/qual-e-forma-correta-de-batismo.html 


Ao receberem o batismo em Cristo, os cristãos se revestem da Sua natureza (Gálatas 3:27). Tornam-se morada não apenas do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19), mas também do Pai e do Filho, conforme expresso em João 14:23.


O batismo, nos tempos do Novo Testamento, era imediato após a confissão de fé em Jesus (Atos 2:38-41; 8:13, 36-38; 9:18; 10:48; 16:14-15, 33; 19:5), requerendo fé, arrependimento e confissão de Jesus como Senhor (Atos 2:38; Romanos 10:9).


O processo de discipulado começa com a pregação que gera a fé, levando ao batismo, e se aprofunda por meio do ensino, como ordenado por Jesus em Mateus 28:19-20. Os cristãos são incentivados a buscar continuamente o crescimento na graça e no conhecimento de Deus, como indicado em 2 Pedro 3:18.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Lidando biblicamente com a ansiedade

A ansiedade é, sem dúvida, um dos maiores desafios deste século. Muitas pessoas vivem apreensivas em relação ao futuro, sofrendo por antecipação e ampliando suas preocupações. Essa inquietação muitas vezes leva a uma busca desesperada por soluções em remédios, resultando, em alguns casos, em dependência e agravamento dos problemas.

Mas onde encontrar a verdadeira solução para esse mal? Será possível experimentar paz no meio das pressões e tribulações da vida? Qual é o segredo para alcançar essa paz tão desejada? Onde ela reside e como podemos vencer a ansiedade e o temor?

É importante notar que as pessoas não nascem com essa carga de preocupação e angústia; é algo que se desenvolve ao longo da vida. E, assim como aprendemos a carregar esse fardo, podemos também desaprender. Embora não seja uma jornada fácil, estamos, de fato, sujeitos a muitos perigos, e a necessidade de ajuda para lidar com essas ameaças é inegável. E se pudéssemos confiar em Deus a ponto de depositar todas as nossas ansiedades sobre Ele? Certamente, isso seria uma fonte inestimável de alívio.

O Apóstolo Paulo oferece uma lição significativa em sua Carta aos Filipenses (4:4-8). Mesmo aprisionado, ele incentiva seus irmãos de fé a se alegrarem no Senhor, a terem uma atitude amável e a não se deixarem dominar pela ansiedade. Paulo destaca a importância da oração, súplicas e ação de graças, prometendo que a paz de Deus, que transcende toda compreensão, guardará corações e mentes em Cristo Jesus.

É surpreendente perceber que Paulo escreveu essas palavras encorajadoras enquanto estava na prisão, enfrentando perseguições. Ele exorta seus irmãos a encontrar alegria no Senhor, lembrando-os de que Deus está vivo, Jesus ressuscitou e há sempre esperança. Essa alegria, segundo Paulo, é uma fonte de força que pode ser experimentada em todas as circunstâncias.

Histórias como a de Lutero e analogias como o "Travesseiro Marinho" ilustram vividamente a possibilidade de manter a paz interior mesmo diante das maiores tormentas. A paz que Jesus oferece, conforme expressa em João 14:27, é especial e se diferencia da paz passageira do mundo, que muitas vezes é abalada por circunstâncias contrárias.

Refletindo sobre os relatos bíblicos, vemos que é possível experimentar paz mesmo em situações desafiadoras. A resposta dos discípulos à tempestade, a confiança expressa nos Salmos e as palavras reconfortantes do Bom Pastor em João 16:33 destacam a possibilidade de confiar em Deus, independentemente das circunstâncias.

Paulo, com sua confiança inabalável, proclama em Romanos 8:31 que se Deus é por nós, quem será contra nós? Ele assegura que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28), fornecendo uma base sólida para a gratidão em todas as situações.

Sigamos o conselho de Paulo, direcionemos os pensamentos para o que é verdadeiro, nobre, correto, puro, amável e digno de louvor, conforme Filipenses 4:8.

É curioso notar como os cristãos acreditam no poder de Deus para ressuscitar os mortos e conceder a vida eterna, mas hesitam em crer que Ele cuidará das nuances simples do cotidiano. Afinal, aquele que zela pelos pássaros não cuidará também daqueles que confiam Nele? (Mt 6.26).

Na adolescência, eu, um jovem de origem humilde, desempenhava o papel de office-boy durante o dia e frequentava uma escola pública à noite. Minhas perspectivas de futuro se mostravam modestas em comparação aos colegas ricos da minha idade. Certa vez, ao contemplar a beleza do novo carro importado adquirido por um dos diretores da empresa em que trabalhava, fui surpreendido pela ausência de inveja ou tristeza em meu coração. A razão para tal serenidade residia na presença de Jesus em minha vida.

Lembro-me claramente do momento em que, logo após admirar o novo veículo do diretor, optei por caminhar vários quilômetros a pé pelas ruas de São Paulo, em vez de utilizar o ônibus, como forma de economizar o dinheiro do passe. Nesse trajeto, entre lágrimas e cânticos de alegria, entoava a canção que proclama: "louvarás bem alto ao teu Pai celeste quando a glória entrar no coração!" Quem carrega a glória de Deus no coração não se preocupa com o amanhã, pois sabe muito bem que seu futuro está nas mãos de Deus! 

Em uma noite marcante, meu pai voltou para casa com o bolso rasgado, salário roubado e coração despedaçado. Ao testemunhar a angústia de meus pais, questionei-me sobre como pagaríamos as contas e sustentaríamos as crianças. Se pudesse voltar ao passado, diria a meus pais naquela noite sombria: "Deus não nos abandonou! Venceremos! Alegrem-se no Senhor e confiem em Sua bondade e fidelidade."

Entreguemos a Deus nossas ansiedades, confiando na paz que ultrapassa toda compreensão humana. Ao experimentarmos e compartilharmos essa poderosa paz divina, podemos confiar que ela guardará nosso coração e mente em todas as situações, independentemente dos desafios que possamos enfrentar.


Bispo José Ildo Swartele de Mello

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Pastoreando com Paixão e Fé: Lições das Parábolas do Reino

É um privilégio sem igual servir como semeadores do Evangelho do Reino. Ao longo da história, Deus poderia ter escolhido diversas carreiras para o Seu Único Filho, mas Ele optou por tê-Lo como um missionário pregador do Evangelho e Pastor de Ovelhas neste Mundo, que é o Campo do Senhor (João 3:16; João 10:15). Não há carreira mais elevada! Mesmo que o mundo muitas vezes subestime o chamado pastoral, saiba que, aos olhos de Deus, não existe função mais importante e prestigiada.

A vocação pastoral é verdadeiramente sublime. Devemos honrar esse chamado ao seguir os passos e o ministério de Cristo com a dedicação que ele merece, regada de amor devoto e alegria entusiasmada.

Fomos chamados para semear e para cuidar para que a lavoura produza muitos frutos. Jesus nos designou para dar frutos e quer que esses frutos sejam permanentes (João 15:16).

