segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Sobre o discurso polêmico do Pr. Ed Kivitz a respeito da Bíblia e a questão da homossexualidade

A mensagem do Pr. Ed Renê Kivitz sobre a carta a Filemon abordando a questão da homossexualidade gerou enorme polêmica, e muitos perguntaram minha opinião a respeito. Afirmações do Pr. Ed Kivitz: * A Bíblia é insuficiente. Não é possível tratar a Bíblia como verdades absolutas. * Ela deve ser lida nas entrelinhas e não nas linhas. * Não somos os seguidores de um livro, mas de uma pessoa. * Não devemos nos fixar em três textos que não foram atualizados. * A Bíblia precisa ser atualizada. Reconhecemos que a Bíblia necessita ser contextualizada, mas isto não significa fazer com que ela mude de opinião para se conformar aos valores culturais de cada intérprete. Isto provocaria a relativização da mensagem bíblica que acabaria significando coisas distintas e até contraditórias dependendo do contexto em que for lida. Uma boa hermenêutica faz jus ao significado original do texto bíblico, extraindo daí os princípios para aplicação devida no contexto atual. E, com o auxílio do Espírito Santo seremos capazes de evitar os extremos do fundamentalismo legalista, desprovido de compaixão, de um lado, e do secularismo que solapa a autoridade das Escrituras, do outro. Ler a Bíblia nas entrelinhas e desprezar o que ela diz nas linhas é relativizar o seu ensino, transferindo a autoridade das Escrituras para a subjetividade do leitor. O resultado é a secularização da Bíblia. A Igreja corre o risco de se conformar com este século. (Rm 12.1). Isto destrói os alicerces da fé cristã. Dizer que não devemos seguir um livro, mas uma pessoa é algo que pode até soar bonito para muitos, mas que, de fato, é totalmente incongruente, pois tudo o que sabemos de Cristo procede exatamente deste “livro”. Portanto, desprezar as Escrituras é o mesmo que desprezar a Cristo, pois como disse Jesus, “são elas mesmas que testificam de mim.” (Jo 5.39). Como cristãos evangélicos, devemos reafirmar a autoridade das Escrituras Sagradas (2Tm 3.16-17). Nossa fonte doutrinária é a Bíblia e não a cultura. E é a Igreja que carece de ser continuamente reformada pelas Escrituras e não o contrário. Pois é o ser humano que realmente precisa de uma boa “atualização”! Cumpre-se em nossos dias a profecia do Apóstolo Paulo que diz: “virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, se rodearão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” (2Tm 4.1-5). Não tenho nenhuma observação a fazer quanto a primeira metade do sermão do Pr. Kivitz. Gostei dos primeiros trinta minutos, mas, a partir daí, ao meu ver, ele começou a se distanciar da mensagem da carta de Paulo a Filemon. 

Por exemplo, ele passou a fazer suposições sobre como Onésimo deveria entender a mensagem de Paulo nesta carta, chegando a concluir que suas recomendações seriam do tipo “esperneie”, “reivindique”, etc. Mas não há nada na carta a Filemon que sugira algo assim. Não podemos esquecer que Paulo recomendou que os servos obedecessem seus senhores. O mais provável é que Paulo tenha dado conselhos pessoais a Onésimo nesta mesma linha. Espernear não ajudaria em nada ao próprio Onésimo naquele contexto de escravidão. Paulo não levantou uma bandeira franca contra a escravidão pois entendeu não ser aquele o momento apropriado, pois geraria ainda mais oposição e perseguição à igreja, mas plantou a semente do Evangelho com os princípios que viriam um dia promover o fim da escravidão. Paulo exortou Filemon a tratar o Onésimo como um irmão e como se fosse o próprio Paulo. Isto implicaria em não tratá-lo mais como um escravo. “Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e plenos herdeiros de acordo com a Promessa.” (Gl 3.28-29). “onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos.” (Cl 3.11).  Entender a homosexualidade como pecado não é uma conclusão baseada “nas linhas” de três versículos afetados pelos valores culturais de uma época, como alegou o referido pastor, mas em princípios que vão desde o relato do Gênesis da criação de homem e mulher, macho e fêmea, e da constituição do casamento entre homem e mulher, e também das afirmações de que práticas homossexuais que violam tais princípios da criação são consequentemente repulsivas ao Criador e não apenas à sociedade da época do Antigo Testamento (Lv 18.22; 20.13). Nosso Senhor Jesus Cristo, referendou estes princípios. “Ele respondeu e disse: “Vocês não têm lido que desde o princípio o Criador os fez macho e fêmea, e disse: ‘Por essa razão um homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá a sua esposa, e os dois serão uma só carne’?” (Mt 19.4-5). E o Apóstolo Paulo chama as relações homossexuais de “paixões infames”, “contrárias à natureza” (Rm 1.26,27). Portanto, a questão não é meramente cultural, pois tem a ver com uma violação dos princípios da natureza criada por Deus. Razão pela qual Paulo pode afirmar que “nem impuros nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas… herdarão o reino de Deus.” (1Co 6.9–10). Não há um único texto bíblico que favoreça a conduta homossexual. Mas há vários que servem de base contra a escravidão. Enquanto o relato da Criação levanta um forte argumento contra a homossexualidade e não há um único texto bíblico em favor desta prática, por outro lado, este mesmo relato serve de base para libertação dos escravos e há vários outros textos neste mesmo sentido. Portanto, utilizar a carta de Paulo a Filemon para estabelecer um paralelo entre uma questão e a outra não é algo realmente convincente. O Pr. Kivitz concluiu dizendo que devemos tratar a todos como “irmãos”. Mas não foi claro o suficiente para dizer quais as implicações práticas disto e nem sobre como a Igreja deveria hoje “atualizar” estes textos bíblicos que condenam a homosexualidade, e se as relações homossexuais devem ser consideradas pecado ou não; e se homossexuais devem ser recebidos como membros; e se devem ocupar cargos de liderança e se podem exercer o ministério pastoral, se a igreja deve celebrar casamentos gays, etc. Afinal de contas, em que sentido a igreja dele se difere das demais no tratamento prático destas questões? Como cristãos, não devemos desprezar o ensino bíblico em favor do que a cultura entende ser politicamente correto. Por outro lado, devemos evitar a arrogância espiritual que, infelizmente, tem levando muitos a se tornarem legalistas e insensíveis em relação às fraquezas e dilemas dos demais pecadores. Nada de andar por aí com o dedo em riste como juiz de todos. Se estamos em pé, isto se deve a graça e a misericórdia de Deus que nos perdoou, nos redimiu e que nos sustenta. Por natureza humana, não somos melhores do que quem quer que seja. Somos pecadores redimidos seguindo a Cristo, procurando crescer em santidade através da graça e do conhecimento do Senhor, enquanto tentamos também ajudar outros a fazerem o mesmo, pois cremos que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6). Tratemos todas as pessoas com respeito e amor sem deixar de reprovar o pecado, seguindo o exemplo do Senhor Jesus que disse a mulher pega em adultério: “eu também não te condeno, mas vá e não peques mais” (Jo 8.11). Bispo Ildo Mello

