quinta-feira, 24 de abril de 2025

Mensagem Concentração do Coração Aquecido no Ginásio do Ibirapuera

Mensagem do Bispo Ildo Mello na Concentração do Coração Aquecido que foi realizada em 21 de maio de 2011 no Ginásio do Ibirapuera.

A reforma da nação passa pela reforma da Igreja


John Wesley dizia sobre a essência do movimento metodista: “Reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre toda terra”. 

Este é o dia que o Senhor nos fez, um dia de alegria e cânticos; bendito seja o Senhor! Quem está feliz aqui diga um amém bem forte! (Sl 118.24).
O Senhor preparou este dia especialmente para nossa reunião. Deus é glorificado na unidade do seu povo. Jesus afirmou: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20). Jesus, em sua oração sacerdotal, clamou pela unidade da igreja, pedindo ao Pai que todos fossem um para que o mundo pudesse crer (Jo 17.20-23). Essa unidade é um poderoso testemunho para o mundo, que carece desesperadamente de amor, compreensão e unidade.

Infelizmente, o que prevalece no mundo são divisões, ciúmes, inveja e todo tipo de sentimento faccioso que separa as pessoas. São obras do maligno que semeia ódio, desconfiança e separação nos corações. Mas, graças a Deus, Jesus veio justamente para destruir as obras do diabo (1Jo 3.8). Cristo é maior que o pecado e o ódio, e sua obra é infinitamente superior à obra do maligno.

Como Wesleyanos, acreditamos profundamente no poder da graça de Deus, não somente para perdoar pecados e garantir a vida eterna, mas também para transformar completamente nossas vidas aqui e agora. Essa graça nos conduz à santificação e regeneração, tornando-nos novas criaturas, e permitindo que declaremos com convicção que as coisas antigas já passaram e que tudo se fez novo (2Co 5.17). Como afirmou Jesus: "Eis que faço novas todas as coisas" (Ap 21.5).

O apóstolo João, inspirado por essa fé poderosa, dirigiu-se aos jovens dizendo: “Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o maligno” (1Jo 2.14). Esta é nossa fé: uma graça suficiente e poderosa que restaura plenamente o ser humano à imagem e semelhança de Deus (Rm 6.14).

Algo maravilhoso e especial tem ocorrido entre nós recentemente. Líderes, bispos e superintendentes têm se reunido regularmente e de maneira espontânea para orar juntos, escutar uns aos outros, aprender mutuamente e compartilhar experiências. O que nos une é nossa raiz comum Wesleyana, cuja história celebramos hoje. É o Espírito Santo que está unindo nossos corações de forma especial, gerando algo novo e poderoso entre nós. Bendita seja essa unidade do povo de Deus, pois nela o Senhor ordena bênção e vida eterna (Sl 133).

Estamos convencidos que a mensagem da santidade é extremamente necessária no Brasil atual. Nosso país enfrenta uma grave decadência moral, injustiças sociais profundas, violência generalizada e corrupção em todos os níveis. Jovens estão sendo destruídos pelas drogas, álcool e criminalidade. Não basta falarmos contra esses males, o mundo está cansado de discursos vazios da igreja. Precisamos urgentemente assumir nosso papel de ser sal da terra e luz do mundo, vivendo em santidade e demonstrando por meio das nossas ações o poder transformador de Deus, para que vejam nossas boas obras e glorifiquem nosso Pai celestial (Mt 5.13-16).

Nos dias do profeta Isaías, quando havia grande corrupção e caos, Deus decidiu agir começando por sua própria casa. Ao revelar sua santidade ao profeta, Isaías percebeu imediatamente seu próprio pecado, clamando: “Ai de mim! Estou perdido! Pois sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.5). Antes de Deus transformar o mundo, Ele precisa transformar Sua igreja.

Atualmente, a igreja evangélica necessita urgentemente de reforma. Temos visto escândalos financeiros, imoralidades sexuais e até comércio das bênçãos espirituais. Precisamos retornar firmemente à Palavra de Deus e abandonar práticas vazias, o emocionalismo barato e o estrelismo. Não podemos nos conformar com este mundo, mas sermos renovados diariamente pelo Espírito Santo, vivendo uma vida santa e agradável a Deus (Rm 12.2; 1Pe 1.15).

