sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

6 visões de Isaías 6

(Is 6.1-8)

1. Visão do caos

Isaías vive num contexto de verdadeiro caos espiritual, que ele começa a descrever já no primeiro capítulo: “Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel e voltaram para trás... toda cabeça está doente e todo o coração enfermo... A vossa terra está assolada, as vossas cidades consumidas pelo fogo; a vossa lavoura os estranhos a devoram em vossa presença” (v.4-7); O próprio culto estava contaminado: “Não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene” (v.13). Era um período de profundo declínio moral e espiritual (3.5-26). A idolatria tomava conta do cenário religioso (2.18); o rico oprimia o pobre; “cada um deles ama o suborno” (1.23), homens e mulheres negligenciavam suas famílias em busca do prazer carnal; muitos dos sacerdotes e profetas tornaram-se bêbados e interesseiros (5.7-12,18-23; 22.12-14). A última frase do capítulo 5 é um resumo do caos: “se alguém olhar para a terra, eis que só há trevas e angústia, e a luz se escurece em densas nuvens”. Esta é a visão que Isaías tem da terra. Parece que o mal prevaleceu sobre o bem. O mundo parece estar de pernas para o ar. O Diabo parece estar no comando, pois as trevas estão obscurecendo a luz. Onde está Deus? Isaías vai ao templo em busca de resposta.

2. Visão de Deus em meio ao caos

A visão que Isaías tem de Deus em meio a todo o caos nacional é do Senhor “Assentado” no trono. Deus Não está agitado, correndo de um lado para o outro, nem aflito; Mas está tranquilo no controle de tudo e continua sendo o mesmo Deus glorioso e tremendo em seus grandes feitos! Isto no faz lembrar da ação criativa do Espírito Santo que pairava soberanamente sobre a Terra quando ela ainda estava em trevas e sem forma e vazia para que do caos surgisse a vida, a beleza e a ordem (Gn 1.2)! Deus não está indiferente ao que se passa na terra (3.13-26). Ele tem um plano de restauração (4.1-6; 6.8). Deus reina soberanamente e tem um caminho na tormenta (Naum 1.3)! Ele dará ordem para que haja luz (Gn 1.3)!

3. Visão da adoração em meio ao caos

As Circunstâncias são ruins, mas Deus é adorado, pois permanece digno de louvor. Os anjos dizem constantemente: Santo, Santo, Santo (6.3)! Pois Deus não é o culpado pelo mal que há na terra (5.16). Este é produto da desobediência humana (5.24). Os homens estão colhendo o que eles mesmos plantaram, como sinal do juízo de Deus sobre o pecado (Is 3.11; 4.12; 5.24,25; Gl 6.9). Eles tiveram escolha, mas optaram por afastarem-se de Deus, trazendo sobre si o justo juízo, fazendo o mal a si mesmos (3.9, 11; 1.19-20). Pois “a arrogância do homem será abatida, e a sua altivez será humilhada; só o Senhor será exaltado naquele dia” (2.17). É possível discernir a poderosa mão de Deus em meio ao caos, de modo que os anjos estão cantando: “Toda a terra está cheia da sua glória” (6.3)!

Em meio ao caos, Deus é adorado! Não é certo deixar de adorar a Deus alegando indisposição e nem adorá-lo apenas quanto tudo nos vai bem, pois devemos adorar a Deus em todo o tempo, assim como Habacuque que exclamou (3.17-18): “Ainda que a figueira não floresce, nem há fruto na vide; o produto da oliveira mente, e os campos não produzem mantimento; as ovelhas foram arrebatadas do aprisco e nos currais não há gado, TODAVIA eu me alegro no Senhor exulto no Deus da minha salvação.” Habacuque podia agir assim, pois bem sabia que “o justo vive pela fé” e não se deixa levar pelas circunstâncias (Hc 2.4b). “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” (Hb 11.1).