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A Igreja no Novo Normal


*Webinar especial deste Sábado, 10 h, com Carlos Bezerra Jr. que sobre os desafios da Igreja e do ministério pastoral nesta pandemia.*

sábado, 29 de agosto de 2020

Webinar do Metodismo Mundial - Sábado 29/08 - Manhã


Último dia do Webinar do Metodismo Mundial - hoje, a partir das  8:30 h - com a participação especial do Dr. Ziel Machado (Metodista Livre), Howard Snyder (Metodista Livre), Pr. Carlos Alberto Bezerra (Comunidade da Graça), Bispo Paulo Lockmann (Metodista),  Bispa Marisa Ferreira (Metodista), Bispo Joedir Carvalho ( Metodista Wesleyana),  Pr. Eugênio Duarte (Nazareno), Pr. Manuel Lima (Nazareno), Major Maruilson Souza (Exército de Salvação), Pr. Eduardo Goya (Holiness), Bispo Ildo Mello  (Metodista Livre) e Dr. Luís Wesley (Instituyo Metodista de Evangelização Mundial).

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Respondendo questões a respeito do Batismo com o Espírito Santo



Batismo com o Espírito Santo e o dom de línguas Quanto ao Batismo com o Espírito Santo e ao dom de línguas há grande controvérsia devido à ignorância que já era comum mesmo nos dias do Novo Testamento (1 Co 12.1). À luz da Bíblia, vamos primeiramente analisar o batismo com o Espírito Santo para depois estudarmos a questão do dom de línguas. Sobre o Batismo com o Espírito Santo O Apóstolo Paulo ensina que há um só batismo cristão (Ef 4.5). Existiam outros batismos praticados por judeus na época do Novo Testamento, como o de João, mas que não se enquadram na categoria de batismo cristão. Não devemos confundir o batismo de João com o batismo cristão. A igreja cristã não pratica o batismo de João, mas apenas o único batismo cristão que é o do Senhor Jesus Cristo. De modo que os discípulos de João, quando aceitavam a Cristo, precisavam ser novamente batizados em nome do Senhor Jesus: “Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus” (At 19.3-5). Quais seriam as diferanças entre o batismo de João e o de Jesus? O Próprio João Batista chamou à atenção para algumas diferenças: "Eu vos batizo com água para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11). Isto nos faz lembrar de uma das frases que Jesus disse a Nicodemos: "... Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus" (Jo 3.5). O elemento distintivo do batismo cristão é a "Promessa do Pai" (At 2.39), é o dom do Espírito Santo que regenera o homem (Tt 3.5), capacitando-o a viver a vida cristã e a ser testemunha de Cristo (At 1.8). Toda a vida cristã é mediada pelo Espírito, desde a conversão até a ressurreição. A obra do Espírito se faz presente muito antes de nossa percepção dela. É o Espírito Santo que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), e é o próprio Espírito que promove a regeneração (Jo 3), de modo que somos feitos novas criaturas habitadas e movidas pelo Espírito de Deus. Tito diz que nossa salvação é obra do Espírito Santo que foi derramado abundantemente sobre nós no momento de nossa regeneração: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas por sua graça ele nos salvou, pelo lavar regenerador e purificador do Espírito Santo que ele derramou abundantemente sobre nós...” (Tt 3.5-6a) As virtudes cristãs são denominadas frutos do Espírito (Gl 5 e 6), pois sem Jesus nada podemos fazer (Jo 15.5). Portanto, a vida cristã é uma vida gerada pelo Espírito para ser vivida no poder deste mesmo Espírito: "Se vivemos pelo Espírito, andemos também no Espírito". É pelo Espírito Santo que somos habilitados a reconhecer e confessar que Jesus é Senhor (1 Co 12.1), e é também nele que os cristão são batizados no corpo de Cristo (1 Co 12.13). "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, este tal não é dEle" (Rm 8.9). É o Espírito Santo que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16; Gl 4.5-6). Para o Apóstolo Paulo, as expressões "estar em Cristo" e "estar no Espírito" são sinônimas (Rm 8.1,9,10). Ele também não vê nenhum problema em denominar o Espírito Santo de "Espírito de Deus" e de "Espírito de Cristo", isto no mesmo versículo (Rm 8.9). Sua concepção da trindade é bem desenvolvida. Não se pode separar Cristo do Espírito Santo. Pois o Espírito Santo e Jesus Cristo são simplesmente inseparáveis (Rm 8.9-10; 2 Co 3.17). Quem recebe a Jesus, recebe o Espírito Santo. O batismo cristão é feito "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28.19). A Bíblia ensina que os cristãos são templos do Espírito (1 Co 6.19). Jesus disse que os crentes não ficariam órfãos (Jo 14.18), Ele disse que estaria sempre com eles até a consumação dos séculos (Mt 28.20). Jesus afirmou que o Pai e Ele viriam e fariam morada nos cristãos (Jo 14.23). Paulo ensina que isto se dá através do Espírito: “no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef 2.22). E Jesus cumpre a Sua promessa enviando o Consolador: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre conosco" (Jo 14.16). Portanto, não existem dois batismos cristãos, um nas águas e outro com o Espírito. O batismo de Jesus inclui a ambos, ou seja, implica no lavar regenerador da água e do Espírito Santo (Tt 3.5). Não devemos também confundir o batismo com Espírito Santo com a plenitude do Espírito. Pois batismo só existe um (Ef 4.5) e a plenitude pode ser experimentada em diversas ocasiões da vida (Ef 5.18). Alguém pode facilmente cometer o equivoco de denominar de Batismo com Espirito Santo uma autêntica experiência de plenitude do Espírito tida num momento posterior a sua conversão, onde dons também podem ter sido comunicados. A mudança de nomenclatura não altera o valor da experiência, que permanece preciosa para o indivíduo. Depois de Pentecostes, não encontramos nenhuma exortação para que cristãos busquem o batismo com Espírito Santo, mas encontramos algumas passagens que exortam os cristãos a se encherem do Espírito (Ef. 5.18; Gl 5.16; 1 Ts 5.19; Ef 4.30). Os apóstolos não exortavam os cristãos a buscarem o batismo com o Espírito Santo, pois era inconcebível a ideia da existência de um cristão sem o Espírito de Deus (Rm 8.9). O cristão é filho de Deus e não existe filiação parcial, pois a graça é total. Não há cristãos pela metade, mas completos, tornados justos pela obra de Jesus e incorporados na comunhão dos santos, desfrutando de todos as bênçãos e privilégios do Evangelho. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1:3)! Sobre o dom de línguas “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. (1 Co 12:1) Não tem base bíblica os que ensinam que os dons do Espírito eram apenas para o período apostólico visando o estabelecimento da igreja, pois a Bíblia ensina que os dons existem para a expansão e edificação do Corpo de Cristo, como diz Paulo em 1 Coríntios 14:12: "Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja". E a edificação da igreja é um processo contínuo até a Segunda Vinda de Cristo. Por outro lado, os pentecostais estão equivocados quando ensinam que o dom de línguas é o dom sinal do batismo com Espírito Santo, pois eles próprios não possuem os dons e sinais manifestados no dia de Pentecostes. Sim, não possuem os mesmos sinais do Pentecostes, pois no momento do derramamento do Espírito sobre os 120 cristãos que estavam reunidos no cenáculo, foi ouvido um som como de um vento impetuoso, foram vistas línguas como de fogo pousando sobre a cabeça de cada pessoa ali presente e, por fim, todos passaram a falar em outros idiomas, ou seja, em línguas estrangeiras, tanto que, ao saírem do cenáculo, tais idiomas foram compreendidos por pessoas provenientes de distintas partes do mundo. No dia de Pentecostes, nasce a Igreja, falando todas as línguas para alcançar todos os povos, melhor que isto, todos os estrangeiros ali presentes entendiam a mensagem em sua própria língua materna, o que denota um fenômeno reverso daquele da Torre de Babel. Sinal dos Tempos! Sinal da vocação universal da Igreja. As nações originadas e dividas na maldição de Babel (Gn 11), são benditas através do descendente de Abrão (Gn 12), Jesus Cristo, o Rei das Nações, que promove entendimento, unidade e paz. Portanto, estes 3 sinais existiram como um marco histórico do cumprimento da promessa do derramamento do Espírito e do nascimento da Igreja. Podemos afirmar que tais sinais foram e permanecem inéditos. Jamais se teve notícia de que tenham sido reproduzidos do modo como aconteceu em Pentecostes. No entanto, em Atos 2, existe ainda outro grupo de discípulos, os 3 mil, que se converteram e que também foram batizados com o Espírito, mas nada é dito sobre terem falado em línguas, ou sobre ter sido ouvido um barulho como de um vento impetuoso, ou ainda sobre terem sido vistas labaredas de fogo pousando sobre as cabeças no momento do Batismo. Mas outros sinais são mencionados como características da presença e ação do Espírito Santo, tais como perseverança na sã doutrina, comunhão em amor, singeleza de coração e evangelização. Tais sinais, sim, devem estar presentes na vida cristã cheia do Espírito. Existe também no Novo Testamento a referência a outra espécie de dom de línguas, distinta do fenômeno de Atos 2. Paulo menciona o dom de falar línguas estranhas, talvez angelicais (1 Co 13.1), que necessitam o dom espiritual de interpretação para serem compreendidas (1 Co 12-14). Mas Paulo é claro ao dizer que este dom de falar em línguas estranhas, assim como outros dons ali mencionados, não são para todos os crentes, ou seja, nem todos falam em outras línguas. Veja a série de perguntas retóricas que ele faz em 1 Coríntios 12:30: “Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?” Obviamente que, para cada uma destas perguntas, a resposta é a mesma, ou seja, não! Não, nem todos tem o dom de curar. Não, nem todos falam em outras línguas. Não, nem todos tem o dom de interpretar Sendo assim, já que nem todos falam em línguas, como pode subsistir o ensino de que falar em línguas é o indispensável sinal do Batismo com o Espírito Santo? No mesmo capítulo em que Paulo ensina que nem todos falam em línguas, ele também afirma que todos da igreja de Corinto, sem exceção, foram batizados em um só Espírito no Corpo de Cristo (1 Co 12.13). Todos foram batizados com o Espírito Santo, mas nem todos falaram em línguas (1 Co 12.30). Não deveria haver divisão na igreja por causa dos dons. Ninguém deve ser desprezado por não possuir determinado dom. E ninguém deve se sentir diminuído por não falar em línguas. Pois, não importa que dom a pessoa recebeu, porque o importante é saber que o mesmo Espírito é a fonte de todos os dons. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1 Co 12:4). “Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?” (1 Co 12:15). “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (1Co 12:11). No Pentecostes, cumprisse a promessa do Pai através do derramamento do Espírito sobre a Igreja. E é através do Espírito que alguém é batizado e inserido no Corpo de Cristo que é a Igreja (1Co 12.13). O batismo é ritual de iniciação. É apenas o começo e não o ápice de nossa caminhada cristã. No batismo no Espírito, nascemos para uma nova vida, e graças são comunicadas para que o crente possa viver em novidade de vida, expressando as virtudes de sua nova natureza. É o Espírito quem capacita o cristão a ser testemunha de Cristo. É através dos frutos Espírito que os cristãos são conhecidos (Mt 7.20) e não por qualquer dom em especial, pois a posse do mais extraordinário dos dons sem o fruto do amor não tem nenhum valor algum aos olhos de Deus (1 Co 13). Os falsos profetas não podem ser desmascarados se o critério de avaliação for a posse e o exercício dos dons, pois eles também parecem possuir muitos dons, como, por exemplo, o de profetizar. Jesus advertiu também dizendo: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22-23). Por isto também exorta o Apóstolo João: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 Jo 4:1). E Paulo igualmente orienta a igreja, dizendo: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (1Co 14:29). “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos” (1Co 14:20). “Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores (Mt 7:15). “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24:24). Portanto, devemos ser muito criteriosos, pois os falsos profetas espertamente se aproveitam da ignorância, da imprudência e da ingenuidade do povo de Deus. Bispo Ildo Mello Desejando saber mais sobre o assunto, sugiro a leitura dos seguintes estudos: 5 Lições sobre os dons do Espírito Santo - http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2008/12/dons-do-esprito.html Batizados com água e com fogo! - http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2011/04/batizados-com-agua-e-com-fogo.html