Quando Jesus entrou triunfante em Jerusalém, Ele não foi primeiramente ao palácio de Herodes ou à casa de Pilatos, mas ao templo, à casa de Deus, para purificá-la (Mt 21.12-13). O juízo de Deus começa pela Sua casa (1Pe 4.17). Por isso, todo aquele que professa o nome do Senhor deve afastar-se da iniquidade e viver em santidade (2Tm 2.19).

Assim como João Wesley, que foi radicalmente transformado pelo Espírito Santo, precisamos crer e buscar um poderoso avivamento espiritual. Wesley acreditou não apenas na transformação pessoal, mas também numa transformação social profunda, enfrentando males históricos como a escravidão. O segredo de Wesley não estava em suas habilidades humanas, mas na ação poderosa do Espírito Santo, que ainda hoje está disponível para nós (Ez 36.26-27).

Precisamos urgentemente de homens e mulheres comprometidos com Deus, dispostos a serem instrumentos nas mãos do Espírito Santo para trazerem uma verdadeira reforma espiritual e social ao nosso tempo. Que possamos, com Isaías, responder à voz de Deus dizendo: “Eis-me aqui, envia-me a mim!” (Is 6.8).

Que esta seja nossa oração sincera hoje e sempre: Senhor, vivifica-nos novamente! Que o Senhor derrame sobre nós o mesmo espírito que transformou João Wesley e tantos outros grandes servos, para que possamos impactar nosso país e nosso mundo com a mensagem do evangelho.
Amém!

Morando na Casa da Graça

Morando na Casa da Graça


John Wesley, o grande avivalista e teólogo metodista, tinha uma maneira belíssima e prática de falar sobre a salvação. Para ele, a obra de Deus na vida do ser humano podia ser comparada a uma casa — e cada etapa da salvação era como um ambiente que vamos conhecendo, habitando e sendo transformados por ele.

A graça preveniente é o caminho até a casa. Mesmo quando não sabíamos, Deus já estava à nossa procura. Ele nos viu de longe, feridos e perdidos, e saiu ao nosso encontro. Foi Ele quem construiu a estrada, limpou os obstáculos e nos atraiu com cordas de amor. Quantas vezes, sem perceber, nosso coração foi tocado por pensamentos de eternidade, pela beleza da criação, pelo desconforto do pecado? Isso já era Deus nos chamando: “Venha para casa, filho meu.”

A graça convincente é a varanda da casa. Quando finalmente nos aproximamos, começamos a enxergar nossa condição: sujos, cansados, vazios. É o Espírito Santo quem acende a luz da consciência e nos mostra que algo precisa mudar. O coração se aperta, os olhos se enchem, o joelho se dobra. E então entendemos: “Eu preciso de perdão.” Não é só emoção — é Deus nos convencendo de que só Ele pode limpar, curar, restaurar. Estamos na soleira, desejando entrar.

A graça justificadora é a porta da casa. E que porta linda! Ela tem o nome de Jesus. Quem entra por ela encontra abrigo, perdão e reconciliação. Deus não apenas nos perdoa, Ele nos adota. Agora não somos mais estranhos — somos filhos! A vergonha fica do lado de fora. O Pai nos cobre com vestes novas, nos dá um nome e diz: “Você pertence a Mim.” A porta está sempre aberta para todo o que crê. Basta dar o passo da fé.

A graça santificadora é a vida dentro da casa. Agora começamos a explorar os cômodos — o quarto da oração, a cozinha da comunhão, a sala da Palavra. Às vezes, encontramos bagunças e áreas mal iluminadas dentro de nós. Mas o Pai não nos expulsa — Ele nos ajuda a limpar. Dia após dia, Ele vai tornando a casa mais parecida com Jesus. É dentro dessa casa que aprendemos a amar, a perdoar, a servir. A graça que nos justificou continua operando, agora nos moldando. E quanto mais habitamos, mais queremos que cada canto do nosso ser seja dEle.

A graça glorificadora é o destino eterno da casa. Um dia, deixaremos a tenda terrena e entraremos na morada celestial, a casa que nunca envelhece, onde não há lágrimas nem dores, onde a presença de Deus enche tudo em todos. A jornada terá fim, e a eternidade será nosso lar. Estaremos com Ele, e como Ele, para sempre.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Legendários: um alerta pastoral sobre o que parece ser e o que de fato é

Legendários: um alerta pastoral sobre o que parece ser e o que de fato é

Vivemos um tempo em que muitos homens se sentem desorientados quanto ao seu papel no lar, na igreja e na sociedade. Essa crise de identidade tem dado lugar a uma busca crescente por respostas, pertencimento e significado. Nesse contexto, surgem movimentos como o Legendários, que prometem restaurar o "verdadeiro homem" por meio de retiros espirituais, jornadas em meio à natureza, e experiências de "quebrantamento" exclusivas para o público masculino.