As Parábolas do Reino mostram que a boa semente do Reino germina, cresce e produz muitos frutos. No entanto, existem os inimigos da lavoura simbolizados pelos pássaros, joio, terra seca, sol, espinhos e outras condições inóspitas. Mesmo diante das adversidades, a vocação da semente é a de frutificar. A lavoura triunfará! "Aquele que semeia com lágrimas, colherá com alegria" (Salmo 126:5). As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja! (Mateus 16:19). Pois o Pai é o Agricultor (João 15:1)! Nós fomos chamados por Ele para trabalhar em sua lavoura santa!

O inimigo trabalha tanto externa como internamente. Ele age como o pássaro que rouba a semente (Mateus 13:4), e também semeia o joio em meio ao trigo para provocar confusão (Mateus 13:25), para sugar as energias do trigo e prejudicar seu desenvolvimento. Ele atua também promovendo outros interesses para gerar distração e sufocar a semente da Palavra através "dos cuidados deste mundo e a sedução das riquezas" (Mateus 13:22). Ele é astuto e não tem um único modo de agir.

Certamente o adversário investe contra a liderança por questões estratégicas. Precisamos, portanto, questionarmos a nós mesmos em caso de um período longo de improdutividade. Não podemos encarar isto como algo normal. Não podemos tão simplesmente nos cercarmos de desculpas. Precisamos olhar para dentro de nós mesmos para ver se não há alguma erva daninha ali em nossa mente e coração plantadas pelo inimigo da lavoura de Deus. Às vezes, nós mesmos é que somos o maior obstáculo para o crescimento da igreja. A falta de fé, confiança, entusiasmo, consagração e devoção a Cristo e à sua causa podem ser fatais, principalmente devido à influente posição que ocupamos.

Por falar em entusiasmo, observamos que Jesus cumpria o seu ministério com muito gosto e paixão, tanto que sua comida e bebida eram fazer a vontade do Pai (João 4:34). Ele possuía um grande apetite pela obra da evangelização e discipulado! Como diz o antigo hino: "No serviço do meu Rei eu sou feliz"! Quando estamos entusiasmados com algo, chegamos até a nos esquecer da comida e nem fazemos caso do cansaço! Veja Jesus atravessando o mar, enfrentando a tempestade, mesmo no final de um dia estafante de trabalho quando a maioria só pensa em cair na cama! E tudo para alcançar um único ser humano, o endemoniado e marginalizado Gadareno, visto que Jesus tinha consciência de que o restante do povo daquela região o rejeitaria (Marcos 4 e 5).

Precisamos crer mais em Deus e no poder do Evangelho (Romanos 1.16), valorizando, assim, a nossa vocação para dedicarmo-nos mais e mais, com entusiasmo, visão e confiança, à grande missão de evangelizarmos o Mundo (Marcos 16.15).

Não devemos ter medo de fracassar. Bem sabemos que haverá muita frustração, pois 3/4 das sementes não chegam a produzir os devidos frutos, conforme ensino da Parábola do Semeador (Mateus 13:3-23). Mas vale a pena plantar por conta da porção que vingará e dará uma boa colheita (Mateus 13:8)!

A gente deve ser mais arrojado para semear com fé por toda parte, "sem medo de ser feliz"! Devemos acreditar que haverá conversões como resultado de nossas pregações e testemunhos, além da geração de líderes, igrejas saudáveis (Isaías 55.11). Pois, não fomos chamados para um trabalho de mera manutenção. Nosso Técnico não quer que o time jogue na retranca! Lembrar do que aconteceu com aquele servo que preocupou-se apenas com a manutenção do talento de seu Senhor, não ousando investi-lo por medo de eventuais prejuízos (Mateus 25:24). Existem riscos, sim; sempre existiram e existirão. Mas onde está a nossa fé?! E cadê a nossa confiança naquele que nos convocou?! Sabe, parece mesmo que quanto mais tememos e nos retraímos, assumindo uma postura defensiva, mais estamos sujeitos ao ataque dos adversários, e acabamos por perder até o pouco que temos. "Porque àquele que tem se dará, e terá em abundância; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado" (Mateus 13:12).

Precisamos multiplicar os nossos talentos! (Mateus 25). Ao ataque! Não vamos deixar de plantar porque os pássaros roubam a semente ou porque, quando a árvore cresce, eles se aproximam buscando sua sombra. Não vamos deixar de plantar o trigo por conta do inimigo que planta o joio. E nem vamos deixar de pescar porque a rede vem cheia de peixes de toda espécie, não somente bons, mas também maus. Um zelo extremado para combater o joio pode levar à destruição do trigo e pode comprometer ainda mais o desenvolvimento da lavoura.

Haverá muita decepção e frustração em nossa carreira, mas não vamos desanimar de forma alguma. Vale muito a pena correr o risco de seguir adiante semeando com confiança no Senhor da lavoura.

A igreja precisa aprender também que sua vocação é crescer e se multiplicar (Atos 9:31). Crescimento é algo que está em seu DNA! Todas as parábolas do Reino falam de seu crescimento: A semente produz o seu fruto, o trigo cresce, o grão de mostarda transforma-se na maior das hortaliças, o fermento faz a massa levedar, a rede vem cheia de peixes e o baú está cheio de coisas!

A igreja não existe para si mesma. Sua essência é missionária (Mateus 28:19-20; João 15:5; Atos 1:8)! Ela não pode os seus próprios interesses (Filipenses 2:21). Não deve jamais desviar-se de seu propósito elementar, que é o de fazer discípulos de todas as nações. Seus recursos não devem estar concentrados em sua própria manutenção. Ela não tem o direito de ser egocêntrica, visto que nasceu do coração daquele que deu sua própria vida em favor dos outros (Mateus 20:28).

Uma igreja com visão missionária agrada a Deus e conta com as provisões divinas. Como disse Hudson Taylor: "A obra de Deus, feita do modo de Deus, conta com o suporte de Deus!". Precisamos de uma visão do Reino.

É crucial que aprimoremos nossa visão do Reino de Deus, expandindo nossos horizontes e alocando mais recursos para o estabelecimento de novas igrejas, tanto em nossa comunidade local, como também em regiões mais distantes (Mateus 28:19; Atos 1:8).

Um desafio que os pastores podem enfrentar está relacionado ao processo de discipulado e à formação de novos líderes. Em algumas situações, pode surgir a insegurança diante de líderes jovens que demonstram um grande potencial. Essa insegurança pode levar o pastor a restringir oportunidades, criando obstáculos adicionais para o progresso espiritual e o desenvolvimento dos dons e talentos dos discípulos. Às vezes, podemos interpretar erroneamente o entusiasmo de um jovem em servir, confundindo-o com arrogância ou ambição desmedida por poder, quando, na realidade, pode ser um sinal de alguém com um sincero desejo de servir e fazer a diferença na vida das pessoas e no mundo (1 Timóteo 4:12).