Portanto, não devemos ser cristãos de temporada, que são guiados por vista, por circunstâncias, movidos pelos “embalos de Domingo a noite”. Nossa fé em Deus não pode estar baseado em nossos sentimentos e nem nas circunstâncias ao nosso redor, por serem relativos e inconstantes. Deus segue sendo Deus a despeito das tribulações da vida, quer chova ou faça sol, seja em tempos de paz ou de guerra, de fartura ou de carestia, quer estejamos sadios ou doentes, pois “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre” (Hb 13.8)! Precisamos ser como Paulo que disse (Fl 4.11, 12): “aprendi a viver contente em toda e qualquer situação... tudo posso naquele que me fortalece”. “Não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10b). Não é a alegria das circunstâncias, não é a alegria e nem a paz deste mundo. É algo que vem do Senhor e que excede a todo entendimento humano. É alegria que transcende a razão secular. A despeito da situação, dos problemas, das vicissitudes da vida, Deus segue sendo Deus e a Cruz continua sendo um evento histórico e redentor que alterou o curso da história humana. Nada pode alterar o fato de que Jesus ressuscitou, a alegria daquele dia ninguém pode nos tirar (Jo 16.22)!; A estrela brilhou de modo especial naquela Noite de Natal, os anjos apareceram aos pastores, a profecia se cumpriu, Jesus nasceu! O Verbo se fez carne! Os problemas e as mazelas desta vida não podem nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação?” (Rm 8.35). As circunstâncias não podem alterar a realidade de que Jesus é o Senhor e Salvador e nem de que Deus é Santo, Santo e Santo! Glória a Deus nas maiores alturas!

4. Visão de si mesmo em meio ao caos

Diante de Deus, Isaías vê o seu próprio pecado e diz: “ai de mim!” (v. 5). Isaías não atenta primeiramente para o pecado do vizinho; ele não desculpa o seu pecado e nem busca um “bode expiatório”, queixando-se de sua herança genética tentando, assim, minimizar sua responsabilidade e nem apela para as circunstâncias desfavoráveis ao seu redor ou para artimanha dos demônios e nem muito menos coloca a culpa em Deus, pelo contrário, ele se queixa dos seus próprios pecados, assumindo a sua responsabilidade e reconhecendo sua culpa.

A cura começa com a confissão do próprio pecado, ou seja, com o reconhecimento de que o caos não é apenas algo externo, mas também interno. Isaías sabe que não pode subsistir diante de Deus na base do seus próprios méritos, então, ele clama por misericórdia. Ele entende que até pode levar vantagem se quiser se comparar com determinados pecadores, mas vê-se totalmente perdido diante da pureza divina. A santidade e a luz da glória de Deus revelam a perversidade do seu coração. Assim diz o Senhor: “Porque, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados.” Façamos como Jeremias e Isaías: “Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los, e voltemos para o Senhor” (Lm 3.39-40).

5. Visão da bênção em meio ao caos

Deus se compadece e envia serafins para purificarem os lábios de Isaías (v. 6, 7); Ação misericordiosa e graciosa de Deus que aponta para a obra redentora de Jesus Cristo. Deus não abandona o homem a própria sorte, mas intervém na história promovendo salvação (Is 9.1-7; Jo 3.16). Ainda que Isaías tenha vivido cerca de 700 anos antes de Jesus, ele descreve o Cristo de modo tão detalhado (9.6)!

A bênção que temos em Cristo é extraordinária: “já fomos abençoados com toda sorte de bênçãos e graças espirituais em Cristo Jesus” (Ef 1.3); Fomos purificados de modo ainda mais especial do que Isaías: “Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós abundantemente, por meio de Jesus Cristo nosso Senhor.” (Tt 3.5,6). Jesus disse: “Já estais limpos pela Palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3); João disse: “... O sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7).

6. Visão da sua missão em meio caos

O Encontro com Deus traz bênção e missão; purificação e serviço (v. 6-8). Após sua purificação, Isaías é convocado por Deus e enviado com uma missão ao mundo (v. 8). O mesmo vemos no episódio do chamado de Abraão registrado em Gênesis 12.2. Primeiramente, Deus diz a Abraão: "...de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome"; E, logo depois, diz: "Sê tu uma bênção!"

As bênçãos são como os talentos descritos na famosa Parábola de Mateus 25; Não podem e nem devem ser “enterradas” e nem existem para serem guardadas e conservadas intactas; Antes, precisam render e produzir frutos; Se não, corre o risco de ser considerada nula (Jo 15)! Pois aquele que é abençoado por Jesus, deve ele próprio ser uma bênção. Aquele que bebe da água da vida, não tornará apenas a não ter mais sede de novo, mas também se tornará uma fonte a saltar para a vida eterna (Jo 4). Devemos ser como a luz que não existe para ser guardada, mas, sim, para ser espalhada em benefício de todos ao redor! Fomos chamados a fazer diferença no Mundo!
Conhece aquele cântico que diz: “você veio buscar uma missão? Missão Jesus tem pra dar”? Eu também não! Isto porque muitas pessoas costumam buscar apenas as bênçãos, mas não estão interessadas em servir a Deus neste mundo. Se apenas um dos dez leprosos curados voltou para agradecer a Jesus, quão poucos não serão os que retornam para servir!