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Webinar do Metodismo Mundial - Sábado, 8 de Agosto, às 8:30 h


Webinar do Metodismo Mundial - Sábado, 8 de Agosto, às 8:30 h Palestrantes: Pr. Ricardo Agreste da Igreja Presbiteriana e Pr. Eduardo Goya da Igreja Evangélica Holiness. Sessão Plenária com a Pra. Ana Cristina Aço da Igreja Metodista em Portugal, Pr. Max Maia da Igreja Metodista, Pr. Vinicius Couto da Igreja do Nazareno e Soraya Junker do Ministério Toque de Poder da Igreja Metodista. Tema: Quem é e onde está Deus? Missão e testemunho em tempo de crises.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Apocalipse 16 - As Sete Taças da Ira de Deus

A Besta do Apocalipse



Apocalipse 13 - A Besta do Apocalipse

Apocalipse 13:1 "Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia."

Para os cristãos do primeiro século, não foi difícil associar essa descrição ao imperador romano por várias razões:

  1. A localização geográfica: A península da Itália emerge do Mar Mediterrâneo. Para as sete igrejas da Ásia Menor, como a de Éfeso, Roma parecia vir do mar.
  2. As sete colinas de Roma: Roma era conhecida como a cidade das sete colinas, o que ressoava com a imagem da besta com sete cabeças.
  3. As dez províncias do Império Romano: O Império Romano era composto por dez províncias principais: Acaia, Gália, África, Germânia, Ásia, Itália, Bretanha, Espanha, Egito e Síria. Esses podem ser simbolicamente representados pelos dez chifres da besta.