Entretanto, não é tarefa fácil chegar ao ponto de proclamar, como João Batista: "É necessário que Ele cresça e que eu diminua" (João 3:30). Os pastores foram chamados para promover o crescimento dos outros, e isso é essencial para o avanço e o futuro da Igreja. Não devemos nos sentir ameaçados por jovens promissores que, em muitos aspectos, demonstram mais talento e inteligência do que nós. Podemos aprender valiosas lições com Barnabé, que soube identificar o propósito de Deus em Paulo e investiu tempo e esforço em seu treinamento. Esse investimento não apenas beneficiou Paulo, mas também fortaleceu a Igreja como um todo (Atos 9:26-30).

Paulo, por sua vez, seguiu o exemplo de Barnabé, multiplicando discípulos que se tornaram líderes, pastores e bispos em diversas cidades onde o Evangelho foi plantado. Essa é a vontade de Deus - formar líderes que possam levar adiante a mensagem do Evangelho e pastorear o rebanho de Cristo (2 Timóteo 2:2).

Como nos lembra Efésios 4.11-12, "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo."

Assim, como pastores e líderes, devemos abraçar a responsabilidade de fazer discípulos, os melhores que pudermos, com fé, confiança, amor, entusiasmo e ousadia. Nosso trabalho no Senhor é de grande importância, e, embora não saibamos quando ele será concluído, temos a urgência de nos dedicar à formação de pastores e líderes sólidos, sem medo de perder nosso lugar, seguindo o exemplo de Barnabé, que nunca perdeu seu papel fundamental na expansão do Reino de Deus.

No amor do Senhor,

Bispo José Ildo Swartele de Mello




Aqui estão os tópicos com os versículos correspondentes:


Tópico: A Sublimidade da Vocação Pastoral

  • "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16, NAA) 
  • “Jesus lhe disse: — Apascente as minhas ovelhas.” (João 21.17, NAA) 
  • "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." (Mateus 28:19, NAA) 
  • "Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi e os designei para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome." (João 15:16, NVI) 

Tópico: Enfrentando os Desafios da Vocação Pastoral

  • "Aquele que semeia com lágrimas, colherá com alegria." (Salmo 126:5, NAA) 
  • "São servos de Cristo? (Estou falando como se estivesse fora de mim.) Eu, com muito mais labores, muito mais prisões, muito mais açoites, inúmeras vezes em perigo de morte." (2 Coríntios 11:23, NAA) 
  • "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos." (2 Coríntios 4:9-9, NAA) 
  • "fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, e dizendo que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus." (Atos 14:22, NAA) 
  • "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Como está escrito: 'Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou." (Romanos 8:35-37, NAA) 

Tópico: As Táticas do Inimigo Contra a Obra do Pastor

  • "Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se." (Mateus 13:25, NAA) 
  • "O que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas as preocupações deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera." (Mateus 13:22, NAA) 
  • "O inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos." (Mateus 13:39, NAA) 

Tópico: A Paixão e Entusiasmo no Ministério

  • "Mas ele lhes disse: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra." (João 4:34, NAA) 

Tópico: A Importância de Enfrentar os Desafios com Fé e Ousadia

  • "Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê..." (Romanos 1:16, NAA) 
  • "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16.15, NAA) 
  • "Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei." (Isaías 55.11, NAA) 

Tópico: Multiplicando os Talentos e Mantendo a Visão Missionária

  • "Porque àquele que tem se dará, e terá em abundância; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado." (Mateus 13:12, NAA) 
  • "Eu sou a videira, vós as varas; quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (João 15:5, NAA) 
  • "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo." (Efésios 4.11-12, NAA) 

Tópico: A Essência Missionária da Igreja

  • "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." (Mateus 28:19, NAA) 
  • "Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra." (Atos 1:8, NAA) 
  • "Os pastores e mestres são dados com o propósito de equipar os santos para a obra do ministério, para edificar o corpo de Cristo." (Efésios 4:12, NAA) 

Tópico: Desenvolvendo Líderes e Superando a Insegurança Pastoral

  • "É necessário que Ele cresça e que eu diminua." (João 3:30, NAA) 
  • "Quando chegou a Jerusalém, tentou ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não acreditando que fosse discípulo. Então, por intermédio de Barnabé, levado-o aos apóstolos, contou-lhes como no caminho vira o Senhor e como este lhe falara, e como em Damasco pregara, corajosamente, em nome de Jesus. Desde então, Paulo andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo e pregando ousadamente em nome do Senhor. Ele também falava e discutia com os helenistas, mas estes procuravam matá-lo. Quando os irmãos souberam disso, eles o levaram para Cesareia e o enviaram para Tarso." (Atos 9:26-30, NAA). 
  • "E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para ensinar outros." (2 Timóteo 2:2, NAA). 
  • "Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza." (1 Timóteo 4:12, NAA). 
  • "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo." (Efésios 4:11-12, NAA).

terça-feira, 17 de outubro de 2023

📖🎶Música de Fundo na Pregação: Uma Avaliação Teológica

 


📖🎶Música de Fundo na Pregação: Uma Avaliação Teológica


Na busca pela edificação espiritual, é essencial que examinemos as práticas que se tornam comuns nas igrejas. Uma das tendências recentes que merece nossa atenção é a inclusão de música de fundo durante a pregação. Enquanto alguns veem isso como uma forma de criar uma atmosfera espiritual, é importante questionar se essa prática está alinhada com as Escrituras e a mensagem que buscamos transmitir.

1. A Base Bíblica da Música na Pregação 📖


É notável que a Bíblia não endosse a prática de ter música de fundo durante a pregação. Algumas pessoas podem citar o exemplo de Eliseu em 2 Reis 3.15, onde um músico foi chamado antes de ele profetizar. No entanto, é importante notar que esse episódio não estabelece um precedente para a pregação nas igrejas. Esse contexto é específico e não se refere à prática regular da pregação na adoração corporativa. Em vez disso, ele lida com uma situação única em que os reis procuravam orientação divina.

Além disso, ao examinar os relatos das pregações dos apóstolos em Atos e outras partes das Escrituras, não encontramos menção à necessidade de um músico durante a exposição da Palavra de Deus. A pregação nos tempos bíblicos e nas igrejas primitivas estava focada principalmente na proclamação das Escrituras e na explicação das verdades divinas, sem a inclusão de música de fundo.

Portanto, a ausência de exemplos ou orientações claras nas Escrituras sobre o uso de música de fundo na pregação levanta questões sobre a base bíblica dessa prática e incentiva uma reflexão cuidadosa sobre seu papel na adoração e pregação contemporâneas.

2. A Centralidade das Escrituras 📜📖


Devemos lembrar que nossa orientação principal deve ser as Escrituras, não nossas preferências pessoais. O fato de alguém gostar da música de fundo não a torna uma prática bíblica. Devemos sempre buscar aderir à Palavra de Deus em nossos cultos e na pregação, colocando-a como nossa principal fonte de orientação.

3. O Risco da Manipulação 🤔


Outra preocupação que surge com o uso de música de fundo na pregação é o potencial de manipulação. A música, especialmente quando tocada em tons menores, pode afetar as emoções das pessoas, tornando-as mais suscetíveis a aceitar as mensagens sem questionar. Isso pode levar a uma forma de "hipnose coletiva", onde ideias que não estão alinhadas com as Escrituras são introduzidas.

