domingo, 28 de janeiro de 2024

Entre a Folia e a Fé: Um Balanço Teológico sobre o Carnaval


De um modo em geral, carnaval é a festa que dá vazão aos apetites carnais, promovendo excessos de todo tipo, como gula, embriaguez e orgias sexuais, que afetam a dignidade humana, além de resultar em um significativo aumento nos casos de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez indesejada, sem falar nos casos de infidelidade conjugal que terminarão em divórcio. Há também um espantoso aumento do uso e abuso de álcool e drogas nos dias de carnaval, gerando inúmeros casos de intriga, violência e mortes nos salões, nas ruas e no trânsito. Mulheres nuas, homens fantasiados de mulher ou de bebê com frauda e chupeta, pessoas com fantasias diabólicas e medonhas, um descalabro total que promove tudo o que é ridículo, estúpido, leviano, vergonhoso e extravagante. Uma festa que costumeiramente termina em amargas cinzas. No passado, as máscaras de carnaval serviam para ocultar a identidade daqueles que queriam cair na folia sem comprometerem sua imagem pública, enquanto que, para agravar ainda mais a situação, nos dias de hoje, a hipocrisia parece ter dado lugar ao descaramento total, sinal da degradação moral da sociedade.


Participar do Carnaval é, no mínimo, compactuar com estes males e expor-se à inúmeras tentações perigosas.  Não adianta orar “não nos deixes cair em tentação” quando nós mesmos damos lugar ao diabo, indo ao seu encontro. “Pode alguém andar sobre brasas sem queimar os pés?” (Pv 6:28).  O Apóstolo Paulo adverte os cristãos dizendo que se eles andarem segundo a carne, certamente morrerão (Rm 8.13). Ele ainda os exorta, dizendo: “vocês não podem beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios; não podem participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios.” (1 Co 10:21). Portanto, “não dêem lugar ao Diabo (Ef 4:27)  e “fujam das paixões da mocidade (2 Tm 2.22). Pedro igualmente adverte: “sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.” (1 Pe 5.8). 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Nem Ascetismo, Nem Hedonismo

Os extremos frequentemente se revelam como opções tentadoras. Na caminhada espiritual, dois polos opostos e perigosos se evidenciam: de um lado, o rigor ascético, que enxerga na renúncia aos prazeres terrenos como sinônimo de santidade; de outro, a incessante busca por prazer e entretenimento, frequentemente resultando em superficialidade e correndo o risco de desviar-se do propósito mais profundo da vida cristã.


O termo "hedonismo" evoca a ideia de uma busca incessante pelo prazer como elemento central da existência. No entanto, é vital destacar que a vida cristã não se concentra nessa busca pelo prazer. Ela se orienta pela adoração a Deus, pela busca da santidade, pela aplicação dos princípios e valores bíblicos e do cumprimento da missão de fazer discípulos. É um chamado a viver de forma ética e justa, reconhecendo que todas as bênçãos emanam de Deus e devem ser desfrutadas de modo responsável e em conformidade com Suas orientações.


Apesar de sua vida simples, Jesus não seguiu a mesma linha ascética de João Batista (Mateus 11:18-19). Ele participava ativamente de festividades e, como um exemplo marcante, realizou Seu primeiro milagre ao transformar água em vinho em um casamento (João 2:1-11), evidenciando a alegria e a celebração da vida. Compartilhava refeições e demonstrava uma abordagem equilibrada à existência, enfatizando a importância de manter uma visão espiritual abrangente. Sua visão sobre a observância do sábado não o via como um fardo, mas como algo benéfico para a humanidade, uma oportunidade para o descanso e a conexão com Deus e com os outros (Mateus 12:1-14).


O apóstolo Paulo também abordou a questão do rigor ascético em algumas de suas cartas. Ele alertou contra a adoção de práticas ascéticas extremas como meio de alcançar a salvação ou crescimento espiritual. Em suas epístolas, especialmente na carta aos Colossenses, Paulo criticou abordagens que enfatizavam regras rigorosas sobre comida, bebida, festividades ou práticas externas como caminho para a espiritualidade.


