Hoje eu quero conversar com você sobre uma cena estranha da Bíblia…
Um dia, no meio do povo de Deus, alguém gritou assim:
“Homem de Deus, há morte na panela!” (2Rs 4.38–41)
Imagine isso acontecendo num almoço da igreja…
Todo mundo senta para comer… alguém experimenta… e de repente diz:
“Tem veneno aqui. Se continuar comendo, a gente morre.”
É exatamente essa a imagem espiritual desse texto.
Lá em Gilgal, havia fome na terra (2Rs 4.38).
Tempo de escassez, de crise, de dificuldade.
Enquanto o povo comia qualquer coisa para sobreviver,
os discípulos de Eliseu estavam na escola de profetas, em um ambiente espiritual,
recebendo ensino, recebendo “pão do céu”.
Mas perceba:
até ali, naquele lugar santo, apareceu morte na panela.
Isso já nos ensina algo muito sério:
não é porque estamos na igreja,
não é porque temos boa estrutura, boa liderança, bom ensino,
que estamos automaticamente protegidos de todo veneno espiritual.
Às vezes, a morte entra justamente onde a gente menos espera.
A Bíblia diz que havia fome naquela terra.
E a fome é uma prova… e ao mesmo tempo um perigo.
Quando a fome aperta, o discernimento enfraquece.
Gente faminta aceita qualquer coisa.
Quem está desesperado, não escolhe muito o que coloca no prato.
E aqui eu quero falar com você, com muito carinho:
Quem tem alimentado o seu coração?
Em qual “panela espiritual” você tem colocado a sua colher?
Quais mensagens, quais pregadores, quais conteúdos estão formando sua fé,
a sua visão de Deus, da vida, do pecado, da graça?
Porque a fome do coração, se não for levada a Cristo,
pode nos empurrar para qualquer cozinha, para qualquer panela,
até para panela com veneno.
O texto diz que um discípulo saiu ao campo e encontrou uma planta.
Ele colheu os frutos daquela trepadeira e jogou tudo na panela,
sem saber o que era (2Rs 4.39).
Veja bem: ele não fez por maldade.
Ele queria ajudar. Ele queria contribuir.
Mas ele juntou três coisas perigosas:
fome + pressa + imaturidade.
E essa combinação virou veneno na panela.
Boas intenções não mudam a natureza do alimento.
Se é veneno, continua sendo veneno, mesmo com intenção boa.
Quantas vezes isso acontece hoje na vida espiritual?
• Gente compartilhando mensagens sem examinar nas Escrituras.
• Gente entrando em experiências espirituais só pela emoção, sem discernimento.
• Gente aceitando qualquer “revelação” porque está carente, está com fome.
Aí se cumpre o que Paulo disse:
crianças espirituais, levadas por todo vento de doutrina (Ef 4.14).
E tem algo ainda mais sério.
A panela estava na escola de profetas.
Com Eliseu.
Num ambiente de ensino sólido.
De comunhão verdadeira.
De liderança ungida.
E mesmo assim…
a panela foi contaminada.
Isso nos lembra que:
• Nem tudo o que aparece com cara de espiritual é de Deus.
• Nem toda “novidade” que entra na igreja é saudável.
• Nem toda coisa “do campo”, da internet, de fora, pode ser simplesmente jogada no meio do povo.
Basta um ingrediente venenoso para estragar toda a panela.
Mas graças a Deus, alguém provou… sentiu… e gritou:
“Há morte na panela!” (2Rs 4.40)
Esse grito foi um ato de amor.
Eles não ficaram calados.
Eles não pensaram: “Ah, deixa pra lá… não vamos causar confusão…”
Eles não disseram: “Quem é você para julgar a comida do irmão?”
Não.
Eles entenderam: se a gente se calar, todo mundo morre.
Hoje, muitas vezes, quem levanta a voz contra o veneno espiritual
é chamado de crítico, de julgador, de “causador de divisão”.
Mas a Bíblia manda:
“Acautelai-vos dos falsos profetas” (Mt 7.15),
“provai os espíritos” (1Jo 4.1),
“os outros julguem” (1Co 14.29),
“alguns ensinos são doutrinas de demônios” (1Tm 4.1),
“entrarão lobos cruéis que não pouparão o rebanho” (At 20.28–30),
e a igreja de Éfeso foi elogiada porque pôs à prova falsos apóstolos (Ap 2.2).
Ficar em silêncio diante do veneno não é amor.
É covardia.
E que venenos espirituais têm aparecido nas panelas do nosso tempo?
Vou citar alguns tipos de ingrediente perigoso que a Bíblia denuncia:
- Outro Jesus.