4. O Perigo da Distração 🙅‍♂️


A inclusão de música de fundo na pregação também pode criar distração. Enquanto a intenção pode ser criar uma atmosfera espiritual, muitas vezes a presença de música pode desviar a atenção dos ouvintes da mensagem central. Os crentes podem ficar tão envolvidos na música que perdem parte do conteúdo da pregação, resultando em uma experiência espiritual superficial.

A presença de música de fundo, especialmente se não estiver alinhada com a mensagem ou se for muito dominante, pode distrair o pregador, tornando mais difícil para ele manter o foco e transmitir a mensagem com clareza. Essa perturbação pode afetar a qualidade e a eficácia da pregação, minando a conexão entre o pregador e a congregação.

Além disso, é importante destacar que o músico, em sua imersão na melodia que toca durante a pregação, pode também ser inadvertidamente distraído, não conseguindo dedicar a devida atenção à mensagem.

5. A Diversidade da Congregação 🌍


Cada congregação é composta por pessoas com diferentes bagagens culturais, preferências musicais e sensibilidades. O que pode ser espiritualmente edificante para alguns pode ser perturbador ou irrelevante para outros.

Em última análise, o uso de música de fundo na pregação deve ser cuidadosamente considerado à luz das Escrituras, da diversidade da congregação e do potencial impacto na compreensão e na edificação espiritual. A busca por uma compreensão mais profunda das verdades bíblicas deve sempre ser o objetivo central da pregação, e qualquer elemento que não contribua para esse propósito deve ser examinado criticamente.

No serviço ao Senhor e Sua Igreja,
Bispo Ildo Mello

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Orientações para o Uso do Dom de Profecia

Amados irmãos e irmãs metodistas livres, 
 
Que a graça e a paz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo se multipliquem em suas vidas. Com base nos princípios bíblicos e em nossa tradição wesleyana, desejamos oferecer orientações claras para o uso do dom de profecia em nossas igrejas. Este dom é precioso, mas também requer discernimento e responsabilidade. 
 
1. A Advertência Bíblica sobre Falsos Profetas (Mateus 7:15-20; Deuteronômio 13:1-5 e Jeremias 23:16-17):
As Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento, afirmam o dom de profecia, mas também nos alertam sobre os perigos dos falsos profetas. Em Mateus 7:15-20, Jesus nos adverte sobre os falsos profetas que se disfarçam de ovelhas, mas são lobos vorazes. Ele nos ensina a discernir esses falsos mestres pelos frutos de suas vidas e ensinamentos. Deuteronômio 13:1-5 adverte que até mesmo aqueles que realizam milagres não devem ser seguidos se suas palavras nos afastarem de Deus. Jeremias 23:16-17 nos alerta sobre profetas que proferem falsos sonhos e enganos.

2. Caráter Cristão e Continuidade dos Dons Espirituais (1 Coríntios 12:4-11, 1 Coríntios 3:1, Gálatas 5:22-23, 1 Coríntios 13:1-3):
Acreditamos na continuidade dos dons espirituais, mas é vital lembrar que os dons não são sinônimos de espiritualidade. Isso fica evidente quando observamos a situação da igreja de Corinto, que possuía todos os dons, no entanto, Paulo os chama de carnais e imaturos. O apóstolo enfatiza que o caráter de justiça e amor, juntamente com a maturidade espiritual, são fundamentais. Pois, como Paulo declara em sua carta aos Coríntios, os dons, sem o amor, não têm valor algum diante de Deus. 
Em seu Sermão “A Natureza do Entusiasmo”, John Wesley reconhece a influência real do Espírito de Deus na vida dos crentes, mas também observa que muitos confundem essa influência com suas próprias ideias e impulsos, levando a excessos e comportamentos fanáticos. Ele enfatiza a importância de buscar a vontade de Deus por meio da razão, da experiência e da aplicação das Escrituras, em vez de depender de sonhos, visões ou impressões subjetivas. Ele reconhece que o Espírito Santo pode auxiliar os crentes durante o processo de discernimento, trazendo à mente circunstâncias relevantes, destacando convicções e proporcionando paz interior.

3. Submissão à Palavra de Deus (2 Timóteo 3:16, Isaías 8:20):
Toda profecia deve ser submetida à Palavra de Deus. A Bíblia é nossa base e autoridade suprema. Isaías declara que, se alguém não fala de acordo com a lei e o testemunho, não há luz nele. Qualquer profecia que contradiga a Palavra de Deus não é inspirada pelo Espírito Santo. 

4. Submissão à Liderança Espiritual (Hebreus 13:17; Efésios 4.11-12; 1 Timóteo 5.17; 1 Coríntios 14.29-40):
Toda profecia deve ser submetida à liderança espiritual da igreja. A liderança é responsável por discernir e confirmar a autenticidade das profecias e pela ordem e decência do culto.

5. Manifestação do Caráter Cristão (Efésios 4:22-24):
Aqueles que operam no dom de profecia devem refletir o caráter de Deus. A integridade e a santidade de vida são essenciais.

6. Glorificação de Deus e Edificação (1 Coríntios 14:3):
Toda profecia verdadeira glorifica a Deus e testemunha de Jesus Cristo. Deve contribuir para o crescimento espiritual e o fortalecimento da fé.

7. Julgar as Profecias e Pôr à Prova os Profetas (1 João 4:1-3, Apocalipse 2:2, 1 Coríntios 12:10, Atos 17:11):
Devemos julgar as profecias e por à prova os espíritos para saber se de fato procedem de Deus. Jesus elogia a igreja de Éfeso por sua atenção em desmascarar falsos apóstolos, destacando a importância do discernimento espiritual dentro da comunidade cristã. Devemos ser vigilantes e capazes de discernir entre aqueles que genuinamente representam a verdade de Cristo e aqueles que são falsos mestres. O dom de discernimento de espíritos é vital para avaliar profecias. Os bereianos são elogiados por examinar cuidadosamente as Escrituras para verificar se o ensino de Paulo estava em conformidade com a Palavra de Deus. Isso ilustra a atitude prudente que os cristãos devem adotar ao receberem ensinamentos ou profecias.

8. Vida de Santidade e Oração (1 Pedro 1:15-16):
Uma busca contínua pela santidade e uma vida de oração são essenciais para quem opera no dom de profecia. Uma vida santificada é mais receptiva à voz de Deus.

9. Orientação Pastoral (1 Coríntios 14:1; 5; 24; 31; 39; 15:4):
A liderança pastoral deve ensinar a Igreja que o dom de profecia pode ter um espaço importante na Igreja, mas evitar que pessoas que profetizam recebam importância indevida, como se fossem gurus ou pitonisas.

10. Propósito Primordial do Dom de Profecia (1 Coríntios 14.3, 1 Coríntios 14:4, 1 Coríntios 14:12):
Lembremos que o propósito primordial do dom de profecia é edificar, exortar e consolar, promovendo a edificação do corpo de Cristo e não destruição, unidade e não divisão. Portanto, todas as mensagens proféticas devem ser dadas com amor, alegria, paz e em conformidade com o fruto do Espírito.