O "Homem da Iniquidade" em 2 Tessalonicenses 2

Em 2 Tessalonicenses 2, Paulo descreve o "homem da iniquidade", sugerindo que tal indivíduo já estava presente na época em que ele escreveu a carta:

  1. Paulo menciona "o que o detém", "já opera", e "aquele que agora o detém", indicando que os cristãos daquela época tinham conhecimento sobre quem se tratava.
  2. Paulo foi martirizado por volta de 68 d.C., e muitos Pais da Igreja, como João Crisóstomo e Agostinho, identificaram o homem da iniquidade como Nero.

Nero e a Besta

Nero exibia todas as características associadas à Besta:

  • Ele era conhecido por sua crueldade e depravação, incluindo práticas como violência sexual, assassinato de familiares e mentores, e perseguição brutal aos cristãos.
  • Tacitus (Anais 15.44) relata que Nero culpou os cristãos pelo grande incêndio de Roma em 64 d.C., resultando em uma perseguição que durou 42 meses, de meados de novembro de 64 até junho de 68 d.C., quando Nero se suicidou.
  • Nero era adorado como um deus, com estátuas suas erigidas em várias partes do império, o que corresponde à descrição em Apocalipse 13:5, onde é dito que "foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias".
  • Inscrições antigas encontradas em Éfeso exaltam Nero como "Salvador" e "Deus Todo-Poderoso", o que reforça a associação com a blasfêmia mencionada no Apocalipse.

Apocalipse 13:18 - O Número da Besta

O número 666 pode simbolizar a imperfeição e o fracasso da tentativa diabólica de se igualar a Deus (simbolizado pelo número 7), atingindo apenas o número 6, que representa o homem, criado no sexto dia.

No entanto, João convida os cristãos da época a calcular o número, sugerindo o uso da gematria, onde "Nero César" em hebraico (נרון קסר - Neron Kaisar) equivale a 666. Isso indica que a Besta era um tirano contemporâneo, conhecido pelos cristãos.


A Besta: Um Símbolo de Tirania ao Longo da História

Embora Nero seja identificado com a Besta, é importante entender que essa figura não se limita a ele. A Besta simboliza o ciclo de maldade e perseguição à Igreja, um padrão que se repete ao longo da história em diferentes governantes tirânicos. Por exemplo, o imperador Domiciano também exibiu características de crueldade e perseguição semelhantes às de Nero. Esse padrão de tirania não é exclusivo do passado, pois figuras semelhantes continuarão a surgir, culminando em um tirano final nos últimos tempos, conforme profetizado.


Paralelos com Daniel e Apocalipse 13

Apocalipse 13:2 descreve a besta como semelhante a um leopardo, com pés como de urso e boca como de leão, uma referência à visão de Daniel 7. Esses animais simbolizam impérios anteriores: Babilônico (leão), Medo-Persa (urso), e Macedônico (leopardo). A besta de Apocalipse, sendo uma combinação desses animais, representa a continuidade e intensificação das forças opressoras desses impérios no Império Romano.

Apocalipse 17:9-10 identifica as sete cabeças da besta como sete reis. Contando a partir de Júlio César, temos:

  1. Júlio César
  2. Augusto
  3. Tibério
  4. Calígula
  5. Cláudio
  6. Nero (o "que existe")
  7. Galba (o "que tem de durar pouco")

Galba, que governou por apenas sete meses, cumpre a profecia de Apocalipse 17:10.


A Ferida Mortal e Nero Redivivus

Apocalipse 13:3 menciona uma das cabeças da besta que parecia ter sido golpeada de morte, mas cuja ferida foi curada. Esse versículo pode se referir à morte de Nero em 68 d.C. e ao mito de Nero Redivivus, a crença de que Nero retornaria como uma figura messiânica para alguns ou como um tirano ressurrecto para outros. Esse mito gerou vários falsos "Neros" durante os reinados de Tito e Domiciano.

A ferida mortal também pode simbolizar o incêndio de Roma em 64 d.C. e as guerras civis que seguiram à morte de Nero, quase levando o império à ruína, conforme mencionado por Josefo e Tácito.


O Significado Profético e o Futuro

Embora Nero seja identificado com a Besta, essa figura não se limita a ele. Assim como Babilônia simboliza o mal em múltiplas formas, a Besta transcende Nero e Roma, representando todos os governantes tirânicos que perseguem a Igreja ao longo da história. Esse ciclo de maldade, embora tenha começado com Nero, continua a se manifestar em outros tiranos, como Domiciano, e deve culminar em um tirano final nos últimos tempos, segundo a profecia.

Os 42 meses de perseguição lembram os 42 acampamentos de Israel no deserto antes de entrar na Terra Prometida (Números 33), simbolizando a peregrinação da Igreja até a Nova Jerusalém.


Outras Observações

  • Apocalipse 13:6 menciona a difamação do "tabernáculo, a saber, os que habitam no céu". Isso se refere ao tabernáculo celestial, não ao templo terreno.
  • A "trindade do mal" em Apocalipse 16:13 - o Dragão, a Besta e o Falso Profeta - tenta imitar a trindade divina, mas atinge apenas o 666, uma imitação falha de Deus.
  • A segunda besta, que surge da terra, é identificada como o "falso profeta" (Ap 16:13; 19:20), promovendo o culto ao imperador na Ásia.


A Besta e o Anticristo

Não devemos confundir a Besta com o Anticristo. João em suas cartas menciona que muitos anticristos já surgiram e que o espírito do anticristo já estava presente no mundo (1 João 2:18, 22; 4:3; 2 João 7). A Besta de Apocalipse representa uma figura específica de opressão, enquanto o anticristo refere-se a qualquer um que nega a Cristo e se opõe ao evangelho.


sábado, 16 de maio de 2020

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Dons do Espírito (aula 7) 1 Coríntios 14

Dons do Espírito (aula 6) O Maior de todos os Dons

Dons do Espírito (aula 4)

Dons do Espírito (aula 3)

