terça-feira, 22 de outubro de 2024

A Santa Ceia: Presença Real e Meio de Graça em Wesley e Calvino

 A Santa Ceia: Presença Real e Meio de Graça em Wesley e Calvino


Por Bispo Ildo Mello


A Santa Ceia, também conhecida como Eucaristia, é um sacramento central na fé cristã, porém diferentes tradições cristãs possuem compreensões distintas sobre sua natureza. A Igreja Católica defende a transubstanciação, segundo a qual o pão e o vinho se transformam substancialmente no corpo e no sangue de Cristo, embora mantenham suas aparências externas. Por outro lado, Ulrico Zwinglio e algumas igrejas, como as batistas, ensinam que a Ceia do Senhor não é um sacramento, mas sim um memorial dos sofrimentos e morte de Jesus Cristo.

Martinho Lutero, em contraste, propôs a doutrina da união sacramental, acreditando que o corpo e o sangue de Cristo estão presentes "em, com e sob" o pão e o vinho, sem que ocorra uma transformação das substâncias, rejeitando, assim, a ideia da transubstanciação.

Já João Calvino e John Wesley enfatizaram a Santa Ceia como um meio de graça e uma ocasião de presença real de Cristo, embora de forma espiritual e misteriosa, considerando o sacramento essencial para a vida cristã e a comunhão dos fiéis com Cristo.


Fundamentação Bíblica


A base para essa compreensão encontra-se nas Escrituras:


João 6:51-56: Jesus declara ser o “pão vivo que desceu do céu” e enfatiza a necessidade de comer Sua carne e beber Seu sangue para ter vida eterna.

1 Coríntios 10:16-17: Paulo pergunta: “O cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?”.

1 Coríntios 11:23-29: Paulo relata a instituição da Ceia do Senhor e destaca a importância de participar dela de maneira digna, discernindo o corpo do Senhor.


Essas passagens apontam para uma realidade que vai além de um simples ato simbólico ou memorial, indicando uma presença real e uma participação efetiva na vida de Cristo.


João Calvino e a Presença Espiritual


João Calvino defendeu a presença real de Cristo na Santa Ceia, entendida de forma espiritual. Para Calvino, a Eucaristia não é apenas um símbolo vazio, mas um meio pelo qual os fiéis participam verdadeiramente de Cristo. Embora Cristo esteja fisicamente no céu, pela obra do Espírito Santo, os crentes são elevados espiritualmente para comungar com Ele.


Calvino afirmou que:


A Ceia é um mistério divino:

“Se alguém me perguntar como isso acontece, não terei vergonha de confessar que é um segredo demasiado elevado para a minha mente compreender ou as minhas palavras declarar. E, para falar mais claramente, eu o experimento mais do que o entendo.”


(Institutas da Religião Cristã, Livro IV, Capítulo XVII).

Rejeição da Transubstanciação: Calvino negou que os elementos se transformem na substância do corpo e sangue de Cristo, enfatizando em vez disso a presença espiritual real.

Comunhão com Cristo: Através da fé, os crentes são unidos a Cristo na Ceia, recebendo os benefícios de Sua morte e ressurreição.


John Wesley e o Mistério da Presença Real


John Wesley, fundador do metodismo, também enfatizou que a Santa Ceia é mais do que uma mera lembrança; é um meio pelo qual os fiéis experimentam a graça e a presença real de Cristo. Wesley acreditava que:


A Ceia é um Meio de Graça: Um canal ordenado por Deus através do qual Ele comunica Sua graça aos participantes.

Presença Real, mas Mística: Embora os elementos permaneçam pão e vinho, Cristo está verdadeiramente presente de forma misteriosa. Wesley não tentou explicar o “como”, mas encorajou os fiéis a experimentarem essa realidade.


Em um de seus sermões, Wesley afirmou:


“Eu quero e busco o meu Salvador Ele mesmo, e me apresso a este Sacramento pelo mesmo propósito que São Pedro e João se apressaram ao Seu sepulcro; porque espero encontrá-Lo ali. […] ‘Isto é o Meu corpo’ me promete mais do que uma figura; este santo banquete não é apenas uma mera memória, mas pode de fato conceder tantas bênçãos a mim quanto traz maldições ao receptor profano. De fato, de que maneira isso é feito, eu não sei; é suficiente para mim admirar.”


(Sermões, Sermão 101 - O Dever da Comunhão Constante).


Os Hinos Eucarísticos de Wesley


John e seu irmão Charles Wesley compuseram inúmeros hinos que expressam profundamente sua teologia e espiritualidade em relação à Santa Ceia. Um dos hinos mais significativos sobre a Eucaristia reflete o mistério e a profundidade desse sacramento:


“Oh, profundidade do amor divino,

Ó graça insondável!

Quem dirá como pão e vinho

Transmitem Deus ao homem?”