Precisamos ter cuidado com a mentalidade utilitarista e egoísta que visa apenas ao interesse pessoal; que usa e depois joga fora como se algo descartável fosse. Infelizmente, tal atitude tem tomado conta da nossa sociedade, a ponto de adentrar nas igrejas. A igreja não é supermercado, onde os cristãos seriam os fregueses. Hoje, muitos trocam de igreja com a mesma facilidade com que trocam de supermercado. Estão sempre em busca de melhores ofertas. Se sentem como fregueses, como clientes e não como servos. Não estão dispostos a servir para suprir as necessidades da igreja local, não se sentem responsáveis. São melindrosos, imaturos, bebês que precisam ainda de mamadeira. E a igreja também não é um navio, onde os cristãos seriam os turistas. Mas se a igreja fosse um navio os cristãos seriam a tripulação e não meros passageiros. Longe de nós tal mentalidade sanguessuga e parasita, que nada tem a ver com seguir os passos de Cristo, que veio para servir e não para ser servido.

Concluindo:

A visão de que Deus está assentado num alto e sublime trono, reinando sobre tudo, tendo o mundo todo em suas mãos nos anima, revigora, enche o coração de alegria e confiança diante das tribulações e desafios da vida.

Adoremos a Deus por quem Ele é, e por tudo que Jesus fez. Não sejamos inconstantes. Nosso relacionamento com Deus, nossa salvação, nossa paz e alegria, e nossa adoração não dependem dos nossos sentimentos e das circunstâncias muitas vezes caóticas que nos rodeiam, mas devem estar edificados no firme fundamento da fé em Jesus e nos seus atos redentores e históricos e imutáveis registrados nas Escrituras.

O encontro com Deus produz o humilde reconhecimento do nosso pecado e culpa, conduzindo-nos ao arrependimento. Não há lugar para desculpas ou para transferência de culpa, quando estamos diante daquele que é Santo e que sabe todas as coisas. Cônscios dos nossos próprios pecados, não nos sentimos à vontade para apontar o cisco que porventura esteja no olho do nosso semelhante (Mt 7.3) e nem para sermos murmuradores e nos queixarmos dos outros e das circunstâncias, a não ser dos nossos próprios pecados. Cônscios também da gravidade dos nossos pecados, não ousamos confiar em nossos próprios méritos, mas assumimos a nossa inteira dependência da graça perdoadora de Deus, o que nos leva a sermos também misericordiosos com os que pecam contra nós (Mt 6.12).

Por fim, Deus nos concede bênçãos para que possamos ser bênçãos. Os talentos que Deus nos concede não devem ficar estagnados, precisam ser aplicados para poderem render (Mt 25). As bênçãos que um ramo recebe da raiz da árvore visam conceder-lhe as condições necessárias para frutificação. Mas, se não produzir os devidos frutos, corre o risco de ser cortado e lançado fora (Jo 15).

O justo viverá pela fé e não por circunstâncias. O cristão é cheio de esperança, confiança, alegria, tudo regado com muita humildade, amor e espírito misericordioso. Ele não é utilitarista; não busca apenas o que é seu, mas busca o bem comum, a unidade da Igreja e a glória de Deus; não busca apenas receber, mas aprendeu a servir, pois recebeu de Jesus o exemplo, a bacia e a toalha (Jo 13.5).

Pr. José Ildo Swartele de Mello
http://escatologiacrista.blogspot.com

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mensagem aos Pastores

Baseada nas Parábolas do Reino de Mateus 13

Primeiramente, gostaria de falar do alto privilégio que temos de servir como semeadores do Evangelho do Reino. Deus poderia ter escolhido qualquer outra carreira para o seu Único Filho, mas quis que ele fosse um missionário pregador do Evangelho e Pastor de Ovelhas neste Mundo que é o Campo do Senhor (Jo 3.16; 10 e15). Não há carreira mais elevada! Ainda que o mundo a menospreze, saiba sempre que, aos olhos de Deus, não há função mais importante e prestigiada!

