domingo, 24 de dezembro de 2017
Os Reis Magos (Mt 2.1-12)
O Natal começou sendo boa notícia para Maria, depois para José, para os pastores, para Ana e Simeão, para os pobres, para o povo de Israel e, agora, para os Reis Magos, os primeiros gentios alcançados pela mensagem do Natal e que vieram de longe para adorar a Jesus.
A semelhança do que fizera a Rainha de Sabá nos dias do Rei Salomão, estes sábios reis também vieram de longe, pagando um alto preço em termos de tempo e recursos financeiros, revelando possuirem grande convicção de fé de que a estrela os guiava a presença do grande Rei! “A rainha do Sul se levantará, no Juízo, com os homens desta geração e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é maior do que Salomão.” (Lc 11.31).
Eles trouxeram presentes especiais dignos de alguém que é, ao mesmo tempo, Rei, divino e humano. Os reis tributaram honra e glória ao Rei dos reis. Observe o caráter místico e profético destes fabulosos presentes:
1. O ouro lhe foi concedido como tributo a sua realeza, reconhecendo-o como o Messias prometido, o Leão da Tribo de Judá
2. O incenso lhe foi ofertado em reconhecimento de sua divindade.
3. E a mirra, comumente utilizada no embalsamento de corpos, foi-lhe oferecida em reconhecimento de sua humanidade. Eis ali o Verbo que se fez carne para tornar-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Os magos representam os gentios. Devido aos três presentes, possivelmente eram também três os reis magos, representando, assim, todos os povos descendentes de Sem, Cão e Jafé, ou seja, as raças branca, negra e amarela, a humanidade como um todo. Algo profético do Reino de Cristo que alcançará todos os povos da terra. “Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação. Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus, dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 7.9–12).
Os magos representavam outras religiões e crenças, que de alguma maneira são alcançados pela luz divina manifesta no explendor especial de uma estrela e também pela revelação das Sagradas Escrituras que acendeu neles aquela centelha de fé que os guiará à terra prometida para se renderem e prestarem culto ao único e verdadeiro Deus.
Eles representam também os cientistas e os sábios de seu tempo que também devem reconhecer que em Jesus Cristo reside o saber mais completo, puro e verdadeiro. “… e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.” (Cl 2.2–3).
A atitude dos Reis Magos aponta para o propósito eterno de Deus, que Paulo resume nos seguintes termos: “desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Ef 1.9–10). “Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. (Rm 14.11).
Naquela humilde estrebaria, reconheceram que o menino era o Messias! Na manjedoura eles enxergaram um homem, mas reconheceram a Deus! Como eles, adoremos a Jesus como Rei, como Filho de Deus e como o Verbo que se fez carne para morrer em nosso lugar a fim de nos conceder o perdão dos pecados e a vida eterna.
Um feliz Natal!
Ildo Mello
Estava procurando uma igreja perfeita e resolveu ligar par ao Apóstolo Paulo

_ Alô! É o Apostolo Paulo?
_ Sim é ele!
_ Graça e paz!
_ Graça e paz!
_ Desculpe o incômodo Apóstolo, mas estou precisando da sua ajuda. É que ando decepcionado com muita coisa na igreja a qual pertenço e estou a procura de uma Igreja perfeita. Estou pensando em congregar em Corinto. Ela é uma igreja ideal?
_ Olha, a Igreja de Corinto tem grupinhos (1Co 1.12), tem inveja, contendas (1Co 3.3), brigas que vão parar nos tribunais de justiça comum (1Co 6.-11), e tem até alguns fornicadores (1Co 5.1).
_ E a Igreja de Éfeso?
_ É uma Igreja alicerçada na palavra (At 20.27), mas, ultimamente, tem muita gente sem amor lá (Ap 2.4).
_ Então, penso em ir congregar em Tessalônica.
_ Lá tem alguns que andam desordenadamente e não gostam de trabalhar (2Ts 3.11).
_ Hum! Tá difícil, hein, Paulo?! E se eu for para a igreja de Filipos?
_ Filipos até que é uma igreja boa, mas tem duas irmãs lá uma se chamam Evódia e Síntique que se desentenderam e estão sem conversar uma com a outra (Fp 4.2).
_ Então, acho que vou mudar para Colossos para começar a congregar lá.
_ Olha, em Colossos tem uns hereges que estão tumultuando o ambiente. Tem um grupo lá que estão até cultuando a anjos (Cl 2.18).
_ Que coisa! E se eu for para para a igreja dos Gálatas?
_ Bem, lá tem alguns crentes se mordendo e devorando uns aos outros (Gl 5.15).
_ Não sabia que era tão difícil achar uma igreja perfeita. Entrei em contato com o Apóstolo João para saber se a igreja de Tiatira seria ideal, mas ele me disse que os irmãos lá tem tolerado uma mulher que se diz profetisa e que tem fomentado a prostituição e a idolatria (Ap 2.20). Pensei, então, na possibilidade de ir para Laodiceia, mas João me disse que seus membros estão muito longe da perfeição, pois são orgulhosos, materialistas e mornos espiritualmente (Ap 3.16). Perguntei sobre Pérgamo, e João me disse que lá tem alguns que seguem as doutrinas dos nicolaítas e de Balaão (Ap 2.14-15). Sabe, Paulo, já pensei em ir para a Igreja sede em Jerusalem, mas ouvi dizer que tem muita gente preconceituosa lá (Gl 2.12,13), além de murmuradores (At 6.1) e alguns mentem aos pastores buscando destaque na comunidade (At 5.1-11). E agora, como faço, Paulo?
_ Você precisa entender que não existe igreja perfeita, por ser composta por seres humanos. Há joio no meio do trigo e muitos crentes genuínos que estão em processo de aperfeiçoamento, alguns mais maduros e outros ainda muito imaturos. Em breve, estaremos na Igreja perfeita, a universal assembleia e Igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus (Hb 12.23). Meu conselho é que desista de procurar uma Igreja perfeita, e passe a procurar uma igreja com líderes sinceros e que estejam bem firmados na sã doutrina. Não deixe de congregar (Hb 10.25). E abandone a mentalidade de cliente. Coloque-se à disposição de Deus para se tornar um membro saudável na edificação do Corpo de Cristo para a salvação de muitos e para a glória de Deus (Ef 4.1-16).
domingo, 17 de dezembro de 2017
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
Enfrentando as tribulações com alegria

"Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes." (Tg 1.2–4).
1) O cristão não está imune as tribulações
Jesus advertiu aos seus discípulos, dizendo: “... No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16:33). Paulo e Barnabé demonstraram por palavras e obras que "através de muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus” (At 14:22).