Batismo e Plenitude do Espírito Santo



Batismo com o Espírito Santo e o dom de línguas Quanto ao Batismo com o Espírito Santo e ao dom de línguas há grande controvérsia devido à ignorância que já era comum mesmo nos dias do Novo Testamento (1 Co 12.1). À luz da Bíblia, vamos primeiramente analisar o batismo com o Espírito Santo para depois estudarmos a questão do dom de línguas. Sobre o Batismo com o Espírito Santo O Apóstolo Paulo ensina que há um só batismo cristão (Ef 4.5). Existiam outros batismos praticados por judeus na época do Novo Testamento, como o de João, mas que não se enquadram na categoria de batismo cristão. Não devemos confundir o batismo de João com o batismo cristão. A igreja cristã não pratica o batismo de João, mas apenas o único batismo cristão que é o do Senhor Jesus Cristo. De modo que os discípulos de João, quando aceitavam a Cristo, precisavam ser novamente batizados em nome do Senhor Jesus: “Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus” (At 19.3-5). Quais seriam as diferanças entre o batismo de João e o de Jesus? O Próprio João Batista chamou à atenção para algumas diferenças: "Eu vos batizo com água para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11). Isto nos faz lembrar de uma das frases que Jesus disse a Nicodemos: "... Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus" (Jo 3.5). O elemento distintivo do batismo cristão é a "Promessa do Pai" (At 2.39), é o dom do Espírito Santo que regenera o homem (Tt 3.5), capacitando-o a viver a vida cristã e a ser testemunha de Cristo (At 1.8). Toda a vida cristã é mediada pelo Espírito, desde a conversão até a ressurreição. A obra do Espírito se faz presente muito antes de nossa percepção dela. É o Espírito Santo que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), e é o próprio Espírito que promove a regeneração (Jo 3), de modo que somos feitos novas criaturas habitadas e movidas pelo Espírito de Deus. Tito diz que nossa salvação é obra do Espírito Santo que foi derramado abundantemente sobre nós no momento de nossa regeneração: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas por sua graça ele nos salvou, pelo lavar regenerador e purificador do Espírito Santo que ele derramou abundantemente sobre nós...” (Tt 3.5-6a) As virtudes cristãs são denominadas frutos do Espírito (Gl 5 e 6), pois sem Jesus nada podemos fazer (Jo 15.5). Portanto, a vida cristã é uma vida gerada pelo Espírito para ser vivida no poder deste mesmo Espírito: "Se vivemos pelo Espírito, andemos também no Espírito". É pelo Espírito Santo que somos habilitados a reconhecer e confessar que Jesus é Senhor (1 Co 12.1), e é também nele que os cristão são batizados no corpo de Cristo (1 Co 12.13). "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, este tal não é dEle" (Rm 8.9). É o Espírito Santo que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16; Gl 4.5-6). Para o Apóstolo Paulo, as expressões "estar em Cristo" e "estar no Espírito" são sinônimas (Rm 8.1,9,10). Ele também não vê nenhum problema em denominar o Espírito Santo de "Espírito de Deus" e de "Espírito de Cristo", isto no mesmo versículo (Rm 8.9). Sua concepção da trindade é bem desenvolvida. Não se pode separar Cristo do Espírito Santo. Pois o Espírito Santo e Jesus Cristo são simplesmente inseparáveis (Rm 8.9-10; 2 Co 3.17). Quem recebe a Jesus, recebe o Espírito Santo. O batismo cristão é feito "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28.19). A Bíblia ensina que os cristãos são templos do Espírito (1 Co 6.19). Jesus disse que os crentes não ficariam órfãos (Jo 14.18), Ele disse que estaria sempre com eles até a consumação dos séculos (Mt 28.20). Jesus afirmou que o Pai e Ele viriam e fariam morada nos cristãos (Jo 14.23). Paulo ensina que isto se dá através do Espírito: “no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef 2.22). E Jesus cumpre a Sua promessa enviando o Consolador: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre conosco" (Jo 14.16). Portanto, não existem dois batismos cristãos, um nas águas e outro com o Espírito. O batismo de Jesus inclui a ambos, ou seja, implica no lavar regenerador da água e do Espírito Santo (Tt 3.5). Não devemos também confundir o batismo com Espírito Santo com a plenitude do Espírito. Pois batismo só existe um (Ef 4.5) e a plenitude pode ser experimentada em diversas ocasiões da vida (Ef 5.18). Alguém pode facilmente cometer o equivoco de denominar de Batismo com Espirito Santo uma autêntica experiência de plenitude do Espírito tida num momento posterior a sua conversão, onde dons também podem ter sido comunicados. A mudança de nomenclatura não altera o valor da experiência, que permanece preciosa para o indivíduo. Depois de Pentecostes, não encontramos nenhuma exortação para que cristãos busquem o batismo com Espírito Santo, mas encontramos algumas passagens que exortam os cristãos a se encherem do Espírito (Ef. 5.18; Gl 5.16; 1 Ts 5.19; Ef 4.30). Os apóstolos não exortavam os cristãos a buscarem o batismo com o Espírito Santo, pois era inconcebível a ideia da existência de um cristão sem o Espírito de Deus (Rm 8.9). O cristão é filho de Deus e não existe filiação parcial, pois a graça é total. Não há cristãos pela metade, mas completos, tornados justos pela obra de Jesus e incorporados na comunhão dos santos, desfrutando de todos as bênçãos e privilégios do Evangelho. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1:3)! Sobre o dom de línguas “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. (1 Co 12:1) Não tem base bíblica os que ensinam que os dons do Espírito eram apenas para o período apostólico visando o estabelecimento da igreja, pois a Bíblia ensina que os dons existem para a expansão e edificação do Corpo de Cristo, como diz Paulo em 1 Coríntios 14:12: "Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja". E a edificação da igreja é um processo contínuo até a Segunda Vinda de Cristo. Por outro lado, os pentecostais estão equivocados quando ensinam que o dom de línguas é o dom sinal do batismo com Espírito Santo, pois eles próprios não possuem os dons e sinais manifestados no dia de Pentecostes. Sim, não possuem os mesmos sinais do Pentecostes, pois no momento do derramamento do Espírito sobre os 120 cristãos que estavam reunidos no cenáculo, foi ouvido um som como de um vento impetuoso, foram vistas línguas como de fogo pousando sobre a cabeça de cada pessoa ali presente e, por fim, todos passaram a falar em outros idiomas, ou seja, em línguas estrangeiras, tanto que, ao saírem do cenáculo, tais idiomas foram compreendidos por pessoas provenientes de distintas partes do mundo. No dia de Pentecostes, nasce a Igreja, falando todas as línguas para alcançar todos os povos, melhor que isto, todos os estrangeiros ali presentes entendiam a mensagem em sua própria língua materna, o que denota um fenômeno reverso daquele da Torre de Babel. Sinal dos Tempos! Sinal da vocação universal da Igreja. As nações originadas e dividas na maldição de Babel (Gn 11), são benditas através do descendente de Abrão (Gn 12), Jesus Cristo, o Rei das Nações, que promove entendimento, unidade e paz. Portanto, estes 3 sinais existiram como um marco histórico do cumprimento da promessa do derramamento do Espírito e do nascimento da Igreja. Podemos afirmar que tais sinais foram e permanecem inéditos. Jamais se teve notícia de que tenham sido reproduzidos do modo como aconteceu em Pentecostes. No entanto, em Atos 2, existe ainda outro grupo de discípulos, os 3 mil, que se converteram e que também foram batizados com o Espírito, mas nada é dito sobre terem falado em línguas, ou sobre ter sido ouvido um barulho como de um vento impetuoso, ou ainda sobre terem sido vistas labaredas de fogo pousando sobre as cabeças no momento do Batismo. Mas outros sinais são mencionados como características da presença e ação do Espírito Santo, tais como perseverança na sã doutrina, comunhão em amor, singeleza de coração e evangelização. Tais sinais, sim, devem estar presentes na vida cristã cheia do Espírito. Existe também no Novo Testamento a referência a outra espécie de dom de línguas, distinta do fenômeno de Atos 2. Paulo menciona o dom de falar línguas estranhas, talvez angelicais (1 Co 13.1), que necessitam o dom espiritual de interpretação para serem compreendidas (1 Co 12-14). Mas Paulo é claro ao dizer que este dom de falar em línguas estranhas, assim como outros dons ali mencionados, não são para todos os crentes, ou seja, nem todos falam em outras línguas. Veja a série de perguntas retóricas que ele faz em 1 Coríntios 12:30: “Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?” Obviamente que, para cada uma destas perguntas, a resposta é a mesma, ou seja, não! Não, nem todos tem o dom de curar. Não, nem todos falam em outras línguas. Não, nem todos tem o dom de interpretar Sendo assim, já que nem todos falam em línguas, como pode subsistir o ensino de que falar em línguas é o indispensável sinal do Batismo com o Espírito Santo? No mesmo capítulo em que Paulo ensina que nem todos falam em línguas, ele também afirma que todos da igreja de Corinto, sem exceção, foram batizados em um só Espírito no Corpo de Cristo (1 Co 12.13). Todos foram batizados com o Espírito Santo, mas nem todos falaram em línguas (1 Co 12.30). Não deveria haver divisão na igreja por causa dos dons. Ninguém deve ser desprezado por não possuir determinado dom. E ninguém deve se sentir diminuído por não falar em línguas. Pois, não importa que dom a pessoa recebeu, porque o importante é saber que o mesmo Espírito é a fonte de todos os dons. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1 Co 12:4). “Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?” (1 Co 12:15). “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (1Co 12:11). No Pentecostes, cumprisse a promessa do Pai através do derramamento do Espírito sobre a Igreja. E é através do Espírito que alguém é batizado e inserido no Corpo de Cristo que é a Igreja (1Co 12.13). O batismo é ritual de iniciação. É apenas o começo e não o ápice de nossa caminhada cristã. No batismo no Espírito, nascemos para uma nova vida, e graças são comunicadas para que o crente possa viver em novidade de vida, expressando as virtudes de sua nova natureza. É o Espírito quem capacita o cristão a ser testemunha de Cristo. É através dos frutos Espírito que os cristãos são conhecidos (Mt 7.20) e não por qualquer dom em especial, pois a posse do mais extraordinário dos dons sem o fruto do amor não tem nenhum valor algum aos olhos de Deus (1 Co 13). Os falsos profetas não podem ser desmascarados se o critério de avaliação for a posse e o exercício dos dons, pois eles também parecem possuir muitos dons, como, por exemplo, o de profetizar. Jesus advertiu também dizendo: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22-23). Por isto também exorta o Apóstolo João: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 Jo 4:1). E Paulo igualmente orienta a igreja, dizendo: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (1Co 14:29). “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos” (1Co 14:20). “Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores (Mt 7:15). “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24:24). Portanto, devemos ser muito criteriosos, pois os falsos profetas espertamente se aproveitam da ignorância, da imprudência e da ingenuidade do povo de Deus. Bispo Ildo Mello Desejando saber mais sobre o assunto, sugiro a leitura dos seguintes estudos: 5 Lições sobre os dons do Espírito Santo - http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2008/12/dons-do-esprito.html Batizados com água e com fogo! - http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2011/04/batizados-com-agua-e-com-fogo.html