Paulo ressaltou que a verdadeira espiritualidade não está ligada a essas práticas exteriores, mas na relação com Cristo e na transformação do coração. Ele enfatizou a liberdade em Cristo, alertando contra o foco exagerado em práticas ascéticas como um meio de alcançar a espiritualidade ou salvação.


Passagens bíblicas como Eclesiastes 3:12-13, que destacam a importância de alegrar-se e praticar o bem durante a vida, Eclesiastes 9:7-9, que incentivam a desfrutar a vida com gratidão pelos dias concedidos por Deus, 1 Timóteo 6:17, que exorta a confiarmos em Deus, que nos proporciona ricamente todas as coisas para nosso desfrute, 1 Pedro 3:10-11, que orienta o correto caminho para amar a vida e ver dias felizes, e 1 Coríntios 10:31, que instrui a fazer tudo para a glória de Deus, ressaltam a ideia de que desfrutar a vida é um dom de Deus. No entanto, esses textos também enfatizam que esse desfrute deve ser realizado com responsabilidade, gratidão e em conformidade com os princípios cristãos.


Assim, evitamos tanto o legalismo do rigor ascético quanto a busca desenfreada por prazer. Lembramos que todas as alegrias terrenas devem ser desfrutadas com moderação, integridade e em adoração a Deus. Enquanto buscamos priorizar o Reino de Deus (Mateus 6:33), que está baseado em justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Romanos 14:17).



quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Razões para um cristão não participar de loterias e jogos de azar

A participação em loterias e jogos de azar bate de frente com alguns princípios bíblicos e valores cristãos.


O jogo baseia-se na premissa do acaso, desconsiderando o cuidado providencial de Deus. Falta-lhe a dignidade de um salário merecido ou a honra de um presente, tirando recursos sem uma compensação justa do próximo. 


O cerne da fé cristã é a confiança e a esperança em Deus como provedor e protetor. As Escrituras enfatizam a importância de depositar a esperança no Senhor, em Salmos como 27:14, 33:18-22 e 62:5-8, destacando a solidez da confiança em Deus em tempos de adversidade e incerteza. Esses versículos ressaltam a confiança na providência divina em oposição à incerteza dos jogos de azar. 


Além disso, a Bíblia adverte sobre a responsabilidade na administração dos recursos concedidos por Deus. Provérbios 13:11 instrui que a riqueza conquistada de maneira apressada tende a diminuir, enquanto a acumulação gradual através do trabalho traz crescimento. A participação em jogos de azar contraria frontalmente esse princípio de administração responsável e sábia.


Os jogos de azar representam um terreno minado, conduzindo muitos à armadilha do vício. Esse vício não só acarreta perdas financeiras devastadoras, levando indivíduos e famílias inteiras à ruína econômica, mas também desencadeia conflitos familiares, gerando profundo sofrimento emocional e desestabilizando relacionamentos fundamentais.


Para além das consequências financeiras, o vício em jogos de azar é um flagelo que afeta a saúde mental e emocional dos indivíduos. A dependência e compulsão resultantes dessas práticas vão de encontro ao chamado de uma vida equilibrada e saudável em Cristo, mergulhando pessoas em um ciclo destrutivo que mina a autoestima, a confiança e compromete o bem-estar integral.


Ademais, o jogo é um terreno fértil para a ganância, estimulando uma busca incessante por ganhos rápidos e fáceis. No entanto, essa busca por vantagens momentâneas muitas vezes resulta em vícios prejudiciais, minando a integridade pessoal, contrariando a orientação bíblica de evitar ser dominado por qualquer coisa que não seja a vontade de Deus (1 Coríntios 6:12). A ganância, associada aos jogos de azar, pode também destruir a motivação para um trabalho honesto e desencadear uma série de males que minam a estrutura ética e moral dos indivíduos.