Observe o seguinte padrão:
1. Após receber a promessa, Abraão passou por muitas provações;
2. Após receber sonhos divinos, José enfrentou várias tribulações;
3. Após a libertação milagrosa da escravidão do Egito, o povo de Israel teve que atravessar um deserto;
4. Após ter sido ungido rei, Davi teve que fugir para o deserto;
5. Após o início de seu ministério profético, Elias também precisou fugir para o deserto;
6. Após corajosa demonstração de fidelidade a Deus, Mesaque, Sadraque e Abdenego foram lançados em uma fornalha de fogo;
7. Após ser batizado, Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto onde foi tentado por Satanás.
Os cristãos são peregrinos nesta terra, de modo que o justo tem que viver pela fé. Em meio a todas as tribulações, os servos de Deus são mais que vencedores:
1. Abraão foi aprovado,
2. José saiu do poço e da prisão para se tornar governador do Egito,
3. Israel não pereceu no deserto,
4. Davi foi coroado rei no lugar de seu perseguidor,
5. Elias venceu os profetas de Baal,
6. Mesaque, Sadraque e Abdenego saíram da fornalha
7. e Jesus venceu Satanás, ressuscitou dos mortos e foi recebido na glória!
Tenham bom ânimo, Jesus venceu o mundo!
2) As provações fazem parte do plano maior de Deus
Os apóstolos estavam convictos de que as provações cumprem um papel muito especial no plano de Deus para o crescimento espiritual dos filhos de Deus. Tiago disse: “sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2–4). Pedro afirmou: “Para que a prova de vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro… seja para louvor, e honra, e glória…” [1Pe 1.7]. E Paulo afirmou com toda a categoria:“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28). A tribulação produz virtudes que nos levam a maturidade cristã: "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança." (Rm 5.3–4). Tais experiências nos tornam instrumentos de esperança e consolação: "É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus." (2Co 1.4).
3) Alegria nas provações
Seguro de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28), o crente pode verdadeiramente alegrar-se nas provações da vida (Tg 1.2). Os discípulos "se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome" (At 5.41). Paulo e Silas, após terem sido açoitados e colocados na prisão, "oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam." (At 16.25). Ele possuía autoridade para dizer: Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1Ts 5.18). Pois, ele realmente aprendeu "a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.11-13).
Conclusão
Portanto, podemos nos alegrar nas tribulações, confiantes que não fomos abandonados por Deus, que é poderoso para fazer com que cada uma delas coopere para o nosso próprio benefício e aperfeiçoamento. Em todas elas, somos mais do que vencedores, pois nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor! (Rm 8.35-37). Então, ”alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos." (Fp 4.4).Bispo José Ildo Swartele de Mello
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Atos 2.39
domingo, 26 de novembro de 2017
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
sábado, 7 de outubro de 2017
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Qual é o modo bíblico do batismo?
Qual é a forma correta de Batismo?
Por Bispo José Ildo Swartele de Mello
Existe um debate acalorado sobre o método do batismo. Muitos defendem que somente a imersão é válida, levantando dúvidas sobre a validade do batismo por aspersão ou efusão, onde a água é derramada sobre a cabeça. No entanto, essa discussão acirrada se concentra em uma questão periférica, já que se o método fosse crucial, certamente haveria orientações claras nas Escrituras a esse respeito. Curiosamente, nem Jesus nem seus Apóstolos deixaram qualquer instrução específica sobre a forma do batismo.
Não é razoável alegar que a ausência de prescrições específicas se deu por falta de necessidade, sugerindo que naquela época não se considerava a possibilidade do batismo por aspersão ou efusão. Os rituais de purificação e os batismos judaicos eram frequentemente realizados por aspersão. Além disso, é amplamente conhecido que, já no primeiro século da Igreja, a prática do batismo cristão por aspersão ou efusão era comum.
A Didaquê, também conhecida como Doutrina dos Apóstolos, é um dos mais antigos documentos cristãos e já defendia a legitimidade das diferentes formas de batismo. O texto instrui: 'Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.' (Didaquê, VII -- Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed. Paulus, São Paulo, 1989, p. 19).
É evidente que os primeiros cristãos enfrentaram situações em que o batismo por imersão seria inadequado ou até mesmo impossível. Em casos de doença grave de um candidato ao batismo, o método imersivo tornava-se impraticável. Além disso, em diversas ocasiões, como quando o Apóstolo Paulo e outros mártires precisaram batizar colegas de prisão, incluindo até mesmo alguns guardas convertidos durante seus períodos de encarceramento, o método da imersão seria inconveniente.
Considerando lugares áridos e desertos, onde a água é escassa, como seria viável aplicar o batismo por imersão? Esses cenários desafiadores levantam questões sobre a praticidade do método imersivo em determinadas circunstâncias.
O próprio livro de Atos dos Apóstolos registra situações onde o batismo por imersão se tornaria impraticável. Por exemplo, como realizar o batismo por imersão para uma multidão de três mil pessoas que se converteram na cidade de Jerusalém, onde não havia um rio próximo? Notavelmente, em Atos 2, não há menção alguma de uma movimentação dessa enorme multidão em direção a um rio distante fora da cidade para o batismo.
Outro exemplo evidente é o batismo do carcereiro de Filipos, documentado em Atos 16, que ocorreu durante a madrugada. Até mesmo o pastor batista Tácito da Gama Leite Filho, em seu livro 'Seitas Proféticas', página 108, reconhece esse fato ao escrever: “O carcereiro de Filipos e seus familiares certamente não foram batizados em um rio, pois era de madrugada e as portas da cidade estavam fechadas”.
Um ponto crucial a considerar é a prática milenar dos batismos para purificação entre os judeus. A aspersão de água para purificar pecados era comum no Antigo Testamento, mencionada em mais de duzentas passagens bíblicas. O autor de Hebreus explicitamente associa o método da aspersão utilizado por Moisés para purificar o povo hebreu como um tipo ou símbolo da purificação perfeita encontrada em Cristo (Hb 9.19-28).
O Batismo de João Batista foi o cumprimento de uma profecia. Jesus afirmou que a vinda de Elias foi realizada por meio de João Batista. A profecia mencionava que o mensageiro iria preparar o caminho e purificar os filhos de Levi (Malaquias 3.1–3).
Mas como os Levitas deveriam ser purificados? Segundo o texto em Números 8.6–7, eles deveriam ser purificados com a água da expiação. João, como profeta, não poderia introduzir um novo ritual de purificação. Se o fizesse, os judeus, especialmente os fariseus e saduceus, observadores rigorosos da lei, não teriam aceitado essa forma estranha de batismo. No entanto, vemos que "muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo" (Mateus 3.7). Essa aceitação indica que o batismo de João estava de acordo com os princípios da Lei e foi reconhecido como tal pelos que eram dedicados à observância da lei.
Se as purificações eram realizadas por aspersão na época do surgimento da igreja, é razoável supor que os Apóstolos seguiram o modelo do Antigo Testamento, suas Escrituras Sagradas, na prática do batismo cristão, especialmente diante de situações onde a imersão era impraticável.