terça-feira, 28 de abril de 2020

Dons do Espírito (aula 5)



Como se dá a distribuição dos dons espirituais e quais o propósitos deles e como eles determinam a função de cada um dentro do Corpo de Cristo? O que fazer para não incorrermos nos mesmos erros dos Coríntios: disputas, ciúmes, rivalidades, arrogância, pretensões, estrelismos, individualismo, menosprezo pelos dons considerados não tão interessantes, busca de satisfação pessoal, exaltação do "eu", e negligência do fruto do Espírito que é o Amor? Todos os cristãos recebem o dom de falar em línguas estranhas? Quais são os dons mais importantes e por quê? O que é mais importante aos olhos humanos é também mais importante aos olhos de Deus?

domingo, 19 de abril de 2020

Oração no Apocalipse

*O Apocalipse demonstra como nossas orações fazem toda a diferença a ponto de mover a história (5:8 e 8:5). Sendo assim, os cristãos mais humildes são mais poderosos que os soberanos da terra.*

Veja:

“E, quando ele pegou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos se prostraram diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.” (Ap 5.7–8).

“E da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. Então o anjo pegou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.” (Ap 8.4–5).

*Este será o tema da Live da Hora Nona desta Segunda-feira. Não perca! 15 h no Face, Instagram e Youtube.com/ildomello*

Salmos 121

sexta-feira, 27 de março de 2020

A Igreja e o Divórcio


DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO

Bispo Ildo Mello

A questão do divórcio e do novo casamento é complexa, envolvendo profundas implicações teológicas, éticas e pastorais. Para lidar com o tema, precisamos compreender a tensão entre a vontade de Deus para o casamento e as situações criadas pelo pecado humano que levam muitos casais à separação. Como enfrentar essas realidades, os dramas familiares, e como oferecer auxílio e esperança no Evangelho?

O Ideal Divino para o Casamento

No relato da criação, o casamento é apresentado como a união em “uma só carne” estabelecida por Deus no contexto de um ambiente sem pecado (Gn 2.24). Nesse cenário ideal, a dissolução do matrimônio era inconcebível. Porém, o pecado trouxe ruptura, não apenas na relação entre Deus e o ser humano, mas também entre homem e mulher.

Antes da Queda, ambos foram criados à imagem de Deus (Gn 1.27) e chamados a exercer domínio sobre a criação como parceiros iguais (Gn 1.28). Após a Queda, o pecado introduziu desigualdade e sofrimento: a mulher passou a estar sujeita ao homem (Gn 3.16), enquanto o homem ficou sujeito à terra (Gn 3.19). Essa desigualdade deu origem a práticas como a poligamia (Gn 4.19; 16.3) e o divórcio (Dt 24.1-4), que jamais fizeram parte do plano original de Deus.

As disposições mosaicas sobre o divórcio foram concessões à dureza do coração humano (Mt 19.8 ). Homens podiam repudiar suas esposas, mas as mulheres não tinham o mesmo direito, ficando vulneráveis e muitas vezes expostas à miséria. Ainda assim, Deus, em Sua misericórdia, estabeleceu regulamentos para mitigar o sofrimento, como a exigência de uma carta de divórcio para proteger as mulheres repudiadas (Dt 24.1-4).

Deus odeia o divórcio (Ml 2.16), não apenas por ser contrário ao propósito original, mas também pelos danos que ele causa, especialmente às mulheres e aos filhos. Contudo, a regulamentação mosaica reflete a compaixão divina diante das realidades de uma humanidade caída.

O Ensino de Jesus sobre o Divórcio


Durante Seu ministério, Jesus reafirmou o padrão original para o casamento: “Portanto, o que Deus ajuntou, não separe o homem” (Mt 19.6). Ele retirou o direito autoritário dos homens de repudiar suas esposas por qualquer motivo e limitou o divórcio a casos de infidelidade conjugal (Mt 5.31-32; 19.9).

Jesus enfatizou que o divórcio e o novo casamento fora desse contexto equivalem a adultério (Mc 10.11-12; Lc 16.18). Sua posição é clara: o divórcio nunca foi parte do ideal de Deus, mas Ele permitiu a separação em casos de adultério como um recurso de misericórdia para o cônjuge inocente.