Por esses motivos, muitos cristãos optam por se abster de qualquer forma de jogo, seja por questões de consciência ou como um testemunho da fé em Cristo. 

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Dez Passos para Decisões Sábias à Luz das Escrituras

Na jornada da vida, somos constantemente desafiados a tomar decisões. Diante das encruzilhadas, buscamos a sabedoria para guiar nossos passos e escolhas. Inspirados pelas Escrituras Sagradas, encontramos um mapa divino que nos conduz à sabedoria e discernimento.

A sabedoria clama, ergue a voz e busca nosso entendimento. Ela está ao nosso alcance, disponível para nos guiar. No entanto, negligenciá-la traz consigo a rota da destruição, pois ela nos convida a compreender, mas o desdém pela sabedoria traz consequências devastadoras. (Provérbios 1:20-33).Este guia oferece dez passos fundamentais, extraídos das Escrituras, para ajudar na tomada de decisões sábias, permitindo-nos navegar pelas escolhas da vida com clareza e confiança.


Dez Passos para Decisões Sábias à Luz das Escrituras:

1. Ore a Deus: Seguindo o exemplo de Jesus em Lucas 6:12, onde Ele orou antes de decisões cruciais, e em Tiago 1:5-8, somos encorajados a pedir sabedoria a Deus, acreditando que Ele generosamente concede essa sabedoria àqueles que pedem com fé.

2. Examine a Bíblia: Quando confrontados com uma multiplicidade de opiniões e vozes, a orientação bíblica é clara: “Procurai compreender qual é a vontade do Senhor” (Efésios 5:17). Essa busca ativa pela vontade divina não é em vão, pois como afirma Provérbios 2:6-7, “Pois é o Senhor quem dá sabedoria; de sua boca vêm o conhecimento e a inteligência. Ele reserva a sensatez para os justos, é escudo para quem vive de forma íntegra”. Além disso, a Palavra de Deus é a própria essência da verdade e é garantida pela fidelidade divina (Salmo 119:160, Salmo 33:4). Sua confiabilidade e importância são enfatizadas em 2 Timóteo 3:16, Provérbios 30:5 e Hebreus 4:12. Esses versículos reforçam a veracidade, a confiabilidade e o impacto da Palavra de Deus, oferecendo uma base sólida para a busca da sabedoria e discernimento em nossas vidas.

3. Examine os fatos: Encare a realidade de frente. Não maquie a situação  e nem subestime  os desafios. Neemias, ao inspecionar Jerusalém antes de iniciar a reconstrução (Neemias 2), demonstra a importância de um reconhecimento pessoal da situação antes de tomar decisões significativas. Provérbios 18:17 destaca a necessidade de ouvir ambos os lados antes de tirar conclusões, enquanto Provérbios 13:16 enfatiza que todo homem prudente age com base no conhecimento.

4. Busque conselhos: Busque a orientação de pessoas sábias e experientes, como instruído em Provérbios 20:18: "Planos são bem-sucedidos quando há bons conselheiros" e 15:22: "Os planos falham por falta de conselhos, mas com muitos conselheiros há sucesso". A sabedoria está em aprender com a experiência daqueles que possuem conhecimento, buscando conselhos e orientações antes de tomar decisões importantes na vida.

5. Calcule o custo: Avalie os prós e os contras, considerando o investimento necessário, como destacado em Provérbios 20:25 e também na orientação de Jesus em Lucas 14:28-30, sobre a importância de calcular o custo antes de começar a construir uma torre, para evitar interrupções e assegurar a conclusão bem-sucedida do projeto. Assim como Neemias avaliou os recursos e os desafios antes de iniciar a reconstrução de Jerusalém (Neemias 2:11-16).

6. Estabeleça uma meta: A Bíblia destaca a importância de determinar objetivos claros e manter o direcionamento. Em 1 Coríntios 9:26, Paulo declara: "Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo." O cristão deve ter objetivos claros e bem definidos, para manter sempre o foco, evitando agir sem direção ou propósito. (Provérbios 17:24 e 4:25-27). Assim como Neemias definiu o objetivo de reconstruir Jerusalém (Neemias 2:17-18), é vital estabelecer metas claras na nossa jornada de vida.