“Como o pão transmite Sua carne,

Como o vinho transmite Seu sangue,

Preenchem os corações

Do Seu fiel povo

Com toda a vida de Deus!”


Neste hino, os Wesleys expressam admiração pelo modo como Deus, através de elementos simples como pão e vinho, comunica Sua presença e graça aos fiéis. Eles reconhecem que, embora não possam compreender totalmente o mistério envolvido, podem experimentar e se maravilhar com essa realidade divina.


A Eucaristia como Sacramento e Mistério Divino


Ambos os reformadores concordam que a Santa Ceia é um sacramento instituído por Cristo e um mistério divino. Eles ressaltam que:


Não é Apenas um Memorial: Embora seja uma lembrança do sacrifício de Cristo, a Ceia é também uma participação real em Sua presença.

Rejeição de Explicações Racionais Plenas: Tanto Wesley quanto Calvino reconheceram que o modo como Cristo está presente é um mistério além da compreensão humana.

Ação do Espírito Santo: A presença de Cristo na Eucaristia é mediada pelo Espírito Santo, que torna real a comunhão com Cristo durante a celebração.


Implicações para a Vida Cristã


A compreensão da Santa Ceia como sacramento e presença real de Cristo tem várias implicações práticas:


Comunhão e Unidade: A Ceia é um meio de fortalecer a unidade entre os crentes, promovendo amor e solidariedade na comunidade.

Meio de Santificação: Participar da Eucaristia é um meio de crescimento espiritual, fortalecendo a fé e promovendo a santidade de vida.

Obediência ao Mandamento de Cristo: Celebrar a Ceia é obedecer à ordem de Jesus: “Fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19).


Conclusão


A compreensão da Santa Ceia como sacramento e presença real de Cristo, conforme defendida por John Wesley e João Calvino, destaca a profundidade e o mistério desse ato central na fé cristã. Mais do que um simples memorial, é um meio pelo qual os crentes participam da vida divina, recebendo graça e renovação espiritual.


Ao nos aproximarmos da mesa do Senhor, somos convidados a reconhecer tanto o sacrifício de Cristo quanto a Sua presença viva entre nós. É um chamado à fé, à adoração e à profunda comunhão com Deus e com a comunidade de crentes.


Bibliografia


Bíblia Sagrada:

João 6:51-56

1 Coríntios 10:16-17

1 Coríntios 11:23-29

Lucas 22:19

João Calvino:

As Institutas da Religião Cristã. Trad. Waldyr Carvalho Luz. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006.


John Wesley:

Sermões. Trad. Eliel Vieira. São Paulo: Editeo, 2006.

Sermão 101 - O Dever da Comunhão Constante

Os Meios da Graça

Rattenbury, J. Ernest. Os Hinos Eucarísticos de John e Charles Wesley. Londres: Epworth Press, 1948.

Outras Referências:

Outler, Albert C. Teologia de John Wesley. São Paulo: Editeo, 2005.

Aulén, Gustaf. A Fé Cristã. São Paulo: ASTE, 1965.



Nota sobre as Reflexões de Wesley e Calvino


John Wesley enfatizou que, embora não possamos entender plenamente como Cristo está presente na Eucaristia, podemos experimentar essa realidade pela fé. Seus hinos e sermões frequentemente expressam admiração pelo mistério divino presente na Ceia. Através de linguagem poética, Wesley destaca que elementos simples podem transmitir a graça divina de maneira profunda.


João Calvino também reconheceu o mistério envolvido, afirmando que é mais importante experimentar a presença de Cristo do que entender completamente o “como” dessa presença. Para ambos, a Eucaristia é um meio pelo qual Deus comunica Sua graça aos crentes, fortalecendo-os em sua caminhada espiritual.


Ao valorizarmos a Santa Ceia como sacramento e presença real de Cristo, alinhamos nossa fé com a rica herança teológica de líderes como Wesley e Calvino. Isso nos convida a aprofundar nossa compreensão e experiência da graça divina em nossas vidas. Somos chamados a participar desse mistério com reverência, fé e gratidão, reconhecendo na Eucaristia um dos meios mais profundos de comunhão com Deus e com a comunidade de fé.

sábado, 19 de outubro de 2024

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

O Dever Especial dos Pastores de Igrejas

Acabei de ler o excelente livro PASTORES & DIÁCONOS BÍBLICOS de NEHEMIAH COXE & JOHN OWEN. 1ª Edição. Francisco Morato, SP. O Estandarte de Cristo. Segue resumo do capítulo intitulado "O Dever Especial dos Pastores de Igrejas" de autoria de John Owen, que aborda as responsabilidades centrais do ofício pastoral:

1. Alimentar o Rebanho por Meio da Pregação Diligente da Palavra

Owen enfatiza que o dever primordial de um pastor é alimentar o rebanho através do ensino contínuo da Palavra de Deus, conforme Jeremias 3:15:

"Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentarão com conhecimento e inteligência."