A proposta pode parecer atrativa à primeira vista. Os encontros são promovidos em locais isolados, com atividades desafiadoras, falas impactantes, forte apelo emocional e espiritualidade embalada em linguagem viril. Homens são convidados a subir a montanha, reencontrar seu "propósito original" e retornar como lendas vivas. Mas é precisamente nesse pacote sedutor que precisamos fazer uma pausa e perguntar: que tipo de homem está sendo formado ali? E quais riscos estão embutidos nessa jornada?

O modelo de homem que o Evangelho não propõe
O grande perigo do movimento Legendários é a tentativa de revestir com linguagem espiritual um modelo masculino antigo, hierárquico e excludente. O "homem legendário" é descrito como o herói inquebrantável, provedor, dominador, caçador, chefe de família por excelência. Em sua roupagem "gospel", ele é forte na fé, mas também é o macho alfa. A lógica patriarcal volta à cena, agora com gritos de guerra, cruzes nas costas e suposta restauração de autoridade espiritual.

Contudo, o Cristo que nos chama à masculinidade não nos oferece a espada, mas a cruz (Lc 9.23). Jesus chorou (Jo 11.35), foi quebrantado (Is 53.5), serviu aos outros (Jo 13.14-15) e nos ensinou que o maior é o que serve (Mt 23.11). Um homem segundo o coração de Deus é aquele que ama, que cuida, que ouve, que se humilha diante do Senhor. Esse tipo de masculinidade não precisa ser performada em trilhas ou selada por ritos secretos, mas cultivada no dia a dia, com honestidade, vulnerabilidade e dependência de Deus.

A espiritualidade que exclui é contrária ao Reino
Outro ponto alarmante é a exclusão prática de mulheres nos espaços centrais do movimento. Não apenas por serem retiradas dos retiros, mas pelo discurso implícito de que o crescimento espiritual masculino depende da ausência do feminino. A masculinidade ali proposta parece só se sustentar no distanciamento da mulher, como se esta fosse obstáculo para o "florescimento do homem de Deus".

Esse tipo de segregação contradiz a natureza do Corpo de Cristo, onde homens e mulheres, em complementaridade e mutualidade, edificam juntos (Gl 3.28; 1Co 12.12). Jesus incluiu mulheres em seu discipulado e ministério. O Reino não é uma trincheira de gênero, mas uma mesa de partilha.

Um discipulado elitizado e inacessível
Também não podemos ignorar o alto custo para participar de tais retiros. As cifras variam de centenas a dezenas de milhares de reais. Isso exclui a imensa maioria dos homens comuns, pobres, negros, da periferia. Que tipo de espiritualidade é essa que só pode ser vivida por quem pode pagar? O Evangelho é para todos. Jesus não cobrava ingresso para curar ou ensinar (Is 55.1-2).

Aliás, a verdadeira transformação espiritual — a metanoia — não pode ser comprada. Ela é fruto do arrependimento, da graça e do agir do Espírito Santo. Ela se dá na vida comum, no cotidiano, no secreto. "Não por força, nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor" (Zc 4.6).

A pressão de ser inquebrantável
Talvez o aspecto mais perigoso do Legendários seja o reforço do mito do homem inquebrantável — aquele que não pode falhar, chorar ou demonstrar fragilidade. Essa ideia tem alimentado um padrão tóxico de masculinidade que aprisiona os homens em um ideal inalcançável de força, sucesso e controle emocional. Não é coincidência que os índices de suicídio entre homens sejam tão elevados: muitos estão sobrecarregados por exigências sociais que os impedem de demonstrar suas dores ou pedir ajuda. Em vez de cura, esse tipo de expectativa gera adoecimento.

O discipulado de Jesus, no entanto, nos chama a algo completamente diferente. Jesus nos convida não à perfeição performática, mas à vulnerabilidade redentora. Ele mesmo foi homem de dores, que chorou, que se deixou tocar, que se angustiou no Getsêmani (Is 53.3; Jo 11.35; Mt 26.38). A nossa força está justamente em reconhecer nossa fraqueza e confiar na suficiência da graça de Deus (2Co 12.9-10). A verdadeira hombridade é a de José, que preferiu fugir do pecado e cuidar da família; a de Pedro, que caiu, chorou e foi restaurado; a de Paulo, que serviu ao Senhor com lágrimas. Hombridade, aos olhos de Deus, é compaixão, mansidão, fidelidade, serviço — tudo aquilo que vemos encarnado na pessoa de Cristo. Esse é o modelo que a igreja deve promover.