O batismo não é apenas uma identificação com o sepultamento e a ressurreição de Cristo, mas também uma lavagem dos pecados. Em Atos 22.16, Saulo é instruído: “Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados”. Essa ideia se estende à aspersão de água pura, conforme descrito em Ezequiel 36.25–27.
Considerando que o batismo é o sacramento de nossa salvação que envolve o lavar regenerador e purificador do Espírito Santo, abundantemente derramado sobre nós por meio de Jesus, nosso Salvador (Tt 3.5-6), e reconhecendo que o batismo de Cristo é associado ao Espírito Santo e ao fogo (Lc 3.16), é pertinente compreender que o método de batismo por aspersão ou efusão seria o que melhor reflete o batismo com o Espírito Santo. O Espírito é frequentemente descrito como sendo 'derramado': 'derramarei do meu Espírito sobre toda carne' (Joel), 'o Espírito Santo veio sobre vós' (At 1:5), e 'até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto' (Is 32:15).
No texto original grego, o batismo é consistentemente descrito como sendo 'com' o Espírito Santo e nunca 'no' Espírito, sugerindo também a ideia de derramamento. Por exemplo, em Lucas 3:16, João afirma: 'Eu, na verdade, batizo com água... mas aquele que vem após mim vos batizará com o Espírito Santo'. Se os mesmos termos são usados para descrever os dois tipos de batismos, 'batizo com' e 'batizará com', por que 'com' o Espírito teria o sentido de derramamento, enquanto 'com' água deveria ser interpretado como imersão?
Se o termo 'batismo' estivesse unicamente relacionado à imersão, como poderia ser empregado para descrever o derramamento do Espírito? A frequente utilização do termo 'com' ao referir-se ao batismo com o Espírito Santo parece indicar uma conexão mais direta com o ato de derramar. Isso levanta questionamentos sobre a visão limitada daqueles que defendem exclusivamente o método de imersão.
No batismo, tanto com água quanto com o Espírito Santo, a ação ocorria na pessoa e não ao contrário. Quando as pessoas eram batizadas com água, a água era aplicada nelas, não o oposto. Da mesma forma, no batismo com o Espírito Santo, era o Espírito que era aplicado à pessoa, não o contrário.
Existem três símbolos do Espírito Santo na Bíblia: óleo, água e fogo, todos usados de cima para baixo. O primeiro é o óleo. Em 1 Samuel 10:1-6, Saul foi ungido por Samuel com óleo sobre a cabeça, e o Espírito Santo veio sobre ele. O mesmo ocorreu com Davi em 1 Samuel 16. Essas passagens indicam que a unção com óleo é uma representação da unção com o Espírito Santo. Outro símbolo é a água. Em Ezequiel 36:25-27, Deus promete aspergir água pura para purificação e dar um novo espírito. O terceiro é o fogo. Em Atos 2:3-4, línguas como fogo apareceram e o Espírito Santo desceu sobre os crentes.
No livro de Ezequiel 36.25-27, Deus promete aspergir água pura para purificar seu povo, conceder-lhes um novo coração e derramar o Seu Espírito. Essa profecia se realiza através de Cristo, a partir do dia de Pentecostes, evidenciando uma clara alusão ao Batismo Cristão, operado pelo derramamento do Espírito Santo. Aqui, o próprio ato de Deus aspergindo água pura simboliza a purificação e a renovação de vida, prefigurando o significado do batismo.
O mesmo tema é encontrado em Isaías 44:1-6, onde a promessa do derramamento do Espírito está diretamente ligada à promessa do derramamento de água, destacando a conexão entre o derramamento do Espírito e a vida renovada que o batismo representa.
Os imersionistas defendem que batismo significa imersão, mas ignoram que o Novo Testamento usa o termo 'batismo' para os rituais de purificação praticados por aspersão na Lei Judaica.
O “Léxico do Novo Testamento Grego/Português” define “baptizo” não apenas como mergulhar e imergir, mas também como lavagens rituais judaicas, lavar as mãos, ablução, lavagem cerimonial, molhar, embeber, salpicar, o que combina com aspersão. Em Marcos 7.4, o termo grego, ‘batismo’, significa lavar, e esta lavagem ritual judaica era sempre feita através do derramamento de água sobre os utensílios (Nm 8.5-7; 19.13-20) ou sobre as pessoas (Ez 36.25 e Sl 51:4). Em Hebreus 9.10, o termo grego ‘batismos’ é traduzido por abluções que também se davam por aspersão (Ex 29.21). A Septuaginta menciona que Nabucodonosor seria 'batizado no Orvalho do Céu' (Dn.4.25). Além disto, não existe um único texto no Novo Testamento que descreva o batismo sendo realizado por imersão.
Para enfatizar o uso do termo 'batismo' no sentido de aspersão já antes do período do Novo Testamento, destaco a tradução grega de Eclesiástico 34:30, datada de 132 A.C., onde a palavra baptizo é usada para descrever o ato de aspergir água para purificação daqueles que tiveram contato com um cadáver (cf. Números 8.7 e 19.13).
Uma vez ouvi alguém argumentando que o Apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 10.2, estaria referindo-se ao batismo por imersão ao mencionar que os antepassados judeus haviam sido batizados na nuvem e no mar. No entanto, esse texto, longe de respaldar a perspectiva da imersão, de fato, fortalece um argumento em favor do batismo por aspersão ou efusão.
A passagem não sugere um batismo por imersão, pois os hebreus da época de Moisés não foram mergulhados na nuvem; o versículo um afirma claramente que eles estavam sob a nuvem, indicando que as águas da nuvem eram derramadas sobre eles. Da mesma forma, o povo hebreu não foi mergulhado no Mar Vermelho - eles atravessaram o mar com os pés enxutos, enquanto somente o exército egípcio que os perseguia foi submerso. No máximo, eles receberam respingos da água quando o mar se abriu entre os dois paredões. Consequentemente, essas metáforas se alinham mais com a ideia de aspersão e efusão.
O Apóstolo Pedro faz uso da arca de Noé como uma metáfora para o batismo cristão, ao afirmar que as oito pessoas na arca foram salvas pelas águas do dilúvio, concluindo que 'isto é representado pelo batismo que agora também salva vocês' (1 Pe 3.20,21). Considerando que a arca não foi submersa nas águas do dilúvio, essa metáfora favorece ainda mais a ideia do batismo por aspersão ou efusão, pois a salvação veio por meio das águas que foram derramadas sobre eles.
Tanto no relato do Mar Vermelho quanto aqui, é interessante notar que somente os ímpios foram imersos como forma de punição, enquanto aqueles salvos foram preservados pelas águas que os rodeavam.
Assim como os rituais de expiação do Antigo Testamento, o sangue derramado do Cordeiro de Deus em nosso favor (Lc 22:20) é figuradamente aplicado a nós através do método da aspersão: 'eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas' (1 Pe 1:2). Esta referência é uma alusão ao batismo, pois diz respeito à aplicação dos méritos do sangue de Cristo para a justificação e santificação do convertido.