A Perspectiva Pastoral de Paulo


O apóstolo Paulo, ao tratar de questões matrimoniais, reafirma o ideal divino, mas também introduz uma nova exceção: a deserção. Ele escreve: “Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz” (1Co 7.15).

Essa exceção pastoral reconhece que Deus nos chama à paz, permitindo o divórcio e o novo casamento quando há abandono ou ameaça à vida. Assim, além do adultério, Paulo reconhece que o abandono do lar pelo cônjuge descrente é uma situação que justifica a dissolução do casamento.

Questões Teológicas e Pastorais


É fundamental que a igreja trate cada caso com discernimento pastoral e sensibilidade à graça de Deus. Enquanto pregamos o ideal divino, enfrentamos uma realidade marcada por corações endurecidos e relacionamentos quebrados.

Devemos lembrar que o perdão de Deus cobre pecados do passado pré-conversão, tornando o pecador uma nova criatura em Cristo (2Co 5.17). Portanto, as restrições bíblicas ao divórcio não se aplicam a crentes divorciados antes de sua conversão.

Reflexões Teológicas Adicionais

 1. Graça e Misericórdia: Jesus demonstrou compaixão em casos de pecado, como na história da mulher adúltera (Jo 8.1-11). A igreja deve seguir esse exemplo, equilibrando a proclamação do padrão divino com a oferta de perdão e restauração.
 2. Oséias e Gômer: A história de Oséias (Os 1-3) ilustra o compromisso fiel de Deus, mesmo diante da infidelidade. Isso aponta para o chamado à reconciliação e ao amor redentor sempre que possível.
 3. Exegese dos Termos Gregos: A palavra “porneia” (relações sexuais ilícitas) em Mateus 19.9 é crucial para compreender as bases bíblicas para o divórcio. Além disso, a expressão “não sujeito à servidão” (1Co 7.15) reforça a ideia de que o cônjuge inocente está livre para se casar novamente.
 4. Perspectiva Escatológica: O casamento reflete a união entre Cristo e a Igreja (Ef 5.31-32; Ap 19.7-9). Isso nos chama a enxergar o casamento como um símbolo do plano redentor de Deus.

O Papel da Igreja


A igreja deve ser um lugar de acolhimento, cura e restauração. Pessoas divorciadas frequentemente carregam cicatrizes profundas e precisam de apoio amoroso para reconstruir suas vidas. Algumas iniciativas práticas incluem:
 • Estabelecer ministérios de aconselhamento para casais em crise.
 • Criar grupos de apoio para divorciados.
 • Ensinar regularmente sobre os princípios bíblicos do casamento.

Além disso, a igreja deve ajudar os casais a enxergar o casamento como um reflexo do amor sacrificial de Cristo, promovendo reconciliação sempre que possível. Contudo, deve-se reconhecer que, em situações de traição ou abandono, o divórcio pode ser inevitável.

Conclusão


Embora o divórcio nunca tenha sido parte do ideal divino, a Bíblia reconhece que ele pode ser necessário em casos de infidelidade ou deserção. Nessas situações, a graça de Deus se manifesta em restaurar vidas quebradas e oferecer um novo começo.

A igreja, como comunidade redentora, deve proclamar o padrão de Deus para o casamento, mas também ministrar compaixão àqueles que sofrem as consequências do pecado. Deus é especialista em transformar cinzas em beleza (Is 61.3), e é essa esperança que devemos transmitir ao mundo.

Aprendendo com a Igreja Primitiva

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Somos santificados pela graça ou por obras?

É válida a adoração sem santidade de vida?

Sem santificação ninguém vai para o céu?

A Santificação e o Legalismo

Inteira Santificação é o mesmo que impecabilidade?

Como dar a outra face e perdor 70 X 7?

Como viver em santidade neste mundo atribulado, com filhos rebeldes e de...

Sobre o pecado na vida do crente

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Lendo a Bíblia para ser transformado

"Não se conformem a esta era, mas sejam transformados pela renovação de sua mente" (Rm 12:2). A maioria de nós provavelmente poderia pensar em algumas maneiras de evitar “se conformar a esta era”, mas e a transformação? Como somos transformados pela renovação de nossas mentes? Como apropriamos a verdade das Escrituras para moldar nosso pensamentos e afetos?

5 dicas básicas para a transformação da mente através das Escrituras:

1. Leia pedindo a Deus que lhe mostre as coisas maravilhosas da Palavra dele (Sl 119:18)
2. Se esforce para memorizar as Escrituras. Memória é como um músculo que atrofia se não for utilizado e se fortalece quanto mais é exercitado.
3. Reflita e medite sobre o que diz Palavra de Deus. Meditação eficaz não é esvaziar a mente, mas enche-la da bendita Palavra de Deus. “Guardei a tua palavra em meu coração para não pecar contra ti” (Sl 119.11). Jesus fez uso de textos bíblicos que havia decorado para rebater as tentações de Satanás.
4. Ore as Escrituras. Podemos recorrer aos textos bíblicos, encontrando neles inspiração para a formulação das nossas orações. Oramos melhor quando oramos de acordo com a Palavra de Deus. Orar a Palavra de Deus a Deus não apenas fornece uma linguagem que honra a Deus, mas também transforma nossas almas no processo.
5. estudar e orar não apenas à sós, mas também na comunidade. Quantas vezes encontramos a expressão "uns aos outros" no Novo Testamento? (Por exemplo: Jo 13:34; Cl 3:13; Rm 15:14). Nesta comunidade cheia de graça, os crentes são transformados através da pregação fiel da Palavra, do estudo da Bíblia e compartilhamento em pequenos grupos, do aconselhamento e muitos outros contextos de edificação saturada das Escrituras. Jamais devemos deixar de congregar (Hb 10:25). Não há lugar para pedra solta no edifício de Deus. Você precisa de seus irmãos e irmãs e de seus dons, que Deus dá para a edificação do corpo de Cristo (Ef 4:12). “O ferro afia o ferro, e uma pessoa afia a outra” (Pv 27:17). Desde a prestação de contas até o encorajamento, Deus achou adequado equipá-lo com as ferramentas para a transformação do evangelho na comunidade de fé.

Ao ler com a iluminação do Espírito, memorizar, meditar e orar as Escrituras na comunidade de fé, que Deus o plante por correntes de graça, a fim de que você possa dar frutos a tempo, para a glória e a alegria dele.

Bispo Ildo Mello (baseado em Cosby, B.H. (2017). Lendo a Bíblia para transformação. Em E. A. Blum e T. Wax (Orgs.), CSB Study Bible: Notes (p. Xlviii-l). Nashville, TN: Holman Bible Publishers.)

Os cinco aspectos do chamado de Levi e as características de uma verdade...



1. O Chamado para os pecadores

Este texto conta a historia de Jesus chamando o publicano Levi para se tornar seu discípulo. Publicanos tinham a fama de corruptos. Jesus chama os pecadores! (v.32) Ele veio buscar e salvar o perdido. Há salvação para os pecadores. A simpatia de Jesus pelos pecadores era admirável. Era visto constantemente na presença de pecadores. Era criticado por isto.