O que os homens da igreja realmente precisam
Homens da igreja não precisam de mais "coaching evangélico" nem de uma espiritualidade à parte das mulheres, muito menos de um teatro de força e virilidade. O que precisamos é de escuta, de relações sinceras, de modelos acessíveis, de partilha de fardos (Gl 6.2), de humildade, de arrependimento e de compaixão.

Precisamos de retiros? Talvez. Mas que sejam acessíveis, inclusivos, verdadeiramente espirituais, onde homens e mulheres cresçam juntos, onde possamos nos despir das armaduras e ser quem realmente somos diante de Deus: vasos de barro (2Co 4.7), que carregam um tesouro que não vem de nós.

Que o Senhor nos livre de projetos religiosos que travestem velhos estereótipos com linguagem piedosa. E que nos ajude a formar homens segundo Cristo: sensíveis, justos, piedosos, humildes, cheios do Espírito, servos do Reino, maridos fiéis, pais amorosos, irmãos que sabem chorar com os que choram.

Mais poderia ser dito: sobre os riscos físicos das práticas extenuantes, como já revelado em caso de morte durante trilha; sobre a falta de transparência e uso de sigilo nos retiros; sobre a linguagem militarizada e triunfalista que contrasta com o evangelho da cruz; sobre a instrumentalização política do movimento em câmaras municipais; e sobre a ausência de uma agenda clara contra a violência e as desigualdades de gênero. Tudo isso reforça a necessidade de discernimento. Como pastores e lideranças, devemos ser vigilantes: não é porque algo parece espiritual que de fato provém do Espírito.

Essa sim é uma lenda que vale a pena viver. A lenda da graça. A lenda do Cordeiro. A lenda da cruz.














Adoração ou Entretenimento? O Risco de Confundir Emoção com Devoção

Adoração ou Entretenimento? O Risco de Confundir Emoção com Devoção

Vivemos em um tempo em que muitos cultos são marcados por produção artística impecável: música de alta qualidade, músicos talentosos, luzes e estrutura profissional. Tudo isso pode enriquecer a experiência de adoração, mas surge uma pergunta crucial: estamos realmente adorando a Deus ou apenas nos encantando com a performance?

Como seres humanos, facilmente trocamos a essência da adoração por emoções passageiras. O profeta Oséias já alertava: "Quero misericórdia, e não sacrifício; conhecimento de Deus, mais do que holocaustos" (Os 6:6). Deus não se impressiona com ritos vazios; Ele busca corações sinceros e comprometidos. Jesus reforçou essa verdade: "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (Mateus 15:8).

Infelizmente, é possível estar em um culto emocionante, saltar de alegria, levantar as mãos e ainda assim não adorar de verdade. A verdadeira adoração não é sobre entretenimento, mas entrega. Como diz Romanos 12:1: "Ofereçam seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês."

Deus não ouve apenas músicas; Ele escuta corações. Não importa a perfeição técnica ou a atmosfera emocional—o que Ele deseja é sinceridade e devoção profunda. A adoração genuína não é um espetáculo, mas uma rendição incondicional ao Senhor.

Por isso, a igreja deve ser um lugar onde Deus é o centro, não nossas preferências artísticas. O louvor não existe para satisfazer nossos sentidos, mas para expressar vidas transformadas por Ele.

Que nossa oração seja sempre: *"Senhor, ensina-me a adorar em espírito e em verdade"* (João 4:24). Assim, O honraremos não apenas com palavras, mas com corações completamente Seus.

Por que procuram entre os mortos Aquele que vive?




Transcrição do vídeo do Sermão que preguei neste Domingo de Páscoa sob o título: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui. Ressuscitou!”