No texto de 1 João 5:6-8, o autor destaca a convergência entre o Espírito, a água e o sangue em um propósito comum. Eles concordam também na forma como são aplicados: o sangue era tradicionalmente aspergido, da mesma forma que a água nos rituais de purificação judaicos, enquanto o Espírito é descrito como sendo derramado sobre as pessoas. Assim, a passagem enfatiza não apenas a unidade de propósito destes três, mas também a consistência em sua aplicação, todos simbolizando o lavar regenerador.
A passagem de Hebreus 10:22 reforça essa ideia: “Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e tendo os nossos corpos lavados com água pura”.
Paulo foi batizado em pé, conforme indicado em Atos 9.18 e 22.16, onde o grego sugere uma ação simultânea entre o levantar e o batismo. Naquela época, seria improvável encontrar um tanque para imersão na casa dos judeus, que tradicionalmente praticavam batismos por aspersão.
Quando Jesus foi batizado, o texto não sugere que ele emergiu de dentro da água, mas sim que saiu da água, como indicado pela preposição grega usada. Essa mesma preposição é usada em Atos 9.8 para descrever Saulo levantando-se "da" terra, não "de dentro da" terra.
A ideia de descer às águas não significa necessariamente imersão. Em Atos 8.38, tanto Filipe quanto o eunuco desceram à água, mas apenas o eunuco foi batizado. Isso não implica que Filipe tenha sido imerso também. Um exemplo similar é visto em Juízes 7.4–5, quando Gideão faz os homens descerem às águas como teste, o que não implica imersão, mas sim uma ação simbólica de se aproximar ou interagir com a água. Outro ponto a se considerar é que não há naquela região de deserto rios, lagos e nem fontes abundantes de água que permitissem batismo por imersão.
Além de tudo o que foi dito, o batismo por aspersão apresenta vantagens práticas significativas. Pode ser realizado em diversas circunstâncias e locais, até mesmo onde a água é escassa, como geleiras ou desertos. Evita constrangimentos presentes em imersões e possibilita o batismo de pessoas em situações específicas, como pacientes hospitalizados, portadores de feridas graves ou hidrofobia. A prática é bíblica e comprovadamente acessível, permitindo até batismos de indivíduos impossibilitados de outro modo.
Portanto, não há erro no batismo por aspersão ou efusão, assim como não há erro no batismo por imersão. A eficácia do batismo não está na quantidade de água nem na forma de aplicação. Alguns aspectos bíblicos podem levar alguns a preferir a aspersão ou afusão, visto que melhor expressam o derramamento do Espírito e se assemelham aos rituais de purificação e aos batismos praticados pelos judeus em obediência à Lei de Moisés. Por outro lado, outros, baseados na tradição e em passagens como Romanos 6, podem preferir o batismo por imersão.
Independentemente de nossa preferência, é crucial reconhecer que há argumentos bíblicos e históricos sólidos para todas as formas de batismo. O que nunca devemos fazer é discriminar as pessoas com base na forma de seu batismo, instigando um rebatismo com desdém pelo batismo anterior. Essa atitude não só promove confusão e divisão no corpo de Cristo, mas também não se justifica à luz das Sagradas Escrituras, como demonstrado nesta breve reflexão.
Como ponto final, gostaria de colocar uma questão: Por que aqueles que são tão rigorosos naquilo que consideram a forma correta de batismo não aplicam o mesmo rigor à celebração da Ceia do Senhor, optando por suco de uva em vez de vinho e pão fermentado em vez de pão ázimo? Essa falta de congruência é, simplesmente, difícil de justificar! Igualmente contraditório é o fato de que aqueles que questionam a validade do batismo de outros cristãos sejam os que mais negam a eficácia de qualquer tipo de batismo.
Mais artigos sobre batismo: http://escatologiacrista.blogspot.com/2023/12/o-batismo-cristao.html
sábado, 30 de setembro de 2017
Você tem desenvolvido a sua salvação?
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
A interpretação da Profecia de Zacarias 14
A interpretação da Profecia de Zacarias 14
Por José Ildo Swartele de MelloÁrdua tarefa interpretar corretamente as profecias bíblicas. Há muita controvérsia a respeito. Alguns princípios simples de hermenêutica são simplesmente indispensáveis. 1. reconhecer o contexto em que as profecias foram proferidas, 2. Permitir que a Bíblia interprete a própria Bíblia, levando seriamente em consideração as intepretações que Cristo e seus Apóstolos deram as profecias do Antigo Testamento, e 3. Levar em consideração as características peculiares da linguagem profética.
Então, vamos lá!
Contexto
Zacarias é contemporâneo do profeta Ageu, profetizou entre 520 e 518 a.C., época da reconstrução do templo, que havia sido destruído em 586 a.C. pelo exército de Nabucodonosor. Tal destruição se deu por conta do juízo de Deus contra a infidelidade do povo Judeu à Aliança.O profeta Daniel, décadas antes, estava com seu povo no exílio babilônico. Ele estava estudando as profecias de Jeremias que previam que o exílio duraria 70 anos (Dn 9.2). Visto que o prazo dos 70 anos de exílio estava se cumprindo, Daniel, consciente de que o exílio havia sido uma punição de Deus por causa dos pecados de Israel, começa a interceder pedindo perdão a Deus em nome do seu povo, na esperança de que o castigo de Israel estivesse para acabar com o final dos 70 anos de cativeiro. A oração de Daniel é ouvida (Dn 9.20-23). Mas, para sua surpresa, ele recebe uma visão de que 70 Semanas estavam determinadas para a realização de seis benefícios favoráveis a Israel que se realizariam na pessoa do tão esperado Ungido ou Messias.
Em Daniel 9.24, temos os seis propósitos da visão das 70 Semanas: 1. Para fazer cessar a transgressão; 2. Para dar fim aos pecados; 3. Para expiar a iniquidade; 4. Para trazer a justiça eterna; 5. Para selar a visão e a profecia; e 6. Para ungir o Santo dos Santos.
Todas as correntes teológicas concordam que 70 semanas equivalem a 490 anos, entendendo que cada dia da semana correspondem a um ano (Gn 29:27; Lv 25:8; Nm 14:34; Ez 4:4-6). As 70 Semanas estão dividas em três períodos (v.25): 1. Sete Semanas (7x7=49 anos) de reedificação; Seguidas por: 2. Sessenta e duas semanas (62x7=434 anos); seguida do terceiro e último período: 3. Uma semana (1x7=7 anos) - O v. 26 diz que “após” as sessenta e duas semanas, ou seja, já dentro da última semana, será assassinado o ungido. E, em decorrência da morte do ungido, ocorreria a destruição de Jerusalém e do templo por um povo de um príncipe que haveria de vir (Dn 9.26); período em que surge o assolador (v.27); Por fim, a visão de Daniel termina com o assolador recebendo o merecido juízo de Deus.