Ele afirma que este é o meio pelo qual Deus sustenta a igreja. A pregação é o centro do ofício pastoral; pastores que não ensinam ou negligenciam essa responsabilidade não estão cumprindo seu dever. Pedro, em João 21:15-17, recebeu o mandato de "apascentar as ovelhas", e esse dever foi transmitido a todos os pastores. Os apóstolos, conforme Atos 6:1-4, afastaram-se de outras responsabilidades para se dedicarem exclusivamente à pregação e à oração, orientação também válida para os líderes da igreja. Owen cita 1 Timóteo 5:17, que instrui que os pastores que governam bem, especialmente os que se dedicam à pregação e ao ensino, são dignos de dupla honra.

Ele destaca a importância de "trabalhar na palavra e na doutrina" (1 Tm 5:17) e ressalta a responsabilidade do pastor sobre o rebanho que o Espírito Santo o constituiu bispo (At 20:28). Owen enfatiza que os pastores devem se dedicar à pregação com a máxima diligência, deixando de lado outras atividades, lícitas ou não, que possam desviar sua atenção desse chamado principal. A incapacidade ou negligência nesse dever é vista como uma transgressão grave.

O Chamado para Alimentar o Rebanho (Jeremias 3:15)

Uma das passagens principais que Owen utiliza é Jeremias 3:15:

"Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentarão com conhecimento e inteligência."

Este versículo expressa a promessa de Deus de enviar pastores que apascentarão o povo com conhecimento e entendimento. Aqui, "apascentar" equivale a ensinar. A responsabilidade dos pastores não é apenas supervisionar a congregação, mas também instruí-la com sabedoria e compreensão da Palavra de Deus. A pregação é o meio pelo qual Deus provê sustento espiritual para o Seu povo.

O Mandato de Jesus a Pedro (João 21:15-17)

Owen também faz referência à conversa entre Jesus e Pedro em João 21:15-17, onde Jesus instrui Pedro a cuidar de Suas ovelhas:

"Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. [...] Pela terceira vez lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro ficou triste por ter lhe dito pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas."

Jesus comissiona Pedro a apascentar Suas ovelhas, implicando alimentar o rebanho espiritualmente através do ensino e cuidado pastoral. Esse mandato a Pedro é visto como uma comissão não só para ele, mas para todos os pastores, que devem continuar o trabalho de Cristo, nutrindo o povo de Deus pela Palavra.

A Prioridade da Palavra e da Oração (Atos 6:1-4)

Atos 6:1-4 ilustra como os apóstolos, reconhecendo a importância de suas responsabilidades espirituais, decidiram separar-se de outras tarefas para se dedicar à pregação e à oração:

"Então, os Doze convocaram todos os discípulos e disseram: 'Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus a fim de servir às mesas. [...] Quanto a nós, nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra.'"

Os apóstolos demonstram que o ministério da Palavra era tão importante que não podia ser negligenciado. Eles escolheram diáconos para cuidar de outras necessidades da igreja, para que pudessem concentrar-se exclusivamente na pregação e na oração. Owen destaca que essa é a orientação para todos os pastores: nada deve desviar a atenção do pastor de seu chamado principal, que é pregar a Palavra e orar pela congregação.

O Trabalho na Palavra e na Doutrina (1 Timóteo 5:17)

Paulo instrui Timóteo sobre o respeito e a honra devida aos pastores que se dedicam à pregação em 1 Timóteo 5:17:

"Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é pregar e ensinar."

Esta passagem realça que os pastores que trabalham diligentemente na palavra e no ensino são dignos de dupla honra. Isso significa que aqueles que se dedicam ao ensino contínuo e sério das Escrituras devem ser reconhecidos e apoiados pela igreja. Owen usa esse versículo para argumentar que o ensino diligente da Palavra é o centro do ministério pastoral e que essa responsabilidade deve ser tratada com extrema seriedade.

A Responsabilidade de Apascentar o Rebanho (Atos 20:28)

Em Atos 20:28, Paulo dá uma advertência solene aos presbíteros da igreja em Éfeso:

"Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue."

O termo "pastorear" neste contexto inclui a responsabilidade de alimentar o rebanho com a Palavra de Deus. Owen vê essa exortação como um lembrete de que os pastores devem dedicar-se ao ensino, pois o rebanho é de grande valor — foi comprado com o sangue de Cristo. O pastor, portanto, tem um papel vital em nutrir a igreja espiritualmente por meio da pregação.

Diligência na Pregação (2 Timóteo 4:2)

Outra passagem importante é 2 Timóteo 4:2, onde Paulo exorta Timóteo a pregar a Palavra:

"Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, corrija, repreenda e encoraje com paciência e doutrina."