📖 Lucas 24.5-6


Eu estou com um desafio aqui. Ontem conversei com minha esposa sobre se pregaria uma mensagem como de costume, ou se leria um texto que escrevi inspirado em dois dos sermões mais famosos sobre a ressurreição: o de João Crisóstomo e o de Charles Spurgeon. Inspirado por eles, escrevi um breve sermão. Ao relê-lo, percebi que dificilmente conseguiria pregar melhor do que aquilo que escrevi. Por isso, decidi fazer algo diferente hoje: vou lê-lo para vocês. Confesso que corro o risco de cometer os mesmos erros que um pregador certa vez cometeu ao ler seu sermão. Ao pedir a opinião da esposa, ouviu: "Seu sermão teve três problemas: foi lido, foi mal lido e não merecia ser lido". Assumo esse risco, mas quero compartilhar com clareza essa mensagem sobre a ressurreição.

Desejo destacar Lucas 24.5-6. Na manhã da ressurreição, enquanto as mulheres iam ao sepulcro com corações aflitos e mãos cheias de perfumes, foram surpreendidas com uma pergunta celestial que ecoa até hoje: "Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou!" (Lc 24.5-6).

Meus irmãos e irmãs, ainda hoje, muitos continuam buscando vida onde há apenas morte. Procuram Jesus em religiões sem vida, em rituais vazios, no legalismo e nas boas obras realizadas como barganha para conquistar o céu. Tentam se justificar pelo moralismo, mas quem pode se apresentar diante de Deus baseado em sua própria moral ou justiça? Ninguém pode dizer: "Abram-se as portas do céu porque eu cheguei!" Não há espaço para orgulho ou justiça própria diante de Deus (Ef 2.8-9; Is 64.6).

Cristo não está no humanismo que nega o pecado, nem em ideologias ou filosofias passageiras, nem mesmo na erudição arrogante ou na ciência que ignora o Criador. Jesus não está em todos os lugares ou caminhos. Ele mesmo afirmou: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6). Ele disse também: "Eu sou a porta das ovelhas" (Jo 10.7). O apóstolo Paulo reforça isso ao dizer que há "um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus" (1Tm 2.5). Pedro, quando confrontado por Cristo após muitos o abandonarem, respondeu: "Para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna" (Jo 6.68).

A salvação não é como a torre de Babel, um esforço humano para alcançar o céu, mas sim um presente de Deus, que desceu até nós em Cristo, pela graça e misericórdia divinas (Ef 2.4-5). Ao visitar o sepulcro naquela manhã, as mulheres não encontraram Jesus, mas encontraram algo muito significativo.

Primeiro, encontraram perfume, o aroma de mirra e aloés que José de Arimateia havia deixado (Jo 19.39-40). Jesus passou pelo túmulo e deixou ali o aroma da vitória, transformando-o de lugar de morte em lugar de esperança e vida eterna. Nós também não devemos temer a morte, pois Cristo já passou pelo sepulcro, tornando-o apenas uma passagem transitória para a eternidade (1Co 15.55-57).

Encontraram também lençóis cuidadosamente dobrados (Jo 20.5-7), um sinal do cuidado e preparo divino até mesmo para nossa passagem pela morte. Esses lençóis simbolizam o consolo de Deus, enxugando as lágrimas daqueles que perderam entes queridos. Deus promete que nossos mortos viverão novamente (Is 26.19) e nos consola dizendo: "Reprime do pranto a tua voz e das lágrimas os teus olhos, porque os teus filhos voltarão da terra do inimigo" (Jr 31.16).

Além disso, encontraram anjos e a porta do sepulcro aberta. Um anjo removeu a pedra e sentou-se sobre ela (Mt 28.2), simbolizando a vitória definitiva sobre a morte. A porta da morte está aberta, e agora as chaves da morte e do inferno estão nas mãos de Cristo (Ap 1.18). Jesus trouxe luz ao lugar escuro da morte, como afirma Paulo em 2 Timóteo 1.10: "Ele trouxe luz à vida e à imortalidade pelo evangelho".

Finalizo com as inspiradoras palavras de João Crisóstomo em seu sermão pascal: "Que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou. O inferno tocou seu corpo e foi aniquilado. Agarraram um corpo e encontraram Deus. Tomaram a terra e encontraram o céu. Onde está, ó morte, teu aguilhão? Onde está, ó inferno, tua vitória? Cristo ressuscitou, e tu foste vencido! Cristo ressuscitou, e os anjos se alegram! Cristo ressuscitou, e a vida foi restaurada! Cristo ressuscitou, e nenhum morto ficou no túmulo, pois Ele é as primícias dos que dormem" (1Co 15.20, 55-57).

Porque Ele vive, podemos crer no amanhã, sem temer a morte, experimentando desde já a nova vida nele. Um dia, seremos ressuscitados com corpos incorruptíveis (1Co 15.51-54). Não busquemos Jesus entre os mortos, pois Ele vive e nos chama para viver com Ele desde agora e eternamente.