7. Prepare-se para as adversidades: Como mencionado em Provérbios 22:3, “O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as consequências.” A Bíblia ensina a esperar o melhor, mas também a se preparar para o pior cenário possível. Exemplos bíblicos mostram a importância de estar preparado para desafios. Noé construiu uma arca em obediência a Deus, preparando-se para o dilúvio iminente (Gênesis 6:13-22). José, antecipando a fome prevista no Egito, armazenou alimentos para sustentar o povo durante tempos difíceis (Gênesis 41:33-36). Além disso, quando questionado sobre o que fazer se algo desse errado, José estava pronto com um plano de ação (Gênesis 41:46-57). Da mesma forma, devemos considerar possíveis contratempos e estar preparados para enfrentá-los, seja por meio da oração, planejamento ou tomando medidas preventivas, mantendo sempre nossa confiança em Deus diante das adversidades.

8. Enfrente os seus medos: Como afirma Provérbios 29:25, “Quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro.” A Bíblia nos lembra que confiar em Deus é o alicerce da verdadeira segurança, enquanto o medo pode nos aprisionar. Todos enfrentamos temores, mas a coragem não é ausência de medo; é agir apesar dele. Exemplos bíblicos ilustram como figuras como Moisés, Jeremias e Abraão, inicialmente relutaram diante do chamado de Deus devido a seus receios pessoais, mas, no fim, confiaram em Deus e seguiram adiante (Êxodo 4:10-12, Jeremias 1:6-8, Gênesis 12:1-4). Entretanto, o medo pode ser paralisante, como ressalta Eclesiastes 11:4: “Quem observa o vento não plantará; e quem olha para as nuvens não colherá.” Portanto, é fundamental confrontar e superar os medos, confiando na orientação e no poder de Deus para avançar além das limitações impostas pelo medo.

9. Dê um passo de fé: Provérbios 3:5-6 nos orienta: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” Esta passagem nos encoraja a confiar totalmente em Deus, mesmo quando não entendemos completamente o caminho à frente. Tomar um passo de fé envolve agir com base na confiança em Deus e na Sua orientação, como fez Abraão ao seguir a ordem de Deus para sair de sua terra e seguir para um lugar desconhecido (Gênesis 12:1-4). Isso implica não depender apenas da nossa própria compreensão, mas depositar nossa confiança no Senhor para direcionar nossos passos. Assim, após ponderar todas as considerações anteriores, tomar uma decisão de fé significa agir confiando que Deus guiará e endireitará o caminho conforme Sua vontade.

10. Avalie constantemente: Regularmente reavalie suas decisões, ajustando-as se necessário. Durante suas viagens missionárias, Paulo frequentemente adaptava seus planos e direções de acordo com a orientação do Espírito Santo. Em Atos 16, por exemplo, Paulo e seus companheiros foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar a Palavra em determinadas regiões. Mais tarde, tiveram uma visão de um homem da Macedônia pedindo ajuda, o que os levou a mudar seus planos e seguir para lá. Essa história demonstra a sensibilidade de Paulo à direção divina e sua disposição em ajustar sua rota e planos de acordo com os direcionamentos de Deus, evidenciando a importância de avaliar constantemente a direção e adaptar-se conforme a orientação do Senhor.


Conclusão:

Cada passo, embasado em textos e exemplos bíblicos nos conduz a uma reflexão sobre a importância da oração, do estudo das Escrituras, do discernimento dos fatos, da busca por conselhos sábios, da avaliação dos custos e metas, da preparação para adversidades, do enfrentamento dos medos, da ação com fé e da constante reavaliação.

Ao adotarmos esses princípios em nossa caminhada, permitimos que a sabedoria divina nos oriente pelos desafios, conduzindo-nos a um caminho de discernimento, integridade e confiança na vontade de Deus para nossas vidas.

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