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Domingo de Ramos: O Rei humilde e suas lições triunfais

Domingo de Ramos: O Rei humilde e suas lições triunfais

Por Bispo Ildo Mello

Domingo de Ramos marca o início da Semana Santa, relembrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Naquele dia, cumprindo as profecias, Jesus apresentou-se publicamente como o Messias prometido e foi recebido por uma multidão jubilosa. Homens, mulheres e crianças estendiam seus mantos pelo caminho e agitavam ramos de palmeira em sinal de honra. Todos clamavam em alta voz: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!” (Jo 12.13; cf. Mt 21.9). Eles exaltavam a Jesus como o tão esperado descendente de Davi – o Rei que vinha trazer salvação. A cena foi marcada por profunda alegria e adoração sincera diante de Cristo.


A aclamação da multidão não foi um acaso, mas a realização da fidelidade de Deus às suas promessas antigas. Séculos antes, o profeta Zacarias havia anunciado exatamente este momento: “Alegre-se muito, ó filha de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde, montado num jumentinho” (Zc 9.9). Agora, em Jesus, Deus cumpria sua Palavra. O Messias entrou na Cidade Santa não em um cavalo de guerra imponente, mas no animal simples dos pobres, revelando que seu reinado seria de paz e humildade. Assim, Deus mostrou mais uma vez Sua fidelidade infalível – aquilo que Ele prometera se cumpriu no tempo devido, mesmo que muitos já não esperassem.

O modo como Jesus entrou revelava muito sobre a natureza espiritual do Reino e o caráter do Rei. Diferente dos conquistadores terrenos, Ele não buscou exibição de poder militar ou político. Ao vir montado num jumento, Jesus demonstrou profunda humildade e a mansidão do servo de Deus. Ele é o Rei dos reis, mas escolheu a singeleza em vez da ostentação, ensinando que o Reino de Deus não avança pela força bruta. Como está escrito: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor” (Zc 4.6). Cristo recusou qualquer tentativa de imposição pela espada; ao contrário, apresentou-se de maneira mansa, indicando que seu governo se estabeleceria nos corações das pessoas e não por meio da violência. Seu reino “não é deste mundo” (Jo 18.36), mas é um reino espiritual de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.


Essa entrada triunfal também destacou a humildade pessoal de Cristo e seu modelo de liderança servidora. Mesmo sendo o Filho de Deus e Senhor de tudo, Jesus “esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fp 2.7) e viveu em simplicidade. Ele não apenas chegou humildemente em Jerusalém, mas durante todo o seu ministério demonstrou serviço abnegado – chegando a lavar os pés dos discípulos como o mais humilde dos servos (Jo 13.4-5). Jesus nunca agiu como dominador ou tirano; pelo contrário, conquistava corações pelo exemplo e pelo amor. Seus seguidores nunca foram forçados a segui-lo – Ele sempre respeitou a liberdade de escolha de cada um, mesmo quando alguns decidiram abandoná-lo. O Mestre deixava claro que não queria discípulos coagidos pela força, mas amigos atraídos pelo amor. Foi dessa forma que Jesus exerceu liderança: servindo, amando e dando Sua própria vida pelos seus (Mc 10.45; Jo 15.13). Seu estilo contrasta com a busca humana de poder e destaque – Ele nos ensina que a verdadeira grandeza está em servir aos outros com humildade.


O povo que o aclamou no Domingo de Ramos expressou uma adoração entusiasmada e genuína. Gritavam “Hosana”(que significa “salva-nos, por favor”), reconhecendo em Jesus o Salvador enviado por Deus. Aquela adoração pública incomodou os líderes religiosos. Alguns fariseus pediram a Jesus que repreendesse os discípulos e mandasse calar a multidão (Lc 19.39), achando excessivo ou impróprio aquele louvor. Mas o Senhor respondeu: “se eles se calarem, até as pedras clamarão” (Lc 19.40). Essa resposta poderosa mostra que Jesus era de fato digno de toda adoração – e que naquele momento singular da história, o plano de Deus de revelar o Messias não poderia ser impedido. Se os homens ficassem em silêncio, a própria criação testemunharia quem Jesus é. Assim, o Domingo de Ramos nos ensina sobre a soberania divina: o propósito de Deus em exaltar Seu Filho aconteceria de um jeito ou de outro, e a verdadeira adoração a Cristo é algo tão justo e necessário que se torna inevitável. Que contraste vemos ali entre o coração sincero dos simples, que adoraram com alegria, e a dureza dos fariseus, que recusaram dar louvor! Isso nos lembra que Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23), com sinceridade de coração, e Jesus dignamente acolhe essa honra porque é verdadeiramente o Filho de Deus.