Amém e amém!

domingo, 20 de abril de 2025

Por que buscais o Vivente entre os mortos?

Por que buscais o Vivente entre os mortos?

📖 Lucas 24.5-6

Na manhã da ressurreição, enquanto as mulheres chegavam ao sepulcro com corações aflitos e mãos cheias de perfumes, foram surpreendidas com uma pergunta celestial que ecoa até hoje:
“Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui. Ressuscitou!”

Ainda hoje, muitos continuam buscando vida onde só há morte. Procuram Jesus onde Ele não está:

em religiões sem vida, em rituais vazios, no legalismo, nas boas obras feitas como barganha, no moralismo que esconde orgulho, na justiça própria, no humanismo que nega o pecado, nas ideologias e filosofias passageiras, na erudição que se exalta, e até na ciência que ignora o Criador.

Mas Jesus não está em todo lugar. Ele é o único Caminho, a Porta das ovelhas, o Mediador entre Deus e os homens. Como disse Pedro a Jesus: “Para onde iremos nós, só Tu tens as Palavras de Vida Eterna. 

✨ O que foi encontrado no sepulcro?

🕊️ Perfume.

E quando entraram no sepulcro…
…não encontraram um cadáver.
Mas encontraram perfume. 

José de Arimateia levou cerca de 100 libras de mirra e aloés (Jo 19.39). Jesus deixou ali o seu perfume. O sepulcro exalava esperança, e não corrupção.
“Por que temer o sepulcro, se ali esteve a carne do nosso Salvador? Ele deixou ali o aroma da vitória.”

🕊️ Lençóis.
Pedro entrou e viu os lençóis deixados para trás, cuidadosamente dobrados (Jo 20.6-7).  Jesus não saiu às pressas. Não escapou como quem foge.
Ele deixou os lençóis como troféus de Sua vitória sobre a morte.  Não foi envolto por mortalha ao ressuscitar — pois o que era símbolo de fim foi deixado para trás como testemunho de um novo começo.
E mais:
O lugar onde Jesus repousou já não é mais um quarto frio e sombrio, mas sim um aposento preparado com linho fino e adornado com paz.  
Nosso dormitório final não é mais prisão, mas passagem.  Podemos ir para lá em paz, pois Cristo já esteve ali antes de nós.
Esses lençóis também são símbolo de consolo.
Os que choram podem usá-los como lenço para enxugar as lágrimas.  Viúvas, órfãos, corações enlutados — enxuguem suas lágrimas!  O Senhor ressuscitou!  E o próprio Deus declara: “Reprime do pranto a tua voz, e das lágrimas teus olhos, porque os teus filhos voltarão da terra do inimigo” (Jr 31.16).  “Teus mortos viverão” (Is 26.19).

👼 Anjos e passagem aberta.  
Um anjo removeu a pedra — e se assentou sobre ela. Outros se colocaram no lugar onde o corpo de Jesus fora posto.
A pedra não está mais no lugar. A entrada está aberta.  A morte perdeu a chave.  Agora, quem segura a chave da morte e do inferno é o próprio Cristo — o Príncipe da Vida (Ap 1.18).

💡 Luz na tumba.  
Jesus entrou no escuro da morte e acendeu ali uma luz.  Ele trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo Evangelho (2Tm 1.10).
Agora, até os túmulos dos santos brilham com esperança.

🔥 Ouça a proclamação triunfante de João Crisóstomo: em seu famoso sermão pascal:
“Que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou!  O inferno tocou seu corpo e foi aniquilado.  Agarraram um corpo e encontraram um Deus.  Tomaram a terra e se depararam com o céu.  Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?  Cristo ressuscitou e tu foste vencido!  Cristo ressuscitou e os anjos se alegram! Cristo ressuscitou e a vida foi restaurada! Cristo ressuscitou — e nenhum morto ficou no túmulo, pois Ele é as primícias dos que dormem!”

Amém! 

O choro deu lugar ao riso,
a tristeza explodiu em alegria,
a vida triunfou sobre a morte,
o lamento se calou diante dos louvores,
a esperança raiou como o sol da manhã,
e a luz venceu, esmagando as trevas para sempre!

🙌 Cristo ressuscitou! Aleluia! E porque Ele vive, nós também viveremos (Jo 14.19). Não o procure entre os mortos. Ele está vivo. E Ele te chama para viver com Ele, desde agora... e para sempre. 