A vocação pastoral é algo sublime! Honremos este chamado para seguir os passos e o ministério de Cristo com a gana que é lhe é devido. Façamos isto com devotado amor e entusiasmada alegria!

Fomos chamados para semear e para cuidar para que a lavoura produza muitos frutos. Jesus nos designou para dar frutos e quer que estes frutos sejam permanentes (Jo 15.16). As Parábolas do Reino mostram que a boa semente do Reino germina, cresce e produz muitos frutos. Mas existem os inimigos da lavoura simbolizados pelos pássaros, joio, terra seca e outras condições inóspitas. Mas, mesmo diante das adversidades, a vocação da semente é a de frutificar. A lavoura triunfará! "Aquele que semeia com lágrimas, colherá com alegria" (Sl 126.5). As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja! Pois o Pai é o Agricultor (Jo 15.1)! Nós fomos chamados por ele para trabalhar em sua lavoura santa!

O inimigo trabalha tanto externa como internamente. Ele age como o pássaro que rouba a semente, e também semeia o joio em meio ao trigo para provocar confusão, para sugar as energias do trigo e prejudicar seu desenvolvimento. Ele atua também promovendo outros interesses para gerar distração e sufocar a semente da Palavra: "os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas" (Mt 13.22). Ele é astuto e não tem um único modo de agir. Certamente o adversário investe contra a liderança por questões estratégicas. Precisamos, portanto, questionarmos a nós mesmos em caso de um período longo de improdutividade. Não podemos encarar isto como algo normal. Não podemos tão simplesmente nos cercarmos de desculpas. Precisamos olhar para dentro de nós mesmos para ver se não há alguma erva daninha ali em nossa mente e coração plantadas pelo inimigo da lavoura de Deus. Às vezes, nós mesmos é que somos o maior obstáculo para o crescimento da igreja. A falta de fé, confiança, entusiasmo, consagração e devoção a Cristo e à sua causa podem ser fatais, principalmente devido a influente posição que ocupamos.

Por falar em entusiasmo, observamos que Jesus cumpria o seu ministério com muito gosto e paixão, tanto que sua comida e bebida eram fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Ele possuía um grande apetite pela obra da evangelização e discipulado! Como diz o antigo hino: "No serviço do meu Rei eu sou feliz"! Quando estamos entusiasmados com algo, chegamos até a nos esquecer da comida e nem fazemos caso do cansaço! Veja Jesus atravessando o mar, enfrentando a tempestade, mesmo no final de um dia estafante de trabalho quando a maioria só pensa em cair na cama! E tudo para alcançar um único ser humano, o endemoniado e marginalizado Gadareno, visto que Jesus tinha consciência de que o restante do povo daquela região o rejeitaria (Mc 4 e 5). Precisamos crer mais em Deus e no poder do Evangelho, valorizando, assim, a nossa vocação para dedicarmo-nos mais e mais, com entusiasmo, visão e confiança, à grande missão de evangelizarmos o Mundo.

Não devemos ter medo de fracassar. Bem sabemos que haverá muita frustração, pois 3/4 das sementes não chegam a produzir os devidos frutos conforme ensino da Parábola do Semeador (Mt 13). Mas vale a pena plantar por conta da porção que vingará e dará uma boa colheita (Mt 13.8)! A gente deve ser mais arrojado para semear com fé por toda parte, "sem medo de ser feliz"! Devemos acreditar que haverá conversões em todos os cultos, batismos a cada mês, lideranças sendo formadas periodicamente, igrejas sendo plantadas todos os anos e missionários sendo enviados sempre! Pois, não fomos chamados para um trabalho de mera manutenção. Nosso Técnico não quer que o time jogue na retranca! Lembrar do que aconteceu com aquele servo que preocupou-se apenas com a manutenção do talento de seu Senhor, não ousando investi-lo por medo de eventuais prejuízos (Mt 25.24). Existem riscos, sim; sempre existiram e existirão. Mas onde está a nossa fé?! E cadê a nossa confiança naquele que nos convocou?! Sabe, parece mesmo que quanto mais tememos e nos retraímos, assumindo uma postura defensiva, mais estamos sujeitos ao ataque dos adversários, e acabamos por perder até o pouco que temos. "Porque àquele que tem se dará, e terá em abundância; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado" (Mt 13.12). Precisamos multiplicar os nossos talentos! Ao ataque! Não vamos deixar de plantar porque os pássaros roubam a semente ou porque, quando a árvore cresce, eles se aproximam buscando sua sombra. Não vamos deixar de plantar o trigo por conta do inimigo que planta o joio. E nem vamos deixar de pescar porque a rede vem cheia de peixes de toda espécie, não somente bons, mas também maus. Um zelo extremado para combater o joio pode levar a destruição do trigo e pode comprometer ainda mais o desenvolvimento da lavoura. Haverá muita decepção e frustração em nossa carreira, mas não vamos desanimar de forma alguma. Vale muito a pena correr o risco de seguir adiante semeando com confiança no Senhor da lavoura.