Outro aspecto marcante nesses acontecimentos é o contraste entre exaltação e rejeição. No Domingo de Ramos, Jesus foi exaltado pelo povo; poucos dias depois, porém, Ele seria rejeitado e entregue à morte na cruz. A mesma cidade que ecoou “Hosanas” no início da semana veria muitos gritarem “Crucifica-o!” ao final dela (Mc 15.13). Isso nos lembra como as expectativas humanas sobre Cristo podiam ser superficiais ou equivocadas. Muitos naquela multidão esperavam que Jesus fosse um libertador político, que livraria Israel do jugo romano imediatamente. Contudo, ao perceberem que o Reino de Jesus era diferente do que imaginavam – não baseado em violência ou poder político – a aclamação de alguns rapidamente se converteu em frustração. Influenciados pelos líderes religiosos, acabaram rejeitando aquele a quem tinham saudado. Essa mudança drástica do domingo para a sexta-feira nos adverte sobre a inconstância do coração humano.


Jesus experimentou tanto a exaltação popular quanto o abandono e a hostilidade. Ele entrou em Jerusalém aclamado como rei, mas sairia poucos dias depois carregando uma cruz, tratado como malfeitor. Contudo, mesmo essa rejeição fazia parte do plano redentor de Deus. As Escrituras já anunciavam que o Messias seria desprezado e rejeitado pelos homens (Is 53.3) e que a pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante (Sl 118.22). Desse modo, o contraste entre os ramos verdejantes e a cruz ensanguentada ressalta que Cristo é ao mesmo tempo o Rei exaltado e o Servo sofredor profetizado. Ele aceitou os louvores do povo no domingo, sabendo que em breve enfrentaria a humilhação da cruz – e ainda assim prosseguiu, pois essa era a vontade do Pai para realizar nossa salvação.


Ao se aproximar da cidade, em meio à celebração, Jesus reagiu de maneira inesperada: ele chorou sobre Jerusalém (Lc 19.41). Apesar dos brados de alegria ao seu redor, o coração do Senhor doía pela cegueira espiritual daquele povo. Jesus exclamou entre lágrimas: “Se você compreendesse hoje o que traz a paz! Mas agora isso está oculto aos seus olhos”(Lc 19.42). Ele lamentava que a cidade não reconhecia o tempo em que Deus a visitava para lhe dar a verdadeira paz. Em vez de receber plenamente o Príncipe da Paz (Is 9.6), muitos estavam prestes a rejeitá-lo, perdendo assim a bênção que Ele desejava lhes dar. O choro de Jesus revela seu profundo amor, mas também funciona como um chamado ao arrependimento: o Senhor queria que Israel se voltasse para Deus e buscasse a paz que só Ele podia oferecer. Infelizmente, os olhos deles estavam fechados para essa realidade, e a consequência daquela rejeição seria trágica (Lc 19.43-44). Esse lamento de Cristo ecoa ainda hoje – Jesus continua a se entristecer por aqueles que permanecem em trevas, recusando o único que pode salvá-los. Quantos ainda têm “olhos para ver, mas não veem, e ouvidos para ouvir, mas não ouvem”, por causa de um coração rebelde (Ez 12.2)! Ainda assim, o Salvador amoroso deseja abrir os olhos cegos e conceder a paz a todos que se arrependem e creem. Ele anseia reunir os filhos perdidos, como declarara noutra ocasião: “Quantas vezes quis eu reunir teus filhos, como a galinha junta seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes” (Lc 13.34). Deus respeita a liberdade humana – não força ninguém a acolhê-lo – mas seu coração é juntar e salvar.


Pouco depois de entrar na cidade, Jesus dirigiu-se ao templo. Ali, deparou-se com comerciantes e cambistas explorando a fé do povo, transformando a casa de Deus em um mercado. Em um gesto profético de autoridade e santidade, Jesus purificou o templo, expulsando os vendedores e derrubando as mesas dos cambistas (Mt 21.12). Ele declarou com zelo: “Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vocês estão fazendo dela um covil de ladrões” (Mt 21.13). Esse ato firme demonstrou que o Rei Messias veio também para trazer santidade e restaurar a verdadeira adoração. O culto a Deus não pode conviver com ganância, injustiça e hipocrisia. A purificação do templo, no contexto do Domingo de Ramos, reforça a lição de que Deus exige sinceridade e reverência na adoração. Jesus reivindicou a centralidade da oração e da comunhão com o Pai, limpando tudo que profanava o sagrado. Assim, mostrou-se um líder que busca não aplausos vazios, mas a transformação do coração e a renovação da aliança do povo com Deus. Simbolicamente, podemos enxergar aqui também a necessidade de purificação do “templo” do nosso próprio coração – que é morada do Espírito Santo – para que possamos receber o Rei com integridade e santidade.