Conclusão:
Reafirmamos o compromisso da Igreja Metodista Livre do Brasil em buscar uma vida cristã sólida, fundamentada na Palavra de Deus, na santidade de vida e na edificação mútua. Pedimos a todos os membros e líderes que busquem discernimento espiritual e que sejam vigilantes contra falsas doutrinas e enganos, à medida que utilizam e avaliam o dom de profecia para a edificação do corpo de Cristo.
 
Que a graça e a sabedoria de Deus nos guiem enquanto continuamos a servir ao Senhor e à sua igreja.
 
Em Cristo,

Bispo José Ildo Swartele de Mello
Bispo Daniel Abe
Superintendentes dos Concílio Regionais do:
Centro-oeste: Marinho Soares Filho e Peterson Albuquerque Nunes
Nordeste: Rosimeire Araújo dos Santos e João da Paz
CONLESTE: Nilson Campos, Marie de Oliveira e Milton Aquino
CONOR: Eduardo Adriano e Rozinaldo Leopoldino da Silva
CONSULPA: Rodrigo Rodrigues Lima e Delma Lima Souza

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

O Sermão de John Wesley: "A Natureza do Entusiasmo" e Suas Lições para os Dias Atuais

Introdução

No século XVIII, a Grã-Bretanha estava passando por um período de intensa transformação social, cultural e religiosa. Foi nesse contexto que John Wesley, um dos fundadores do metodismo, pregou seu sermão intitulado "A Natureza do Entusiasmo" (Sermão 37). Este sermão se tornou uma peça fundamental para entender as preocupações de Wesley com relação ao fanatismo religioso, bem como seu compromisso em defender o metodismo das acusações de ser um movimento fanático. Neste artigo, exploraremos o contexto da época, o significado do termo "entusiasmo", os propósitos de Wesley ao abordar esse tema e como suas lições podem ser aplicadas aos dias de hoje.


Contexto Histórico

O século XVIII na Grã-Bretanha foi marcado por mudanças profundas. A Revolução Industrial estava em curso, transformando a sociedade e a economia. Ao mesmo tempo, havia uma crescente diversidade de opiniões religiosas e uma multiplicidade de movimentos religiosos surgindo. Entre esses movimentos, o metodismo liderado por John Wesley ganhava destaque.

O metodismo era uma resposta ao formalismo religioso da época, buscando uma religião mais vibrante e experiencial. No entanto, essa busca por uma fé mais profunda levou a acusações de fanatismo por parte de muitos opositores. Nesse contexto, Wesley sentiu a necessidade de abordar o tema do "entusiasmo" religioso, esclarecendo o que ele considerava a verdadeira natureza do fanatismo e defendendo o metodismo dessas acusações.


O Significado do Termo "Entusiasmo"

Nos dias de John Wesley, o termo "entusiasmo" tinha uma conotação mais negativa do que costuma ter hoje em dia. Na época de Wesley, o entusiasmo religioso era frequentemente associado a uma forma de religiosidade exagerada, extremista ou fanática, que ele via como prejudicial para a fé e a vida cristã.

Wesley estava preocupado com pessoas que acreditavam ter experiências religiosas sobrenaturais, como visões, revelações especiais ou dons milagrosos, sem uma base sólida nas Escrituras ou sem um discernimento cuidadoso. Ele também estava preocupado com aqueles que buscavam uma religião baseada principalmente em emoções e sentimentos momentâneos, em vez de uma fé fundamentada nas verdades bíblicas.

Portanto, quando Wesley falava sobre "entusiasmo" em seus sermões e escritos, muitas vezes ele estava alertando contra práticas religiosas que ele considerava desequilibradas, irreverentes ou que negligenciavam as Escrituras e a razão em favor de experiências pessoais intensas.

Hoje em dia, o termo "entusiasmo" geralmente tem uma conotação mais positiva, associada ao fervor, ao interesse e à paixão por algo. No entanto, é importante lembrar que, nos escritos e ensinamentos de John Wesley, o "entusiasmo" se referia principalmente a essas preocupações específicas relacionadas à religião e à espiritualidade.


Os Propósitos de Wesley

Wesley tinha dois propósitos principais ao pregar o sermão "A Natureza do Entusiasmo". Primeiramente, ele queria defender o metodismo das acusações de ser um movimento fanático. Muitos opositores rotulavam os metodistas como entusiastas religiosos, e Wesley desejava esclarecer que o metodismo estava fundamentado nas Escrituras e buscava uma fé equilibrada e sólida.

Em segundo lugar, Wesley estava atacando o que ele considerava fanatismo religioso. Ele estava preocupado com aqueles que buscavam experiências religiosas intensas sem uma base sólida nas Escrituras ou que negligenciavam os meios ordinários de graça, como a oração, a leitura da Bíblia e a comunhão com outros cristãos. Ele via esse tipo de fanatismo como prejudicial à fé e à vida cristã.


Abordagem de Wesley

No sermão, Wesley identifica três tipos de fanatismo religioso:

1. Aqueles que acreditam ter graça quando não a têm, resultando em conversões superficiais. Isso ocorre com aqueles que pensam terem sido redimidos por Cristo e perdoados de seus pecados, mas carecem de um arrependimento profundo e uma convicção sincera. Wesley compara esse tipo de entusiasmo a uma forma de loucura, onde as pessoas iludem a si mesmas, imaginando ter algo que na realidade não possuem, resultando em uma fé superficial baseada em emoções passageiras. Ele também menciona pessoas que seguem rituais religiosos e mantêm uma moralidade superficial, mas nunca experimentaram o verdadeiro amor de Deus ou uma transformação interior. Embora se considerem cristãs, muitas vezes olham com superioridade para outros. Wesley adverte essas pessoas a reconhecerem sua condição de entusiastas, a confrontarem sua falsa religiosidade e a buscar uma fé genuína em Deus. Em suma, ele destaca a importância da autenticidade na fé e alerta contra a ilusão do entusiasmo religioso superficial.

2. Aqueles que imaginam possuir dons sobrenaturais que na verdade não possuem, como o poder de operar milagres ou receber direções especiais de Deus de maneiras não bíblicas. Ele não nega a possibilidade de dons espirituais, como o dom de profecia. Em vez disso, ele adverte contra a possibilidade de algumas pessoas se considerarem possuidoras de dons especiais quando, na realidade, não os têm. Ele enfatiza a importância de discernir se esses dons são reais e se estão sendo usados de acordo com os princípios bíblicos. 

3. Aqueles que esperam alcançar objetivos sem usar os meios apropriados. Neste trecho, John Wesley fala sobre pessoas que pensam que podem alcançar seus objetivos diretamente com a ajuda imediata de Deus, sem fazer esforços ou usar os meios disponíveis. Ele explica que, em casos excepcionais de intervenção sobrenatural de Deus, isso pode ser aceitável. No entanto, ele critica quando as pessoas têm os meios adequados à disposição, como estudar a Bíblia ou se preparar para falar em público, mas optam por ignorá-los, esperando um milagre. Wesley enfatiza que é importante usar os meios disponíveis com sabedoria, reconhecendo que Deus muitas vezes age por meio deles para alcançar Seus propósitos, em vez de contar apenas com intervenções divinas diretas. Em resumo, ele nos lembra da importância de combinar fé com ação e não negligenciar os meios enquanto buscamos nossos objetivos.