A igreja precisa aprender também que sua vocação é crescer e se multiplicar (At 9.31). Crescimento é algo que está em seu DNA! Todas as parábolas do Reino falam de seu crescimento: A semente produz o seu fruto, o trigo cresce, o grão de mostarda transforma-se na maior das hortaliças, o fermento faz a massa levedar, a rede vem cheia de peixes e o baú está cheio de coisas! A igreja não existe para si mesma. Sua essência é missionária (Mt 28.19-20; Jo 15.5; At 1.8)! Ela não pode os seus próprios interesses (Fl 2.21). Não deve jamais desviar-se de seu propósito elementar, que é o de fazer discípulos de todas as nações. Seus recursos não devem estar concentrados em sua própria manutenção. Ela não tem o direito de ser egocêntrica, visto que nasceu do coração daquele que deu sua própria vida em favor dos outros (Mt 20.28). Uma igreja com visão missionária agrada a Deus e conta com as provisões divinas. Como disse Hudson Taylor: "A obra de Deus, feita do modo de Deus, conta com o suporte de Deus!". Precisamos de uma visão do Reino. Necessitamos investir recursos pessoais e financeiros na abertura de novas igrejas tanto na nossa Jerusalém, como também em regiões mais distantes, chegando ao ponto de atingirmos os confins da Terra. O que requer muito sacrifício! Precisamos nos perguntar: "Quanto estamos investindo na plantação de novas igrejas? Nossa igreja está envolvida na plantação de quantas novas congregações? E quantos missionários estamos apoiando? Onde está o nosso coração e o coração de nosso povo?

Outro ponto importante em que o pastor pode falhar é no processo de discipulado e formação de novos líderes. Alguns podem sentir uma certa insegurança diante de líderes jovens quem demonstrem grande potencial. Tal sentimento pode levar o pastor a restringir as oportunidades, criando dificuldades extras para o progresso espiritual e o desenvolvimento dos dons e talentos do discípulo. Podemos interpretar mal o afã de um jovem em servir, pensando tratar-se de um arrogante pretensioso com desejo de poder, quando, ao contrário, pode muito bem ser o caso de alguém que tem um puro e sincero desejo de servir e ser usado por Deus para fazer diferença na vida das pessoas e de impactar Mundo. Não é nada fácil chegar ao ponto de dizer como João Batista: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30)! Os pastores foram chamados para promover o crescimento dos outros! Isto é algo extremamente necessário para o progresso e futuro da Igreja. Não devemos nos sentir ameaçados diante de pessoas que, em certa medida, parecem mesmo ser potencialmente mais talentosas e inteligentes que nós. Imagine se Barnabé agisse assim com Paulo, que prejuízo não seria para toda a Igreja! Mas, graças a Deus, Barnabé foi um pastor espetacular, capaz de identificar um escolhido de Deus e investir seu tempo para dedicar-se a formação e treinamento daquele que viria a ser o maior de todos os Apóstolos! Missão cumprida com Paulo, Barnabé passa a fazer o mesmo com João Marcos! Que pastor! Que homem de visão! Louvado seja Deus pelos Barnabés! Vemos que Paulo aprendeu com ele e seguiu este mesmo modelo de ministério, fazendo discípulos que se tornaram líderes, pastores e bispos por todas as cidades onde plantou a semente do Evangelho. Façamos o mesmo, pois este é o plano de Deus! Os pais querem que seus filhos cresçam e se tornem maiores e melhores do que eles! Amamos a Deus e a Igreja que Ele com amor instituiu. Queremos que a Igreja continue forte depois de nossa partida. E nem sabemos quando isto será! Para o bem do futuro da igreja precisamos nos dedicar à formação de pastores e líderes fortes sem medo de perdermos nosso lugar. Barnabé jamais perdeu o seu lugar! O nosso lugar é fazer discípulos; os melhores que pudermos! Façamos isto revestidos de fé, confiança, amor, entusiasmo e ousadia!