Paulo destaca que a pregação deve ser feita com diligência e constância, independentemente das circunstâncias. O pastor deve estar sempre preparado para ensinar, corrigir e exortar o rebanho. Owen argumenta que a pregação é a principal ferramenta que Deus usa para corrigir e edificar a igreja, e por isso os pastores não devem ser negligentes nesse dever.

Advertência contra a Negligência (1 Coríntios 9:16)

Em 1 Coríntios 9:16, Paulo expressa o peso da responsabilidade de pregar:

"Pois, se prego o evangelho, não tenho de que me orgulhar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não pregar o evangelho!"

Esse versículo reflete o senso de urgência e responsabilidade que os pastores devem sentir em relação à pregação. Para Owen, pastores que não pregam ou que negligenciam esse dever estão falhando em cumprir sua obrigação diante de Deus. A pregação não é opcional, mas uma responsabilidade inescapável e essencial.

O Papel da Pregação na Edificação da Igreja (Efésios 4:11-12)

Efésios 4:11-12 fala sobre os dons que Cristo deu à igreja, incluindo pastores e mestres:

"E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado."

O papel de pastores e mestres é fundamental para o aperfeiçoamento dos santos e a edificação da igreja. A pregação da Palavra é o meio pelo qual os crentes são equipados para o serviço e crescimento espiritual. Sem pregação diligente, a igreja não pode ser devidamente edificada.

Conclusão: Alimentar o Rebanho pela Pregação da Palavra

Para John Owen, a pregação diligente da Palavra de Deus é o centro do ofício pastoral. Ele ressalta que pastores que não ensinam a Palavra não estão cumprindo seu dever. Textos como Jeremias 3:15, João 21:15-17, Atos 6:1-4, 1 Timóteo 5:17 e Atos 20:28 mostram que o principal chamado de um pastor é alimentar o rebanho com a Palavra de Deus. Isso exige dedicação, oração e um foco constante em ensinar a verdade das Escrituras.

Owen adverte que qualquer desvio ou negligência desse dever compromete o ministério pastoral e pode prejudicar a saúde espiritual da igreja. Portanto, pastores devem ser diligentes e fiéis no ensino, cumprindo sua chamada de nutrir o povo de Deus com conhecimento e sabedoria por meio da Palavra.



2. Orar Continuamente pelo Rebanho

O segundo dever do pastor, de acordo com Owen, é a oração fervorosa e constante pelo rebanho, como se vê em Atos 6:4:

"E nós nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra."

Sem oração, nenhum pastor pode pregar adequadamente ou cumprir qualquer outro dever pastoral. A oração é essencial para o sucesso da Palavra, incluindo a edificação espiritual dos membros, o fortalecimento de suas graças e o direcionamento em seus deveres.

O pastor deve orar pela igreja em meio às tentações que enfrenta, que variam conforme as circunstâncias (perseguição, aflição, etc.). Ele deve orar pelas condições espirituais específicas de cada membro e pela presença de Cristo nas reuniões da igreja, por meio do Espírito Santo. Owen cita Mateus 18:20, referindo-se à presença de Cristo onde dois ou três estão reunidos em Seu nome, e insiste que os pastores devem orar pela eficácia das ordenanças divinas nas vidas dos crentes.

Perseverar na Oração e no Ministério da Palavra (Atos 6:4)

Owen baseia-se em Atos 6:4, onde os apóstolos afirmam a necessidade de se dedicar à oração e à pregação da Palavra:

"Mas nós nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra."

Esse versículo enfatiza a importância da oração como uma das tarefas fundamentais dos líderes da igreja. Owen entende que, assim como os apóstolos priorizavam a oração e o ensino, os pastores devem fazer o mesmo. A oração contínua e focada é necessária para que o ministério pastoral seja eficaz, e sem ela, os pastores não podem verdadeiramente cumprir seus deveres, especialmente o da pregação.

A Oração como Base para o Sucesso da Palavra

Owen acredita que a oração é essencial para o sucesso da pregação da Palavra e para a edificação espiritual dos membros da igreja. Sem oração, a pregação não pode ser eficaz. Por meio da oração, o pastor pede a Deus que fortaleça as graças espirituais dos crentes, guie-os em seus deveres e edifique suas vidas espirituais. A oração é o meio pelo qual a Palavra de Deus se torna viva e eficaz na vida dos ouvintes.

Orar pelas Tentações que o Rebanho Enfrenta

Os pastores devem orar especialmente por seu rebanho em meio às tentações e desafios que enfrentam. Owen reconhece que as tentações variam de acordo com as circunstâncias, como perseguição, aflição ou tempos de paz. Cada fase traz desafios espirituais específicos, e o pastor deve estar atento a essas necessidades ao interceder pelo rebanho.