457 A.C. foi o ano em que o rei Artaxerxes decretou que os judeus podiam retornar a Jerusalém para reconstruir a cidade e o Templo (Ed 7:12-26). Se contarmos 483 anos a partir dessa data, chegaremos ao ano 26 d.C. Sabemos que Jesus nasceu no ano 4 a.C., então, ele tinha 30 anos em 26 D.C., ocasião em que foi batizado e iniciou seu ministério terreno. Três anos e meio depois, Jesus foi crucificado. Em termos proféticos, tamanha precisão, embora não necessária, é realmente impressionante!
É também dito que o Messias “fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício” (Dn 9.26–27). Ao fim desses três anos e meio, Jesus deu a Sua vida em uma Cruz. Sabemos que Jesus estabeleceu a Nova Aliança por meio do seu sangue derramado na cruz. Ele disse: “Este é o cálice da nova aliança no Meu sangue” (1Co 11:24-25). Com sua morte, Jesus tornou-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, pondo assim fim ao sacrifício e as ofertas de manjares, que eram sombras da realidade que nele encontram plena realização (Hb 8 e 9).
Três anos e meio após a morte de Cristo, tivemos a morte do primeiro mártir cristão, Estevão (At 7:59-60). Lucas fez questão de registrar que o próprio sumo sacerdote estave presente, liderando o grupo de religiosos judeus que rejeitou o Evangelho de Cristo pregado por Estevão e o condenou a morte (At 7:1). A morte de Estevão é um verdadeiro marco, pois, a partir daí, temos a conversão de Saulo que será levantado como Apóstolo aos Gentios (At 9:1-6; 26:15-18). Na sequência, Deus desperta Pedro para a evangelização dos gentios! (At 10). As setenta semanas de favor de Deus para com Israel encerraram-se aí. “Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios. Porque o Senhor assim no-lo determinou: Eu te constituí para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até aos confins da terra. (At 13.46–47).
Jesus afirmou que após a Destruição de Jerusalém, a cidade seria pisada pelos gentios até que o tempo deles se completasse (Lc 21.24). Portanto, a destruição de Jerusalém não representa o fim desta era presente. A era da Igreja chegou! De Jerusalém a Igreja se espalhou para todas as nações! É o tempo da missão de fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20) para que "os tempos dos gentios se completem" (Lc 21.24). Paulo a isto se referia quando disse "que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo" (Rm 11.25–26). O Apocalipse revela uma visão gloriosa do Israel de Deus pleno como "grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos (Ap 7.9). Aí, então, Cristo voltará e se cumprirá esta outra magnifica visão de Daniel: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído." (Dn 7.13–14).
Mais sobre as Setenta Semanas de Daniel em http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2008/02/70-semanas-de-daniel.html
Repare que a profecia de Zacarias também fala do Messias que entraria em Jerusalém, seria ferido e abandonado, mostrando, na sequencia, um novo juízo de Deus contra a cidade de Jerusalém. Portanto, ambos descrevem o mesmo cenário futuro. Um texto lança luz sobre o outro texto. E mais luz ainda teremos ao examinarmos como Jesus e seus Apóstolos interpretaram tais profecias.
O Novo Testamento interpretando as profecias de Zacarias
Importante notar como as profecias de Zacarias são interpretadas no Novo Testamento. Sua profecia aborda temas importantes como a vinda do Messias (Zc 9.9 cp. Jo 12.15), o sangue da Aliança (Zc 9.11 cp. Mt 26.27 e 1Co 11.25), que o Messias seria vendido por 30 moedas de prata (Zc 11.12-13 cp. Mt 27.9-10), que seria ferido e abandonado (Zc 13.7; cp. Mc 14.27), o que desencadearia novo terrível juízo sobre o povo judeu e a cidade de Jerusalém que seria novamente destruída (Zc 14.1–2; cp. Lucas 21.20–24 e Mc 13.14-20), descreve o livramento dado aos fiéis do seu povo (Zc 14.5; cp Lc 21.20.24), revela o juízo final contra as nações impenitentes que se levantam contra o povo de Deus (Zc 14.12; cp. Ap 19:15-18), e fala também da restauração de Jerusalém e da plenitude de vida, paz e segurança do Reino de Deus (Zc 14.8 cp. Jo 7.38 e Ap 22.1; Zc 14.9 cp. Ap 11.15; Zc 14.10 cp. Ap 21.1-3; Zc 14.11 cp. Ap 21.10-11 e 22.3; Zc 14.12; Zc 14.16 cp Ap 21.24-26).Segue tabela que descreve como o Novo Testamento interpretou as profecias de Zacarias com a esperança de que isto lhe a ajude a interpretar adequadamente tais profecias, em especial, o último capítulo do livro.
Profecias de Zacarias interpretadas no Novo Testamento
Zacarias 8.23
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco. RA
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1Coríntios 14.25
tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós. RA
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Zacarias 9.9
Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta. RA
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João 12.15
Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta. RA
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Zacarias 9.11
Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança, tirei os teus cativos da cova em que não havia água. RA
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1Coríntios 11.25
Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. RA
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Zacarias 11.12–13
Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata. 13 Então, o Senhor me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do Senhor. RA
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Mateus 27.9–10
Então, se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; 10 e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.
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Zacarias 12.3
Naquele dia, farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem se ferirão gravemente; e, contra ela, se ajuntarão todas as nações da terra. RA
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Apocalipse 11.2
mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa. RA
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Zacarias 12.10
E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito. RA
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João 19.37
E outra vez diz a Escritura: Eles verão aquele a quem traspassaram. RA
Lucas 23:27
Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o pranteavam e lamentavam.
Apocalipse 1.7
Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém! RA
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Zacarias 13.7
Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas volverei a mão para os pequeninos. RA
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Marcos 14.27
Então, lhes disse Jesus: Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas. RA
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Zacarias 14.1–2
Eis que vem o Dia do SENHOR, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti. 2 Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres, forçadas; metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será expulso da cidade.
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Lucas 21.20–24
20 Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. 21 Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela. 22 Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito. 23 Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. 24 Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles.
Mc 13.14–20
Quando, pois, virdes o abominável da desolação situado onde não deve estar (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; 15 quem estiver em cima, no eirado, não desça nem entre para tirar da sua casa alguma coisa; 16 e o que estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa. 17 Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! 18 Orai para que isso não suceda no inverno. 19 Porque aqueles dias serão de tamanha tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo, que Deus criou, até agora e nunca jamais haverá. 20 Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias.
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Zacarias 14.5
Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos, com ele. RA
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Lucas 21.20–24
20 Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. 21 Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela. 22 Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito. 23 Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. 24 Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles.
