O Segredo da Paz
A ansiedade é um dos grandes males do nosso tempo. Pessoas vivem angustiadas, com medo do futuro, sofrendo por antecipação. Fazem tempestade em copo d’água e, diante de uma verdadeira tempestade, sentem que tudo acabou. Muitos recorrem a remédios e acabam dependentes deles, agravando ainda mais os problemas.
Mas afinal: é possível ter paz em meio às pressões da vida? Onde está esse segredo?
A verdade é que ninguém nasce ansioso. A preocupação é aprendida ao longo da vida. Se aprendemos, também podemos desaprender. Claro, não é simples, pois estamos expostos a perigos e incertezas. Precisamos de ajuda. E se pudéssemos contar com a proteção de Deus? E se realmente confiássemos nele a ponto de lançar sobre Ele todas as nossas ansiedades? (1 Pe 5.7). Isso muda tudo.
A lição de Paulo
O apóstolo Paulo revela o segredo em Filipenses 4.4-8:
"Alegrem-se sempre no Senhor... Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus."
Sabe onde Paulo estava quando escreveu isso? Preso! Mesmo encarcerado, ele exortava os irmãos: “Alegrem-se no Senhor!”. Ou seja, a alegria não depende de circunstâncias favoráveis, mas da presença de Cristo.
Exemplos que falam ao coração
Conta-se que Lutero, deprimido, viu sua esposa vestida de luto. Surpreso, perguntou: “Por que esse traje?” E ela respondeu: “Ora, Deus deve ter morrido, já que você está tão triste”. Uma lição impactante!
Outro exemplo é o chamado Travesseiro Marinho: nas profundezas do oceano, a água permanece calma mesmo sob furacões violentos na superfície. Assim é a paz de Deus: um descanso interior que não se abala com as tempestades externas.
Jesus prometeu:
"Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá" (Jo 14.27).
A paz do mundo é frágil, depende das circunstâncias. Mas a paz de Cristo é firme mesmo em prisões, doenças ou crises.
A fé em meio às tempestades
Os discípulos viveram isso no barco sacudido pela tempestade. Desesperados, pensaram que iriam morrer e acusaram Jesus de indiferença: “O Senhor não se importa?” (Mc 4.38). Ele acalmou o mar e perguntou: “Onde está a fé de vocês?” (Lc 8.25).
Como eles, também precisamos aprender a confiar. O Salmo 23 nos lembra que podemos atravessar o vale da sombra da morte sem medo, porque o Bom Pastor caminha conosco (Sl 23.4).
Uma paz que sustenta
Por isso Paulo dizia: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31). E também: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
Essa confiança nos leva a agradecer em tudo. Nossa vida não é guiada pela sorte ou pelo acaso, mas está segura nas mãos de Deus.
Experiências pessoais
Lembro-me da minha adolescência. Trabalhava de dia como office-boy e estudava à noite em escola pública. Não tinha grandes perspectivas materiais, mas também não carregava inveja ou revolta. Eu tinha Jesus no coração. Certa vez, caminhando quilômetros para economizar condução, chorava de alegria cantando: “Louvarás bem alto ao teu Pai celeste, quando a glória entrar no coração”. Quem tem a glória de Deus não se desespera com o amanhã!
Também me recordo da visita ao Lar Betel, em Corumbá de Goiás, onde 350 órfãos louvavam a Deus com alegria. Mesmo sem pais terrenos, eles tinham a certeza de um Pai celestial. Ali aprendi que a verdadeira paz e alegria não estão nas posses, mas em conhecer a Jesus.
E não esqueço o dia em que meu pai chegou com o salário do mês roubado. Vi meus pais desolados, sem saber como pagar as contas. Se pudesse voltar no tempo, eu diria: “Pai, mãe, não fiquem assim. Deus não nos abandonou. Vamos sobreviver, vamos vencer!”.
De fato, como diz a Palavra:
“Lancem sobre Deus todas as suas ansiedades, porque Ele tem cuidado de vocês” (1 Pe 5.7).
Essa é a paz que excede todo entendimento. Essa é a paz que guarda o coração.
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