Toda a cena do Domingo de Ramos é permeada pelo amor de Jesus, o amor que o conduzia ao sacrifício. Ele entrou na cidade conscientemente dando os passos finais rumo à cruz. Não se iludiu com os gritos de “Hosana” a ponto de esquecer o que o esperava; pelo contrário, foi por amor àquelas mesmas pessoas (e a toda a humanidade) que Ele prosseguiu. Jesus sabia que dali a poucos dias estaria morrendo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O povo clamava “Salva-nos!”, e de fato Ele iria salvá-los – mas de um modo muito maior do que imaginavam, entregando Sua própria vida. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho unigênito” (Jo 3.16); esse amor imenso moveu Cristo a enfrentar a cruz por nós. Na Sexta-Feira Santa daquela semana, o Justo tomou o lugar dos injustos e cumpriu a pena que era nossa, para que pudéssemos receber perdão e vida eterna (Is 53.5,11; 1Pe 3.18). Ele carregou sobre si o castigo que nos traz a paz (Is 53.5) e derramou Seu sangue para nos reconciliar com Deus. Em meio aos louvores do Domingo de Ramos, Jesus tinha plena consciência de que o verdadeiro triunfo viria através do sofrimento redentor. Seu amor obediente ao Pai e sacrificial pela humanidade é a chave de toda a história que se desenrolava naquela semana. Foi o amor que o levou a subir aquela colina do Gólgota, e esse mesmo amor continua alcançando corações hoje.


Desse amor brota a verdadeira paz do Reino de Deus. Jesus vinha oferecer paz, mas não a paz entendida apenas como libertação política ou ausência de conflitos externos – era algo muito maior: paz com Deus e a paz interior resultante da reconciliação com Deus. Ao entrar em Jerusalém montado num jumentinho, Ele cumpria a imagem do Rei pacífico de Zacarias e iniciava os eventos que trariam paz aos corações crentes. Por meio de Sua morte e ressurreição, Jesus estabeleceu a base para termos paz com Deus, como a Escritura ensina: “Justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Essa paz excede circunstâncias; é a shalom do Reino, que governa a vida daqueles que se submetem a Cristo. Mesmo enquanto a multidão celebrava sem compreender tudo, o Príncipe da Paz caminhava resolutamente para conquistar a verdadeira paz em favor do Seu povo. Isso enche o Domingo de Ramos de significado profundo: era o prenúncio da paz e da reconciliação, preparadas em meio àquela alegria momentânea que logo daria lugar ao sofrimento necessário.


Também podemos perceber que o Domingo de Ramos foi um dia de grande alegria para os discípulos e para todos os que criam em Jesus. Eles louvavam a Deus com vozes jubilosas por todos os milagres e sinais que tinham presenciado (Lc 19.37) e pela esperança viva que os animava. O profeta Zacarias, ao anunciar a vinda do Rei, começara dizendo “Alegre-se muito”, e de fato houve grande regozijo entre os humildes de coração ao verem Jesus manifestar sua realeza de forma tão singular (Zc 9.9). A alegria é marca do Reino de Deus; quando reconhecemos Jesus como Senhor e Salvador, brota em nós um gozo que independe das condições externas. Aquela multidão simples experimentou um vislumbre da alegria messiânica prometida nas Escrituras. Da mesma forma, hoje a presença de Cristo em nossa vida é razão de júbilo, mesmo em meio às lutas e lágrimas. Podemos cantar “Hosana” com alegria, certos de que Ele nos trouxe salvação. E embora a Semana Santa caminhe rumo à cruz, sabemos que além da cruz está a ressurreição – motivo de uma alegria ainda mais completa, aquela que ninguém pode tirar (Jo 16.22).