O exemplo clássico é o de Jesus, que orou por Pedro em Lucas 22:31-32:

"Simão, Simão, Satanás pediu vocês para peneirá-los como trigo. Mas eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça. E quando você se converter, fortaleça seus irmãos."

Assim como Jesus intercedeu por Pedro, sabendo da tentação que ele enfrentaria, Owen ensina que os pastores devem orar continuamente para que a fé dos crentes não desfaleça diante das provações e tentações.

Orar pelas Condições Espirituais de Cada Membro

Além das orações gerais pela igreja, Owen destaca a importância de orar pelas condições espirituais específicas de cada membro. Isso inclui orar por aqueles que estão doentes, enfrentando provações, espiritualmente fracos ou distantes, e por aqueles que precisam de direção e crescimento espiritual. Os pastores devem ser cuidadosos em suas orações para que Deus fortaleça, cure e guie cada membro conforme suas necessidades.

Paulo, em Colossenses 1:9-10, oferece um exemplo de oração pelos crentes:

"Por essa razão, desde o dia em que ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor, agradando-o em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus."

Assim, o pastor deve orar especificamente e continuamente para que os membros da igreja cresçam no conhecimento de Deus e em maturidade espiritual.

Orar pela Presença de Cristo nas Reuniões da Igreja (Mateus 18:20)

Owen afirma que os pastores devem orar pela presença de Cristo em todas as reuniões da igreja. Ele cita Mateus 18:20, onde Jesus promete Sua presença onde os crentes se reúnem:

"Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles."

Owen enfatiza que a oração pela presença de Cristo é crucial para que as ordenanças e reuniões da igreja sejam espiritualmente eficazes. Sem a presença de Cristo, os rituais e as ordenanças são apenas formas vazias. A oração pela presença do Espírito Santo garante que as reuniões da igreja sejam marcadas pela graça e poder de Deus, operando nos corações dos crentes.

Orar pela Eficácia das Ordenanças Divinas

Outra área de intercessão pastoral mencionada por Owen é a oração pela eficácia das ordenanças divinas — especialmente o batismo e a Ceia do Senhor. As ordenanças são meios de graça, e Owen enfatiza que os pastores devem orar para que esses sacramentos sejam eficazes na vida espiritual dos crentes, confirmando e selando as promessas do Evangelho.

Ele destaca que, sem a oração contínua pela eficácia dessas ordenanças, elas podem se tornar meros rituais, sem impacto verdadeiro na vida dos crentes. Portanto, a oração pelo poder do Espírito Santo é essencial para que os sacramentos alcancem seu propósito de fortalecer a fé e a comunhão dos crentes com Cristo.

Conclusão: A Oração Contínua como Dever Pastoral

John Owen ensina que a oração contínua e fervorosa é uma parte essencial do ministério pastoral. A oração não apenas sustenta o pastor em seu trabalho, mas também é fundamental para o sucesso da pregação da Palavra e para a edificação espiritual dos membros da igreja. Pastores devem orar regularmente pelas tentações e provações que os membros enfrentam, intercedendo por suas condições espirituais específicas e pedindo a presença de Cristo nas reuniões da igreja.

A oração pela eficácia das ordenanças divinas é igualmente importante, garantindo que o batismo e a Ceia do Senhor fortaleçam espiritualmente os crentes e confirmem as promessas do Evangelho. Seguindo o exemplo de Atos 6:4, os pastores devem perseverar na oração e na pregação da Palavra, sabendo que a oração é a base de todo o ministério pastoral bem-sucedido.



3. Administrar os Selos da Aliança (Sacramentos)

Owen afirma que administrar os sacramentos — batismo e Ceia do Senhor — é parte vital do dever pastoral, conforme Atos 20:28. Eles são selos visíveis da Palavra e devem ser administrados de acordo com as instruções de Cristo, sem acréscimos ou modificações. Ele adverte contra a introdução de ritos não instituídos por Cristo, que levam à idolatria, e cita 1 Coríntios 11:23, onde Paulo relembra a igreja de que ele recebeu do Senhor o que também ensinou sobre a Ceia.

Os pastores também devem assegurar que os sacramentos sejam administrados apenas aos que são dignos, conforme a regra do Evangelho. Não devem ser forçados a dar os sacramentos de forma indiscriminada.

A Fidelidade na Administração dos Sacramentos (1 Coríntios 11:23)

Paulo, em 1 Coríntios 11:23, enfatiza a importância de seguir as instruções de Cristo na administração da Ceia do Senhor:

"Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão..."

Owen destaca que os sacramentos devem ser administrados exatamente como Cristo ordenou, sem adições humanas. A fidelidade às instruções de Cristo garante que os sacramentos permaneçam puros e eficazes como meios de graça.