No amor do Senhor,
Bispo José Ildo Swartele de Mello
Igreja Metodista Livre do Brasil: www.metodistalivre.org.br
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Obs: Mensagem do Bispo Ildo aos pastores metodistas livres, pregada no dia 7 de Fevereiro de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A conversão de Zaqueu (Lc 19)

A conversão de Zaqueu é um dos episódios mais célebres da Bíblia. Zaqueu tinha uma péssima fama em Jericó por ter enriquecido ilicitamente através das práticas de extorsão e cobrança de propinas no exercício do alto cargo de chefe dos cobradores de impostos. Os publicanos eram considerados traidores do povo, pois estavam a serviço do Império Romano que subjugava os judeus. Portanto, Zaqueu, o corrupto chefe dos publicanos, era provavelmente o mais odiado cidadão de Jericó.


Sendo muito rico, Zaqueu tinha tudo aquilo que o dinheiro pode proporcionar, mas, mesmo assim, não estava satisfeito, pois chegara a conclusão de que as riquezas, conquistas e prazeres desta vida não podiam preencher o vazio de sua alma, que ansiava por algo bem superior. Este anseio por transcendência é uma experiência universal que se deve ao fato de termos sido criados por Deus e para Deus (Cl 1.16). Sendo assim, quem tem vocação para o Eterno, não consegue mesmo satisfazer-se plenamente com conquistas e experiências terrenas, por serem efêmeras (Ec 1.11). Só Jesus tem a água viva. Ele falou: "Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna" (Jo 4.13-14).

Zaqueu ouviu falar de Jesus e, agora, queria muito vê-lo. Mas deparou-se com uma multidão que se colocava entre ele e Jesus. Não é nada raro que uma multidão de pessoas e circunstâncias se coloquem no caminho daqueles que pretendem se aproximar de Jesus. Quando isto acontece, elas devem fazer como Zaqueu, que não desanimou diante dos obstáculos e nem mesmo diante das próprias limitações pessoais (Lc 19.3). Sua vontade de conhecer a Jesus era tão grande que ele não desistiu, mas seguiu em frente e buscou um modo de superar todas as barreiras. Ele subiu numa árvore! E era a árvore certa, pois Jesus havia de passar por ali! Diante das dificuldades, ele encontrou apoio! Esta árvore pode simbolizar um cristão ou grupo de cristãos autênticos e maduros que podem auxiliar as pessoas a conhecerem melhor a Jesus (Is 52.7).


E lá vinha Jesus, acompanhado de uma multidão. Estava muito ocupado, mas, ao aproximar-se daquela árvore, para surpresa de Zaqueu, Jesus pára! Ele parou para Zaqueu e pára para você também! Jesus, então, olha para cima e enxerga a Zaqueu, que deve ter suspirado de espanto: "Ele me viu!" (Sl 11.4, Sl 139-6-16)). Mas o pacote de surpresas não termina por aí. O mais fascinante vem a seguir, pois, quão assustado não deve ter ficado Zaqueu quando Jesus o chamou pelo seu próprio nome! "Ele me conhece! Mas como? Nunca fomos apresentados antes" (Jo 1.48). Jesus ainda lhe dá uma ordem, que ele obedece imediatamente e com muita alegria. Zaqueu que, como chefe, estava acostumado a mandar, era visto, agora, obedecendo a ordem de um estranho. Sinal de que ele estava convencido de estar diante do Senhor. Aqui também se cumpre a seguinte frase de Jesus: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem" (Jo 10.27). As ovelhas reconhecem a voz do pastor (Jo 10.16)! O Espírito Santo estava testificando de Cristo ao coração de Zaqueu (1Co 12.3, Rm 8.15, Gl 4.6, Jo 16.8, Hb 10.15, 1 Jo 5.16)! Assim foi também com Pedro, que afirmou: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus" (Mt 16.16-17).