Ilustração: Carmem, da IMel do aeroporto, ficou impactada ao ver um  bêbado entrando gritando no ônibus e causando confusão. O Cobrador falou em alta voz que ele precisava de Jesus. O bêbado respondeu dizendo: "Pra mim não tem mais jeito". O cobrador falou: : "Tem jeito sim, eu era igualzinho a você e Jesus me transformou. Cântico: Só o poder de Deus, pode mudar teu ser, a prova que eu lhe dou, Ele mudou o meu."

A conversão de Levi pode ter impactado positivamente a vida do publicano Zaqueu, abrindo portas para sua conversão.

2. O chamado é para o arrependimento

Arrependimento é um dos principais temas de Lucas (3:3, 8; 13: 1–5; 15: 7-10; 16:30; 17: 3–4; 24:47).
“Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.” (Lc 8.32).
Aqui Jesus oferece uma imagem do verdadeiro arrependimento: é como procurar ajuda médica: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.”(Lc 5.31).
Jesus vê oportunidade de restauração para os pecadores e trabalha para alcançar um relacionamento com eles, para que possam experimentar a cura de que precisam. Quando coletores de impostos e pecadores chegam à mesa da clínica, Jesus, o Grande Médico, não está disposto a rejeitá-los. Aquele que vier a mim, de maneira nenhuma alguma o lançarei fora.

Como nos outros eventos relatados em Lucas 4:31–5: 32, Jesus alcança todos os tipos de pessoas carentes. Todos podem se beneficiar do poder de sua presença curativa.

Jesus ama os pecadores, mas não ama o pecado. O chamado de Jesus é um chamado ao arrependimento (v.32), um chamado a conversão. Levi respondeu o chamado de Jesus abandonando a vida pecaminosa e a coletoria de impostos, assim como Pedro, Tiago e João tudo deixaram para seguir a Cristo, sem saber o que o futuro lhes reservava, confiando totalmente no Mestre. Jesus disse a mulher pega em adultério: "Eu também não a condeno. Agora vai e abandone sua vida de pecado" (Lc 8.11).

A resposta de Levi é total - ele se levantou, deixou tudo e o seguiu.
Estava acomodado ao pecado e preso a ele. Mas o chamado de Cristo é poderoso capacitando-o a erguer-se a a abandonar para poder seguir a Cristo.

Levi colocou Jesus em primeiro lugar. Segui-lo é uma prioridade.

A voz daquele que chama é poderosa para dar força para o caído se erguer, o morto ressuscitar, o acorrentado se libertar, abandonar as correntes para seguir o Senhor.

3. O chamado é para uma nova vida

Cinco vezes no Evangelho de Lucas, Jesus diz: “Siga-me” e em todas as ocasiões envolve abandonar algo precioso para o indivíduo. Implica em perder para ganhar, deixar para seguir. Nós sempre queremos conhecer o plano, o roteiro, o futuro, mas Deus nos apresenta uma pessoa e não um plano a ser seguido. Levi não vacilou, não hesitou. Obedeceu imediatamente como Pedro, Tiago, João e Zaqueu.

Disse o Apóstolo Paulo: "Aquele que está em Cristo, nova criatura sou, as coisas velhas já¡ passaram, eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17). Um chamado para uma vida nova, de posse de um novo coração e de uma nova mente. Levi tornar-se-á¡ um apóstolo de Jesus Cristo. Tudo se fez novo!

4. O chamado é para a comunhão

O chamado de Jesus é um chamado para segui-lo, acompanha-lo, para desfrutar da presença de Cristo. Logo a seguir, Jesus é visto na casa de Levi. Eles se tornaram amigos, companheiros de jornada.

O Evangelho de Marcos resume assim o chamado dos apóstolos: "Escolheu doze, designando-os como apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar" (Mc 3.14); Destacando que o chamado é em primeiro lugar para estar com ele e depois também para a pregação do Evangelho.

Levi honra a Jesus, deixando tudo, privilegiando sua companhia, e o honra também fazendo uso de seu dinheiro para dar um grande festa em homenagem a Cristo.

Apesar do baixo status social de Levi, ele se sente livre para se associar a Jesus. O convite de Jesus deixou isso claro. A comunhão de mesa no mundo antigo significava aceitação mútua.

A resposta de Jesus deixa claro que cura, não quarentena, é a mensagem do seu ministério.

5. O chamado é para a evangelização

Por fim, o chamado de Cristo é um chamado para a evangelização. É um chamado para a obra missionária de pregar as boas novas de Salvação em Cristo.

Levi, novo convertido, tão feliz e empolgado, levou Jesus para a sua casa, para os seus familiares e amigos. Ele queria que todos conhecessem a Cristo. e sabemos que ele se tornou um grande evangelista e foi o autor de um Evangelho! Ele quis contar para todo mundo quem era Jesus. Quando a gente ama, a gente não se envergonha da pessoa amada e é capaz declarar abertamente o nosso amor! “Madalena, Madalena… Eu vou contar pra todo mundo…”.

“Como nos outros eventos relatados em Lucas 4:31–5: 32, Jesus alcança todos os tipos de pessoas carentes. Todos podem se beneficiar do poder de sua presença curativa. Alguns ainda se sentem desconfortáveis ​​com esse ministério aberto, mas esse é o evangelismo em sua forma mais autêntica. O ministério de Jesus é sobre compaixão e graça. Quando Jesus proclama o amor de Deus, o estranho sabe que Jesus quer dizer isso. Suas palavras e ações mostram isso. Na sua abertura, Jesus corre o risco de ser criticado e ridicularizado. Mas, dado que Jesus busca tais contatos com entusiasmo, seus discípulos podem fazer o contrário? … A tragédia é que, depois que as pessoas estão na igreja há um tempo, elas têm dificuldade em se relacionar com pessoas de fora. Jesus não sofre com esse problema; ele conscientemente faz um esforço para se associar com pessoas de fora de sua comunidade. Ele não foge ou se esconde do mundo em necessidade, mas se envolve com ele de forma realista para que suas reais necessidades possam ser atendidas. Muitas vezes, o que conquista alguém de fora para Deus é uma amizade genuína.” (Bock, D.L. (1994). Lucas (Lc 5,27). Downers Grove, IL: InterVarsity Press.).

Levi não hesitou, aceitou com entusiasmo o chamado para deixar a vida pregressa e abraçar uma nova vida seguindo os passos de Cristo em comunhão com Ele e seus discípulos. Mas ele não apenas desfrutou de maneira egoísta deste chama, entendendo que ele não era única e tão somente para si ou para uns poucos escolhidos, mas que era extensivo a todos os seus familiares e amigos e a todo o mundo.

E você, como tem respondido ao chamado de Jesus? Qual o grau de prioridade de Cristo em sua vida? Você tem assumido o papel de embaixador de Cristo e tem atuado como sal da terra e luz do mundo, levando outros a Jesus? Em seu relacionamento com os não crentes, você tem promovido salvação e transformação ou tem sido contaminado pelo pecado?

No amor do Senhor,

Bispo Ildo Mello

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