Cuidado com a Idolatria e Inovações (Deuteronômio 12:32)

Ele adverte contra a introdução de práticas não instituídas por Cristo, citando o princípio de Deuteronômio 12:32:

"Veja que você faça tudo o que eu ordeno; nada acrescente nem retire."

Owen alerta que acrescentar ou modificar os sacramentos pode levar à idolatria e afastar a igreja da verdadeira adoração.

Administração Responsável dos Sacramentos (Mateus 7:6)

Os pastores devem administrar os sacramentos com discernimento, conforme Mateus 7:6:

"Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos."

Isso significa que os sacramentos devem ser oferecidos àqueles que estão preparados e em comunhão com a igreja, evitando sua profanação.



4. Preservar a Verdade do Evangelho

Pastores são os guardiões da doutrina do Evangelho na igreja, devendo preservá-la e defendê-la contra toda oposição. Eles são chamados a proteger a fé que uma vez foi dada aos santos, conforme Judas 1:3, e são advertidos contra a negligência, que pode resultar em heresias e erros dentro da igreja. Owen menciona Atos 20:30, onde Paulo alerta sobre falsos mestres que surgiriam de dentro da própria igreja, levando muitos ao erro.

Ele cita 1 Timóteo 1:11 e 2 Timóteo 4:7 como lembretes do dever de guardar e preservar o Evangelho. Também menciona 1 Timóteo 3:15, que descreve a igreja como "a coluna e fundamento da verdade", destacando a responsabilidade dos pastores nessa preservação.

Defender a Fé que Foi Dada aos Santos (Judas 1:3)

Judas 1:3 fala da responsabilidade dos pastores (e de todos os crentes) de lutar pela fé:

"Amados, embora estivesse muito ansioso para escrever-lhes acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos."

Este versículo exorta os crentes a lutar pela fé e defender a verdade do Evangelho contra qualquer ataque ou distorção. Owen entende que os pastores, como líderes da igreja, têm uma responsabilidade particular de proteger a doutrina e manter a fé intacta.

A Ameaça dos Falsos Mestres (Atos 20:30)

Em Atos 20:30, Paulo faz um alerta aos presbíteros de Éfeso:

"E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair discípulos."

Paulo adverte que falsos mestres surgiriam de dentro da própria igreja, distorcendo a verdade e levando muitos ao erro. Owen sublinha que os pastores precisam estar atentos a essa ameaça e devem ser capazes de identificar e confrontar falsos ensinamentos antes que causem danos à fé dos crentes.

A Igreja como Coluna e Firmeza da Verdade (1 Timóteo 3:15)

1 Timóteo 3:15 descreve a igreja como a coluna e fundamento da verdade:

"Mas, se tardar, para que saibas como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade."

A igreja é chamada a ser um baluarte da verdade de Deus, e os pastores desempenham um papel central nisso. Como líderes espirituais, têm a responsabilidade de preservar a pureza da doutrina e garantir que a igreja permaneça firme na verdade do Evangelho.

Guardar o Depósito do Evangelho (1 Timóteo 1:11)

1 Timóteo 1:11 lembra os pastores da importância de guardar o depósito que lhes foi confiado:

"Conforme o evangelho da glória do Deus bendito, que me foi confiado."

Paulo descreve o Evangelho como algo valioso e glorioso confiado aos pastores. Owen destaca que o Evangelho não pode ser alterado ou distorcido; deve ser preservado tal como foi entregue pelos apóstolos.

Combater o Bom Combate da Fé (2 Timóteo 4:7)

Em 2 Timóteo 4:7, Paulo declara:

"Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé."

Paulo, ao final de sua vida, orgulha-se de ter guardado a fé. Owen vê este texto como um exemplo para os pastores, que devem ser vigilantes na defesa da fé e firmes em sua responsabilidade de preservar a verdade do Evangelho durante todo o seu ministério.

Conclusão: Preservar a Verdade do Evangelho

Preservar a verdade do Evangelho é uma tarefa central para os pastores, como ensina John Owen. As Escrituras deixam claro que essa responsabilidade inclui defender a fé (Jd 1:3), proteger contra falsos mestres (At 20:30), ensinar a sã doutrina (Tt 1:9) e guardar o Evangelho (1 Tm 1:11). A igreja é a coluna e fundamento da verdade (1 Tm 3:15), e cabe aos pastores garantir que essa verdade seja mantida pura e intacta.

Owen alerta contra a negligência, que pode resultar em heresias e erros que ameaçam a saúde espiritual da igreja. Os pastores devem ser vigilantes, tanto em ensinar a verdade quanto em refutar os erros. Isso exige conhecimento profundo das Escrituras, discernimento espiritual e um compromisso firme com a verdade de Deus.



5. Trabalhar Diligentemente para a Conversão de Almas

Owen vê a conversão de almas como parte essencial do ministério pastoral. A pregação da Palavra é o meio primário para chamar pecadores ao arrependimento e fé. Ele menciona Romanos 1:16, que afirma que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todos os que creem.