Feliz Páscoa!

Bispo Ildo Mello, inspirado nos sermões de Páscoa de João Crisóstomo e Charles Spurgeon

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Vivendo com princípios cristãos

“Vivendo com princípios cristãos”


Texto base: Filipenses 4.8 e Tito 2.12


Introdução: Princípios ou Costumes?

Você vive segundo princípios ou apenas segue costumes?

Costumes mudam com o tempo e a cultura, mas os princípios bíblicos são imutáveis, pois vêm de Deus.

Esta lição nos convida a refletir: O que tem moldado minha vida?


Objetivo:

Refletir e agir à luz dos princípios bíblicos, deixando que a Palavra de Deus forme em nós um caráter semelhante ao de Cristo.



1. Tudo o que é VERDADEIRO


“Seguindo a verdade em amor…” (Ef 4.15)

Ser verdadeiro é viver de forma íntegra, transparente e coerente com o evangelho.

Não se trata apenas de dizer a verdade, mas de encarnar a verdade com amor.

Wesley insistia que doutrina e amor caminham juntos. A verdade sem amor vira dureza; o amor sem verdade vira confusão.


Aplicação:

Você fala e vive a verdade com amor? Ou usa a verdade como arma?



2. Tudo o que é RESPEITÁVEL (honesto, nobre)

É viver como se todo lugar fosse o templo de Deus, e não apenas a igreja.

A santidade não é só para o culto, mas para o cotidiano.

Para Wesley, a vida cristã não é dividida entre sagrado e secular. Tudo pertence a Deus.


Aplicação:

Sua conduta em casa, no trabalho e nas redes sociais reflete reverência a Deus?



3. Tudo o que é JUSTO

O profeta Habacuque denunciou várias formas de injustiça social (Hc 2.6-20).

A ética cristã exige justiça em nossas relações, negócios, decisões e julgamentos.

Wesley lutou contra a escravidão e a exploração dos pobres. A justiça não é opcional para quem ama a Deus.


Aplicação:

Você trata as pessoas com justiça? Busca corrigir o que é injusto ao seu redor?



4. Tudo o que é PURO

Pureza significa moralidade limpa e consagração a Deus.

No Antigo Testamento, o puro era o que podia ser oferecido a Deus.

A santidade é fruto da graça que nos transforma. Somos chamados a “apresentar nossos corpos como sacrifício vivo” (Rm 12.1).


Aplicação:

Seus pensamentos, palavras e ações estão sendo purificados pela graça de Deus?



5. Tudo o que é AMÁVEL (ou agradável)

Amável é tudo o que inspira amor, reconciliação e paz.

Muitos vivem com mágoa, rancor e desejo de vingança, o que gera isolamento.

O crente cheio do Espírito atrai o amor de Deus e dos irmãos, e não a amargura.


Aplicação:

Você tem alimentado amor ou ressentimento no seu coração?



6. Tudo o que é de BOA FAMA

Paulo diz que o líder (e todo cristão) deve ter bom testemunho, inclusive “dos de fora” (1Tm 3.7).

Wesley dizia que santidade sem influência social é incompleta. A fé precisa ser visível e inspiradora.


Aplicação:

Como as pessoas descrevem você? Seu estilo de vida honra ou envergonha o nome de Cristo?



Conclusão: A Vida Cristã de Excelência


Tito 2.12:


“Educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.”


Deus quer formar em nós um caráter moldado por princípios eternos.

Essa transformação é obra da graça, mas exige nossa resposta e cooperação com o Espírito Santo.


Perguntas para reflexão:

1. Meus valores são baseados em costumes ou princípios eternos?

2. Vivo da mesma forma dentro e fora da igreja?

        3. Estou crescendo em uma vida sensata, justa e piedosa?

Amor Radical, Amor que Transforma


Amor Radical, Amor que Transforma

Sexta‑feira da Paixão
Texto‑chave: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (1Jo 4.10)


1. Tese

Só quando reconhecemos a radicalidade do sacrifício de Jesus compreendemos a profundidade do Seu amor; então, habilitados por esse amor, podemos amar como Ele amou.


2. Confissão necessária

Nosso apetite por reconhecimento, poder e conforto devora a capacidade de amar desinteressadamente. Admitamos: não amamos a Deus nem ao próximo como deveríamos (1Jo 4.20‑21).