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Zacarias 14.7
Mas será um dia singular conhecido do Senhor; não será nem dia nem noite, mas haverá luz à tarde. RA
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Apocalipse 21.25
As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. RA
Apocalipse 22.5
Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos. RA
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Zacarias 14.8
Naquele dia, também sucederá que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e a outra metade, até ao mar ocidental; no verão e no inverno, sucederá isto. RA
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João 7.38
Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. RA
Apocalipse 22.1
Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. RA
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Zacarias 14.9
O Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o Senhor, e um só será o seu nome. RA
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Apocalipse 11.15
O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos. RA
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Zacarias 14.11
Habitarão nela, e já não haverá maldição, e Jerusalém habitará segura. RA
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Apocalipse 22.3
Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, RA
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Zacarias 14.10
Toda a terra se tornará como a planície de Geba a Rimom, ao sul de Jerusalém; esta será exaltada e habitada no seu lugar, desde a Porta de Benjamim até ao lugar da primeira porta, até à Porta da Esquina e desde a Torre de Hananel até aos lagares do rei. 11 Habitarão nela, e já não haverá maldição, e Jerusalém habitará segura.
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Ap 21.1–3
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2 Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. 3 Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.
Ap 21.10–11
“... e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina.
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Zacarias 14.12
Esta será a praga com que o SENHOR ferirá a todos os povos que guerrearem contra Jerusalém:
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Apocalipse 19:15-18
Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes.
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Zacarias 14.16
Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos.
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Apocalipse 21.24–26
As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória. 25 As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. 26 E lhe trarão a glória e a honra das nações.
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O PERIGO DO LITERALISMO
É preciso reconhecer que a linguagem profética está repleta de figuras de linguagem, pois Deus falou aos profetas através de sonhos, visões, palavras obscuras e enigmáticas (Nm 12.6-8 e Os 12.10). Jesus profetizou a destruição do templo de Jerusalém, mas jamais profetizou sua restauração em termos literais. Não existe também nenhum texto no Novo Testamento que fale da reconstrução do templo destruído em 70 d.C.Boa parte das profecias do Antigo Testamento que dizem respeito a restauração de Israel se cumpriram com o retorno do cativeiro babilônico que possibilitou a reconstrução da cidade, seus muros e do templo. Outras se cumpriram no remanescente fiel de Israel que é a Igreja como podemos observar em Atos 15.14-18, quando Tiago afirmou que a profecia de Amós 9.11-12 cumpriu-se em Cristo que restaurou o Tabernáculo caído de Davi para que todos, não apenas judeus, mas também os gentios de todos os povos, pudessem buscar ao Senhor, tornando-se também parte do povo de Deus que é a Igreja. Portanto, tal profecia não se cumpriu literalmente, pois o reino não foi literalmente restaurado como nos dias de Davi, mas, sim, espiritualmente, em Cristo. Veja a interpretação de Tiago: “... expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome. 15 Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito: Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas conhecidas desde séculos.” (At 15.14-18).
Uma interpretação literal de Zacarias 14 tem levado muitos ao absurdo de concluírem que, em um reino milenar, o sacerdócio levítico será restaurado e retornaremos a prática de sacrifícios de animais no templo que precisará ser mais uma vez reconstruído em Jerusalém, e que os povos virão anualmente a Jerusalém para a celebração da festa judaica dos Tabernáculos nos moldes do Antigo Testamento.
Os dispensacionalistas fazem questão de ignorar o fato de que o Templo se revestiu de um novo significado no Novo Testamento, tornando-se um tipo de Cristo e de sua Igreja, encontrando aí seu último e definitivo significado e cumprimento (Ef 2:19-22; 1Co 3.16). O termo templo aparece 12 vezes no livro de Apocalipse e, em cada uma das ocorrências, está se referindo ao templo celestial ou ao Senhor Deus mesmo. “Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro” (Ap 21:22). Deus não habita em templos construídos por mãos humanas (At 7.48; 17.24). O tabernáculo ou o templo do Antigo Testamento eram sombra da realidade que se manifestou em Cristo e na sua Igreja (Hb 9.9-10.14). Com a chegada do verdadeiro templo, não há lugar mais para templos construídos por mãos humanas.
Assim como a glória do Senhor encheu o tabernáculo e o templo no Antigo Testamento (Ex 40:34; 1Rs 8.10), a partir de Pentecoste, a Igreja, o Corpo de Cristo, foi cheia do Espírito Santo de Deus! “Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (2Co 6.16).
Jesus fez um sacrifício eficaz, pleno, uma vez por todas, não havendo, portanto, mais lugar para os cerimoniais e sacrifícios judaicos que haviam sido instituídos como sombras da realidade que se cumpriu em Cristo (Hb 9:9, 23, 24; 10:1-3, 11). Portanto, não há mais cabimento para o retorno a práticas dos sacrifícios do templo.
Em João 4.21–23, falando à mulher samaritana, Jesus anunciou a chegada do tempo em que a verdadeira adoração não estaria mais confinada ao templo de Jerusalém, mas que se tornaria descentralizada e universal, realizada em espírito e em verdade.
Os dispensacionalistas em sua insistência em enxergar dois povos de Deus, Israel e Igreja, e com sua crença na existência de dois propósitos e planos distintos para cada um destes povos, acabam promovendo a revitalização no seio evangélico das sombras do Antigo Testamento que já foram plenamente superadas pela substância no Novo Testamento. Entretanto, Deus não tem dois povos, mas somente um. O Novo Testamento vê as profecias do Antigo Testamento encontrando seu cumprimento em Cristo e em sua Igreja. A Igreja Cristã foi edificada sobre o fundamento dos profetas e dos apóstolos judeus (Ef 2.14-16). Ela não constitui um segundo povo de Deus. Deus tem apenas um povo (Jo 10.16; Ef 2.14-16). Os gentios crentes foram enxertados na mesma “oliveira”, tomando parte na mesma raiz e tronco do hebreu Abraão (Rm 11.16-18). Não existe um plano de salvação distinto para Israel. Pois Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2.11). A esperança futura para Israel é aceitar o Cristo, sendo novamente reconduzido a mesma e única Árvore, a oliveira, o Corpo de Cristo, que é a Igreja, da qual fazem parte judeus e gentios crentes, não havendo mais lugar para distinções e divisões, pois, em Cristo foi derrubada a parede de separação que existia entre judeus e gentios.
Portanto, os cristãos que defendem a necessidade da reconstrução do templo estão regredindo ao sistema sacrificial do período pré-cristão. Sistema este que foi anulado, tornando-se obsoleto, por ter sido substituído e superado pelo sacrifício definitivo de Cristo na Cruz. Pois, o sacrifício do verdadeiro Cordeiro de Deus não permite mais lugar para outros sacrifícios. O retorno à prática destes sacrifícios em um templo construído por mãos humanas, ainda que em caráter de celebração simbólica, é algo descabido que revela um descaso para com o sacrifício supremo realizado por Cristo na cruz.