Zaqueu levou Jesus para casa! Quem diria que aquele pecador contumaz, acostumado a levar coisas não recomendáveis para casa, seria ainda visto levando Jesus para o seu próprio lar! É impressionante a quantidade de coisas nocivas que as pessoas são capazes de trazer para dentro de suas residências. Mas, Zaqueu estava, agora, pela primeira vez em sua vida, levando a Jesus para sua casa. A mulher dele deve ter ficado assustada, até mesmo porque o grupo era grande, pois os discípulos de Jesus também estavam com ele:

_Que é isso, homem? Que gente toda é essa que você está trazendo para jantar? E, assim, de surpresa? Poderia pelo menos ter telefonado ou mandado uma mensagem SMS.

_É Jesus e seus discípulos! respondeu Zaqueu.

_Mas foi você, quem os convidou?

_Não, de fato, foi ele quem se convidou!

_Mas, afinal de contas, quem é que manda nesta casa, você ou ele?

_Era eu, mas, agora, é Ele!


Aquele foi um dia e tanto na vida de Zaqueu! Mas nem todos estavam contentes. Um grupo de religiosos hipócritas estava fazendo fofoca, falando mal de Jesus, dizendo que ele estava se associando com pecadores. Mas Jesus não deu confiança a eles e seguiu na companhia de Zaqueu e de sua família, pois, bem sabia o que estava promovendo! No meio do banquete, Zaqueu, espontaneamente, levanta-se e declara o propósito de dar a metade de seus bens aos pobres e de reparar de maneira bem compensadora todos os danos materiais causados a outros no passado. Zaqueu estava reconciliado com Deus e, agora, queria também reconciliar-se com seus semelhantes! Jesus, com muita alegria, proclamou: "E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 19.9-10).

Jesus pousou aquela noite na casa de Zaqueu, que na calada da noite deve ter se voltado para a esposa e cochichado ao pé do ouvido:

_Amor, não é maravilhoso ter Jesus em nossa casa?! Que diferença! Que segurança! Que alegria! Que paz!


Mensagem do Bispo José Ildo Swartele de Mello

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Libertação do Endemoniado Gadareno (Mc 5.1-20)

A Libertação do Endemoniado Gadareno
A Libertação do Endemoniado Gadareno (Marcos 5:1-20)
Mensagem do Pr. José Ildo Swartele de Mello


Um contraste entre a obra do demônio e a de Cristo

É notável o contraste entre a obra do demônio e a de Cristo na história da libertação do endemoniado gadareno registrada em Marcos 5.1-20 e Lucas 8.26-39.

Aquele que antes andava sempre inquieto e aflito (Mc 5.5) agora é visto sentado aos pés do Principe da Paz (Mc 5.15). Ele que havia perdido a honra a ponto de andar despido (Lc 8.27), agora é visto vestido, com sua dignidade restaurada (Lc 8.35). Este que dera lugar ao maligno a ponto de enlouquecer (Mc 5.2-5), agora é visto em perfeito juízo (Mc 5.15). O homem que feria a si mesmo e a todos ao seu redor (Mc 5.4-5), e que era impelido para o deserto por espíritos malignos (Lc 8.29), agora, pode regressar ao convívio de seus familiares e amigos que ficam impressionados com a sua transformação (Mc 5.19-20 e Lc 8.39).

Infelizmente, nem todos foram libertos naquela cidade. A grande maioria preferiu seguir possuída pelo materialismo, pelo secularismo e pelo hedonismo. Eles expulsaram a Jesus da sua cidade, por verem nele uma ameaça aos porcos aos quais estavam tão apegados (Mc 5.16-17). “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15). .“A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas” (João 3.20).

Esta história nos ensina que os demônios atuam de múltiplas maneiras. O diabo sabe também agir de modo sútil com o intuito de passar desapercebido. A despeito do modus operandi, seu propósito é sempre o mesmo: escravizar, oprimir e destruir o próprio indivíduo e aqueles que estão ao seu redor, afastando-o de Deus, de seus familiares e amigos, através da promoção do egoísmo, e da insaciável busca por prazer, poder e riqueza, que gera inveja, ciúme, discórdia, ódio, violência, e, por fim, a morte.
E quanto a nós? Existe algo que impede nossa caminhada cristã, que atrapalha nossos relacionamentos, que nos perturba e oprime, que nos domina e escraviza e que amamos mais do que a Deus? Onde está o nosso tesouro? “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21). “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” (1 Jo 5.21).

"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." (Mc 8.36).

Bispo José Ildo Swartele de Mello


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