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A essência da Espiritualidade (Mc 7.1-22)

Nos dias do Novo Testamento, os líderes religiosos legalistas criticaram os discípulos de Jesus por não lavarem as mãos antes de uma refeição. Embora a higiene e a saúde fossem importantes, esse não era o problema real. Os discípulos de Jesus estavam quebrando uma das muitas regras espirituais criadas e mantidas pelo grupo religioso. Para eles, a contaminação era de natureza espiritual e não física. Alguém que quebrasse a regra não seria suscetível a uma doença física, mas sim a uma enfermidade espiritual. A santidade era medida pelo cumprimento das regras e proibições, e aqueles que não obedeciam eram rotulados como profanos, imundos e pecadores, sendo excluídos do grupo.


No entanto, Jesus confrontou esses líderes religiosos, afirmando que essas regras eram inúteis e não produziam santidade, mas apenas hipocrisia. Ele apontou a inconsistência dessas crenças, mencionando uma regra que os religiosos usavam para contornar a lei do amor, deixando de honrar e cuidar de seus próprios pais em nome de sua tradição espiritual. Ao se apegar a detalhes insignificantes, negligenciaram o mais importante.


As regras podem afastar as pessoas da verdadeira essência da espiritualidade. Jesus ensinou que o significado da misericórdia é mais importante do que sacrifícios (Mt 9.13). O legalismo produz apenas crentes que parecem bonitos por fora, mas não têm vida interior (Mt 23.27-28). Esse tipo de crença cria um ambiente de crítica e julgamento condenatório. Aqueles que se consideram guardiões da santidade criticam impiedosamente os que infringem as regras, enquanto se escondem atrás de uma falsa aparência.


Santidade não é algo que possa ser construído de fora para dentro, mas sim de dentro para fora. A essência da espiritualidade está relacionada com o coração e a essência do ser humano. Não adianta apenas cuidar da aparência exterior ou investir em decoração. A espiritualidade é uma questão de estrutura. As regras e proibições podem apenas alcançar a superfície e não têm o poder de transformar o coração. Quando a espiritualidade se concentra apenas na fachada, a hipocrisia e o espírito crítico se tornam inevitáveis. O legalismo sufoca a graça e a misericórdia, enquanto somente o amor de Deus pode capturar e transformar o coração humano. O amor procede de Deus e gera amor em nós. Nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro (1 Jo 4.19). O amor é o fruto do Espírito (Gl 5.22) e algo que brota do coração. O remédio de Deus para o coração humano é o amor, e todos os mandamentos podem ser resumidos em um: “Ame o próximo como a si mesmo” (Rm 13.8-10).

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