O CARÁTER CONDICIONAL DE MUITAS PROFECIAS
Além disto, muitas profecias foram dadas em caráter condicional: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2Cr 7.14). “Porque assim diz o SENHOR Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes.” (Is 30.15). Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta.” (Mt 23.37–38). Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (Jo 1.11–12). “Assim como também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada; e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo. Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve; como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.” (Rm 9.25–29). “E Isaías a mais se atreve e diz: Fui achado pelos que não me procuravam, revelei-me aos que não perguntavam por mim. Quanto a Israel, porém, diz: Todo o dia estendi as mãos a um povo rebelde e contradizente. (Rm 10.20–21).“Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa, porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão. Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão, porque Abraão é pai de todos nós, como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí. (Rm 4.13–17).
Zacarias 14 e a Queda de Jerusalém
O exército do Império Romano, que englobava inúmeras nações, cercaram e, por fim, destruíram a cidade de Jerusalém e profanaram e destruíram o templo em 67-70 d.C. conforme profetizou Zacarias 14.1-2. A angústia e desolação de Jerusalém foi a maior de toda a sua história. Sua destruição foi tal que os soldados puderam tranquilamente dividir os despojos no meio da cidade. Os judeus que não foram mortos, acabaram sendo levados cativos. Jerusalém passou a ser pisada pelos gentios que repartiram os despojos no meio da cidade destruída. Veja como Jesus interpretou Zacarias 14 e as Setenta Semanas de Daniel e como tudo isto se cumpriu naquela mesma geração (70 d.C.) conforme ele mesmo profetizou: "Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela. Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito. Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo. Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles." (Lc 21.20–24). Impressionante!Algumas observações importantes nesta fala de Jesus que também está registrada em Mateus 24 e Marcos 13:
1. A frase “para se cumprir tudo o que está escrito” indica que não foram poucas as profecias a respeito de uma nova destruição de Jerusalém além daquela ocorrida em 586 a.C. A quais profecias Jesus está se referindo? Não estariam entre elas Zacarias 14 e Daniel 9? Obviamente que sim, pois tratam daquele que viria a ser o Dia do Senhor contra Israel que rejeitou o Messias, o maior Juízo de Deus contra a cidade de Jerusalém em toda a sua história (Dn 9.26; Mt 22.1-10; 24:3,21-35; Zc 14.1-2; Mc 13.19; Lc 19:11-27,41-44; 21.22-24), Jerusalém sofreria tamanho castigo por conta de terem rejeitado e assassinado do Ungido (Dn 9.26; Zc 13.7-9; Mt 22.6-7; 23.34-39; 24.1-2). Jesus é o melhor intérprete da profecia de Zacarias, Daniel e de todos os demais profetas do Antigo Testamento!2. Jesus deixou claro que a destruição do templo e da cidade de Jerusalém ocorreria naquela mesma geração: “todas estas coisas hão de vir sobre a presente geração “(Mt 23.36; cf. Mt 24.34; Mc 13.30; Lc 21.32). O que acabou realmente acontecendo no ano 70 d.C. Confirmando que o evento decorrente da Morte do Ungido é a destruição de Jerusalém, tudo acontecendo naquela mesma geração! Como você acha que os discípulos de Jesus interpretaram estas suas palavras quando viram os exércitos romanos se aproximando da cidade? Certamente que os cristãos que temem o Senhor, deram ouvidos as suas advertências e fugiram da cidade para escapar daquela grande tribulação. E como foi que eles interpretaram Zacarias 14, Daniel 9, Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21 quando receberam a notícia de tudo o que se passou Jerusalém? Os moradores de Jerusalém sofreram as maiores barbaridades, durante os anos de cerco, a fome foi tanta que chegaram ao ponto de sacrificarem infantes para canibalismo, “ai das grávidas e das que amamentam”. Quando o exército romano invadiu a cidade, a carnificina foi tremenda. O General Tito profanou o templo antes de destruí-lo totalmente, não deixando pedra sobre pedra. A cidade foi queimada e os sobreviventes levados cativos. A página mais triste de toda a história de Jerusalém conforme profetizou o Senhor Jesus Cristo e também profetizaram os profetas do Antigo Testamento.
3. O discurso de Jesus em Lucas revela com maior clareza que, depois de destruída, os judeus seriam levados cativos para todas as nações e a cidade de Jerusalém seria pisada pelos gentios até que a plenitude de salvação dos gentios se completasse (Lc 21.24). Então, esta grande tribulação e devastação de Jerusalém não termina com a Segunda Vinda de Cristo e o milênio, pois Jesus disse que os judeus seriam levados cativos e que Jerusalém seria pisada pelos gentios até a plenitude deles fosse alcançada, o que sugere um longo período posterior antes do fim. Interessante observar que Jerusalém foi realmente dominada por gentios até recentemente. Muito embora seja sendo ainda sendo motivo de muita disputa, em 1948, Israel foi reconhecida como nação. Sinal dos tempos!
Deus promete livramento para o seu povo
Neste juízo contra Jerusalém, Deus lutou por seu verdadeiro povo, promovendo escape para o remanescente fiel de Israel que recebeu a Jesus como Messias (Zc 14.3-4). O Senhor peleja por seu verdadeiro Israel (Js 10.14). Numa linguagem figurada, “o Senhor está para sair do seu lugar, e descerá, e andará sobre as alturas da terra. E os montes debaixo dele se derreterão, e os vales se fenderão, como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo”. (Mq 1:3-4). “Descias, e os montes tremiam à tua presença”. (Is 64-3). "Os montes te veem e se contorcem” (Hc 3.10). Com a fenda do Monte das Oliveiras criou-se um vale que serviu de escape para aqueles que realmente pertencem a Deus: "Fugireis pelo vale dos meus montes" (Zc 14.5). Jesus advertiu seus discípulos: "os que estiverem na Judeia fujam para os montes” (Mt 24.16). Eles realmente puderam escapar quando viram os exércitos romanos se aproximando de Jerusalém!As montanhas ao redor de Jerusalém e os seus muros representavam separação entre judeus e gentios. O Monte partido e a queda do muro, representam também a queda do muro de separação entre judeus e gentios (Ef 2). Ao fugirem de Jerusalém, os judeus cristãos vão a outras partes do mundo espalhando as Boas Novas do Evangelho como parte do Rio de Deus que sai do Verdadeiro Templo que é o nosso Senhor Jesus Cristo, como águas vivas correndo de Jerusalém para irrigar o mundo inteiro (Ez 47; Jo 7.38). Como disse Zacarias: ““correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e a outra metade, até ao mar ocidental; no verão e no inverno, sucederá isto. O SENHOR será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o SENHOR, e um só será o seu nome.” (Zc 14.8–9). A destruição do templo acabou contribuindo também para caracterizar a chegada do novo tempo em que a adoração Deus passa a ser descentralizada, acontecendo onde quer que dois ou mais estejam reunidos em nome de Jesus para adorar a Deus em espírito e em verdade.
Interpretar Zacarias 14.4-5 como uma referencia a Segunda Vinda de Cristo é complicado porque não faria sentido que os que são de Deus tivessem que fugir exatamente quando Cristo vem para salvá-los. Além do mais, sabemos que a Segunda Vinda de Cristo marcará o fim de qualquer espécie de conflito e temor para o seu povo. Com o sopro de sua boca, Jesus destruirá o iníquo. Quando Jesus retornar, seu povo não terá o que temer. Aquele não será o dia de nossa fuga, mas do nosso encontro com Ele!