“Senhor, meu coração tende a buscar a mim mesmo e não a Ti. Tem misericórdia de mim.” (Sl 51.1‑4, adaptado)
“Derrama Teu amor em nosso coração pelo Espírito Santo.” (Rm 5.5)


3. Contemplando a cruz (12h – 15h)

HoraPalavra de JesusÊnfase
9hLc 23.34 – “Pai, perdoa‑lhes …”Perdão imerecido
11hLc 23.43 – “Hoje estarás comigo …”Graça imediata
12hJo 19.26‑27 – “Mulher, eis aí teu filho …”Cuidado relacional
13hMt 27.46 – “Deus meu, Deus meu …”Identificação total
14hJo 19.28 – “Tenho sede.”Humanidade sofrida
14h50Jo 19.30 – “Está consumado!”Obra completa
15hLc 23.46 – “Pai, nas tuas mãos …”Entrega confiante

Síntese: Cristo assumiu o peso do nosso egocentrismo, recusou revide e completou a obra do perdão (Jo 19.30; Rm 5.8). Deus desceu ao mais profundo para nos elevar consigo.


4. Crendo na profundidade desse amor

  • Culpa cancelada: o véu rasgado garante acesso livre ao Pai (Mt 27.51; Rm 5.1).

  • Medo dissipado: se Ele não poupou o Filho, nada nos negará do que é bom (Rm 8.32).

  • Esperança viva: a morte perdeu o domínio (Hb 2.14‑15).


5. Vivendo esse amor antes do pôr‑do‑sol

  1. Perdoe de imediato quem o feriu (Cl 3.13).

  2. Sirva sacrificialmente alguém em necessidade — sem publicidade (Mt 6.3‑4).

  3. Ore nominalmente por quem o considera inimigo (Mt 5.44).


6. Desafio do dia

Entre 12h e 15h, leia João 18–19. Depois, escreva uma oração de gratidão e envie uma mensagem de perdão ou consolo a alguém que esteja sofrendo.


7. Oração das 15h

Pai santo, recordo o alto preço pago pelo meu resgate.
Que o Espírito aplique ao meu coração o amor derramado na cruz, para que eu perdoe, sirva e carregue as dores dos que caminharem comigo.
Em nome de Jesus, que morreu e vive para sempre. Amém.


8. Leituras para esta noite

FocoPassagemPista de meditação
Profecia cumpridaIs 53.4‑6Substitua cada “Ele” pelo seu “eu”.
Lamento messiânicoSl 22.1‑18Encontre eco nas palavras de Jesus.
Silêncio do sepulcroMt 27.57‑66Aguarde o amanhecer do terceiro dia.

Lembre‑se: Nesta Sexta‑feira da Paixão, o amor foi cravado no madeiro para ficar gravado em nosso coração. Contemple a cruz, receba esse amor radical — e deixe‑o fluir hoje mesmo em gestos concretos de graça.

Conquistas de Jesus na Cruz

Na cruz, Jesus concluiu a nossa salvação (Jo 19.30): Ele pagou toda a nossa dívida e apagou a culpa do pecado (Cl 2.14‑15; Ef 1.7), declarando‑nos justos diante de Deus (Rm 3.24‑26) e quebrando a barreira que nos separava dEle e uns dos outros, unindo judeus e gentios num só povo (2Co 5.19; Ef 2.14‑16). Ali Ele venceu as forças do mal (Cl 2.15), tirou de nós a maldição da Lei (Gl 3.13) e o medo da morte (Hb 2.14‑15). Pelo seu sangue inaugurou a nova aliança e abriu caminho livre até a presença do Pai (Lc 22.20; Hb 10.19‑20), adotou‑nos como filhos (Gl 4.4‑5) e formou um povo de sacerdotes pronto para servir (1Pe 2.9; Ap 1.5‑6). Depois de morrer e ressuscitar, derramou o Espírito Santo sobre nós (At 2.33; Gl 3.14), abriu portas para a reconciliação de todo o universo com Deus (Cl 1.20), deixou o exemplo supremo de humildade e serviço (Fp 2.5‑8; 1Pe 2.21) e garantiu uma esperança viva de ressurreição e nova criação (1Co 15.20‑22; 2Co 5.17). Assim, a cruz mostra de uma vez por todas a justiça, o amor e a sabedoria de Deus (Rm 5.8; 1Co 1.24) e nos assegura que, tendo entregue o Filho, o Pai também nos dará tudo de que precisamos (Rm 8.32). 

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