Por fim, o Domingo de Ramos aponta para a esperança escatológica que anima nossa fé. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi uma antecipação do triunfo definitivo que ainda está por vir. Em Sua primeira vinda, Jesus veio humildemente para salvar; na Sua segunda vinda, virá em glória para reinar plenamente. Um dia, o Rei que entrou montado em um jumentinho voltará como o vitorioso Senhor dos senhores. As Escrituras nos asseguram que chegará o dia em que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai (Fp 2.10-11). O Apocalipse nos dá um vislumbre dessa cena futura: uma multidão incontável, de todas as nações, estará diante do trono do Cordeiro, com vestes brancas e palmas nas mãos, clamando em alta voz que a salvação pertence ao nosso Deus e ao Cordeiro (Ap 7.9-10). Que dia glorioso será, quando o Rei receberá a adoração de todos os redimidos! Cada Domingo de Ramos que celebramos nos lembra que esse desfecho se aproxima. Nossa esperança final é certa, porque o mesmo Jesus que veio uma vez prometeu que voltará. Podemos, portanto, viver em expectativa confiante e alegre, sabendo que o Rei dos reis em breve completará Sua obra, julgará o mal e enxugará dos olhos toda lágrima.

Diante de tantas lições ricas deste relato bíblico, somos chamados a aplicá-las em nossa vida hoje. Assim como aquela multidão, devemos reconhecer Jesus como o Rei e Senhor prometido, confiando na fidelidade de Deus que cumpriu – e ainda cumprirá – todas as suas promessas. Somos convidados a entronizar Cristo em nosso coração com humildade, permitindo que Ele governe nossa vida em cada área. A humildade de Jesus nos inspira a rejeitar todo orgulho e abraçar um espírito de servo – servindo ao próximo em amor, assim como nosso Mestre nos serviu. Também precisamos cultivar uma adoração genuína, exaltando a Deus não apenas com palavras ou em momentos festivos, mas com sinceridade e obediência no dia a dia. Que não sejamos como os fariseus de coração endurecido, e sim tenhamos o entusiasmo sincero daqueles discípulos que até seus mantos estendiam para honrar Jesus. Permita que o Senhor purifique o “templo” do seu coração, removendo tudo o que impede a verdadeira comunhão com Deus – seja pecado, hipocrisia ou distrações mundanas. Lembremos que Ele deseja fazer morada em nós e restaurar nossa intimidade com o Pai.


Além disso, o contraste entre os “Hosanas” e o “Crucifica-o” nos leva a examinar nossa própria fidelidade. Não devemos seguir Jesus apenas quando isso nos agrada ou quando Ele corresponde às nossas expectativas pessoais. Pelo contrário, somos chamados a segui-lo também no caminho da cruz, permanecendo ao lado dEle mesmo quando o percurso é difícil ou quando não entendemos plenamente os Seus planos. Confiemos que Ele é o Senhor soberano e sabe o que faz – a sua vontade é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). E se em algum momento nós o temos ignorado ou rejeitado em alguma área da vida, ou se nossa fé esfriou, é hora de ouvir o chamado ao arrependimento. Jesus chorou sobre Jerusalém porque muitos não quiseram se arrepender e reconhecê-lo; não deixemos que o mesmo aconteça conosco. Hoje é o dia de acolher o Rei que vem até nós em amor, e dizer-Lhe: “Entra, Senhor, e reina sobre tudo o que sou”.


Cada pessoa, em cada geração, precisa decidir o que fará com Jesus. Ele continua vindo ao nosso encontro – humilde e montado não mais em um jumento literal, mas presente por Sua Palavra e pelo Seu Espírito – buscando nos salvar e reinar em nossas vidas. A pergunta de Pilatos ressoa através dos séculos: “Que farei de Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27.22). Não podemos ficar neutros diante do Rei humilde que deu a vida por nós. Ou o recebemos com fé, coroando-o Senhor do nosso viver, ou o rejeitamos – e essa decisão traz consequências eternas. Deus, em Sua graça, nos concede a liberdade de escolher, mas anseia que escolhamos a vida. Seu desejo é nos acolher sob Suas asas protetoras, assim como Jesus quis juntar os filhos de Jerusalém (Lc 13.34). Hoje, porém, podemos responder de forma diferente daquela cidade. Podemos abrir nosso coração em rendição e erguer nossa voz tal como a multidão no Domingo de Ramos, clamando com arrependimento e fé: Hosana! – “Salva-nos, Senhor!” – Bendito o que vem em nome do Senhor! (Mt 21.9; Lc 19.38). Se assim o fizermos, sinceramente, Jesus certamente virá para reinar em nós e nos conceder a salvação, a paz que excede todo entendimento e a alegria verdadeira que vem do Seu Reino. Que a mensagem do Domingo de Ramos renove em nós a fé no Cristo que é ao mesmo tempo o Rei soberano e o Servo sofredor, e nos leve a segui-lo de todo o coração, cheios de esperança, até o dia de Sua vitória final.

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