“Toda a terra se tornará como a planície de Geba a Rimom” (Zc 14.10).
Tais transformações topográficas apontam para reformas morais que vão se ampliando a medida que o Evangelho do Reino se expande pelo mundo, difundindo seus valores. Linguagem semelhante a que vemos em Isaías 40.3-4: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados.” Sabemos que esta profecia se cumpriu de modo figurado no ministério de João Batista. Portanto, profecias assim não requerem um cumprimento literal, pois usam figuras de linguagem, algo muito típico da literatura profética e também da apocalíptica.Juízo contra as nações
Roma, como a Assíria, serviu como a "vara da ira de Deus” (Is 10:5). Como aconteceu no tempo oportuno tanto com a Assíria quanto com a Babilônia, o juízo de Deus virá também contra o Império Romano. Interessante notar que neste período da destruição de Jerusalém, inicia-se também o processo de decadência do Império Romano que irá sucumbir, enquanto o Cristianismo irá crescer e se tornar a maior religião e influência sobre a face da terra.As maldições para os que violam a aliança são pronunciadas sobre os inimigos do povo de Deus (Zc 14. 12-15; cf. Dt 28:15-68; Lv 26:14-26). É importante observar a semelhança que há aqui (Zc 14. 12-15) com a linguagem de juízo pronunciada contra a Assíria: “Então, a Assíria cairá pela espada, não de homem; a espada, não de homem, a devorará; fugirá diante da espada, e os seus jovens serão sujeitos a trabalhos forçados. De medo não atinará com a sua rocha de refúgio; os seus príncipes, espavoridos, desertarão a bandeira, diz o SENHOR, cujo fogo está em Sião e cuja fornalha, em Jerusalém.” (Is 31.8–9).
“Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.” (1Co 15.25–26). Portanto, este reinado de Cristo mencionado por Paulo só pode ser aquele que se dá na era da Igreja, antes da Segunda Vinda, pois é por ocasião da Segunda Vinda que a morte será tragada pela vitória! (1Co15.54). Sabemos também que, por fim, Jesus julgará as nações (Mt 25.31-32). “Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.” (Ap 19.1–2; ver também Ap 19.15-21).
A Festa dos Tabernáculos – Festa da Colheita!
A menção a Festa dos Tabernáculos não é para ser entendida como uma restauração literal da festa nos moldes do Antigo Testamento. A profecia descreve as bênçãos espirituais futuras em termos próprios de sua religiosidade e cultura. Os convertidos das nações experimentarão a redenção e virão com alegria para adorar o redentor (Zc 14:16-19, cp. Ap 21.24-26).Devemos lembrar que se trata de uma das 3 grandes festas de Israel. A última das 7 Festas do Pentateuco. Os judeus construíram tendas para celebrar a Deus que os redimiu da escravidão do Egito (Lv 23:39-43). É exatamente aquela que celebra a plenitude da colheita! (Ex 23.16; Dt 16:13-15). Os Campos brancos para a ceifa! (Jo 4:35-38) E, de alguma maneira, Jesus relaciona a Queda de Jerusalém com a plenitude dos gentios (Lc 21.24). A Festa dos Tabernáculos celebra a plenitude dos salvos e a vida eterna!
Um paralelo pode ser traçado entre as três grandes festas judaicas e o cristianismo, pois a Páscoa diz respeito à redenção que temos em Cristo, o Pentecostes aos primeiros frutos do Reino pelo poder do Espírito Santo, penhor da nossa herança, e a Festa dos Tabernáculos celebra a plenitude da colheita do Reino de Deus. O sacrifício de Cristo não foi em vão! O Salão do Banquete estará repleto de convidados procedentes de todos os povos línguas, tribos e nações do mundo (Mt 22.10 e Ap 7.9). Aquele que plantou com lágrimas, retornará com alegria carregando os seus feixes (Sl 126.6). E já nesta vida, podemos experimentar a vida abundante em Cristo (Jo 10.10). "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo" (Ef 1.3). Celebramos a Jesus como a nossa fonte inesgotável de água da vida que nos faz saltar para a vida eterna! (Jo 4.13). Referindo-se a Zacarias 14 e a Ezequiel 47, ao participar da Festa dos Tabernáculos, foi que Jesus fez o seguinte convite: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” (Jo 7.37–38). João acrescenta que isto se referia ao Espírito Santo que seria derramado sobre os discípulos! (Jo.7.29). Através do Cordeiro da Páscoa e do Espírito derramado a partir do Pentecostes, podemos desfrutar da nova e abundante vida em Cristo agora e para todo o sempre!
No entanto, os que não se converterem a Cristo serão privados das bênçãos do Reino (Zc 14.17-19). Como, por exemplo, da chuva que é símbolo do favor de Deus (Ho 6:3).
A profecia aponta para o dia em que Jesus “será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o Senhor, e um só será o seu nome” (Zc 14.9). De modo que tudo será consagrado a ele, até as coisas mais comuns como as campainhas dos cavalos receberão a inscrição que até então era colocada apenas na mitra do sumo sacerdote, a saber: "Santidade para o Senhor (Zc 14.20; cp. Ex 28:36), assim como todas as panelas das casas serão também consideradas santas e consagradas a Deus (Zc 14.21). E “já não haverá maldição” (Zc 14.11) e nem mercadores na Casa de Deus (Zc 14.21). As maldições para os que violam a aliança são pronunciadas sobre os inimigos do povo de Deus (Zc 14. 12-15; cf. Dt 28:15-68; Lv 26:14-26). Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus! (Rm 8.1). Desfrutarão de abundância, paz e segurança! (Zc 14.11,14).
Conclusão
Devemos reconhecer o contexto em que as profecias foram proferidas e as características peculiares da linguagem profética. Precisamos também deixar que a Bíblia interprete a própria Bíblia, levando seriamente em consideração as intepretações que Cristo e seus Apóstolos deram as profecias do Antigo Testamento. Como dissemos a princípio, o ensino de que será restaurado o sacerdócio levítico para celebração sacrifícios de animais no templo na época do Milênio é um contrassenso, um injustificável retrocesso, que ofende a cruz de Cristo. O futuro deve ser encarado como a consumação da realidade e não como um retorno as sombras do passado. Em Cristo e sua Igreja, já nesta era e ainda mais plenamente na Nova Jerusalém, é que se cumprem as profecias que dizem respeito a restauração de Jerusalém e do reino de Israel. A própria promessa de uma terra prometida será cumprida na Nova Jerusalém como disseram Paulo e o autor de Hebreus (Rm 4:13; Hb 11:9-10).Bibliografia
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http://kimriddlebarger.squarespace.com/the-latest-post/2008/4/9/jesus-the-true-temple.html
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