Um Jesus apenas mestre moral, apenas exemplo, apenas criatura.
Quando Ele deixa de ser o Deus verdadeiro, o Salvador suficiente,
quando não é mais o único caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6),
há veneno na panela. - Outro evangelho.
De um lado, o legalismo: salvação por regras, ritos, dias especiais.
Do outro, o libertinismo: graça sem arrependimento, fé sem obediência.
Mas o evangelho bíblico une Ef 2.8–9 com Tg 2.17:
somos salvos pela graça, mediante a fé… e essa fé verdadeira produz obras. - Outra autoridade.
Quando a Bíblia deixa de ser a única regra de fé e prática.
Quando revelações modernas, livros, líderes, tradições,
ganham peso maior do que a Palavra de Deus. - Outra cruz.
Quando a mensagem vira autoajuda, prosperidade, sucesso terreno.
Quando a cruz é substituída por coaching espiritual,
por “chave” para enriquecer, por promessas que Deus não fez. - Outra fé.
Quando objetos viram amuletos.
Águas, correntes, lenços, sal, pontos de contato.
Não é fé em Cristo, é superstição religiosa. - Outro culto.
Quando o culto vira espetáculo.
Muito barulho, muita emoção, pouca transformação.
Jesus não disse: “Pelos seus shows os conhecereis”,
mas: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.16). - Outra batalha espiritual.
Quando se fala mais de demônios do que de Cristo.
Quando tudo é demônio, tudo é maldição, tudo é encosto…
e se esquece da carne, do pecado, da responsabilidade. - Outro caminho.
Quando se diz que todas as religiões são iguais,
que o pecado não é tão grave,
que o juízo não é real,
que Cristo é só mais uma opção.
Lembre-se:
um ingrediente venenoso estraga toda a panela.
Mas graças a Deus, a história não termina em morte.
Quando o povo grita, Eliseu não entra em desespero.
Ele não faz espetáculo, não inventa ritual, não vende campanha.
Ele simplesmente diz:
“Trazei farinha.” (2Rs 4.41)
Farinha.
Algo simples.
Algo comum.
Mas cheio de significado.
A farinha aponta para a Palavra de Deus
e para Cristo, o Pão da Vida (Jo 6.35).
Quando a Palavra entra, o veneno perde o poder.
Quando Cristo é recolocado no centro,
o erro é desmascarado,
o engano é dissipado,
a igreja é curada.
Nesse texto, vemos duas responsabilidades muito claras.
Primeiro, a responsabilidade dos líderes, representados por Eliseu:
discernir, corrigir, purificar, proteger o rebanho.
Depois, a responsabilidade dos discípulos, da igreja:
provar, julgar, examinar, alertar quando houver “morte na panela”.
Uma igreja madura não é uma igreja que engole tudo em silêncio.
É uma igreja bereana, que examina nas Escrituras se as coisas são de fato assim (At 17.11).
Então, deixa eu aplicar isso à sua vida hoje.
• Cuidado com a sua alimentação espiritual.
Não coma qualquer coisa.
Não é porque é “gospel”, porque falou de Deus, porque mostrou um milagre,
que é saudável para sua fé.
• Cuidado com decisões em tempos de fome.
Coração carente aceita relações tóxicas.
Crente faminto por experiências aceita heresias brilhantes.
Fome + pressa = perigo.
• Cresça no discernimento.
Busque maturidade espiritual (Hb 5.14).
Leia a Bíblia. Estude. Participe dos estudos, da Escola Bíblica.
Não viva de migalhas de internet.
• Cheque tudo na Escritura.
Sola Scriptura não é um slogan bonito.
É proteção para a igreja.
Volte sempre à Palavra.
• Tenha coragem de alertar.
Em amor, mas com firmeza.
Avisar que tem veneno não é falta de amor,
é exatamente prova de amor.
Quero terminar dizendo a você:
Talvez, em alguma área da sua vida,
você já tenha percebido que entrou veneno na panela.
Talvez você tenha bebido doutrinas que feriram sua fé.
Talvez tenha se envolvido em práticas espirituais confusas.
Talvez tenha sido enganado por promessas vazias.
Hoje, Jesus não está aqui para te condenar,
mas para purificar a panela.
Quando a Palavra entra, há vida.
Quando Cristo volta ao centro, o veneno é vencido.
Quando o evangelho verdadeiro é restaurado,
o povo volta a viver.
Que o Espírito Santo nos dê discernimento.
Que Ele nos faça uma igreja madura, bereana, centrada em Cristo.
Que nas nossas casas, no nosso púlpito, nos nossos grupos,
haja vida na panela.
Em nome de Jesus. Amém.
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