Embora pastores tenham a responsabilidade de ensinar e edificar os crentes, também têm o dever de buscar a conversão dos não crentes. Owen enfatiza que isso deve ser feito não apenas nos cultos regulares da igreja, mas também em outras oportunidades providenciais. Ele reforça que a pregação pública é um dever contínuo e essencial para trazer almas a Cristo, conforme a Grande Comissão de Jesus em Mateus 28:19-20.

O Evangelho como Poder de Deus para a Salvação (Romanos 1:16)

Owen menciona Romanos 1:16:

"Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego."

Este versículo ressalta que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todos os que creem. Owen argumenta que a pregação do Evangelho é o meio primário pelo qual Deus chama pecadores ao arrependimento. Portanto, os pastores devem pregar com a convicção de que o poder transformador do Evangelho é capaz de converter qualquer pecador.

A Responsabilidade de Buscar a Conversão (1 Coríntios 9:16)

Em 1 Coríntios 9:16, Paulo expressa o peso da responsabilidade de pregar o Evangelho:

"Porque, se prego o evangelho, não tenho de que me orgulhar, pois me é imposta essa obrigação; ai de mim se não pregar o evangelho!"

Paulo reconhece que a pregação do Evangelho não é uma escolha opcional, mas uma obrigação imposta por Deus. Owen destaca que os pastores têm o mesmo dever de buscar ativamente a conversão dos não crentes.

A Grande Comissão: Fazer Discípulos de Todas as Nações (Mateus 28:19-20)

Mateus 28:19-20 é fundamental para o entendimento da missão de evangelização dos pastores:

"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos."

Jesus comissiona os discípulos a fazer discípulos de todas as nações. Owen interpreta essa comissão como um chamado claro para os pastores trabalharem diligentemente na conversão de almas.

A Urgência da Pregação Pública (2 Timóteo 4:2)

Owen enfatiza a necessidade da pregação pública como um meio contínuo de alcançar os perdidos. Ele se apoia em 2 Timóteo 4:2:

"Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, corrija, repreenda e encoraje com toda a paciência e doutrina."

Os pastores devem aproveitar todas as circunstâncias para pregar o Evangelho, buscando a conversão dos ouvintes.

Conclusão: Trabalhar para a Conversão de Almas

John Owen enfatiza que a conversão de almas é um aspecto central do ministério pastoral. A pregação diligente da Palavra é o meio principal pelo qual Deus chama pecadores ao arrependimento e à fé. Além de edificar os crentes, os pastores têm o dever de buscar ativamente a conversão dos não crentes, seguindo o exemplo de Paulo e cumprindo a Grande Comissão de Jesus.

Owen destaca que isso deve ser feito não apenas nos cultos regulares, mas em todas as oportunidades providenciais. O pastor deve pregar o Evangelho com urgência e fidelidade, aproveitando todas as ocasiões para chamar os perdidos à fé. A conversão de almas é motivo de grande alegria no céu, e os pastores devem trabalhar continuamente para ver esse fruto em seu ministério.



6. Confortar e Revigorar os Aflitos e Tentados

Os pastores devem estar preparados para confortar aqueles que estão aflitos, tentados ou desanimados. Owen destaca Isaías 50:4, que menciona a língua instruída que sabe "sustentar com uma palavra o que está cansado". O pastor precisa ter sabedoria e experiência espiritual para lidar com diversas situações, como tentações, aflições ou provações severas que os membros enfrentam.

A Sabedoria para Falar ao Cansado (Isaías 50:4)

Owen cita Isaías 50:4:

"O Soberano Senhor deu-me uma língua instruída, para conhecer a palavra que sustém o exausto."

Esse versículo expressa a necessidade de uma sabedoria espiritual para oferecer uma palavra adequada de consolo no momento certo. Owen destaca que os pastores devem buscar de Deus a habilidade de dizer palavras que tragam alívio e esperança aos que estão cansados e desanimados.

A Responsabilidade de Confortar os Desanimados (1 Tessalonicenses 5:14)

1 Tessalonicenses 5:14 destaca o dever de confortar os desanimados:

"Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos."

Os pastores têm a responsabilidade de confortar aqueles que estão desanimados e aflitos, oferecendo encorajamento e apoio emocional e espiritual.

Consolar com o Conforto de Cristo (2 Coríntios 1:3-4)

2 Coríntios 1:3-4 fala sobre o conforto de Deus que nos capacita a confortar os outros:

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que com a consolação que recebemos de Deus possamos consolar os que estão passando por tribulações."

Este texto destaca que o conforto que os pastores devem oferecer aos membros aflitos vem diretamente de Deus, o Deus de toda consolação.