Wesley adverte sobre os perigos do fanatismo, que incluem orgulho, confiança obstinada e desprezo pelos outros. Ele aconselha as pessoas a evitarem o entusiasmo do fanatismo, incluindo aqueles que se consideram cristãos apenas por suas ações externas e aqueles que buscam dons sobrenaturais enquanto ignoram os meios apropriados.

Quando Wesley diz que alguns consideram a crença em uma providência particular como fanatismo, ele está abordando a ideia de que algumas pessoas podem considerar exagerado ou irracional acreditar que Deus está envolvido em detalhes minuciosos da vida cotidiana. No entanto, Wesley argumenta que essa crença é fundamentada na garantia bíblica, ou seja, tem base nas Escrituras Sagradas.

Wesley defende que a Providência de Deus é tanto geral como particular, universal como específica. Ele argumenta que a Bíblia oferece garantias dessa crença, mostrando que Deus não apenas criou o mundo, mas também se importa com a vida individual das pessoas. Ele destaca que Jesus ensinou que Deus conhece até mesmo os cabelos da cabeça de cada pessoa (Lucas 12:7), indicando um nível de detalhe na preocupação divina.

Portanto, a mensagem de Wesley é que a crença na Providência particular de Deus não é fanatismo, mas sim uma compreensão fundamentada nas Escrituras de que Deus está envolvido em todos os aspectos de nossas vidas. Ele está enfatizando a importância de manter um equilíbrio entre a busca por uma fé experiente e emocional (que ele critica como fanatismo quando negligencia as Escrituras) e uma confiança sólida na Providência Divina, que abrange tanto os aspectos gerais como os específicos da vida.

Essa mensagem também tem implicações práticas para os dias de hoje, incentivando os crentes a manterem uma fé que busca a Deus em todas as áreas da vida, confiando em Sua orientação e cuidado tanto nos grandes eventos como nos detalhes cotidianos.

No trecho final do sermão, John Wesley adverte contra diversas formas de entusiasmo religioso e oferece conselhos práticos para evitá-lo. Ele enfatiza a necessidade de compreender claramente o termo "entusiasmo" antes de rotular alguém como tal e destaca a importância de não julgar sem evidências sólidas. Wesley encoraja a autoavaliação e humildade espiritual, exorta a não usar a força para impor a fé e a não imitar cegamente entusiastas. Ele também adverte contra a imaginação de possuir dons divinos que não se têm e incentiva o uso diligente dos meios estabelecidos por Deus para alcançar objetivos espirituais. Em essência, Wesley oferece diretrizes para evitar o fanatismo religioso e manter uma fé equilibrada, fundamentada na razão, nas Escrituras e na humildade.


Lições para os Dias de Hoje

Embora o contexto tenha mudado desde os dias de Wesley, as lições de seu sermão ainda são relevantes para os dias atuais: 
  1. Equilíbrio na Fé: Assim como no século XVIII, muitas pessoas hoje buscam experiências religiosas intensas. A lição de Wesley é que a fé deve ser equilibrada, fundamentada nas Escrituras e combinada com uma busca diligente pelos meios de graça. 
  2. Discernimento Espiritual: É crucial discernir entre experiências genuínas e ilusões espirituais. Hoje, isso se aplica à busca de direção divina, dons espirituais e experiências religiosas. 
  3. Evitar o Julgamento Precipitado: Assim como Wesley alertou contra o julgamento precipitado dos outros, devemos evitar rotular apressadamente aqueles com crenças religiosas diferentes das nossas. 
  4. Buscar a Verdade: A busca pela verdade e pela vontade de Deus deve ser baseada nas Escrituras, na razão e na experiência. Devemos evitar práticas que negligenciam esses fundamentos. 
  5. Humildade Espiritual: O orgulho espiritual é um perigo atemporal. Devemos manter a humildade em nossa jornada espiritual. 


Conclusão

O sermão de John Wesley, "A Natureza do Entusiasmo", oferece insights valiosos sobre a busca de uma fé equilibrada e uma compreensão saudável da espiritualidade. Embora tenha sido pregado há séculos, suas lições ressoam nos dias de hoje, recordando-nos da importância de discernir, buscar a verdade e manter a humildade em nossa jornada de fé.


Questões:

  1. Qual é a origem e o significado da palavra "entusiasmo" nos dias de Wesley, e como essa compreensão difere da maneira como a palavra é usada hoje? 
  2. Quais são as diferentes categorias de entusiasmo que Wesley identifica e como ele as descreve? Você acha que essas categorias ainda se aplicam às práticas religiosas contemporâneas? 
  3. Como Wesley aborda a questão do discernimento da vontade de Deus? Quais são os meios apropriados que ele enfatiza para buscar orientação espiritual? Como esses princípios podem ser aplicados na vida cotidiana? 
  4. Qual é a importância da humildade e da autoavaliação na abordagem de Wesley ao fanatismo religioso? Por que ele adverte contra o orgulho espiritual? 
  5. De que maneira a recomendação de Wesley de evitar o uso da força para impor a fé se relacionado os desafios contemporâneos de tolerância religiosa e coexistência pacífica? 
  6. Como podemos aplicar os princípios de Wesley sobre o uso de meios apropriados para alcançar objetivos espirituais em nossa busca por uma fé genuína e prática religiosa nos dias de hoje? 
  7. Como podemos equilibrar a busca por experiências espirituais profundas com a necessidade de manter uma base sólida nas Escrituras e na razão, conforme enfatizado por Wesley? 
  8. Em sua opinião, quais são os perigos mais urgentes do fanatismo religioso nos dias de hoje e como podemos abordá-los à luz das lições apresentadas por Wesley em seu sermão? 



Link para o Sermão 37 de John Wesley, intitulado A Natureza do Entusiasmo:


http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/SERMAO_37.pdf

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A essência da Espiritualidade (Mc 7.1-22)

Nos dias do Novo Testamento, os líderes religiosos legalistas criticaram os discípulos de Jesus por não lavarem as mãos antes de uma refeição. Embora a higiene e a saúde fossem importantes, esse não era o problema real. Os discípulos de Jesus estavam quebrando uma das muitas regras espirituais criadas e mantidas pelo grupo religioso. Para eles, a contaminação era de natureza espiritual e não física. Alguém que quebrasse a regra não seria suscetível a uma doença física, mas sim a uma enfermidade espiritual. A santidade era medida pelo cumprimento das regras e proibições, e aqueles que não obedeciam eram rotulados como profanos, imundos e pecadores, sendo excluídos do grupo.


