quinta-feira, 24 de abril de 2025

Morando na Casa da Graça

Morando na Casa da Graça


John Wesley, o grande avivalista e teólogo metodista, tinha uma maneira belíssima e prática de falar sobre a salvação. Para ele, a obra de Deus na vida do ser humano podia ser comparada a uma casa — e cada etapa da salvação era como um ambiente que vamos conhecendo, habitando e sendo transformados por ele.

A graça preveniente é o caminho até a casa. Mesmo quando não sabíamos, Deus já estava à nossa procura. Ele nos viu de longe, feridos e perdidos, e saiu ao nosso encontro. Foi Ele quem construiu a estrada, limpou os obstáculos e nos atraiu com cordas de amor. Quantas vezes, sem perceber, nosso coração foi tocado por pensamentos de eternidade, pela beleza da criação, pelo desconforto do pecado? Isso já era Deus nos chamando: “Venha para casa, filho meu.”

A graça convincente é a varanda da casa. Quando finalmente nos aproximamos, começamos a enxergar nossa condição: sujos, cansados, vazios. É o Espírito Santo quem acende a luz da consciência e nos mostra que algo precisa mudar. O coração se aperta, os olhos se enchem, o joelho se dobra. E então entendemos: “Eu preciso de perdão.” Não é só emoção — é Deus nos convencendo de que só Ele pode limpar, curar, restaurar. Estamos na soleira, desejando entrar.

A graça justificadora é a porta da casa. E que porta linda! Ela tem o nome de Jesus. Quem entra por ela encontra abrigo, perdão e reconciliação. Deus não apenas nos perdoa, Ele nos adota. Agora não somos mais estranhos — somos filhos! A vergonha fica do lado de fora. O Pai nos cobre com vestes novas, nos dá um nome e diz: “Você pertence a Mim.” A porta está sempre aberta para todo o que crê. Basta dar o passo da fé.

A graça santificadora é a vida dentro da casa. Agora começamos a explorar os cômodos — o quarto da oração, a cozinha da comunhão, a sala da Palavra. Às vezes, encontramos bagunças e áreas mal iluminadas dentro de nós. Mas o Pai não nos expulsa — Ele nos ajuda a limpar. Dia após dia, Ele vai tornando a casa mais parecida com Jesus. É dentro dessa casa que aprendemos a amar, a perdoar, a servir. A graça que nos justificou continua operando, agora nos moldando. E quanto mais habitamos, mais queremos que cada canto do nosso ser seja dEle.

A graça glorificadora é o destino eterno da casa. Um dia, deixaremos a tenda terrena e entraremos na morada celestial, a casa que nunca envelhece, onde não há lágrimas nem dores, onde a presença de Deus enche tudo em todos. A jornada terá fim, e a eternidade será nosso lar. Estaremos com Ele, e como Ele, para sempre.

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