Conclusão: Confortar e Revigorar os Aflitos e Tentados

John Owen destaca que confortar e revigorar os aflitos e tentados é um aspecto central do ministério pastoral. Os pastores precisam de sabedoria espiritual e experiência prática para saber como confortar os membros da igreja que enfrentam tentações, aflições e provações severas. Textos como Isaías 50:4 e 2 Coríntios 1:3-4 mostram a importância de oferecer palavras de consolo no tempo certo e com base na verdade bíblica.



7. Simpatizar Compassivamente com os Membros da Igreja em suas Tribulações

Owen menciona que é dever do pastor mostrar compaixão em todas as provações dos membros da igreja, internas ou externas, e cita 2 Coríntios 11:29, onde Paulo pergunta:

"Quem está fraco que eu não me sinta fraco? Quem se escandaliza que eu não me inflame?"

A compaixão pelos membros sofredores é uma característica essencial do ministério pastoral.

Compartilhar das Fraquezas do Rebanho (2 Coríntios 11:29)

Paulo expressa sua profunda identificação com os sofrimentos dos membros da igreja, mostrando que o pastor deve sentir com seus membros, compartilhar de suas dores e oferecer apoio emocional e espiritual em meio às tribulações.

Carregar as Cargas Uns dos Outros (Gálatas 6:2)

"Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo."

Os pastores têm uma responsabilidade especial de carregar as cargas dos membros da igreja, ajudando-os em suas dificuldades e sofrimentos.



8. Cuidar dos Pobres e Visitar os Doentes

O cuidado com os necessitados e a visitação dos doentes são deveres pastorais comuns, mas muitas vezes negligenciados. Owen destaca a importância de atender às necessidades práticas e espirituais dos membros da igreja.

  • Tiago 1:27 – "A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo."
  • Mateus 25:35-36 – "Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e me deram de beber; fui estrangeiro, e me acolheram; necessitei de roupas, e me vestiram; estive enfermo, e cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram."
  • Tiago 5:14-15 – "Está alguém entre vocês doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor."

Esses textos enfatizam a responsabilidade dos líderes da igreja em cuidar dos necessitados e doentes, tanto física quanto espiritualmente.



9. Governar a Igreja

O governo da igreja também é uma responsabilidade do pastor, conforme Atos 20:28:

"Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue."

Os pastores não apenas alimentam o rebanho com a Palavra, mas também têm a responsabilidade de supervisionar, proteger e conduzir a igreja. Eles devem exercer essa autoridade com amor, humildade e diligência, sempre visando o bem espiritual do rebanho.



10. Manter a Comunhão entre as Igrejas

Os pastores também têm o dever de manter a comunhão entre igrejas que compartilham a mesma fé. Isso pode ser feito por meio de cartas, reuniões ou sínodos para discutir questões de interesse comum, como descrito em Atos 15, onde os apóstolos e presbíteros se reuniram para resolver disputas doutrinárias.

A comunhão entre as igrejas é fundamental para o crescimento saudável do Reino de Deus e para a preservação da verdade doutrinária, podendo ser expressa por meio de colaboração, comunicação e apoio mútuo.



11. Demonstrar uma Vida Santa e Exemplar

Por fim, Owen destaca que, sem uma vida santa e exemplar, todo o resto do ministério é inútil. Ele se baseia em passagens como 1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:5-9, que delineiam as qualificações de um presbítero ou bispo, enfatizando a importância de uma vida moralmente irrepreensível.

A Importância da Vida Irrepreensível (1 Timóteo 3:1-7)

"É verdadeira esta palavra: Se alguém aspira ao cargo de bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível..."

Este texto enfatiza que a vida do pastor deve ser irrepreensível, servindo como exemplo em todas as áreas. O comportamento moral e ético do pastor é um reflexo de sua capacidade de liderar.

Qualificações Espirituais e Morais (Tito 1:5-9)

"Por esta causa o deixei em Creta, para que... constituísse presbíteros... alguém que seja irrepreensível..."

Novamente, o apóstolo Paulo sublinha a irrepreensibilidade do caráter pastoral, enfatizando qualidades como domínio próprio, justiça e piedade.

Conclusão: A Vida Santa como Pilar do Ministério

John Owen destaca que, sem uma vida santa e exemplar, todo o trabalho de um pastor é em vão. As Escrituras deixam claro que a integridade moral e espiritual de um pastor é fundamental para seu sucesso no ministério. A santidade pessoal é a base sobre a qual todo o ministério pastoral é construído. Portanto, demonstrar uma vida santa e exemplar é uma das maiores responsabilidades do pastor, servindo como modelo vivo do caráter de Cristo.


Esses são os principais deveres pastorais detalhados por John Owen, com base nas Escrituras, que visam não apenas à edificação da igreja local, mas também à preservação da verdade e à expansão do Reino de Deus.

 


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