No entanto, Jesus confrontou esses líderes religiosos, afirmando que essas regras eram inúteis e não produziam santidade, mas apenas hipocrisia. Ele apontou a inconsistência dessas crenças, mencionando uma regra que os religiosos usavam para contornar a lei do amor, deixando de honrar e cuidar de seus próprios pais em nome de sua tradição espiritual. Ao se apegar a detalhes insignificantes, negligenciaram o mais importante.


As regras podem afastar as pessoas da verdadeira essência da espiritualidade. Jesus ensinou que o significado da misericórdia é mais importante do que sacrifícios (Mt 9.13). O legalismo produz apenas crentes que parecem bonitos por fora, mas não têm vida interior (Mt 23.27-28). Esse tipo de crença cria um ambiente de crítica e julgamento condenatório. Aqueles que se consideram guardiões da santidade criticam impiedosamente os que infringem as regras, enquanto se escondem atrás de uma falsa aparência.


Santidade não é algo que possa ser construído de fora para dentro, mas sim de dentro para fora. A essência da espiritualidade está relacionada com o coração e a essência do ser humano. Não adianta apenas cuidar da aparência exterior ou investir em decoração. A espiritualidade é uma questão de estrutura. As regras e proibições podem apenas alcançar a superfície e não têm o poder de transformar o coração. Quando a espiritualidade se concentra apenas na fachada, a hipocrisia e o espírito crítico se tornam inevitáveis. O legalismo sufoca a graça e a misericórdia, enquanto somente o amor de Deus pode capturar e transformar o coração humano. O amor procede de Deus e gera amor em nós. Nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro (1 Jo 4.19). O amor é o fruto do Espírito (Gl 5.22) e algo que brota do coração. O remédio de Deus para o coração humano é o amor, e todos os mandamentos podem ser resumidos em um: “Ame o próximo como a si mesmo” (Rm 13.8-10).

Liberdade em Ação: A Jornada Inspiradora da Igreja Metodista Livre

A Igreja Metodista Livre tem suas raízes no movimento metodista do século XIX, que buscava um retorno aos princípios mais puros do Cristianismo. No contexto dos Estados Unidos, onde a discriminação racial e a escravidão eram questões candentes, muitos metodistas sentiram a necessidade de se posicionar de forma mais enfática contra essas injustiças.


Liderados por Benjamim Titus Roberts, um ministro metodista, e outros visionários, emergiu a convicção de que a igreja deveria adotar uma postura inflexível contra a escravidão e as iniquidades sociais da época.


A centralidade dada à liberdade individual, igualdade e à participação dos leigos nas decisões eclesiásticas moldou de maneira intrínseca a identidade da Igreja Metodista Livre. Além disso, a congregação se esforçou para manter um culto simples e 

mais participativo, bem como estabelecer relações transparentes, em nítido contraste com as práticas mais restritivas de outras denominações.


Em sua essência, a Igreja Metodista Livre surgiu como uma reação aos desafios sociais e espirituais daquela era, com a intenção clara de fomentar justiça, igualdade e liberdade, tanto no contexto religioso quanto na sociedade em geral.


Fundada em 1860 como um protesto contra a discriminação dos menos privilegiados e a cruel instituição da escravidão, a Igreja Metodista Livre incorpora em sua nomenclatura o termo “livre” para enfatizar as liberdades essenciais do Evangelho. Esse nome ressalta:


A liberdade humana, rechaçando a sujeição de seres humanos à escravidão e advogando pelos direitos individuais;

A busca pela liberdade e simplicidade no culto;

A disposição de oferecer assentos livres e gratuitos na igreja, com o intuito de incluir os menos favorecidos e impedir a discriminação (em oposição à prática nefasta de alocação de assentos privilegiados para os mais abastados);

O cultivo de relacionamentos abertos e verídicos, livres e isentos de segredos de sociedades secretas;

O empoderamento dos leigos, permitindo sua plena participação nas decisões;

A liberdade face ao materialismo, viabilizando a assistência aos necessitados.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Jesus anda sobre nossas adversidades e nos ensina a confiar Nele

Introdução:

Em Marcos 6.45-52 encontramos uma narrativa poderosa que ressalta a importância da confiança no poder, no cuidado e na presença constante de Jesus nas adversidades. No episódio em que Jesus caminha sobre as águas e encontra Seus discípulos em um barco em meio a uma tempestade, encontramos valiosas lições que têm relevância profunda para nossa caminhada espiritual sobre toda e qualquer adversidade.


1. "Logo a seguir" (v. 45) - Progressão na Revelação Divina:

Marcos faz questão de ressaltar que que o episódio do encontro dos discípulos com Jesus caminhando sobre as águas ocorre imediatamente após o notável milagre da multiplicação dos pães e peixes. Marcos não somente faz menção a essa conexão, mas também conclui destacando a dificuldade que até mesmo os discípulos mais íntimos de Jesus, que mais tarde se tornariam Seus apóstolos, tiveram em compreender e abraçar plenamente a grandiosidade e divindade de Jesus Cristo (v. 52). 

Logo após experimentarem um milagre, eles se deparam com um novo desafio que culminará em um outro tão maravilhoso quanto! Isso nos lembra da maneira como Deus nos conduz em nosso crescimento espiritual, revelando-Se de maneira gradual e contínua. Louvado seja Deus pela maneira paciente e cuidadosa pela qual Ele nos conduz! Deus não apenas se comunica através de milagres espetaculares, mas também por meio de desafios e tribulações que ampliam nossa compreensão e fé. Tal como os discípulos, podemos esperar que, à medida que avançamos, Deus nos guiará de um nível de revelação para outro, nos aproximando progressivamente de uma compreensão mais profunda e íntima do Seu caráter e propósito (Provérbios 4.18; João 16.33; Romanos 5.3-4 e 2 Coríntios 3.18).

Referência Bíblica:

  • Hebreus 1:1-2 - "Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo."
  • Lucas 17:5 - "Os apóstolos disseram ao Senhor: 'Aumenta a nossa fé!'"
  • Marcos 9:24 - "Imediatamente o pai do menino exclamou: 'Eu creio; ajuda-me a vencer a minha incredulidade!'"


2. "Jesus fez com que seus discípulos" (v. 45) - A Orientação de Jesus:

O ato de Jesus conduzir Seus discípulos ao barco destaca Sua orientação constante em nossas vidas. Mesmo quando não compreendemos completamente, Ele nos direciona em Seu caminho. 

Referência Bíblica:

  • Salmos 32:8 - Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos.


3. "O vento lhes era contrário" (v. 48)- Enfrentando Adversidades:

A presença de ventos contrários simboliza as adversidades que enfrentamos. Mesmo sob as ordens de Jesus, podemos encontrar desafios como tempestades (Marcos 4.37) e vales da sombra da morte (Salmos 23.4). No entanto, Ele está sempre conosco nessas lutas (Mateus 28.20).

Referência Bíblica:

  • Isaías 43:2 - Quando passares pelas águas, estarei contigo; quando passares pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.


4. "Vendo que os discípulos remavam com dificuldade" (v. 48) - A Providência de Deus nas Dificuldades:

A observação de Jesus sobre a dificuldade dos discípulos reflete Sua atenção às nossas necessidades, mesmo quando Ele parece distante (V. 47). Ele está ciente de nossas lutas e intervém em nosso favor.

Referência Bíblica:

  • Mateus 6:26 - Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? 
  • João 6.5-6 - Então Jesus, erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão se aproximava, disse a Filipe: — Onde compraremos pão para lhes dar de comer? Mas Jesus dizia isto para testá-lo, porque sabia o que estava para fazer.


5. "Jesus foi até onde eles estavam" (v. 48) - A Proximidade de Deus:

O gesto de Jesus em se aproximar dos discípulos demonstra Sua vontade de compartilhar nossas lutas. Ele está sempre presente conosco, mesmo nas situações mais desafiadoras.

Referência Bíblica:

  • Salmo 145:18 - Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam de verdade.
  • Salmo 23.4 - Não temerei mal algum porque Tu estás comigo!
  • Mateus 28.20 - Eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. 


6. "Andando sobre o mar" - Domínio sobre as Adversidades:

O ato de Jesus caminhar sobre as águas simboliza Seu domínio sobre as adversidades. Ele nos ensina que é possível superar as dificuldades com Sua presença e poder.

Referência Bíblica:

  • Salmo 89:9 - Tu dominas o ímpeto do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as acalmas.
  • Marcos 4.41 - Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? 


7. "Queria passar adiante deles" - A Manifestação da Glória Divina:

A referência a Jesus passando adiante dos discípulos lembra a manifestação da glória divina. Assim como Deus revelou Sua glória a Moisés, Jesus também se revela a nós em majestade e glória em momentos significativos para nossa compreensão de sua grandeza e divindade.

Referência Bíblica:

  • Êxodo 33:18-19 - Moisés disse: "Peço-te que me mostres a tua glória." O Senhor respondeu: “Farei passar toda a minha bondade diante de você e lhe proclamarei o nome do Senhor”. 


8. "Pensaram tratar-se de um fantasma" - Superando o Medo e a Dúvida:

A reação dos discípulos ao pensar que Jesus era um fantasma destaca nossa tendência a duvidar diante do desconhecido. Isso nos desafia a identificar os medos que nos assombram e confiar no poder de Deus.

Referência Bíblica:

  • Isaías 41:10 - Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.


9. "Sou Eu" - A Revelação do "Eu Sou":

A frase "Sou Eu" que Jesus proclama revela Sua identidade divina como o "Eu Sou", o mesmo título que Deus deu a si quando se apresentou a Moisés. Essa afirmação reforça a autoridade e o poder de Jesus sobre todas as circunstâncias.

Referência Bíblica:

  • Êxodo 3:14 - Deus disse a Moisés: "Eu Sou o que Sou. Diga aos israelitas: 'Eu Sou me enviou a vocês'".
  • João 6:35 - Eu sou o pão da vida.
  • João 8:12 - Eu sou a luz do mundo.
  • João 10:7 - Eu sou a porta das ovelhas.
  • João 10:11 - Eu sou o bom pastor.
  • João 11:25 - Eu sou a ressurreição e a vida.
  • João 14:6 - Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
  • João 15:1 - Eu sou a videira verdadeira.
  • João 8:58 - antes que Abraão existisse, EU SOU!


10. "Coragem, não tenha medo" - Vencendo o Medo com a Presença de Jesus:

As palavras reconfortantes de Jesus ressaltam Sua capacidade de dissipar o medo. Sua presença nos capacita a enfrentar as adversidades com coragem e confiança.

Referência Bíblica:

  • Josué 1:9 - Não fui eu que te ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar.


11. "Subiu no barco com eles" (v. 51) - A Unidade com Cristo:

A ação de Jesus de subir no barco com os discípulos representa a união íntima que temos com Ele. Ele não apenas está presente nas dificuldades, mas também compartilha nossa jornada.

Referência Bíblica:

  • João 15:4-5 - Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma.


12. “O vento cessou” (v. 51) - Jesus acalma a tempestade:

Impressionante poder de Jesus sobre as dificuldades da vida. Ele não apenas acalma as tempestades naturais, mas também pode trazer paz aos nossos corações em meio aos desafios e tribulações da vida. Assim como Ele acalmou o vento e as ondas, Ele também pode acalmar as preocupações e medos que enfrentamos. Sim, Ele tem poder para acalmar os ventos que agitam o mais íntimo de nosso ser!  

Referência Bíblica:

  • Salmo 46:10 - Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre as nações, serei exaltado sobre a terra.


13. "Perplexos" (v. 51) - O Mistério e a Fé:

A perplexidade dos discípulos reflete a tensão entre o mistério divino e nossa fé. Embora não compreendamos completamente, somos chamados a confiar na soberania de Deus.

Referência Bíblica:

  • Provérbios 3:5-6 - Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.


14. "Não haviam compreendido o milagre dos pães" (v. 52) - Crescendo na Fé:

A falta de compreensão dos discípulos em relação ao milagre dos pães evidencia a necessidade contínua de crescimento na fé. Os discípulos deram muito trabalho a Jesus, pois eram meio incrédulos e resistentes as revelações de Cristo. Deus nos convida a crescer em nosso entendimento Dele e de Seu poder.

Referência Bíblica:

  • Lucas 24:25 - "Disse-lhes Jesus: Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram!"
  • João 20:9 - "Até então, não haviam compreendido a Escritura, que diz que ele precisava ressuscitar dos mortos."
  • João 12:16 - "Os discípulos de Jesus, porém, não compreenderam essas coisas no princípio. Somente depois que Jesus foi glorificado, lembraram-se de que tais coisas estavam escritas a respeito dele e de que assim lhe haviam feito."
  • 2 Pedro 3:18 - Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém.


15. "O coração deles estava endurecido" (v. 52) - Quebrantando a Dureza do Coração:

A dureza de coração dos discípulos não foi causada por Deus, mas era resultado de sua própria falta de compreensão e resistência. Isso nos faz refletir sobre como podemos fechar nossos corações para a obra de Deus quando não estamos dispostos a nos curvar diante das evidências e aprender e crescer.

Referência Bíblica:

Salmo 51:17 - O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Marcos 8:17-18 - "Percebendo isso, Jesus perguntou-lhes: 'Por que vocês estão discutindo sobre não terem pão? Vocês ainda não percebem nem compreendem? Têm o coração endurecido?" Mateus 17:17 - "Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino." Marcos 16:14 - "Por último, apareceu aos Onze enquanto comiam, repreendeu-os por sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto ressuscitado." Salmos 95:8-9 - “Não endureçais os vossos corações, como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, quando vossos pais me tentaram, me provaram, e viram a minha obra." Hebreus 3:13 - "Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado."


Conclusão:

Cada aspecto desse relato oferece lições profundas sobre a orientação divina, a superação do medo, a necessidade de crescimento na fé e a importância de reconhecer a soberania e a glória de Jesus Cristo. Como discípulos de Jesus, somos chamados a confiar Nele, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas, e a buscar um relacionamento profundo e íntimo que nos fortaleça em nossa jornada espiritual.


Bispo Ildo Mello



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